sábado, 30 de junho de 2012

Poupança rende pela primeira vez menos que 0,5% em um mês

Com novas regras, remuneração é de 0,48%, mas ainda compete com fundos

Lucianne Carneiro

Pela primeira vez desde que foi criada, em 1861, a caderneta de poupança registra rendimento menor que 0,50% ao mês. Estão vencendo agora as primeiras cadernetas já sob a nova regra de remuneração - que começou a valer quando a Taxa Selic caiu para 8,5% ao ano, em 31 de maio -, que terão remuneração de 0,48% ao mês. As poupanças antigas terão rentabilidade de 0,5% no período. Apesar da redução, a aplicação ainda é competitiva frente a fundos de investimento, diante do movimento recente de redução dos juros no país.

Os fundos DI (pós-fixados) renderam 0,55% em junho, segundo a Associação Nacional das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) até dia 26, enquanto os de renda fixa (prefixados) renderam 0,54%. O valor desconta a taxa de administração, mas não o Imposto de Renda. No ano, o rendimento foi de 4,67% e 5,45%, respectivamente.

- É a primeira vez que as novas poupanças rendem menos que 0,5%, mas, mesmo com a remuneração menor, a aplicação continua competitiva em relação a fundos de investimento - afirma o administrador de investimentos Fabio Colombo.

Pelas novas regras de remuneração, a poupança renderá o correspondente a 70% da Selic. Se a taxa básica de juros ficar acima de 8,5%, volta a vigorar a regra antiga (0,5% mais TR).

- A nova poupança não provocou nenhuma ruptura no modelo de alocação dos investimentos para a sociedade. Não teve nenhum movimento de fuga de depósitos para outras aplicações financeiras - destaca o professor de Finanças do Ibmec Rio Gilberto Braga.

Em junho, a melhor aplicação foi o fundo FGTS-Vale, que rendeu 5,89%. Apesar do bom desempenho no mês, no entanto, o ganho no semestre ainda é baixo: 2,87%. Já os trabalhadores que destinaram parte dos recursos do FGTS para ações da Petrobras amargam perda de 6,37% no mês e de 17,93% no ano, também segundo a Anbima. As ações da estatal continuam sofrendo pela diferença entre o preço do petróleo no mercado internacional e o do combustível no mercado doméstico, apesar do reajuste anunciado na semana passada.

O otimismo do mercado ontem com o anúncio do acordo dos líderes europeus ajudou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a praticamente zerar as perdas no mês, fechando com queda de apenas 0,25%. Ainda assim, especialistas são cautelosos com a expectativa para o mercado em julho.

- Hoje (ontem) saiu o acordo da Europa e o mercado se animou, mas é preciso ver se isso vai ter fôlego. A gente vem de meses fracos, então qualquer coisa pode animar, mas é necessário ver como será a reação nos próximos dias - diz Colombo.

FONTE: O GLOBO

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