terça-feira, 5 de junho de 2012

Mercado já prevê alta do PIB inferior à de 2011

No primeiro levantamento após divulgação do PIB do 1º trimestre, pesquisa do BC indica queda na estimativa de crescimento de 2,99% para 2,72%

Eduardo Cucolo

BRASÍLIA - O mercado financeiro já espera para 2012 um crescimento da economia abaixo do verificado em 2011. A pesquisa Focus do Banco Central divulgada ontem mostrou que a estimativa de expansão caiu de 2,99% para 2,72%. No ano passado, o País cresceu 2,73%.

Esse é o primeiro levantamento divulgado após a apresentação, na sexta-feira, dos números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2012, que decepcionaram o governo e os economistas do setor privado. O crescimento foi de 0,2% sobre o trimestre anterior e de 1,9% em 12 meses.

A pesquisa mostra ainda que a previsão mais otimista para 2012 entre os economistas consultados é de expansão de 3,5%, abaixo da meta do governo divulgada no início do ano de 4,5%.

O piso das estimativas para crescimento do País é de 1,8%, segundo a pesquisa do Banco Central. O próprio governo já reconhece que não vai conseguir alcançar a meta inicial e tenta garantir agora uma expansão próxima de 3%.

A expectativa no mercado é que as medidas de estímulo já anunciadas, como corte de juros e impostos, tenham impacto maior no fim deste ano e início do próximo. Para 2013, a pesquisa aponta expansão de 4,5%.

Os economistas também revisaram novamente para baixo a estimativa de crescimento da indústria, que caiu de 1,58% para 1,15%, apesar de os números do setor no primeiro trimestre terem surpreendido positivamente os analistas.

Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, por exemplo, revisou sua projeção de 2,9% para 2,2%, por causa dos números do primeiro trimestre e considerando um cenário de estabilização na economia internacional.

O economista avalia, no entanto, que há espaço para a retomada da atividade, com recuperação do consumo e dos investimentos, considerando, por exemplo, os efeitos defasados das políticas de estímulo anunciados pelo governo. "A retomada esperada sustenta nossa visão de que o PIB em 2013 possa ficar em 4,2%."

Juros e dólar. Diante dessa desaceleração, os economistas esperam mais um corte da taxa Selic, que está em 8,5% ao ano desde a semana passada e deve cair para 8% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 10 e 11 de julho.

Outro efeito da crise é a alta do dólar. A projeção para o preço da moeda é de R$ 1,90 no fim deste ano e R$ 1,85 em dezembro de 2013. Para o fim de junho, a expectativa é de uma taxa de R$ 2, que deverá recuar gradativamente nos meses seguintes.

A alta do dólar deve pressionar os índices de inflação usados na correção de tarifas e aluguéis (IGP-DI e IGP-M), que devem ficar entre 5,5% e 6% no ano. Ainda segundo a pesquisa, a projeção para a inflação medida pelo IPCA em 2012 caiu de 5,17% para 5,15%. Para 2013, segue em 5,6%.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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