Governador do Rio classifica uma eventual sanção da redistribuição dos
royalties do petróleo como precedente perigosíssimo
Denise Luna, Italo Nogueira e Lucas Vettorazzo
RIO - O manifesto liderado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB),
contra a redistribuição dos royalties do petróleo abandonou a propagada união
entre governos federal, estadual e municipal, explorada nas últimas três
campanhas eleitorais.
A passeata, cujo mote era o pedido à presidente Dilma Rousseff vetar a lei
aprovada no Congresso, evitou críticas ao Planalto. Mas uma eventual sanção da
lei foi classificada por Cabral como "precedente perigosíssimo".
"O que questionamos é, além do mérito da perda de recursos, a questão
constitucional, do princípio legal, do precedente perigosíssimo que isso
gera."
A manifestação reuniu, segundo o governo, 200 mil pessoas e custou R$ 738
mil ao Estado -que bancou palco, estruturas de som e iluminação, aluguel de
trios elétricos e contratação de pessoal.
A megaestrutura montada não evitou que "miniprotestos", dentro da
passeata, criticassem o governador.
Um grupo de indígenas pedia a não demolição do antigo Museu do Índio,
prevista para as obras do Maracanã. Outro grupo, com cem pessoas perto da
avenida Almirante Barroso, chamava Cabral de "ditador" e
"ladrão".
Eles entraram em confronto com a PM, o que obrigou a ala de políticos que
puxavam a manifestação a mudar a rota prevista. Em vez de seguir pela Rio
Branco, o grupo, que reunia Cabral, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande
(PSB), o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e o senador Lindbergh Farias (PT), entre
outros, entrou pela Almirante Barroso e chegou ao palanque armado na Cinelândia
por uma rua lateral.
Na terceira passeata pelos royalties organizada pelo governo estadual, mas
uma vez os políticos não discursaram. A atriz Fernanda Montenegro, que
caminhara ao lado deles, repetiu, no palco, o bordão "veta, Dilma".
Foi a única que citou também o Estado do Espírito Santo.
Coube à cantora Fernanda Abreu ler o manifesto do Rio. O texto ignora a
aliança com o governo federal no aumento dos investimentos no Estado, bandeira
das últimas três campanhas eleitorais que elegeram Cabral e o prefeito do Rio,
Eduardo Paes (PMDB).
"Momento singular"
"O Rio de Janeiro vive um momento singular em sua história. Superou
décadas de estagnação econômica, encontrou um caminho para a paz e se tornou o
Estado brasileiro com a maior capacidade de atração de investimentos públicos e
privados. Essas histórias são resultado do esforço de milhões de fluminenses em
defesa de um ideal comum: o nosso Estado", diz o texto lido pela cantora.
Em vídeo, a cantora Alcione disse que o Rio precisa "precisa parar de
ser sacaneado". "Cheguei a esta cidade há 40 anos. Pela primeira vez
na minha vida eu vi um prefeito e um governador que se dão as mãos, arregaçam a
manga para lutar por este Estado", disse a cantora.
O projeto de lei aprovado reduz a parcela dos royalties destinados ao
Estados produtores do petróleo. Segundo o governo estadual, isso causaria
redução de R$ 3,4 bilhões no orçamento. O prazo para sanção ou veto é
sexta-feira.
Cabral afirmou que o veto parcial da presidente, preservando contratos já
firmados, evitará o confronto entre Estados. "A presidente, ao fazer o
veto parcial, dará o caminho da pacificação", disse.
Para Lindbergh Farias, Dilma não encara a manifestação como uma pressão
contra ela. "Ela sabe escutar. Não está sendo uma pressão." O Estado
já tem pronta ação direta de inconstitucionalidade em caso de sanção total do
projeto.
Fonte: Folha de S. Paulo
Sempre vai ter gente contra. O importante que a maioria estava a favor.
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