domingo, 23 de setembro de 2012

Mensalão põe candidatos na defensiva


Discursos se repetem na maior parte das grandes capitais, mas o tom começou a mudar desde a semana passada

Avanço do julgamento fez o PT partir para o ataque; Executivo pediu que militantes defendam o partido

Paulo Peixoto, Felipe Bächtold


BELO HORIZONTE, PORTO ALEGRE - Candidatos a prefeito pelo PT nas principais capitais do país têm jogado na defensiva quando confrontados com o julgamento do mensalão.


Em geral, petistas se esquivam com um discurso que parece ensaiado: não estão acompanhando o julgamento ou estão com a cabeça voltada só para suas campanhas.

Essa linha foi incorporada por Fernando Haddad, em São Paulo, Patrus Ananias, em Belo Horizonte, e Humberto Campos, em Recife.

As exceções até agora foram Adão Villaverde, em Porto Alegre, e Elmano de Freitas, em Fortaleza.

O primeiro disse em um debate que é estranho o julgamento ocorrer em pleno período eleitoral, enquanto o segundo partiu para o ataque ao lembrar o caso do mensalão tucano em Minas Gerais.

Na semana passada, o tom mudou um pouco. Primeiro uma nota oficial da Executiva do PT pediu aos militantes que defendam o partido, sem citar diretamente o mensalão.

Depois, em nota, o PT e os principais partidos aliados acusaram a oposição de golpismo ao usar o julgamento durante a campanha.

As notas coincidiram com o avanço do julgamento no Supremo Tribunal Federal, que analisa agora o núcleo político do esquema. E também com a edição de "Veja" atribuindo a Marcos Valério afirmações sobre suposta atuação do ex-presidente Lula como "chefe" do esquema.

Apesar de ainda defensivo, discursos de alguns candidatos também mudaram de tom.

Em BH, por exemplo, Patrus, que antes evitava totalmente o tema, agora afirma que o julgamento não prejudica sua candidatura porque "não envolve o ex-presidente Lula" e não compromete o PT.

Prejuízo

Nenhum dos petistas candidatos em capitais do peso político de São Paulo, Porto Alegre, BH, Recife, Salvador e Fortaleza lidera neste momento as disputas locais.

Nos bastidores das campanhas, admite-se que o mensalão incomoda e que isso cria dificuldades para o partido.

O cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), diz que há influência do julgamento sobre o eleitor.

"Está havendo um fenômeno, mas não dá para dizer a porcentagem que causou a diminuição", afirma Caldas.

Uma hipótese, diz, é que o eleitor de classe média se afastou dos candidatos petistas em razão do julgamento.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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