domingo, 12 de agosto de 2012

Em Pernambuco, clássico PSB x PT nos principais municípios

Em 10 das 17 maiores cidades do Estado, os dois principais partidos da frente que elegeu Eduardo se enfrentarão, mostrando que as divergências vão além do Recife

Ayrton Maciel

Se a divisão política na Frente Popular do Recife, gerada pelo lançamento de candidaturas próprias do PSB e do PT, pode levar a uma separação sem volta no pós-eleição de outubro – antecipando o confronto que era projetado para 2014 –, o cenário geral da disputa no Estado demonstra, todavia, que a tão ressaltada unidade entre petistas e socialistas na aliança governista não era tão sólida quanto os discursos garantiam. O racha pode, sim, segundo o quadro e conforme o clima do embate, evoluir para uma ruptura inconciliável dois anos antes dos pleitos para governador e presidente da República. Em dez de 17 das maiores cidades do Estado, segundo o site do TRE-PE, PSB e PT estão em palanques distintos, disputando direta ou indiretamente o poder político.

A menos de 60 dias para as eleições, e com os dois partidos tentando manter a aparência de uma disputa pacífica, as ferramentas para que a briga política descambe para um confronto de fato começam a ser armadas no palanque eleitoral. Com o candidato do PSB da Capital, Geraldo Julio, ascendente nas pesquisas, o governador Eduardo Campos – avalizador da candidatura e líder da aliança “rachada” – inicia uma peregrinação por municípios-chaves para o projeto de poder do PSB, em apoio a candidatos próprios ou coligados. O pontapé foi dado ontem, em Petrolina, Sertão, numa carreta com Fernando Filho (PSB).

A perspectiva é que o grau da temperatura política entre PT e PSB suba, mesmo que sejam sinceros os discursos em contrário. Há 15 dias, um episódio acendeu o sinal amarelo. Em Águas Belas, Agreste Setentrional, um confronto em praça pública entre militantes das candidaturas do PSB e do PT acabou transpondo os limites da cidade e chegou ao conhecimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O tribunal pediu, então, providências ao TRE, que através de sua corregedoria conseguiu firmar um pacto de conduta na cidade, evitando a intervenção da Justiça Eleitoral.

A expectativa está a postos. No levantamento sobre as 17 cidades, a constatação é que nos arranjos de alianças eleitorais da disputa pelo poder, os mais variados e incompreensíveis, PSB e PT disputam diretamente – com candidaturas próprias – no Recife, em Paulista e Camaragibe (Região Metropolitana), Petrolina (Sertão) e Surubim, (Agreste). Estão se confrontando, também, mas por coligações distintas, na cabeça de chapa ou não, pelas prefeituras de Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca (RMR), em Limoeiro (Agreste) e em Arcoverde e Serra Talhada, Sertões do Moxotó e Central. Juntos, mas não com unidade em todas, em Olinda e Cabo de Santo Agostinho (RMR), Palmares (Mata Sul), Caruaru, Garanhuns e Belo Jardim (Agreste), e em Salgueiro, no Sertão Central.

O curioso da disputa é que, em meio à salada de siglas, no interior as rusgas ideológicas passam distante do pragmatismo eleitoral. Um exemplo é Limoeiro (Agreste), onde o PT coligou-se ao PSDB, que tem o prefeito candidato à reeleição, outro é Paulista (RMR), onde o candidato do PSB tem o apoio do DEM. Em Petrolina, o PPS do antipetista deputado Roberto Freire (SP) está coligado ao PT, e em Arcoverde, o PTB reúne no palanque PT, DEM, PMDB e PSDB.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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