domingo, 12 de agosto de 2012

Carlismo volta com força na disputa em Salvador

Rejeição às gestões petistas é trunfo de ACM Neto. PT aposta na integração de governos para garantir recursos

Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA Semanas após Jaques Wagner (PT) derrotar o então governador Paulo Souto (DEM) na disputa pelo governo da Bahia, em 2006, Antonio Carlos Magalhães, padrinho de Souto, profetizou: "Vou voltar com mais força do que tinha antes, porque meus adversários fracassarão (...) Meus inimigos se destroem por si próprios". Meses depois, ACM morreu. Passados seis anos, o carlismo voltou com força na eleição para a prefeitura de Salvador, representado pelo deputado ACM Neto (DEM).

A primeira pesquisa Ibope da campanha, divulgada semana passada, mostrou ACM Neto com 40% das intenções de voto contra 13% de Nelson Pellegrino (PT). A dianteira não é novidade para o líder do DEM na Câmara - que, em 2008, também começou à frente, mas amargou uma derrota. A diferença é o cenário.

Em 2008, o PT estava em festa com a popularidade de Lula e a vitória para o governo baiano. O material de ACM Neto destacava em letras garrafais o "Neto" e colocava menor a sigla que remetia ao avô. Agora, o "ACM" vem em letras idênticas ou maiores que o "Neto".

Como profetizado pelo velho ACM, a explicação pode estar no fracasso dos adversários. Pellegrino tem como principal cabo eleitoral o governador petista Jaques Wagner. Segundo o Ibope, sua gestão foi considerada ótima ou boa por apenas 16% dos entrevistados, contra 45% que a consideram ruim ou péssima. O cenário na prefeitura, então, é de terra arrasada. Só 6% dos entrevistados consideram a gestão de João Henrique ótima ou boa, e 68%, ruim ou péssima.

Diante desse cenário, cada campanha se prepara. O PT aposta no mote da integração municipal, estadual e federal.

- O Nelson é o único que não precisa bater na porta de Wagner e Dilma para conseguir recursos - diz o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro, um dos coordenadores de campanha de Pellegrino, que aposta ainda na entrada do ex-presidente Lula na campanha.

O DEM trabalha em duas frentes para ampliar a vantagem. A primeira é destacar ACM Neto como um homem combativo, líder jovem em Brasília, mas sem rememorar que ele integra a oposição. A segunda é capitalizar a fama de boa gestão do carlismo, mas evitar a de truculência.

- A cidade tem um reconhecimento grande do trabalho de Antonio Carlos. Mas olhamos para o futuro. Não quero ser o novo ACM - diz Neto.

FONTE: O GLOBO

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