sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Em dia de operação-padrão, filas e congestionamentos

Camila Brunelli

Filas intermináveis, irritação e incerteza entre passageiros. Voos atrasados voltaram a tomar conta do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), ontem à tarde - e desta vez com a "promessa" de que tudo vai se repetir na segunda-feira e vai se transferir, na terça, para Congonhas. No início da noite, porém, o Ministério da Justiça informou que entrou na Justiça com um pedido de liminar para acabar com os protestos.

O panorama - que se repetiu em muitos outros aeroportos - marcou ontem o "retorno" da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal à operação-padrão e ao bloqueio de rodovias, estimulados pela decisão do Planalto de adiar a entrega de uma proposta aos grevistas. Segundo o presidente do sindicato da PF em São Paulo, Alexandre Sally, ontem havia 450 policiais em Cumbica - quase quatro vezes mais do que o normal.

"O que queremos é aumento do efetivo e reestruturação salarial. Somos uma categoria de nível superior que ganha salário de ensino médio", resumiu. O salário inicial na PF hoje é de R$ 7.700. Eles pedem R$ 12 mil.

A saída de voos em Cumbica não foi muito afetada, mas a confusão na área de check-in era gigantesca. Por volta das 18h30 de ontem, mais de 400 pessoas tentavam embarcar para fora do País. "O governo não bota o dinheiro onde tem que botar e nós que ficamos na fila", disse o representante comercial Cláudio Schell, 47 anos, com passagem para Milão. "Estamos de férias e já estamos estressados", reclamou a advogada Roberta Castro, 32 anos, que ia ao Chile.

Em Brasília, a agitação maior foi garantida pelos professores das universidades federais, que fizeram manifestação com cruzes pedindo pressa na negociação. No Rio, no Paraná, no Rio Grande do Sul, a situação também foi mais complicada que nos dias anteriores. A operação-padrão da PF provocou enorme confusão no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, onde 11 voos foram cancelados e outros 27 (de um total de 44) saíram com grande atraso. Filas de 6 a até 14 quilômetros se formaram nas saídas das rodovias BR-116, para São Paulo, e BR-376, para Londrina, onde a Polícia Rodoviária decidiu fazer várias blitze.

No Recife, os grevistas anunciaram "atendimento zero" para estrangeiros em busca de tudo o que não seja urgente. Em menor escala, a confusão se repetiu no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. A fila de carros na BR-290, perto de Gravataí, era enorme. No Ceará, o presidente do sindicato da PF, Carlos Façanha, garantia que 70% do pessoal estava parado. "Atendemos aos 30% exigidos em lei", afirmou.

Crise na saúde. No Rio, a greve da Receita Federal, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária está causando desabastecimento de materiais e pode desencadear um sério problema de saúde, advertiu a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. O setor depende da importação de insumos - que estão retidos em portos e aeroportos - e o estoque em laboratórios e hospitais pode acabar em duas semanas, "Imagine essa situação numa UTI, num banco de sangue. Isso é um problema que já está criado", avisou Irineu Grinberg, presidente da SBAC. O sindicato dos grevistas reagiu afirmando que o mínimo exigido de trabalhadores está mantido.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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