quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Ritmo pernambucano vira patrimônio da humanidade

Frevo agora é ritmo do mundo

Unesco declara gênero pernambucano Patrimônio Imaterial da Humanidade. Delegação brasileira em Paris comemora

RECIFE – O frevo, ritmo genuinamente pernambucano, agora é do mundo. A música que hipnotiza milhões de foliões e dá o tom do carnaval no estado foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito em Paris ontem, durante a cerimônia organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O ritmo foi a única expressão da cultura brasileira avaliada na sessão, ao lado de outras 35 propostas, entre elas o canto budista de Ladakh (Índia), o trançado de chapéus de palha (Equador) e a luteria tradicional de violinos em Cremona (Itália). Sua pré-candidatura foi formalizada há dois anos, após a coleta de 28 mil assinaturas da população do Recife. Em outubro, o pleito foi colocado oficialmente na pauta da Unesco, e julgamento de mérito foi concluído no documento emitido no início deste mês.

O frevo tem o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro desde 2007, ano do seu centenário. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o ritmo "é uma forma de expressão musical, coreográfica e poética, enraizada no Recife e em Olinda, no estado de Pernambuco. Trata-se de um gênero musical urbano que surgiu no fim do século 19, no carnaval, em um momento de transição e efervescência social como uma forma de expressão popular nessas cidades". São três modalidades: frevo de rua, frevo de bloco e frevo-canção.

Presente à solenidade, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, que acompanhou a delegação brasileira formada por 25 pessoas, festejou o anúncio: "É extremamente importante a escolha do frevo. Ele é uma força viva. Para nós, o frevo junta dança, música, artesanato. É um enorme orgulho ter todas essas capacidades reconhecidas", disse a ministra.

De acordo com a Unesco, o patrimônio cultural imaterial abrange práticas e expressões vivas passadas de uma geração à outra. Inclui tradições orais, artes performáticas, práticas sociais, eventos celebratórios, sabedorias e práticas relacionadas à natureza e ao universo, assim como os saberes e habilidades de trabalhos artesanais tradicionais.

BRASILEIROS. O primeiro Patrimônio Imaterial Brasileiro a ser reconhecido pela Unesco, em 2003, foi o Wajãpi, expressão linguística dos índios tupis da região delimitada pelos rios Oiapoque, Jari e Araguari, no Amapá. Dois anos depois, foi a vez do samba de roda do Recôncavo Baiano. Herança do período escravocrata, a música deu origem a manifestações como o samba e o jongo. No ano passado, o Yaokwa, ritual da tribo indígena brasileira Enawene Nawe, do Sul da Amazônia, integrou a lista do Patrimônio Imaterial da Unesco que necessita de proteção urgente (outra classificação realizada nessa categoria), devido ao desmatamento e às atividades de mineração na região.

O tango argentino e a gastronomia francesa são algumas das tradições já inscritas na lista da Unesco do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Até o fim do ano passado, a lista reunia 232 elementos, sendo 33 deles na América Latina e no Caribe.

Fonte: Agências 

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