terça-feira, 24 de julho de 2012

Em BH, Patrus parte para o ataque

Petista se encontra com sindicalistas e critica ações da prefeitura. Candidato não menciona que seu partido participa da atual gestão

Daniel Camargos

O candidato a prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias (PT) deixou ontem a postura pacífica de lado e partiu para o ataque contra o atual prefeito e candidato a reeleição, Marcio Lacerda (PSB), criticando a sua gestão. "A saúde em Belo Horizonte está muito mal. Retrocedeu nos últimos anos", afirmou, sem no entanto mencionar o fato de que o seu partido ainda participa da administração da capital com mais de 900 cargos comissionados. Na verdade, Patrus escolhe a saúde para suas primeiras investidas contra Lacerda porque é uma área comandada pelo PSDB. O candidato petista disse que a gestão de Lacerda não construiu duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) combinadas no Orçamento Participativo (OP), uma na região Leste e outra na Oeste. Outra acusação é que 100 unidades do Programa Saúde da Família (PSF) estão sem médicos.

As declarações foram feitas ontem de manhã, em encontro com filiados da União Geral dos Trabalhadores (UGT), entidade sindical ligada ao PSD. O presidente da UGT em Minas Gerais, deputado federal Ademir Camilo (PSD), disse que a organização ainda não definiu qual candidato vai apoiar, mas que ele está fechado com Patrus, assim como o presidente nacional da legenda, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab – responsável por rachar o partido em Belo Horizonte ao fazer uma intervenção na direção municipal, que escolhera apoiar Lacerda. Kassab já sofreu duas derrotas na Justiça Eleitoral, que confirmou a aliança do PSD de BH com o atual prefeito.

Ontem, Patrus repetiu a tática, que deve ser padrão em toda a campanha, de destacar o que fez quando governou Belo Horizonte, entre 1993 e 1996. Patrus destacou que foi pioneiro ao criar as UPAs na cidade, que depois foram implantadas pelo governo federal. Iniciou também os atendimentos de resgate pioneiros do Samu e triplicou a capacidade de atendimento do Hospital Odilon Behrens.

Além da saúde, Patrus criticou a mobilidade urbana e a cultura. "Querem tirar a cultura das ruas e praças de BH", disse Patrus. Ao falar para sindicalistas, principalmente rodoviários e comerciários, o candidato prometeu diálogo com as categorias. Afirmou que não vai interferir em greves. "Como advogado trabalhista considero fundamental que os direitos sejam rigorosamente respeitados", afirma. "O trabalho deve prevalecer sobre o capital."

O candidato destacou, mais uma vez, o OP, criado em sua gestão, e disse que faltou a participação das centrais sindicais e dos sindicalistas. Patrus, entretanto, fez questão de ressaltar que as críticas à administração de Lacerda não têm caráter pessoal. "É uma questão de conteúdo. Tudo que é bom vai ser mantido e ampliado", promete o candidato, que reconheceu os méritos da administração o socialista na questão da educação.

Encontro 

Ademir Camilo explicou que todos os candidatos foram convidados para o encontro com os sindicalistas. Antes de Patrus, falaram Tadeu Martins (PPL) e Vanessa Portugal (PSTU). "Lacerda já tinha um encontro com outras entidades sindicais e enviou uma carta explicando que não poderia vir", disse Camilo. A decisão sobre quem receberá o apoio oficial da UGT-MG sairá na segunda-feira.

Ontem à noite, Patrus participou da primeira plenária da campanha nas regionais. Ele se encontrou com lideranças e moradores do Barreiro para discutir as demandas e compromissos para a região.

Outro lado

Ao tomar conhecimento dos ataques feitos pelo candidato Patrus Ananias (PT), a coligação que apoia a reeleição de Marcio Lacerda reconhece, em nota, que ainda há muito a fazer, mas que é importante esclarecer que o quadro melhorou nos últimos anos. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, Belo Horizonte apresentou o melhor índice de desempenho do Sistema Único de Saúde (SUS) entre cidades com população superior a 2 milhões de habitantes. Além disso, lembra que o governo Lacerda recebeu grande quantidade de obras do Orçamento Participativo atrasadas, "fato que é de conhecimento amplo". A nota informa também que o número de equipes do Programa de Saúde da Família cresceu na atual administração, saindo de 513, em 2009, para 579 em 2012.

FONTE: ESTADO DE MINAS

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