domingo, 8 de julho de 2012

Em crise com o PSB, PT volta a estreitar aliança com o PMDB

Planalto emite sinais de que vai apoiar candidatura de peemedebista à presidência da Câmara no próximo ano

Planalto nunca levou a sério acordo que prevê revezamento do PT com o PMDB no controle da Câmara dos Deputados

Natuza Nery

BRASÍLIA - A crise entre o PSB e o PT está reaproximando o partido de Dilma Rousseff de seu principal parceiro na coalizão governista, o PMDB.

Não para menos, a presidente sinalizou nesta semana que a presidência da Câmara em 2013 pode ficar nas mãos de um peemedebista.

Um acordo feito pelos dois partidos quando o deputado Marco Maia (PT-RS) assumiu a presidência da Câmara em 2011 prevê que os petistas apoiem um nome do PMDB para o cargo no próximo ano.

O Planalto jamais mostrou simpatia por esse acordo e nunca se comprometeu de fato com ele, mas na terça-feira, durante jantar com Marco Maia, Dilma fez um gesto nesse sentido, de acordo com relatos de seus interlocutores.

A presidência da Câmara é cobiçada pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Na segunda-feira, enquanto negociava com seu vice Michel Temer (PMDB) uma candidatura alternativa à do PSB à Prefeitura de Belo Horizonte, a presidente teria dito, conforme relatos, que a parceria entre PT e PMDB era preferencial e que as duas siglas deveriam estar juntas não só na capital mineira, mas também na Câmara.

No encontro foi feita uma avaliação dos movimentos do presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, e de sua eventual candidatura presidencial em 2014 ou 2018.

Governador de Pernambuco, Campos é uma aliado histórico do PT e amigo pessoal do ex-presidente Lula.

Fora da órbita

Divergências internas, porém, têm deslocado o PSB para fora da órbita petista. Amostra do afastamento entre os dois aliados é o número de alianças, nas capitais, entre as siglas nas eleições deste ano: cinco. Em 2008, o PSB apoiava o PT em 10.

Na atual campanha, os socialistas se aliaram ao PT em São Paulo após pedido pessoal de Lula, mas romperam em Recife e Fortaleza de forma quase tão traumática quanto em Belo Horizonte.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, criticou os socialistas e disse que as rupturas indicavam que eles "querem se afirmar em alguns lugares, principalmente no Nordeste, em cima do PT".

Os rachas contaminaram a união nacional, a ponto de importantes petistas acusarem Campos de traição.

Nos bastidores, aliados do governador dizem que o projeto é torná-lo vice-presidente em 2014, ao lado de Dilma ou de Lula. Assim, pavimentaria sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2018.

Mas, com os rompimentos recentes, o PT passou a enxergar o risco de ter Campos no flanco adversário já na próxima eleição presidencial.

Foi esse temor que jogou o PT novamente nos braços do PMDB. No passado, Lula chegou a comentar com aliados que seu sonho era ver Eduardo Campos como vice do candidato do PT em 2014.

No governo havia quem defendesse o fortalecimento do PSB no Congresso para trocá-lo pelo PMDB, visto como um aliado perigoso, até infiel.

Apesar do gesto de Dilma a favor do acordo na Câmara, isso não significa necessariamente que o Planalto vá apoiar qualquer nome ao cargo ou que Henrique Eduardo Alves está nele garantido. Afinal, precisa ser eleito pela maioria dos pares.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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