Luiza Damé, Gabriela López
BRASÍLIA, RECIFE e RIO - O apagão no Nordeste foi classificado pelo governador
de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), como uma "fatalidade".
- Situações como essa acontecem. O que nos preocupou foi o tempo que o
Operador Nacional do Sistema (ONS) precisou para restabelecer o serviço.
Ficamos muito tempo com as cidades às escuras e muitos serviços essenciais na
iminência do colapso - afirmou, acrescentando que é necessário aperfeiçoar os
planos de contingência:
- É preciso melhorar o tempo de resposta (às quedas de energia), porque a
insegurança quanto à regularidade do serviço prejudica inclusive a confiança
dos investidores.
A presidente Dilma Rousseff cobrou explicações e providências do ministro
interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, ao tomar conhecimento do apagão
que atingiu o Nordeste e áreas do Tocantins e do Pará na madrugada de ontem. Como
a pane ocorreu em uma linha da Transmissora Aliança de Energia Elétrica
(Taesa), controlada pela Cemig, o secretário de Imprensa da Presidência, José
Ramos, usou o microblog Twitter para propagar que o problema era da Cemig,
companhia de energia de Minas Gerais, estado governado pelo tucano Antonio
Anastasia.
"Blecaute foi em linha da Cemig", escreveu ele, dando link para
uma reportagem na internet. Em outro momento, afirmou que o apagão teve
"patrocínio da Cemig". Debatendo com um assessor do PSDB, no microblog,
Ramos disse: "Diz para o Aécio que você quer privatizar a Cemig. Ela que
causou (o apagão)". Também comentou declaração do secretário de Energia do
Estado de São Paulo, José Aníbal, afirmando que o tucano está indiretamente
criticando a Cemig.
Troca de acusações
Ao GLOBO Ramos disse que usou seu Twitter e seu telefone pessoal para
reproduzir "matérias factuais" dos portais do jornal "Valor
Econômico" e das revistas "Isto É" e "Exame". Afirmou
ainda que estava em seu horário de almoço: "Mantive diálogo pessoal com um
colega e uma colega com os quais mantenho contato periódico". Os tuítes
foram postados entre 12h e 16h de ontem.
O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), cobrou explicações do governo
federal sobre os últimos apagões que atingiram o país nas últimas semanas. Ele
aproveitou para criticar a presidente, que foi ministra de Minas e Energia por
dois anos e meio, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- A presidente foi ministra de Minas e Energia e, antes disso, foi secretária
da mesma pasta no Rio Grande do Sul. Ela está diretamente ligada à área e,
mesmo assim, não consegue combater os sucessivos apagões - afirmou o tucano.
A presidente Dilma costuma repetir que, quando o PT chegou ao poder em 2003,
o setor de energia estava desorganizado e foi preciso aprovar um novo marco
regulatório para reestruturar o sistema elétrico brasileiro. Desde então,
segundo a presidente, o investimento federal evitaria racionamento de energia
elétrica no país. O líder tucano disse que a sequência de blecautes não pode
ser considerada coincidência, disse o Ministério de Minas e Energia, no início
deste mês:
- Falta gerenciamento e investimento em área estratégica para o Brasil. O
governo deve uma explicação convincente e urgente. Diante da inércia do
governo, o que não podemos é ficar de braços cruzados e esperar o próximo
episódio.
No setor, circularam também rumores de que os blecautes que ocorreram após a
mudança de regra nas concessões do setor elétrico podem vir de uma espécie de
"desleixo proposital" das empresas, diante da iminente perda de
receita com o pacote do governo para baixar tarifas.
Fonte: O Globo
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