sábado, 27 de outubro de 2012

Nova falta de luz, a 'fatalidade' que foi parar no debate político

Governador Eduardo Campos critica demora para restabelecer serviço

Luiza Damé, Gabriela López

BRASÍLIA, RECIFE e RIO - O apagão no Nordeste foi classificado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), como uma "fatalidade".

- Situações como essa acontecem. O que nos preocupou foi o tempo que o Operador Nacional do Sistema (ONS) precisou para restabelecer o serviço. Ficamos muito tempo com as cidades às escuras e muitos serviços essenciais na iminência do colapso - afirmou, acrescentando que é necessário aperfeiçoar os planos de contingência:

- É preciso melhorar o tempo de resposta (às quedas de energia), porque a insegurança quanto à regularidade do serviço prejudica inclusive a confiança dos investidores.

A presidente Dilma Rousseff cobrou explicações e providências do ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, ao tomar conhecimento do apagão que atingiu o Nordeste e áreas do Tocantins e do Pará na madrugada de ontem. Como a pane ocorreu em uma linha da Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa), controlada pela Cemig, o secretário de Imprensa da Presidência, José Ramos, usou o microblog Twitter para propagar que o problema era da Cemig, companhia de energia de Minas Gerais, estado governado pelo tucano Antonio Anastasia.

"Blecaute foi em linha da Cemig", escreveu ele, dando link para uma reportagem na internet. Em outro momento, afirmou que o apagão teve "patrocínio da Cemig". Debatendo com um assessor do PSDB, no microblog, Ramos disse: "Diz para o Aécio que você quer privatizar a Cemig. Ela que causou (o apagão)". Também comentou declaração do secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, afirmando que o tucano está indiretamente criticando a Cemig.

Troca de acusações

Ao GLOBO Ramos disse que usou seu Twitter e seu telefone pessoal para reproduzir "matérias factuais" dos portais do jornal "Valor Econômico" e das revistas "Isto É" e "Exame". Afirmou ainda que estava em seu horário de almoço: "Mantive diálogo pessoal com um colega e uma colega com os quais mantenho contato periódico". Os tuítes foram postados entre 12h e 16h de ontem.

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), cobrou explicações do governo federal sobre os últimos apagões que atingiram o país nas últimas semanas. Ele aproveitou para criticar a presidente, que foi ministra de Minas e Energia por dois anos e meio, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- A presidente foi ministra de Minas e Energia e, antes disso, foi secretária da mesma pasta no Rio Grande do Sul. Ela está diretamente ligada à área e, mesmo assim, não consegue combater os sucessivos apagões - afirmou o tucano.

A presidente Dilma costuma repetir que, quando o PT chegou ao poder em 2003, o setor de energia estava desorganizado e foi preciso aprovar um novo marco regulatório para reestruturar o sistema elétrico brasileiro. Desde então, segundo a presidente, o investimento federal evitaria racionamento de energia elétrica no país. O líder tucano disse que a sequência de blecautes não pode ser considerada coincidência, disse o Ministério de Minas e Energia, no início deste mês:

- Falta gerenciamento e investimento em área estratégica para o Brasil. O governo deve uma explicação convincente e urgente. Diante da inércia do governo, o que não podemos é ficar de braços cruzados e esperar o próximo episódio.

No setor, circularam também rumores de que os blecautes que ocorreram após a mudança de regra nas concessões do setor elétrico podem vir de uma espécie de "desleixo proposital" das empresas, diante da iminente perda de receita com o pacote do governo para baixar tarifas.

Fonte: O Globo

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