quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mensalão: depois da CUT, petistas pressionam STF

Marco Maia critica coincidência do julgamento com o período eleitoral; presidente do PT diz que não há base para condenação

Isabel Braga

BRASÍLIA. No mesmo tom dos discursos feitos anteontem por sindicalistas na abertura do 11º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), manifestaram ontem preocupação com a politização do julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF), a partir de 2 de agosto. Falcão foi além e afirmou que, se o julgamento for feito de acordo com o que consta nos autos do processo, não haverá base para condenação dos que estão sendo processados.

"Judicialização da política e politização da Justiça"

Marco Maia e Falcão criticaram ainda a marcação do julgamento para o período de campanha eleitoral. Para o presidente do PT, os ministros poderiam ter julgado o caso no ano passado ou deixado para depois das eleições deste ano.

- Minha expectativa é que os ministros do Supremo (Tribunal Federal) julguem segundo os autos. E julgando segundo os autos, não há base para condenação. Esse julgamento, não deveria... é claro que eles marcam quando quiserem, mas não tenho notícia de julgamentos de tamanha importância realizado em períodos eleitorais - afirmou Falcão. - Podia ter feito antes, no ano passado, ou depois das eleições, não há nenhuma prescrição (de crime) se for depois das eleições.

Indagado se via algum motivo para a definição da data, Falcão alfinetou:

- Acaba havendo uma judicialização da política e uma politização da Justiça.

O presidente da Câmara também considerou um equívoco a data do julgamento, alegando que durante o processo eleitoral os ânimos se acirram entre os candidatos e tudo ganha uma dimensão maior.

- É um erro você marcar isso para o meio das eleições. As eleições no Brasil são politizadas, é um debate quente, acalorado, que toma conta do país, e, mais do que isso, nas eleições qualquer denúncia entra para o debate político. Quem é acusado, diz que está sendo acusado porque querem prejudicar a sua eleição. E quem acusa, o faz tentando influenciar o resultado da eleição. Isso é normal, legítimo, faz parte do processo democrático, político - argumentou Marco Maia.

Para o presidente da Câmara, já que a data foi marcada para agosto, é preciso agir para evitar a contaminação do processo eleitoral e do julgamento do mensalão:

- Esse tipo de votação, julgamento, denúncia deveria ter sido tratada em período separado do período eleitoral. Mas quis o destino que a decisão do STF, dos ministros, fosse fazer esse julgamento neste momento. O esforço que temos que fazer agora é exatamente para impedir que a eleição seja contaminada pelo julgamento e o julgamento seja contaminado pela eleição.

Partido tem deputados e ex-integrantes como réus

O presidente do PT não quis comentar a decisão de sindicalistas da CUT de ir à ruas para denunciar a politização no julgamento do mensalão. O presidente da central, Artur Henrique, chegou a comparar o mensalão à destituição do presidente paraguaio Fernando Lugo, afirmando que, em ambos, houve ataque à democracia.

Falcão afirmou que estava em Brasília e não participou do Congresso da CUT.

- Quem me representou no congresso foi o (João) Vaccari (Neto, tesoureiro do PT), não vi isso, não vou comentar - afirmou.

O julgamento do mensalão começa no dia 2 de agosto e entre os réus estão deputados e ex-dirigentes do PT e de outros partidos que integravam a base aliada do governo do ex-presidente Lula.

FONTE: O GLOBO

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