sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Lula debocha do STF: resposta ao mensalão será dada nas urnas, afirma Lula a petistas


PT evitará fazer críticas públicas ao Supremo; agenda política da presidente será mais intensa

Valdo Cruz, Natuza Nery


BRASÍLIA - Em reunião com Dilma Rousseff e alguns de seus ministros, o ex-presidente Lula fez seguidas reclamações dos ministros do Supremo Tribunal Federal, acusou a corte de promover um julgamento político e conclamou aliados a dar a "resposta" nas urnas.


O tema foi debatido em encontro anteontem em São Paulo para avaliar o quadro eleitoral. Participaram os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), além de Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência.

Segundo cálculos petistas, muito mais que críticas ao STF, o movimento mais eficaz para tentar diluir o efeito negativo do julgamento é vencer nas urnas no final do mês.

Por isso o resultado em São Paulo ganha peso ainda maior na avaliação de Lula e Dilma. Lá, o adversário tucano José Serra entrou no segundo turno explorando o escândalo. Reeditou a associação do candidato petista Fernando Haddad com os réus condenados, entre eles o ex-ministro José Dirceu.

Por ora, a orientação é não aumentar o volume das críticas para não contaminar a eleição. A presidente Dilma, aliás, continuará passando longe desse debate para não trazer o escândalo para o colo do governo.

Uma outra decisão do encontro de anteontem foi não deixar que a liderança revelada pelo Datafolha -47% para Haddad e 37% para Serra- desmobilize a militância petista no segundo turno.

Lula e Dilma avaliaram que o PT teve um bom resultado no primeiro turno apesar das críticas pelo mensalão.

Mas a presidente terá uma agenda política mais pesada no segundo turno. Irá a São Paulo, possivelmente mais de uma vez, e a Salvador. Pretende desembarcar em Manaus se a candidata Vanessa Grazziotin (PC do B) mostrar-se eleitoralmente viável contra o tucano Arthur Virgílio.

Ontem, o ministro Gilberto Carvalho disse que "quem for inteligente não vai tentar fazer isso [explorar o mensalão]. Se o fizer, a população tem muita sabedoria para julgar e entender que o que vale é a prática de um projeto que está mudando o Brasil".

Condenado nesta semana, o ex-ministro José Dirceu foi ainda mais explícito: "Mais importante que discutir o julgamento é ganhar a eleição".

Fonte: Folha de S. Paulo

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