domingo, 15 de julho de 2012

Lula, o Bóson de Higgs do PT:: Elio Gaspari

Admita-se que há três problemas sobre a mesa: a estagnação do PIB, a CPI do Cachoeira e a expansão das greves do funcionalismo. O PT não tem nada a dizer a respeito de nenhum deles. Não se sabe nem sequer de que lado está.

Ao tempo do vice José Alencar havia petistas defendendo a queda dos juros, mas eles já caíram. Na CPI, os petistas estão dos dois lados do guichê, ora cobrando, ora silenciando.

Diante da greve dos professores, durante 53 dias, não conseguiram nem sequer oferecer mediações. Só acordaram na terça-feira, quando Lula entrou no circuito. Três dias depois, pelo menos tinham o que propor.

Simbolicamente, na famosa cena do encontro de Lula com Maluf, havia dois outros personagens. Um, Rui Falcão, presidente do partido. O outro era o vereador Wadih Mutran, do PP. Os repórteres Diógenes Campanha e Paulo Gama mostraram que desde 2008 seu patrimônio dobrou, chegando a R$ 3,8 milhões. Como? Três bilhetes de loteria premiados. (Ele guarda R$ 1,4 milhão em dinheiro vivo.)

A ambiguidade do PT em relação aos dinheirinhos fáceis é antiga. Sua exaustão intelectual aconteceu há anos, quando se transformou num apêndice do lulismo, sem que se saiba o que isso significa. Produziu-se uma federação de comissariados, sem plataformas ou propostas, acumulando interesses.

Assim como sucedeu ao PMDB, o PT virou um aglomerado sem massa. Não existe sem o seu bóson de Higgs. Ele se chama Lula.

O teste dessa partícula agregadora ocorrerá na eleição de São Paulo. Se Fernando Haddad vencer, mais uma vez o bóson de Lula terá arrastado as fichas. Se perder, a derrota será só dele.

No dia em que o Banco Central apontou uma estagnação do PIB, a doutora Dilma disse que "uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto. É a capacidade do país, do governo, e da sociedade de proteger o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes".

Quis a sorte que houvesse uma baiana na plateia para decifrar a fala: "Isso, na minha terra, se chama "enrolation", "embromation"". Nessa arte Lula é mestre, Dilma é uma constrangida aprendiz.

FONTE: O GLOBO

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