quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Indústria nacional precisa de um choque de produtividade

Márcio Salvato, Reginaldo Nogueira

Se por um lado a maior liberalização comercial produziu efeitos muito positivos para a economia brasileira quando vista como um todo, por outro lado tornou claras as graves deficiências produtivas de uma parte relevante de nosso setor industrial.

Tais deficiências são potencializadas por alta carga tributária, péssima qualidade da infraestrutura, níveis educacionais médios muito baixos e custos de financiamento maiores que os dos principais países do mundo.

Os números recentes reforçam essa questão. A produção industrial brasileira recuou 3,8% no primeiro semestre de 2012, agravando o resultado ruim de 2011.

No comparativo com igual período do ano anterior, o 1º trimestre de 2012 apresentou um recuo de 3,1%, enquanto o 2º trimestre recuou 4,5%.

Esse resultado é em parte explicado pelo cenário internacional com menor crescimento da demanda mundial, mas também é explicado pela baixa competitividade da indústria nacional.

Em outros tempos, reclamávamos da taxa de câmbio desfavorável às exportações brasileiras, mas neste momento um câmbio desvalorizado não está ajudando nossas exportações porque não temos competitividade.

Ademais, câmbio desvalorizado significa, hoje, maior custo para importação de insumos relevantes para a competitividade em produtos. Some-se a isso que ganhos de competitividade requerem investimentos em máquinas e equipamentos que não apresentam cenário de retorno vantajoso no curto prazo.

Contudo, essa é uma decisão que não pode mais ser adiada: ou o setor investe para ganhar em competitividade ou continuará perdendo espaço para os concorrentes.

Uma estratégia do governo é caminhar no sentido do fechamento ao mercado externo, impondo restrições para importações e cotas de nacionalização.

Pode parecer uma solução para o curto prazo para garantir o crescimento da produção industrial brasileira, mas esconde uma ferramenta de manutenção de uma competitividade ilusória.

O fim dessa história nós já conhecemos: baixa produtividade da indústria e menor bem-estar para o consumidor nacional.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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