domingo, 9 de dezembro de 2012

Com blindagem do PT, Rose Noronha submerge

Partido escolhe advogados e manobra no Congresso para evitar expor ex-chefe de gabinete de Lula e Dilma
 
Tatiana Farah, Sérgio Roxo e Gustavo Uribe
 
SÃO PAULO - Discrição nunca foi a maior qualidade da ex-bancária Rosemary Noronha. Roupas chamativas, tom de voz alto e chiliques com subordinados marcaram sua passagem pelo gabinete da Presidência da República. Mas, desde que foi acusada de tráfico de influência, Rose submergiu.
A blindagem criada por petistas e aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem Rose era protegida, inclui a escolha de advogados e a operação para barrar seu depoimento no Congresso. No PT desde 1989, Rose também não será expulsa do partido, apesar do estatuto prever o desligamento de filiados envolvidos em crimes. Em 2005, o então tesoureiro Delúbio Soares não teve a mesma sorte. Denunciado pelo esquema do mensalão, Delúbio foi expulso sumariamente.
Em reunião no Instituto Lula, dias depois da operação da Polícia Federal (PF) que trouxe à tona as denúncias contra Rosemary, o ex-presidente e o ex-ministro José Dirceu expressaram preocupação com o caso. Segundo interlocutores, foi manifestado no encontro receio de que a ex-chefe de gabinete fizesse algum pronunciamento ou concedesse entrevista a veículos de imprensa. Rose, que não fez declarações sequer à PF, apenas emitiu um comunicado isentando Lula e Dirceu e se dizendo inocente.
O presidente do instituto e amigo de Lula há décadas, Paulo Okamotto, foi quem ganhou a missão de acompanhar o "caso Rose" de perto. Outro nome que, segundo petistas, tem contornado o incêndio é o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Lideranças petistas ouvidas pelo GLOBO afirmaram que a preocupação do partido é com os eventuais danos que Rosemary possa causar à imagem de Lula, uma vez que os dois tinham uma relação de proximidade desde que a ex-bancária foi trabalhar como secretária do PT, nos anos 90.
- Rose nunca teve noção dos sapatos que calça. Achava que tinha poder, mas nunca teve poder nem no PT nem no governo. Então, quanto a questões políticas e administrativas, não tem risco (do que falar)- disse um dirigente petista, que pediu para não ter seu nome publicado.
Rose também não é mais vista pelos vizinhos e funcionários do prédio onde mora.
Fonte: O Globo

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