Discursos se repetem na maior parte das grandes capitais, mas o tom começou
a mudar desde a semana passada
Avanço do julgamento fez o PT partir para o ataque; Executivo pediu que
militantes defendam o partido
Paulo Peixoto, Felipe Bächtold
BELO HORIZONTE, PORTO ALEGRE - Candidatos a prefeito pelo PT nas principais
capitais do país têm jogado na defensiva quando confrontados com o julgamento
do mensalão.
Em geral, petistas se esquivam com um discurso que parece ensaiado: não
estão acompanhando o julgamento ou estão com a cabeça voltada só para suas
campanhas.
Essa linha foi incorporada por Fernando Haddad, em São Paulo, Patrus
Ananias, em Belo Horizonte, e Humberto Campos, em Recife.
As exceções até agora foram Adão Villaverde, em Porto Alegre, e Elmano de
Freitas, em Fortaleza.
O primeiro disse em um debate que é estranho o julgamento ocorrer em pleno
período eleitoral, enquanto o segundo partiu para o ataque ao lembrar o caso do
mensalão tucano em Minas Gerais.
Na semana passada, o tom mudou um pouco. Primeiro uma nota oficial da
Executiva do PT pediu aos militantes que defendam o partido, sem citar
diretamente o mensalão.
Depois, em nota, o PT e os principais partidos aliados acusaram a oposição
de golpismo ao usar o julgamento durante a campanha.
As notas coincidiram com o avanço do julgamento no Supremo Tribunal Federal,
que analisa agora o núcleo político do esquema. E também com a edição de
"Veja" atribuindo a Marcos Valério afirmações sobre suposta atuação
do ex-presidente Lula como "chefe" do esquema.
Apesar de ainda defensivo, discursos de alguns candidatos também mudaram de
tom.
Em BH, por exemplo, Patrus, que antes evitava totalmente o tema, agora
afirma que o julgamento não prejudica sua candidatura porque "não envolve
o ex-presidente Lula" e não compromete o PT.
Prejuízo
Nenhum dos petistas candidatos em capitais do peso político de São Paulo,
Porto Alegre, BH, Recife, Salvador e Fortaleza lidera neste momento as disputas
locais.
Nos bastidores das campanhas, admite-se que o mensalão incomoda e que isso
cria dificuldades para o partido.
O cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), diz
que há influência do julgamento sobre o eleitor.
"Está havendo um fenômeno, mas não dá para dizer a porcentagem que
causou a diminuição", afirma Caldas.
Uma hipótese, diz, é que o eleitor de classe média se afastou dos candidatos
petistas em razão do julgamento.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário