sábado, 8 de dezembro de 2012

Adeptos do confronto com STF perdem no PT

Partido desiste de campanha de rua; moção apoia Cristina Kirchner contra a imprensa
 
O Diretório Nacional do PT recusou-se a chancelar proposta de uma campanha de rua contra o STF, para questionar o julgamento do mensalão, informa Ilimar Franco na coluna Panorama Político. Sobre a perda de mandatos de condenados, petistas dizem que a palavra final é da Câmara O partido aprovou moção de apoio a Cristina Kirchner.
Sem obter moção do PT a seu favor, Dirceu se defenderá só
Resolução de solidariedade a ex-ministro não foi votada no encontro
 
Fernanda Krakovics, Maria Lima
 
BRASÍLIA Depois que a ampla maioria do Diretório Nacional do PT se posicionou contra uma proposta de resolução conclamando a militância a ir para a rua, em uma campanha contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro José Dirceu disse aos colegas que estava satisfeito com a defesa que o partido vem fazendo dele e dos companheiros julgados pelo tribunal, no processo do mensalão. A proposta foi feita por integrante do diretório de Santa Catarina, mas sequer foi votada.
 
Ao dizer que era desnecessária a proposta de mobilização da CUT e dos movimentos sociais, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o ex-presidente Lula divulgará a nota de desagravo já publicada em defesa dos petistas na Alemanha e na Espanha, onde está em viagem. Segundo relato de companheiros de Dirceu, ele usou o microfone duas vezes, durante a reunião do diretório, para dizer que considerava que o partido estava sendo solidário a ele.
 
Dirceu afirmou que assumirá sua própria defesa, em peregrinação pelo país, e não demonstrou, pelo menos em público, contrariedade:
 
- Estou satisfeito (com a defesa feita pelo PT). Não tenho nada do que reclamar. Agora, o PT tem que dar continuidade (à defesa como foi feita até agora) - afirmou Dirceu, segundo presentes.
 
Na noite anterior, já em Brasília preparando a reunião do diretório, Dirceu participou de um jantar na casa do deputado Josias Gomes (PT-BA) com cerca de 30 integrantes do partido. Lá, o ex-ministro disse estar certo de que o STF vai determinar sua prisão antes da análise dos recursos que serão apresentados pela defesa, após a conclusão do julgamento.
- Estou tranquilo, vou para a prisão e não vou parar. Não sou chefe de quadrilha, não comprei nenhum deputado - disse Dirceu, que, na mesma noite, foi à casa do ex-ministro da Defesa e do STF Nelson Jobim, que voltou a advogar.
 
Dirceu já tem um roteiro de viagens programadas para Manaus, Porto Alegre, Cuiabá e Rio Branco. Recentemente, participou de atos políticos em sua defesa em Guarulhos e Curitiba. Ele foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, o que significa regime fechado.
 
Além de acusar o STF de fazer um julgamento político, a nota que, segundo Falcão, Lula divulgará na Europa, ataca a "partidarização" do Judiciário, afirma que o Supremo não garantiu amplo direito de defesa e teria dado valor de prova a indícios.
 
Dirceu entrou e saiu pela garagem, ontem na reunião do diretório, sem falar com a imprensa. Apesar de serem membros do diretório, o ex-presidente do PT José Genoino e o deputado João Paulo Cunha (SP), também condenados no mensalão, não compareceram.
 
Ontem, Jobim confirmou o encontro com Dirceu:
 
- Foi só para me dar um abraço. Ele passou lá (em casa) e foi embora - disse Jobim ao GLOBO.
 
Aliados e amigos de Dirceu acreditam que, ao procurar o ex-colega de Esplanada, o ex-ministro quis a opinião de Jobim, como jurista e constitucionalista. Perguntado se os dois conversaram sobre isso, Jobim, bem-humorado, disse apenas que não era advogado de Dirceu.
 
Antes do início do julgamento do mensalão pelo Supremo, Jobim esteve envolvido em uma grande polêmica envolvendo os petistas. Ele foi anfitrião de um encontro que conseguiu reunir, em sua residência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Gilmar Mendes. O vazamento da realização do encontro gerou mal-estar, com interpretações de que o ex-presidente Lula pretendia conquistar apoio do ministro do Supremo para a causa petista no julgamento. O encontro foi confirmado pelo próprio Jobim à "Revista Veja".
 
Fonte: O Globo

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