quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Decisão é política, diz presidente do PT

Rui Falcão reclama das "penas elevadíssimas" impostas aos petistas e afirma que STF sofre "pressão muito forte dos meios de comunicação"

Isadora Peron e Felipe Frazão

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, criticou ontem o Supremo Tribunal Federal por ter fixado o que considerou "penas elevadíssimas" aos petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares no julgamento do mensalão. O dirigente também classificou a decisão da Corte como "injusta".

"Recebi com muita tristeza, mas também com extrema indignação, a decisão injusta do Supremo Tribunal Federal que condenou a penas elevadíssimas e fora de parâmetro os companheiros José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares", afirmou.

O STF condenou Dirceu a 10 anos e 10 meses de prisão, além de multa de R$ 676 mil. Delúbio terá de cumprir 8 anos e 11 meses de prisão, além de pagar multa de R$ 325 mil. Já a pena de Genoino ficou em 6 anos e 11 meses de reclusão, mais multa de R$ 468 mil. No entendimento dos ministros do Supremo, os três cometeram crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa.

No vídeo de 1min46s publicado no site oficial do PT, Falcão disse ainda que o julgamento do caso pelo STF teve um "viés político" e foi influenciado pelos meios de comunicação.

"Foi um julgamento com viés político, com pressão muito forte dos meios de comunicação e mudando totalmente parâmetros consagrados da jurisprudência e do Direito brasileiro."

O dirigente petista também voltou a defender a tese - derrotada no julgamento - de que não houve compra de votos de parlamentares com dinheiro público durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao fim do vídeo, Falcão expressou "solidariedade" aos correligionários e disse que eles vão recorrer à decisão do STF.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também disse ontem ter considerado "exagerada" a pena imposta pelo STF aos petistas. "Decisão de juiz não se comenta. Eu pessoalmente acho exagerada, não reconheço deles criminosos, podem ter atuado de forma equivocada, podem ter cometido crimes se você quiser chamar assim, mas não são bandidos", disse o petista após cerimônia no Palácio do Planalto de lançamento do programa Mais Irrigação.

Plenária. Outro petista condenado pelo Supremo, o deputado federal João Paulo Cunha prepara um pronunciamento sobre o julgamento do mensalão. Será a primeira vez que ele falará sobre o processo depois de ter sido condenado, no fim de agosto, por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

Na plenária, marcada para o dia 23 em Osasco, seu reduto eleitoral na Grande São Paulo, João Paulo vai falar sobre as consequências do julgamento e avaliar o desempenho do partido nas eleições municipais.

Após ter sido condenado, João Paulo renunciou à candidatura que mantinha a prefeito de Osasco. Fechou-se em casa e evitou participar de votações em Brasília. O parlamentar aguarda a definição das penas a que será submetido pelo STF. A decisão dos ministros não tem data marcada.

Na reunião agendada,ele deve anunciar se renunciará ou dará prosseguimento ao seu quinto mandato como deputado federal. Ele pode ser cassado se for levado à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania ou ao Conselho de Ética da Casa. Ao condenar João Paulo, o ministro do STF Cezar Peluso votou pela cassação.

Rui Falcão também participará da plenária em Osasco. Outros petistas convidados foram o deputado estadual Edinho Silva e os deputados federais Jilmar Tatto e Arlindo Chinaglia, que ocupam, respectivamente, a liderança do partido e do governo na Câmara.

Colaboraram Rafael Moraes Moura e Tânia Monteiro

Fonte: O Estado de S. Paulo

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