Partido desiste de
campanha de rua; moção apoia Cristina Kirchner contra a imprensa
O Diretório Nacional do
PT recusou-se a chancelar proposta de uma campanha de rua contra o STF, para
questionar o julgamento do mensalão, informa Ilimar Franco na coluna Panorama
Político. Sobre a perda de mandatos de condenados, petistas dizem que a palavra
final é da Câmara O partido aprovou moção de apoio a Cristina Kirchner.
Sem
obter moção do PT a seu favor, Dirceu se defenderá só
Resolução de solidariedade a ex-ministro não foi votada no encontro
Fernanda Krakovics, Maria Lima
BRASÍLIA Depois que a ampla maioria do Diretório Nacional do PT se
posicionou contra uma proposta de resolução conclamando a militância a ir para
a rua, em uma campanha contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro
José Dirceu disse aos colegas que estava satisfeito com a defesa que o partido
vem fazendo dele e dos companheiros julgados pelo tribunal, no processo do
mensalão. A proposta foi feita por integrante do diretório de Santa Catarina,
mas sequer foi votada.
Ao dizer que era desnecessária a proposta de mobilização da CUT e dos
movimentos sociais, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o ex-presidente
Lula divulgará a nota de desagravo já publicada em defesa dos petistas na
Alemanha e na Espanha, onde está em viagem. Segundo relato de companheiros de
Dirceu, ele usou o microfone duas vezes, durante a reunião do diretório, para
dizer que considerava que o partido estava sendo solidário a ele.
Dirceu afirmou que assumirá sua própria defesa, em peregrinação pelo país, e
não demonstrou, pelo menos em público, contrariedade:
- Estou satisfeito (com a defesa feita pelo PT). Não tenho nada do que
reclamar. Agora, o PT tem que dar continuidade (à defesa como foi feita até
agora) - afirmou Dirceu, segundo presentes.
Na noite anterior, já em Brasília preparando a reunião do diretório, Dirceu
participou de um jantar na casa do deputado Josias Gomes (PT-BA) com cerca de
30 integrantes do partido. Lá, o ex-ministro disse estar certo de que o STF vai
determinar sua prisão antes da análise dos recursos que serão apresentados pela
defesa, após a conclusão do julgamento.
- Estou tranquilo, vou para a prisão e não vou parar. Não sou chefe de
quadrilha, não comprei nenhum deputado - disse Dirceu, que, na mesma noite, foi
à casa do ex-ministro da Defesa e do STF Nelson Jobim, que voltou a advogar.
Dirceu já tem um roteiro de viagens programadas para Manaus, Porto Alegre,
Cuiabá e Rio Branco. Recentemente, participou de atos políticos em sua defesa
em Guarulhos e Curitiba. Ele foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, o
que significa regime fechado.
Além de acusar o STF de fazer um julgamento político, a nota que, segundo
Falcão, Lula divulgará na Europa, ataca a "partidarização" do
Judiciário, afirma que o Supremo não garantiu amplo direito de defesa e teria
dado valor de prova a indícios.
Dirceu entrou e saiu pela garagem, ontem na reunião do diretório, sem falar
com a imprensa. Apesar de serem membros do diretório, o ex-presidente do PT
José Genoino e o deputado João Paulo Cunha (SP), também condenados no mensalão,
não compareceram.
Ontem, Jobim confirmou o encontro com Dirceu:
- Foi só para me dar um abraço. Ele passou lá (em casa) e foi embora - disse
Jobim ao GLOBO.
Aliados e amigos de Dirceu acreditam que, ao procurar o ex-colega de
Esplanada, o ex-ministro quis a opinião de Jobim, como jurista e
constitucionalista. Perguntado se os dois conversaram sobre isso, Jobim,
bem-humorado, disse apenas que não era advogado de Dirceu.
Antes do início do julgamento do mensalão pelo Supremo, Jobim esteve
envolvido em uma grande polêmica envolvendo os petistas. Ele foi anfitrião de um
encontro que conseguiu reunir, em sua residência, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o ministro do Supremo Gilmar Mendes. O vazamento da realização
do encontro gerou mal-estar, com interpretações de que o ex-presidente Lula
pretendia conquistar apoio do ministro do Supremo para a causa petista no
julgamento. O encontro foi confirmado pelo próprio Jobim à "Revista
Veja".
Fonte: O Globo
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