sábado, 28 de abril de 2012

OPINIÃO DO DIA – Alberto Goldman: Código Florestal

"Sinto-me vexado. O meu partido, o PSDB, se dividiu na votação do Código Florestal na Câmara dos Deputados. Metade votou a favor do relatório que foi aprovado, que não impõe obrigações razoáveis aos desmatadores que não cumpriram a lei. A outra metade, derrotada, votou a favor do relatório do Senado, que não dava aos agricultores uma anistia pelo não cumprimento da lei. Qualquer posição mais clara, menos dúbia, que fosse assumida, seria melhor do que esta divisão. Não temos qualquer comando, qualquer discussão interna que permita à população fazer uma avaliação sobre o que pensamos e o que queremos."

Alberto Goldman, Blog do Goldman, 27 de abril de 2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Mortalidade cai, brasileiro volta e a renda sobe
Enquanto isso, no Brasil das CPIs...
Riotur estimula carioca a ficar fora na Rio+20

FOLHA DE S. PAULO
'É para o governador', diz Cachoeira sobre dinheiro
Percurso ao trabalho exige mais de 1 hora para 7 milhões
Senador avisava empresário de operações contra os seus negócios
Indicador ruim da Europa e dos EUA preocupa mercado
Crédito para carros é o menor desde dezembro de 2009

O ESTADO DE S. PAULO
Mortalidade infantil cai 47,5% no País
Em áudio, Demóstenes diz que ‘bate’ em Gurgel
Universidades de SP descartam cota
Ângela Merkel desiste de participar da Rio+20

CORREIO BRAZILIENSE
Cachoeira: STF libera inquérito e esquenta CPI
Censo: Via-crúcis até o trabalho

ESTADO DE MINAS
Conheça os mineiros no século 21
Mortalidade infantil tem uma queda expressiva
Supremo libera inquérito que investiga Demóstenes

ZERO HORA (RS)
A casa dos gaúchos ficou mais prática, moderna e conectada

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Brasil tem forte queda da mortalidade infantil
Alta do IGP-M deve pressionar valor do aluguel
Verba anunciada para construção de barragem

Enquanto isso, no Brasil das CPIs...

Demóstenes ganhou R$ 3 milhões de Cachoeira

Íntegra do inquérito liberado pelo STF vaza em site antes de chegar ao Congresso

Gravações feitas pela Operação Monte Carlo fortalecem a parceria entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) para favorecer a Delta Construções. Elas indicam, e o procurador-geral Roberto Gurgel corrobora, que Cachoeira teria repassado ao senador R$ 3,1 milhões. Segundo a PF, Demóstenes usou o mandato para impedir a convocação pelo Senado, em 2011, do agora ex-presidente da Delta Fernando Cavendish. Ontem o Supremo Tribunal Federal liberou à CPI a íntegra do inquérito – que vazou em site antes mesmo de chegar ao Congresso.

Cachoeira pagou R$ 3 milhões a Demóstenes

Gravações da Polícia Federal reforçam ainda ligação estreita entre senador e bicheiro para favorecer a Delta Construções

Roberto Maltchik, Jailton de Carvalho, Paulo Celso Pereira e Fernanda Krakovics

BRASÍLIA . Gravações feitas pela Polícia Federal, na Operação Monte Carlo, fortalecem a estreita relação entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira para favorecer a Delta Construções. Segundo a PF, o parlamentar não só recebia dinheiro do contraventor, como usou o mandato para impedir a convocação no Senado do ex-presidente da empresa Fernando Cavendish, em 2011. E se valeu de sua influência para que a empresa fechasse negócios no Centro-Oeste. As gravações também indicam — e o procurador- geral da República, Roberto Gurgel, corrobora — que Cachoeira teria repassado ao parlamentar R$ 3,1 milhões.

A presença de Demóstenes em reuniões de trabalho teria sido indispensável para sacramentar contratos da Delta com o poder público. A construtora chega a disponibilizar um jato para levar o senador de Brasília para Goiânia, onde receberia em seu apartamento o então diretor-executivo da Delta, Carlos Pacheco; o diretor regional da construtora, Cláudio Abreu, e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

— Vê com o Demóstenes se dá pra ele chegar aqui umas três, quatro horas, no máximo, pra gente bater o martelo com o Pacheco no assunto, entendeu? É um assunto com a Foz do Brasil, a Foz do Brasil é empresa da Odebrecht, concessão. Então, nós precisamos falar urgente com Demóstenes, aproveitando que o Pacheco está aqui. Urgente, urgentíssimo — disse Abreu.

Segundo a PF, Demóstenes deu o caminho para impedir a convocação de Cavendish no Senado, após reportagem da "Veja" vinculando o aumento dos contratos entra a Delta e o governo federal à contratação, pela Delta, de consultoria do ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

A articulação ocorreu em 8 de maio de 2011. Demóstenes tranquiliza Cachoeira, dizendo que Cavendish não pode ser convocado, e manda avisar o empresário que é preciso abafar o caso, rapidamente. O senador prevê que a reportagem será "o grande assunto no Congresso", mas pondera que, no máximo, ele será convidado, com a possibilidade de não comparecer.

— (Tem que) avisar o pessoal que tá todo mundo em cima. E o que vai acontecer? Vão fazer um requerimento. Requerimento é convite. O cara (Fernando Cavendish) pode recusar. (...) Eles (Álvaro Dias e outros senadores de oposição) vão fazer barulho — diz Demóstenes a Cachoeira.

Adiante, Demóstenes dá a senha para abafar o caso: — Talvez, o Fernando se antecipasse soltando uma nota. Dizendo que isso é uma mentira. O grande assunto no Congresso vai ser isso. Explique que o convite não vai ser aprovado, mas o barulho é inevitável.

Cachoeira responde: — Eu vou falar isso com ele (Cavendish ou Abreu). Tá bom? Minutos depois, Cachoeira liga para o ex-superintendente regional da Delta, o Abreu, e repassa as instruções de Demóstenes.

— Fala com o Fernando que o Álvaro Dias vai pedir a convocação dele lá. Tem que botar o mais rápido possível (...) para não alastrar.

Advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro diz que não comenta trechos pinçados e descontextualizados de gravações da PF. Ontem, foi procurado no celular e no escritório, mas não foi encontrado.

Em nota, a Delta informou que "não teve acesso a essas gravações nem todo, nem em parte" e que "tem sido informada de partes editadas e manipuladas de conversas que saem na mídia".

Portanto, não se pronunciará. A empresa diz ainda que "é vítima de vazamentos parciais e descontextualizados de áudios saídos de interceptação telefônica de um inquérito sigiloso".

A cifra atribuída como pagamento total ao parlamentar alcança R$ 3,1 milhões. No pedido de instauração de inquérito no Supremo para investigar Demóstenes, vazado ontem pelo site de notícias "Brasil 247", Gurgel afirma que há indícios da prática dos crimes de corrupção passiva, prevaricação e advocacia administrativa por parte do senador goiano, fruto de seus "estreitos vínculos" com Cachoeira.

Sustenta que a relação de Demóstenes com o bicheiro "é de natureza profissional" e "extrapola os limites éticos exigíveis na atuação parlamentar, adentrando a seara penal". Gurgel afirma, em sua denúncia, que Cachoeira depositou mais de R$ 3 milhões nas contas de Demóstenes.

A autenticidade dos documentos vazados pelo site não foi contestada pelo STF nem pela Procuradoria Geral da República.

"Constatou-se que o Senador Demóstenes Torres mantém estreitos vínculos com Carlos Cachoeira, de natureza pessoal e, também, de natureza profissional.

Os contatos telefônicos entre eles são praticamente diários, sucedidos, muitos deles, de encontros para tratar de assuntos que não poderiam ser conversados por telefone", afirmou Gurgel no documento.

Sobre os repasses de Cachoeira para Demóstenes, o procurador- geral escreveu: "Em diálogo no dia 22 de março de 2011, às 11:18:00, entre Carlos Cachoeira e Cláudio Abreu, não degravado pela autoridade policial, é expressamente referido que o valor de um milhão foi depositado na conta do Senador Demóstenes e que o valor total repassado para o Parlamentar foi de R$ 3.100.000,00 ".

A assessoria de Gurgel informou que ele está no Chile e que não teria como confirmar a veracidade do documento vazado.

Em diálogo de 16 de março de 2011, Demóstenes revela que obedece a Cachoeira: — Você dá a orientação aqui e obedeço — diz.

Colaborou André de Souza

FONTE: O GLOBO

A marca de Cachoeira em contratos públicos

Empresas que têm ligação com o bicheiro ganharam negócios de R$ 2,2 milhões com o governo federal e prefeitura do Rio

Fábio Vasconcellos

Empresas ligadas ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, ganharam contratos de cerca de R$ 2,2 milhões em órgãos do governo federal e da prefeitura do Rio. Os valores se referem a pagamentos por prestação de serviços na área de segurança patrimonial e à venda de medicamentos.

A Ideal Segurança Ltda. que, segundo a PF, pertence ao delegado federal Deuselino Valadares e aos sócios ocultos Cachoeira e Cláudio Abreu — ex-diretor da Delta Construções — recebeu R$ 480 mil do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Goiano e do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Os valores começaram a ser pagos em 2010 (R$ 69 mil). No ano seguinte, chegaram a R$ 367 mil. Este ano, o Instituto de Educação foi responsável por praticamente todos os repasses (R$ 43 mil). A Ideal foi chamada para fazer a segurança do prédio da reitoria do instituto.

Empresas venceram pregão, afirmam órgãos

No relatório da Operação Monte Carlo, a PF descobriu que a Ideal foi comprada em fevereiro de 2011 por Deuselino Valadares. Nas interceptações telefônicas, a PF encontrou indícios de que Cachoeira e Cláudio Abreu seriam também donos da Ideal. Numa das interceptações telefônicas, Gleyb Cruz, um dos integrantes do grupo, revelou os percentuais de participação de Cachoeira e Cláudio na empresa. Há ainda transferências de dinheiro feitas pela Alberto e Pantoja Construções para a Ideal. A Alberto Pantoja, segundo a PF, está em nome de "laranjas" e seria usada pela organização para encobrir movimentações financeiras de Cachoeira e seu grupo. A Delta Construções, da qual Cláudio era diretor, realizou transferências para a Alberto Pantoja entre 2010 e 2011.

Outra empresa ligada a Cachoeira é a Vitapan Indústria Farmacêutica.

Em documentos obtidos pela Operação Monte Carlo, a empresa do bicheiro foi vendida para outros dois sócios, em 2005, entre eles sua ex-mulher, Andréa Aprígio de Souza. O negócio chamou a atenção porque até aquela data a Andréa não apresentava rendimento ou qualquer bem em seu nome e, a parti daí, passou a receber salário da Vitapan, apesar de constar como sócia da empresa.

A Vitapan vendeu medicamentos para a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. Entre 2009 e 2012, cerca de R$ 163 mil foram pagos à empresa. Na prefeitura, a Secretaria municipal de Saúde pagou R$ 1,6 milhão à Vitapan de 2009 até hoje. O maior desembolso correu em 2011 (R$ 1 milhão).

O Serpro, a Fiocruz e a Secretaria de Saúde do Rio informaram que as empresas foram contratadas após venceram pregão eletrônico. De acordo com o Serpro, a Ideal fazia a segurança do posto do órgão em Goiânia até o ano passado, quando o contrato foi encerrado. Já Secretaria de Saúde explicou que os pagamentos à Vitapan se referem à compra de medicamentos e que o produto tem sido entregue. A Fiocruz, por sua vez, disse que comprou da Vitapan 5,7 milhões de comprimidos para tratamento cardíaco e um anti-inflamatório que foram distribuídos para a Farmácia Popular.

FONTE: O GLOBO

Confraternização em Paris

Fotos publicadas no blog de Garotinho mostram Cavendish, Cabral e secretários estaduais

Fotos publicadas ontem no blog do ex-governador e deputado federal (PR-RJ) Anthony Garotinho mostram o governador Sérgio Cabral (PMDB) e os secretários Wilson Carlos (Governo) e Sérgio Côrtes (Saúde) numa viagem a Paris, feita em 2009, na companhia de Fernando Cavendish. Até semana passada, o empresário, que é amigo de Cabral, estava à frente da Delta Construções, envolvida no escândalo envolvendo Carlinhos Cachoeira e que recebeu R$ 1,4 bilhão em contratos com o estado.

Numa das imagens, Wilson Carlos e Sérgio Côrtes dançam abraçados com Cavendish.

O clima de comemoração era tanto que o grupo usou lenços amarrados na cabeça.

Em outra sequência, Cabral é visto sorridente posando para fotos ao lado de Cavendish que, agachado, parece brincar com a situação. Na mesma foto, está o atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Aloysio Neves, um dos responsáveis por fiscalizar os contratos do governo com as empresas. Ele foi nomeado para o TCE em abril de 2010.

Uma terceira foto mostra os secretários de Transporte, Júlio Lopes, e da Casa Civil, Régis Fichtner, abraçados com Cavendish.

O chefe da Casa Civil é o responsável pela auditoria anunciada pelo governo nos contratos assinados com a Delta. A medida foi tomada após vir à tona as relações da empresa com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Em nota, o governo informou ontem que o governador foi a Paris para lançar o Guia Verde Michelin Rio, na embaixada do Brasil. Na ocasião, segundo a nota, Cabral foi condecorado pelo governo francês.

Segundo o comunicado, após o evento, o "barão francês Gerard de Waldner — casado com a brasileira Sílvia Amélia de Waldner —, chamou ao Clube Inglês convidados dele em homenagem ao governador e à condecoração recebida".

Sobre a foto de Fichtner e Cavendish, o governo disse que "não mistura questões privadas com públicas. As análises de governo seguem critérios técnicos".

FONTE: O GLOBO

Alvo da CPI, Delta deve manter obras federais

Empresa pode ser declarada inidônea e ficar proibida de firmar contratos com o governo, mas pode continuar tocando projetos que já começaram

Lu Aiko Otta

BRASÍLIA - Mesmo envolvida no turblhão da CPI do Cachoeira, a construtora Delta deverá seguir prestando serviços ao governo federal, pelo menos por algum tempo. Flagrada em uma série de irregularidades pela Controladoria-Geral da União (CGU), a empresa é alvo de um processo administrativo no qual pode ser declarada inidônea e ficar, por isso, proibida de firmar novos contratos com o governo federal. Mas os que estão em andamento poderão ser mantidos. Principal parceira do governo na execução das obras do Programa de Aceleração do Crescimen-to (PAC), a Delta tem, assim, chances de escapar viva das investigações. “ Pode sair uma pizza”, disse o coordenador da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco. “O governo pode paralisar só em parte as obras que tiverem problema e colocar a CGU para vigiar.”


Desde o início do escândalo, a Delta já anunciou sua saída de duas obras no Rio, o Maracanã e a Transcarioca. Mas nada ocorreu em relação às federais. Pelo contrário, a empresa divulgou comunicado no qual afirma que “continuará a cumprir os contratos, obrigações e compromissos assumidos com fornecedores e clientes, com a habitual regularidade”. A pressa do governo em executar as obras do PAC e aquelas relacionadas com a Copa poderão jogar a favor da empresa.

Decisão

Segundo informou a CGU, caso a Delta seja declarada inidônea – algo que não tem prazo para ocorrer, pois o processo administrativo admite ampla defesa – as obras em andamento serão analisadas uma a uma para o governo decidir se é o caso de suspender os serviços ou não. As que estão em estágio mais avançado poderão continuar a cargo da Delta, pois pode ser mais caro, além de demorado, entregar o serviço a outra empreiteira. A praxe, quando o governo rompe o contrato com uma prestadora de serviço, é chamar a segunda colocada no processo licitatório. Porém, existe o risco de ela não aceitar concluir a obra, pelo fato de o preço estar defasado. Fazer uma nova licitação levaria tempo e aumentaria o gasto. Já existe uma rotina no tratamento de irregularidades. Quando é detectado um pagamento indevido, a CGU recomenda que o valor pago a mais seja descontado de pagamentos posteriores, já que as construtoras normalmente recebem por etapas. Mas, mesmo que a Delta seja declarada inidônea, seus donos não ficarão impedidos de fazer negócios com o governo. Já existe, no entanto, um projeto de lei na Câmara que pretende fechar essa brecha na legislação. Nesta semana, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, descartou atrasos no PAC por causa da CPI. Ela assegurou que as licitações para novas obras seguirão o ritmo normal. Para Gil Castelo Branco, a CPI deve interferir no andamento das obras.

Compensação

Embora tenha saído de duas obras no Rio, a Delta ainda não abandonou obras federais. O que pesa a favor da empreiteira é a pressa do governo com as obras do PAC, da Copa e da Olimpíada.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

STF autoriza cópias de inquérito sobre Demóstenes

Ricardo Lewandowski liberou que Conselho de Ética da Câmara e Comissão do Senado peguem cópias do documento, porém ressaltou que o segredo deve ser mantido

Mariângela Gallucci

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou ontem a CPI mista do Cachoeira, o Conselho de Ética e Decoro do Senado e a Comissão de Sindicância da Câmara a extraírem cópias integrais do inquérito 3430, que tramita no STF, para investigar as ligações do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Lewandowski fez questão de deixar claro que as informações existentes no inquérito são sigilosas e que o segredo deve ser mantido, especialmente em relação às interceptações telefônicas. Também nesta semana, o ministro autorizou a abertura de inquéritos no STF contra os deputados Sandes Júnior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ), também para apurar suspeitas de ligações com Cachoeira.

Em sua decisão, o ministro citou uma lei de 1996 que regulamentou as interceptações telefônicas. Essa norma estabelece que é crime quebrar segredo de Justiça sem autorização judicial. A pena prevista para quem descumprir a regra é de 2 a 4 anos de reclusão e pagamento de multa.

Para autorizar a extração de cópias do inquérito, Ricardo Lewandowski teve como base decisões anteriores do STF que garantiram a CPIs e comissões do Congresso acesso a investigações em tramitação perante o Supremo.

Além do compartilhamento de informações com os órgãos da Câmara e do Senado, Lewandowski decidiu nesta semana abrir três inquéritos contra os deputados Carlos Leréia, Sandes Júnior e Stepan Nercessian (PPS-RJ) para também apurar suspeitas de ligação com Cachoeira.

O ministro também autorizou o desmembramento do inquérito aberto contra Demóstenes Torres para que sejam separadas as partes da investigação relacionadas ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já manifestou a intenção de pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que abra um inquérito para investigar Agnelo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

CPI quer começar por Gurgel

Senadores e deputados pretendem ouvir primeiro o procurador-geral da República antes de convocar políticos e empresários

Júnia Gama

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, será a primeira autoridade a prestar depoimento na CPI mista que irá investigar as relações do bicheiro Carlos Cachoeira com políticos e empresas públicas e privadas. Assim como o suposto consenso em torno da abertura da CPI, tanto a base aliada quanto a oposição enxergam em Gurgel um elemento menos explosivo para ambos. Ao sentar-se na cadeira de depoente, porém, o procurador-geral da República será o centro do cabo de guerra político travado entre oposicionistas e governistas.

O discurso oficial é de que é preciso obter informações sobre as operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que culminaram na prisão de Cachoeira. A base aliada, entretanto, pedirá explicações a Gurgel por ter levado cerca de quatro anos para pedir abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). "Ele apresenta muito mais risco para a base aliada, sobretudo porque Demóstenes, da oposição, já está sangrando. Quem garante que as declarações do PGR não vão obrigar a investigação a escolher o Palácio do Planalto como seu norte?", avaliou um líder governista.

Petistas também pretendem questionar Gurgel sobras as razões que o levaram a não pedir abertura de inquérito contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). "O Perillo pediu para ser investigado, o Gurgel não se antecipou. Isso só piora a situação dele na CPI", apontou um petista que integra a comissão.

Arquivamento

Independentemente da forma, há um entendimento geral de que Gurgel deve prestar depoimento. Outro esclarecimento que petistas pretendem pedir diz respeito ao reatamento de relações com Demóstenes, em meados do ano passado. O senador havia, em junho de 2011, criticado duramente Gurgel por ter arquivado uma representação assinada pelo parlamentares contra o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci. Na ocasião, o senador afirmou à imprensa que Gurgel se "acovardou" e o acusou de ter tomado a decisão para facilitar sua recondução ao cargo de procurador-geral, já que seu mandato expirava no mês seguinte.

Mais um fato pode ser negativo para Gurgel: no início de maio do ano passado, ele recebeu em seu gabinete Demóstenes e o irmão, Benedito Torres, que trabalharam pela indicação de Tito Amaral para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O encontro, confirmado pela Procuradoria-Geral da República, teve êxito e Tito recebeu a indicação de Gurgel. Na semana passada, o Correio mostrou que Tito foi assessor de Demóstenes na Procuradoria-Geral de Justiça de Goiás, na Secretaria de Segurança Pública do estado e se instalou no gabinete do senador de terça a quinta-feira durante nove anos, quando foi designado pelo MP goiano para acompanhar trabalhos de interesse do órgão. Na manhã da próxima quarta-feira, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), irão visitar Gurgel para convidá-lo a ir à CPI.

160

Total de requerimentos apresentados na primeira reunião da CPI do Cachoeira, na última quarta-feira. A maior parte se refere a depoimentos de autoridades

Colaborou Gabriel Mascarenhas

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Receita da Delta somou R$ 9,6 bi entre 2004 e 2010

Rubens Valente

BRASÍLIA - Os primeiros documentos entregues à CPI do Cachoeira, um conjunto de demonstrações contábeis da Delta Construções S/A, indicam que a empreiteira registrou receita bruta de R$ 9,6 bilhões entre 2004 e 2010.

O site Contas Abertas divulgou há duas semanas que a Delta recebeu R$ 4 bilhões do governo federal desde 2001. Os números globais da empresa, entregues pela Delta à CPI, incluem clientes privados e públicos, como governos estaduais, cujas contas não integram a pesquisa do Contas Abertas.

A receita bruta anual da Delta triplicou entre 2004 e 2010, passando de R$ 724 milhões, em valores atualizados, para R$ 3 bilhões.

O lucro líquido passou de R$ 100 milhões em 2004, em valores atualizados, para R$ 220 milhões, em 2010. A Delta informou ontem que "o crescimento do faturamento da Delta Construção acompanha o crescimento da indústria da construção civil".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Inquérito vaza antes mesmo de liberado pelo STF

Lewandowski alertara para sigilo, mas íntegra surgiu em site sem que tivesse chegado ao Congresso

Carolina Brígido, Maria Lima e Isabel Braga

BRASÍLIA. O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou ontem à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do caso Cachoeira cópia integral do inquérito que tramita sob segredo de Justiça na Corte para investigar a ligação entre o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e outros políticos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Apesar da sua ressalva sobre a necessidade de se manter o sigilo das informações, integrantes da CPI afirmaram que não podiam assumir essa responsabilidade, já que mais de uma centena de parlamentares poderá ter acesso aos dados. Mas antes que a documentação chegasse ao Congresso, a íntegra do inquérito foi publicada pelo site "Brasil 247". O STF decidiu que vai acionar a Polícia Federal e o Ministério Público federal para descobrir como ocorreu o vazamento.

Pela determinação do STF, além dos integrantes da CPI (64 parlamentares entre titulares e suplentes), os integrantes do Conselho de Ética do Senado poderiam ter acesso à parte dos documentos relativos ao caso Demóstenes.

Da mesma forma que a Comissão de Sindicância da Câmara aos dados sobre os deputados citados no inquérito.

Os autos que estão no Supremo têm mais de 2 mil páginas, divididas em mais de 20 volumes, com apensos e DVDs. Há pelo menos 19 escutas anexas no processo, nem todas degravadas.

Os arquivos serão entregues ao presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), que não estava ontem em Brasília, dentro de 48 horas, a partir de ontem.

— O Supremo atendeu a necessidade do momento, não perdemos nenhum dia útil. Na segunda-feira, vamos resolver a estrutura da CPI — disse Vital, por telefone.

Integrante da CPI, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) afirma que ser responsável pelo sigilo não significa não divulgá-lo de nenhuma maneira, mas tratá-lo na forma da lei. Segundo ele, a lei sobre sigilo legal diz que o segredo se impõe no interesse da investigação pública e na preservação da intimidade, mas não pode servir para proteger o crime e o criminoso.

— A expressão vazamento pode deixar a impressão de leviandade.

Mas estou falando de publicidade e transparência que são devidas à opinião pública. O segredo se impõe no interesse da investigação pública e na preservação da intimidade, mas não protege nem o crime e nem o criminoso. Às vezes, a revelação de um documento permite o aparecimento de novos documentos.

Em outras CPIs, isso já ocorreu — afirmou o pedetista.

Miro lembra ainda que já há jurisprudência dos tribunais superiores de que segredo de Justiça não pode existir para proteger o crime e os criminosos, e sim para proteger as investigações e o interesse público: — Neste caso o que estamos investigando é uma organização criminosa, e não cabe sigilo. O que for de interesse de divulgação que facilite a investigação, aliás, deve ser estimulado. Foi assim que apareceu o motorista Eriberto na CPI do PC Farias. É a chamada ponta do novelo.

Em São Paulo, as principais lideranças do PSDB afinaram o discurso em defesa da apuração do suposto envolvimento do governador de Goiás, Marconi Perillo, com Cachoeira. Os dirigentes tucanos pregaram que todos os envolvidos com o contraventor devem estar à disposição da CPMI.

O governador tucano, cuja presença era esperada, não compareceu a evento do PSDB. O presidente do partido, Sérgio Guerra, defendeu uma apuração total, no âmbito da CPMI, e afirmou que aqueles que cometeram irregularidades, não ficarão na legenda.

— No PSDB, quem estiver envolvido nisso, quem tiver contas a pagar vai embora, não fica conosco, não tenho a menor dúvida disso. Nós não vamos prejulgar, não vamos condenar ninguém antecipadamente, mas, se um de nós impedir investigação, não é do partido e vai estar fora — afirmou o dirigente tucano.

O senador Aécio Neves (MG) pregou a apuração das recentes denúncias e defendeu a presença dos acusados na CPMI: — O próprio governador de Goiás se colocou à disposição para essa apuração. O que nós não permitiremos é que a CPMI seja instrumento de luta política, da base do governo contra a oposição.

FONTE: O GLOBO

STF debaterá julgamento do mensalão

BRASÍLIA. O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, pautou para quartafeira, no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), uma questão de ordem para que os ministros resolvam detalhes sobre o julgamento do processo, que ainda não tem data marcada.

Há chance de serem definidos, por exemplo, os horários das sessões e os dias da semana em que o tribunal funcionará durante o julgamento.

A expectativa é que o julgamento consuma cerca de um mês. Para ser marcado, o revisor do caso, ministro Ricardo Lewandowski, precisa entregar seu voto. Se ele fizer isso até o fim de maio, o processo poderá ir a plenário ainda neste semestre. Caso ele demore mais, o julgamento ficará para agosto.

São 38 réus.

Cada advogado terá uma hora para falar. Em seguida, o procurador-geral Roberto Gurgel vai se manifestar. Depois, Barbosa.

O voto terá 500 páginas e será dividido em capítulos, dedicados aos políticos, ao núcleo financeiro e aos publicitários.

FONTE: O GLOBO

Lei Florestal desagrada pequenos produtores

Kelly Matos

BRASÍLIA - O presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Alberto Broch, afirmou ontem em audiência com a presidente Dilma que o novo Código Florestal, aprovado pela Câmara na quarta-feira, desagradou os trabalhadores da agricultura familiar.

A principal crítica é em relação à ausência de uma diferenciação entre pequenos e grandes produtores.

"Um agricultor que tem cinco hectares, que tem um riozinho que passa lá, terá a mesma legislação que alguém que tem 10 milhões de hectares", afirmou Broch.

Ele disse que pediu à presidente que observe a possibilidade de estabelecer um tratamento diferenciado para os pequenos produtores. No entanto, Dilma não confirmou se vetará o novo Código Florestal.

"Ela não falou [que vai vetar]. Ela falou que vai estudar o caso", contou Broch.

Durante a reunião, representantes da Contag entregaram à presidente a pauta de reivindicações da edição deste ano do Grito da Terra, mobilização de trabalhadores rurais que ocorrerá no dia 30 de maio, em Brasília.

O documento traz 141 itens, que incluem, por exemplo, questões relacionadas à reforma agrária, à agricultura familiar e a políticas sociais para os trabalhadores.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PSDB acusa governo de direcionar CPI

Congresso sindical do PSDB é marcado por críticas do partido ao PT e ao governo federal, acusados de utilizarem a CPI instalada no Congresso contra a oposição

Daniela Lima

SÃO PAULO – O primeiro congresso sindical do PSDB em São Paulo foi palco para os principais líderes do partido atacarem o governo federal e defenderem tucanos envolvidos em acusações de envolvimento com o empresário Carlos Cachoeira. No evento, realizado com apoio de empresários e grandes construtoras, os tucanos criticaram o que chamaram de aparelhamento dos sindicatos e conclamaram os trabalhadores a protestar contra a desindustrialização do País.

Em seu discurso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), cotado para disputar a Presidência da República em 2014, citou a presidente Dilma Rousseff e disse que há um ufanismo desenfreado sobre seu desempenho. “Há um ufanismo desenfreado com os índices de aprovação da presidente Dilma. Mas se aprofundarmos os dados, veremos que 60% da população está insatisfeita com a saúde”, disse.

Em outra frente, líderes do partido defenderam o andamento das investigações envolvendo o empresário Carlos Cachoeira, acusado de explorar o jogo ilegal e manter uma rede de influência com empresários e políticos, mas acusaram o governo de estar direcionando o escândalo para a oposição. “Sou a favor da CPI, desde que ela não esteja a favor de uma maioria”, afirmou o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE). “Na última semana só saíram vazamentos contra nós. O PT quer segurar o governador deles, de Brasília, Agnelo (Queiroz), que já está na forca, falando de Goiás e de Minas”, disse Guerra. Escutas feitas pela Polícia Federal indicaram o envolvimento de Cachoeira com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e a nomeação de uma prima do contraventor no governo de Minas, quando o hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) era governador do Estado.

A edição de ontem da Folha de S.Paulo mostrou que Cachoeira mantinha contatos com um diretor da empreiteira Delta em São Paulo. “O próprio Marconi se colocou à disposição da investigação, foi o primeiro a propor ir depor na CPI. Agora, pede ao procurador-geral da República que o investigue. Ele vai sair desse episódio como entrou: absolutamente seguro”, disse Sérgio Guerra.

O governador Geraldo Alckmin também defendeu as investigações. “Os contratos da Delta em São Paulo, a maioria, já foi concluída. Mas investigar é sempre bom”, disse.

Durante o evento, Alckmin e Guerra enalteceram a candidatura do ex-governador José Serra à Prefeitura de São Paulo. Serra, ao discursar, mesclou temas nacionais com os do cotidiano nas cidades e pediu que os sindicalistas filiados ao PSDB se mobilizem para a eleição municipal. “O futuro começa agora, afirmou. Proponho que o núcleo sindical faça propostas para as cidades, para que possamos montar a plataforma tucana para 2012”, disse.

O congresso também evidenciou o desconforto de Serra com relação a Aécio. Ontem, a Folha de S.Paulo publicou entrevista na qual o senador diz que, mesmo se for eleito prefeito, Serra pode deixar o cargo para disputar a Presidência em 2014. A declaração vai na contramão da estratégia de Serra, que tenta afastar de todo modo especulações sobre o abandono da prefeitura.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Serra pede apoio de sindicatos já em 2012

PSDB lança núcleo para se aproximar de trabalhadores e movimentos sociais e fortalecer mobilização nas eleições municipal, estadual e federa

Bruno Boghossian

Ao realizar ontem o primeiro congresso sindical do PSDB, líderes tucanos atacaram a relação do PT com os sindicatos e apresentaram aos trabalhadores os benefícios da política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso. A aproximação com as entidades de classe em ano eleitoral é uma tentativa do partido de criar um grupo mobilizado para a disputa deste ano e de 2014 e aproximar a sigla dos movimentos sociais. Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o ex-governador José Serra (SP) pediu o apoio dos sindicatos. “Temos nossa primeira tarefa: mobilizar nossos sindicalistas para a campanha eleitoral deste ano.” Em 2014, o novo núcleo quer eleger um deputado estadual e um federal por Estado.

Diante de uma plateia de sindicalistas que se esvaziou ao longo do dia, o presidente do partido, Sérgio Guerra, o governador Geraldo Alckmin (SP), Serra e o se-nador Aécio Neves (MG) afirmaram que a relação da sigla com sindicalistas e trabalhadores “não é uma novidade”. Alckmin chegou a iniciar seu discurso com o bordão “companheiros e companheiras”, marca do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O PSDB é um partido que dá prevalência ao trabalho sobre o capital. Foi importante para os trabalhadores com o Plano Real e com a estabilização da moeda”, disse. A festa custou cerca de R$ 800 mil ao partido. O presidente do núcleo sindical do PSDB, Antônio de Sousa Ramalho, chegou a pedir doações para construtoras, mas diz não ter recebido nada. A sigla pagou transporte aos presentes na plateia, que incluía tucanos sem relação com entidades trabalhistas. O público foi engrossado pela Força Sindical, a quem Ramalho é ligado. O presidente da central, Paulinho da Força (PDT), sentou-se na primeira fileira do palanque. “A Força é pluralista, não pode ser ligada a um único partido”, disse. Organizadores afirmavam
que havia representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no evento, grupo tradicionalmente ligado ao PT. Os tucanos não quiseram identificá-los, pois eles “temiam represálias”.

Popstar. Possível candidato à Presidência em 2014, Aécio aproveitou o discurso para atacar o governo Dilma Rousseff. “Não queremos sindicatos a serviço de um partido político, como acontece na relação da CUT com o PT”, afirmou. Depois, no palco, distribuiu autógrafos em camisetas atiradas a ele – principalmente das mulheres da plateia. Adversários dentro do PSDB, Aécio e Serra nem se olharam nos cinco minutos em que estiveram lado a lado. Depois que Aécio discursou, Serra foi o último a se levantar para aplaudi-lo.

Chalita pede que tucano o respeite

O deputado federal e pré-candidato do PMDB a prefeito de São Paulo, Gabriel Chalita, pediu ontem ao pré-candidato José Serra (PSDB) “respeito e maturidade” na campanha eleitoral. Chalita afirmou que Serra é um desafeto seu e que, por isso, nem sequer o cumprimenta.

“Espero que ele (Serra) não faça ataques pessoais. Na campanha presidencial aconteceu. Não foi bom para ele, não foi bom para o Brasil. A crítica tem de ser olho no olho e não usar mídias sociais, línguas de aluguel.”

O peemedebista propôs a Serra um pacto de não agressão, como o que fez com o pré-candidato Fernando Haddad (PT). “Não vou fazer nenhum ataque a ele, por- que não é da minha índole e do meu estilo de fazer política”, avisou Chalita, antes de dizer que o tucano só quer ser presidente da República. Em nota, a assessoria de Serra disse que ele conduzirá a disputa eleitoral “com correção e elegância, como sempre fez”.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Jarbas: 'Não temos acordo para a eleição'

Falando sobre sua reaproximação de Eduardo, senador diz que pretende pacificar o ambiente político no Estado e nega que exista conversa sobre 2012 e 2014

Débora Duque

Embora tenha procurado se manter longe das discussões políticas locais, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) quebrou, ontem, o silêncio. Em entrevista à Rádio Folha, o peemedebista tratou não só das eleições municipais como de seu rompimento com o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra. Falou, ainda, de sua recente aproximação com o governador Eduardo Campos (PSB). Ele fez questão de frisar que o distensionamento da relação entre os dois nada tem a ver com projetos eleitorais, repetindo o discurso de que os gestos têm como objetivo pacificar o ambiente político do Estado para as “novas gerações”.

“O que fiz, com absoluta consciência e sem estar fazendo espalhafato disso, foi tentar distensionar os fatos no sentido de manter uma relação de cordialidade com que aquele que me derrotou há quase dois anos. Há toda uma geração aí atrás de mim e é preciso respirar dentro do Estado, o que estava quase impraticável. Mas não temos nenhum acordo para a eleição que vai se dar agora e, sobre 2014, também não existe nenhum entendimento. Se houvesse, já teria dito”, afirmou, sem citar o nome do atual governador.

Como, até então, não costumava fazer, Jarbas também respondeu às provocações daquele que se tornou seu maior desafeto político no Estado: Sérgio Guerra. Os dois romperam na campanha de 2010, quando o senador acusou o tucano de não ter se empenhado na sua eleição para governador. Há dois dias, Guerra concedeu entrevista à mesma emissora e, ao comentar sobre as chances de uma reconciliação, disse que sua relação com Jarbas não tem mais “nem ida nem volta”. A resposta do peemedebista, ontem, foi igualmente irônica: “A melhor coisa que poderia me acontecer numa sexta-feira foi ele dar essa declaração, dizendo que ele reconhece o óbvio. Coisa que ele deveria ter reconhecido há muito tempo. Para mim, foi uma beleza”, alfinetou, enterrando a possibilidade de uma reaproximação.

Em relação à situação das oposições no pleito municipal, o senador reiterou seu apoio ao correligionário Raul Henry (PMDB), mas enfatizou que, caso ele não vá para o segundo turno, apoiará qualquer um dos candidatos do grupo, inclusive, o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB). “Raul teve algumas dúvidas, estava querendo remover alguns obstáculos, mas conseguiu alcançar seus objetivos. Ele é candidato e vou apoiá-lo”, disse. O senador ainda fez críticas ao PT. “O PT está completamente enrolado. Uma coisa nessa eleição que tem que ser explicada a fundo é essa briga dos dois Joões. Por que brigaram no começo do governo? Isso tem que ser explicado ao povo”, disparou.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Desenvolvimento e democracia :: Marco Aurélio Nogueira

Parece maduro um novo ciclo de desenvolvimento no País. Ainda que não se devam simplificar nem relativizar as importantes distinções que existiram entre os diferentes governos que se sucederam a partir de 1994, trata-se de uma fase que deriva, antes de tudo, da fixação de um padrão de política econômica que já se estende por mais duas décadas. Isso possibilitou a aquisição pelos gestores governamentais, por empresários e trabalhadores de uma mentalidade mais racional no que diz respeito à gestão econômica, além de ter consolidado a estabilidade monetária e o controle da inflação, que são decisivos para o desenvolvimento.

A fase também está determinada por aquilo que se conseguiu em termos de sincronia de certas potencialidades inscritas nas esferas econômica, social e política. O País tem conseguido retomar o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, reduzir a pobreza e fortalecer a democracia. Desarmaram-se os freios neoliberais.

Fortalece-se uma ideia de desenvolvimento mais estrutural, menos aprisionada a modelos prontos e sustentada por uma articulação específica entre Estado e mercado. Na sua base, imagina-se um tripé de políticas: responsabilidade fiscal, juros moderados e câmbio competitivo. Tudo combinado com uma vigorosa política de transferência de renda que reduz desigualdades sociais e impulsiona o ingresso de grandes contingentes populacionais no mercado interno. É o que alguns chamam de "novo desenvolvimentismo" e outros, de "social-desenvolvimentismo". Em nome dessa orientação, alimenta-se o pacto político que tem dado sustentação aos governos ao menos desde 2003 - uma espécie de concertação social entre o Estado, o empresariado industrial, os trabalhadores e vastos setores da classe média.

O modelo construído ao longo das duas últimas décadas aponta para um crescimento voltado para o mercado interno, com tendência à expansão das exportações e sustentado pela estabilidade, pela expressiva presença do Estado e pela busca de autonomia empreendida pela política externa. É por isso que há tanta tensão quando se discute a taxa de juros. A economia brasileira está internacionalizada e privatizada. O "capitalismo dependente" de que se falava na década de 1960 parece ressurgir, com o crescimento econômico se apoiando sempre mais numa articulação do Estado com grandes empresas multinacionais e algumas poderosas empresas nacionais. Respirando ares globalizados, nossa soberania estatal se afirma de modo compartilhado. A dependência virou interdependência estrutural.

Com base nisso tudo, armou-se quase espontaneamente um sistema de cooptação da sociedade pelo Estado. Seja como resultado das políticas adotadas, seja pelas idiossincrasias do sistema político e pela má qualidade de seus principais protagonistas, seja, enfim, pela reorganização "em rede" da sociedade, o fato é que o Brasil se converteu num país com pouca participação social autônoma e uma democracia política muito aprisionada aos ritos eleitorais. Há uma inegável democratização da vida social e a conflitualidade está à flor da pele, mas isso transcorre num ambiente marcado pelo poder magnético do Estado, do Executivo, que é, no fundo, o único articulador. Não espanta que as oposições ao governo federal se revelem frágeis e incapazes de ação eficiente. Estado e sociedade estão próximos, mas a ausência de dialética entre eles faz essa proximidade ser mais aparente que real. Tudo funciona de modo regular e estável, mas sem emoção. Ou seja, com pouca política.

Estão aí os principais elementos que dificultam a ação governamental. É que os governos atuam num sistema que impede sua articulação expressiva com a sociedade, roubando-lhe precisamente os elementos que poderiam ensejar uma governabilidade democrática sustentável. Governa-se de modo até certo ponto inercial: menos pela dinâmica governamental e mais pela falta de movimento autônomo da sociedade. No caso do governo Dilma Rousseff, também há uma ajuda indireta das oposições, que não conseguem agir como projeto alternativo.

Parte dessa situação aparece nas tensões que atravessaram o governo em seu primeiro ano de vida e não parecem destinadas a arrefecer. São tensões internas ao sistema, que nascem nas bases parlamentares do governo e em seu círculo operacional. A maioria que o apoia não se mostra confiável e lhe transfere permanentes demandas fisiológicas (por cargos, verbas, controle de recursos políticos), muitas vezes paralisando-o ou dificultando sua ação. O sistema também permitiu que muitos esquemas de corrupção se alojassem no coração da máquina governamental, com a consequente produção de uma mixórdia de relações escusas entre o sistema político, o Estado e organizações criminosas, o que desgasta e cria atritos no interior do governo.

O sistema político funciona mal e está aquém do que necessita a sociedade. Não reflete seu dinamismo nem é capaz de assimilar suas agendas. Tem pouca eficiência no processamento dos conflitos e das demandas sociais, está corroído pelo baixo nível e sobrecarrega as operações governamentais. Apesar disso, não se vislumbra nenhuma iniciativa voltada para a reforma política, o que piora a qualidade da democracia. No entanto, enquanto o governo continuar reiterando e expandindo as políticas que têm feito seu sucesso, permanecerá no comando.

Nenhum governo, porém, tem como controlar tudo. A vida social continua a se tornar sempre mais complexa e diversificada. Está meio entorpecida pelo poder de iniciativa do Executivo e sem saber direito como entrar no jogo político. Mas permanece como reserva essencial da democracia e da democratização, podendo fazer os ventos mudarem a qualquer momento. O que, bem ponderadas as coisas, não beneficiará necessariamente as oposições.

Professor titular de Teoria Política e diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Faz de conta:: Merval Pereira

Estamos começando a viver um clima de faz de conta mesmo antes de a CPI do Cachoeira começar seus trabalhos de fato. O PT formalmente declara-se disposto a limitar as investigações sobre a empreiteira Delta ao que acontecia na sua direção do Centro-Oeste, cujo diretor já está preso. Como se os métodos adotados naquela região pela empresa nada tivessem a ver com a sua cultura no resto do país.

Ora, a empreiteira tem (ou tinha) obras em praticamente todas as unidades da Federação, sobretudo devido ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e nada indica que seus métodos de ganhar licitações fossem diferentes em Goiás e no Rio de Janeiro, por exemplo.

A relação próxima, quase promíscua, do empresário Fernando Cavendish com o governador Sérgio Cabral e seus secretários, se não estivesse já demonstrada no episódio do trágico acidente de helicóptero ocorrido em Porto Seguro, fica explicitada pelas fotos que o deputado e exgovernador Garotinho postou em seu blog ontem.

A comemoração do governador e vários de seus secretários em Paris com o empreiteiro revela um tipo de comportamento incompatível com o decoro de servidores públicos, além de intimidade suspeita com o empreiteiro responsável por grandes obras no estado.

Nenhum daqueles funcionários públicos provavelmente terá condições de provar que pagou a farra com dinheiro próprio, mesmo que alguns deles, como o secretário de Transportes, Julio Lopes, pudessem ter condições de fazê-lo.

E o secretário de governo, Régis Fichtner, que é o encarregado de auditoria dos contratos da Delta com o estado, nesfa fase em que se pretende fazer desaparecer os traços de ligação entre a empreiteira e o governo do Rio, aparece abraçado a Cavendish em uma das fotos, o que o descredencia para a tarefa.

Não é possível fazer de conta que a relação profissional da Delta com políticos de vários partidos e em vários estados não mereça ser investigada quando há claros indícios de que os métodos utilizados no Centro-Oeste não eram específicos apenas daquela região do país onde atuava originariamente o bicheiro Cachoeira.

Também o senador petista Humberto Costa quer fazer de conta que não há as gravações que implicam o senador Demóstenes Torres em diversos crimes e desvios de conduta. Como relator da Comissão de Ética do Senado, que vai julgar o senador amigo do bicheiro, ele diz que não vai usar as gravações por temer que elas sejam desqualificadas pelo Supremo Tribunal Federal, o que anularia uma eventual decisão da Comissão baseada nelas.

Ora, se não vai se basear nas gravações, presume-se que Humberto Costa vai inocentar Demóstenes Torres, ou então vai condená-lo por ter recebido do bicheiro fogão e geladeira importados como presente de casamento, o que ele já admitiu da tribuna do Senado.

Enquanto seus desvios éticos se resumiam a isso, o senador de Goiás se sentiu em condições de subir à tribuna para se defender, e recebeu apoio de nada menos que 44 senadores de todos os partidos, dispostos a lhe perdoar esse pequeno desvio de conduta.

A situação de conluio com o bicheiro só ficou clara depois que as gravações da Polícia Federal vazadas para a imprensa mostraram o grau de intimidade entre os dois e a atuação do senador em órgãos do governo e no próprio Senado a favor dos interesses de Carlinhos Cachoeira.

A atuação de sua defesa, na tentativa de impugnar as provas obtidas através das gravações, é perfeitamente compreensível, mas não se compreende que seus pares se antecipem a uma decisão da Justiça que está longe de ser consensual e retirem dos autos da Comissão de Ética as provas contra Demóstenes.

Aliás, foi mais uma vez devido ao vazamento de gravações e de dados do processo que a opinião pública ficou sabendo da verdadeira dimensão de mais esse escândalo.

Parece, portanto, mais um faz de conta o empenho do ministro do STF Ricardo Lewandowski para que o processo que ontem pôs à disposição de várias comissões do Congresso não vaze.

O ministro chegou a citar os artigos que punem com a prisão a quebra do sigilo de justiça.

Embora seja esse o papel que lhe cabe, não é possível esquecer que o relatório está com ele há meses e há meses vem sendo vazado diariamente de diversas maneiras, sem que se possa saber as origens dessas informações.

As penas a que se refere Lewandowski em seu ofício ao Congresso se referem àqueles que quebram o sigilo, e já há jurisprudência no sentido de que os meios de comunicação que reproduzem essas informações não são alcançáveis pelas punições, e sim os servidores públicos responsáveis pela preservação do sigilo do processo.

Neste caso como em vários outros que provocaram a demissão de diversos ministros do governo Dilma, foram as revelações da imprensa que escancararam os desvios que estavam acontecendo em diversos ministérios, e sem essas revelações não teria sido possível apanhar os servidores públicos que se desviaram de suas funções.
Mesmo que nenhum deles tenha sido preso ou que os processos sobre seus "malfeitos" acabem dando em nada, pelo menos a opinião pública ficou sabendo o que se passava nas entranhas do governo.

Agora mesmo temos o exemplo do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que ficou com a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público em sua gaveta inexplicavelmente sem denunciar o senador Demóstenes Torres ao Supremo, o que só viria a acontecer quando o escândalo estourou e as gravações foram vazadas pela imprensa.

A intenção de quem vaza essas informações e os seus efeitos colaterais que podem favorecer o interesse de partes em conflito no submundo não têm importância diante dos benefícios à sociedade que as revelações trazem.

Assim como o ex-governador Garotinho tem interesse político em denunciar seu hoje inimigo Sérgio Cabral, também o bicheiro Cachoeira tinha muitos interesses em jogo quando fazia suas gravações clandestinas.

Mas a revelação por parte da imprensa ajuda a colocar luz no ambiente público.

FONTE: O GLOBO

A velocidade de Dilma:: Fernando Rodrigues

Lula é hoje o preferido de 57% dos eleitores para ser o candidato a presidente pelo PT em 2014. De acordo com o Datafolha, Dilma Rousseff fica com 32%.

Como o Datafolha nunca havia perguntado antes quem deve ser o próximo candidato petista, não é possível saber se a prevalência lulista já foi maior ou menor nem muito menos qual é a curva que vem sendo descrita. Mas há alguns indicadores que revelam como o cenário atual poderá evoluir.

Um fator relevante é a aprovação de 64% do governo Dilma e a velocidade da petista para chegar a esse patamar: apenas 15 meses. Já Lula só atingiu tal percentual no segundo mandato, em setembro de 2008 -69 meses depois de haver assumido o Palácio do Planalto.

Mesmo isolando o segundo mandato de Lula, foi aos 21 meses de governo que ele chegou aos 64% de Dilma. Já o tucano Fernando Henrique Cardoso nunca teve aprovação nesse nível -seu recorde foi de 47% em dezembro de 1996, taxa atingida 24 meses depois da posse.

Desde a volta do país à democracia, em 1985, e em toda a série histórica de levantamentos do Datafolha, nunca um presidente atingiu tão rapidamente a popularidade que Dilma ostenta agora.

Como o bem-estar geral da população é um fator preponderante na aprovação de um governo, nada indica um solavanco para Dilma nos próximos meses. Ao contrário. O Planalto tenta de todas as formas anabolizar o crescimento do país. A chance de o Natal deste ano ser mais próspero que o de 2011 é enorme.

Existe sempre a possibilidade de crise política com a CPI do Cachoeira, mas essa é uma seara mais imprevisível do que a economia.

Tudo considerado, a estrada está pavimentada para Dilma avançar. O difícil é saber como reagirão o PT lulista e o próprio Lula quando a presidente alçar voo próprio e ganhar independência eleitoral.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

CPI, “Pelé no banco” e “São Lázaro”:: Carlos Melo*

O ambiente é de tensão e suspense; o caldeirão de boatos ferve e produz insinuações de todos os gostos. Mas, a leitura atenta da mídia, onde tudo é fragmentado, permite ainda assim juntar cacos: nem os partidos sabem ao certo onde tudo isso vai dar; o que parece certo é que há conluios entre contraventores e autoridades, corrupção atrelada a financiamentos de campanhas; crime organizado associado à política. E ao mesmo tempo, há também oportunismo de todos os tipos. Muitas zonas de sombra e pouca luz. O clichê é inevitável: a CPMI “do Cachoeira” pode dar em tudo, inclusive, nada.

Não porque CPIs terminem invariavelmente em pizza. Ao contrário do que se imagina, elas apuram e sugerem medidas, que é o limite de seu papel. Não raro, vão além das expectativas; implicam envolvidos e encaminham propostas a quem de direito. À exceção da “CPI do Banestado” — que terminou sem sequer um relatório –, CPIs como “PC Farias”, “Anões” e “Correios” começaram desacreditas, mas ao final e a cabo significaram mudança. E se ninguém foi para detrás das grades é menos por responsabilidade dos parlamentares que do Ministério Público ou Judiciário.

No entanto, o que torna esta CPI mais imprevisível é a complexa teia de interesses e relacionamentos nela abrigados; a variedade de atores, poderes e personagens supostamente envolvidos. As denúncias que “pingam” na imprensa apontam para esquemas muito maiores que “malfeitos” ou “relações perigosas” entre parlamentares falsamente moralistas e contraventores; entre governos e empreiteiras. As goteiras indicam a existência de um manancial de práticas políticas escusas, sistematicamente mapeado ao longo de anos pelas operações Monte Carlo e Las Vegas, baseadas em sofisticadíssimos métodos de investigação e em aparelhagem ultramoderna, como é o caso do “Guardião” – a super escuta utilizada pela PF.

De modo que, algo relativamente inédito nesta CPI, a investigação já está quase toda feita; tanto a Polícia Federal quanto o Ministério Público já avançaram em seus campos; as investigações partiram dali. A mina de onde brotam as denúncias está repleta, portanto; é moderna, profissional, meticulosa e detalhista – nada a ver com parlamentares travestidos de “Inspetores Clouseau”. Ao Congresso restará o papel de transformar (ou não) isso tudo em escândalo. E isto não será necessariamente ruim, para a sociedade.

O que hoje se encontra protegido por segredos de justiça, nas mãos dos políticos se transformará em munição pesada para todo tipo de disputa, pressão, negociação de interesses paralelos, muitos inconciliáveis — viva os “interesses inconciliáveis”! As goteiras tendem a se tornar cachoeiras e mais à frente, na contradição de disputas e desafetos, podem se converter em tsunamis. Haverá controle?

Provavelmente, não. O governo não demonstra nem coordenação nem habilidade para dirigir o processo e sufocar essas disputas. Sua base é até mais contraditória entre si do que em relação à oposição. Ademais, há uma miríade de sites, blogs e redes sociais que disputarão o “furo” e a primazia pela revelação de imoralidades. Nesse ambiente, colher informações será fácil; contê-las tende a ser praticamente impossível. Na época da “CPI do PC”, sequer Internet existia.

Possibilidades de acordos e conchavos existem, é claro. Mas, dificilmente se dará internamente, nesse ambiente confuso e comprometido. Vetos cruzados, munição trocada, podem conter o tiroteio, mas basta que um “desavisado” qualquer se empolgue e resolva ser consequente com o “doa a quem doer”, assinalado por Lula; ou “o Brasil cansou”, registrado por FHC.

Mais provável, é que o milagre da conciliação, se houver, se dê pelas mãos de advogados, operadores externos ao sistema político, experientes e tarimbados. E também muito bem pagos.

Deixando os impasses da CPI, passamos ao mais recente DataFolha. A pesquisa não só confirma que Dilma bate recordes de popularidade, como também que o ex-presidente Lula é, aos olhos de hoje, favorito para a disputa de 2014. O quadro não expressa novidade: que Dilma – por motivos diversos – vinha bem não surpreende ninguém. Menos ainda é de admirar que Lula, em curto período, voltasse a frequentar a lista da qual, na verdade, nunca esteve de fora.

Desde os primeiros movimentos de viabilização do nome Dilma, era possível supor que na estratégia do ex-presidente coubesse a hipótese de levantar-se, dar uma volta e sentar-se, novamente, na mesma cadeira. Quem não se deixou cegar pela tese estapafúrdia do “terceiro mandato” percebia que a hipótese, desde a concepção da sucessora, esteve o tempo todo no baralho. “Queremismo” revisitado, qual o “Queremos Getúlio”, de 1950.

O destino e a doença, no entanto, tornaram esse quadro ao mesmo tempo menos previsível e mais dramático. Menos previsível porque, com afastamento de Lula, o sistema político ficou mais indócil, confuso e desorganizado; as guerras na base se estabeleceram e interesses antes periféricos começaram a se deslocar para o centro. O maior exemplo é a desenvoltura com que hoje o governador de Pernambuco frequenta as articulações de 2014. Mais dramático porque, afinal, não há nada de maior apelo político-emocional do que o enfrentamento de um câncer. Após superá-lo, Lula não apenas é a grande liderança que deixou o poder há pouco mais de um ano, como também assume ares de semideus; quem sabe, Santo.

Claro, Dilma é a primeira da fila, a titular. Mas, continuará sendo apenas na medida em que Lula precise ou possa continuar no banco. Se o time estiver ganhando, não se mexe; não carecerá substituição. De todo modo, já se disse isto, será “um Pelé no banco”.

O quadro é mais uma “flechada em São Sebastião” para uma oposição já combalida, rachada e sitiada em seu próprio labirinto. Há quem aponte, sem exageros, que a oposição está na UTI. O PSDB, consumido por disputas internas parece madeira que cupim comeu; esfarela-se. O DEM… Bem, o DEM demorará a superar o trauma Demóstenes, se é que superará. Times de futebol e amores se desfazem, por que com partidos seria diferente?

Saídas, alternativas? Difícil dizer; forjar um novo discurso, colocá-lo na boca de um candidato e viabilizar esse candidato, aos olhos de hoje, não é coisa simples. Sobretudo, considerando as condições gerais do País, do lulismo e da própria oposição. Claro, aos olhos de 2014, pode ser diferente. Mas, não se constrói isso tudo do dia para noite. Ex-post é fácil, mas a construção dessa candidatura deveria ter se dado já em 2010; ter-se-ia ganho quatro anos. Uma leitura incorreta do processo – mais uma – fez a história que todos conhecemos.

Agora, além de contar com a sorte própria, os oposicionistas terão que torcer por tropeções do governo e, pior, percalços no caminho do País. Assumir o papel do quanto pior melhor é desgastante; afinal, ninguém torce pelo palhaço cuja alegria é ver o circo pegar fogo.

Mais que na UTI, a oposição parece desencarnar. Só mesmo um “Jesus Cristo” como que a gritar: “Lázaro, levanta-te e anda!” para que o corpo reaja. Jesus Cristo baixar à terra é questão de crença. Difícil mesmo é “Lázaro” escutar; Lázaro tem mania de ouvir apenas o que quer!

*Carlos Melo é cientista político e professor do Insper. Autor de “Collor, o ator e suas circunstâncias”.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Mordaça na CPI :: Guilherme Fiuza

Na CPI do Cachoeira, os parlamentares precisam estar alertas para impedir as manipulações da mídia, que vaza informações e induz resultados.

Quem disse isso foi o senador Fernando Collor de Mello. Não foi um cochicho, um recado cifrado ou uma ameaça em off. Collor soltou seu brado contra a imprensa de viva voz, da tribuna do Senado, para quem quisesse ouvir. Os senadores ouviram calados, e o resto dos brasileiros, também.

O ex-presidente da República está muito bem colocado. É membro da CPI que pode ser a maior de todas. Está onde está graças aos ex-inimigos Lula e Sarney, num afinado trio de ex-presidentes regido pela "presidenta".

Collor disse que aceitou o convite para a CPI como uma missão.

Começou a cumpri-la com êxito, usando sua habilidade para serviços insalubres com uma desinibição que seus companheiros palacianos não têm.

O Brasil engole qualquer coisa. Fernando Collor de Mello é o ex-chefe do lendário PC Farias, que extorquiu meio mundo em nome do patrão. A imprensa — cuidado com ela! — descobriu que PC pagava contas pessoais de Collor. Ele teve que abandonar o palácio pela porta dos fundos. No aniversário de 20 anos da CPI do PC, Collor aparece para ensinar como deve funcionar a CPI do Cachoeira.

Ameaçador, avisa que não permitirá a destruição de reputações por jornalistas, ou melhor, "rabiscadores".

Se o Brasil, ou pelo menos o Senado Federal, tivesse um pingo de autoestima, ou quem sabe um resto de vergonha na cara, alguma voz teria surgido para mandar o chefe do PC engolir o que disse.

Não é a primeira vez que Collor canta de galo no Congresso como se estivesse no quintal da Casa da Dinda.

Quando o filho mais esperto de Sarney, Fernando, conseguiu censurar "O Estado de S. Paulo", o senador Pedro Simon reagiu. Foi à tribuna dizer que a investigação da família Sarney por tráfico de influência, no caso Agaciel, não podia ser abafada.
Quem se encrespou em defesa da honra dos Sarney, ameaçada pelos rabiscadores intrometidos? Ele mesmo, o guardião das reputações ilibadas. Colérico, olhos vidrados e dentes trincados, Collor partiu para a intimidação contra Simon, chegando a proibi-lo de voltar a pronunciar o seu nome.

Simon recuou, obedeceu. (Depois disse que se lembrou do assassinato cometido pelo pai de Collor no Senado e temeu a repetição do crime.) O fato é que a censura ao "Estadão" vai completar três anos. E o presidente expelido continua mandando os outros calarem a boca, como se estivesse dando ordens ao PC.

Não é difícil entender por que, na CPI do Cachoeira, a confraria presidencial Dilma-Lula-Sarney-Collor escalou o pitbull da turma para rosnar contra a imprensa. Em 2011, depois que os rabiscadores revelaram a farra dos superfaturamentos nos Transportes, o governo popular escapou por pouco da CPI do Dnit. Foi salvo pela tal frente nacional contra a corrupção — esse movimento despistado que protesta nos feriados contra tudo isso que aí está. Os senadores (Pedro Simon à frente) que poderiam conectar as ruas com o pedido da CPI preferiram aderir ao clube da indignação genérica. A oportunidade passou, e Dilma ainda virou musa das vassouras cenográficas.

Com a CPI do Cachoeira, o esquema do Dnit volta ao centro das atenções.

E aí não vão mais adiantar faxinas cosméticas para acalmar as manchetes.

Surfando nas fraudes do Dnit, a construtora Delta, flagrada em con luio com Cachoeira, tornou-se a campeã das obras do PAC — mesmo após o governo Dilma ser informado das irregularidades envolvendo a empreiteira.

A bomba está no colo dos companheiros.

A CPI foi fomentada por Lula para explodir os oposicionistas Marconi Perillo, governador de Goiás, e Demóstenes Torres, o senador que prostituiu a ética. Eram os prepostos mais visíveis do bicheiro, até o pavio passar pelo governador petista do Distrito Federal e ir parar no seio do PAC, já botando a mãe no meio. Desta vez, o instituto do "eu não sabia" pode não dar conta de esconder todos os rabos. Aí o jeito será tentar intimidar a imprensa. Ouçam o guardião Fernando Collor de Mello: "Não é admissível, num país de livre acesso às informações e num governo que se preza pela transparência pública, aceitar que alguns confrades, sob o argumento muitas vezes falacioso do sigilo da fonte, se utilizem de informantes com os mais rasteiros métodos, visando ao furo de reportagem, mas, sobretudo, propiciar a obtenção de lucros, lucros e mais lucros a si próprios, aos veículos que lhes dão guarida e aos respectivos chefes que os alugam." Explicação aos rabiscadores que não entenderam a mensagem: se alguém encontrar na CPI um cheque como aquele do fantasma do PC que pagou o Fiat Elba de Collor, não mostre a ninguém. Não se meta em negócios privados.

Esse Brasil catatônico merece tomar lição de Collor sobre métodos rasteiros. Chega de intermediários, Cachoeira para presidente.

Jornalista

FONTE: O GLOBO

A Espanha baqueia:: Celso Ming

Este final de abril, mês da primavera no Hemisfério Norte, decididamente, se revelou um desastre para a Espanha e não foi apenas para seus melhores clubes de futebol, eliminados da Copa dos Campeões em seus próprios templos esportivos.

Ontem, por exemplo, números oficiais revelaram um avanço na inflação anual, que foi de, 8%, em fevereiro, para 2,0%, em março. Entre tantos dados negativos, este pode ter sido o menos preocupante.

Também ontem, o Instituto Nacional de Estatística (INE) do Ministério da Economia e Competitividade da Espanha revelou que o desemprego no país saltou de 22,85% da força de trabalho (dados do quarto trimestre de 2011) para 24,44% (no primeiro trimestre de 2012). São 5,6 milhões de pessoas de braços cruzados em 23,1 milhões que constituem a população ativa. A destruição de empregos cresce a 4% ao ano. Pior que isso é o futuro de mãos vazias. Nada menos que 52% dos jovens (com 25 anos ou menos) não encontram trabalho.

A agência de classificação de riscos Standard & Poor"s, ainda ontem, rebaixou em dois degraus os títulos de dívida da Espanha, colocando-os, ainda, em perspectiva negativa. Ou seja, é provável que dentro de mais alguns meses o rebaixamento prossiga.

Até o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schauble, condenou essa perda de posições da Espanha: "A decisão torna a situação que já era crítica ainda mais crítica". Mas tanto agências de rating como auditores não são pagos para botar panos quentes, mas para apontar problemas - ainda que agravem as coisas.

A percepção de que aumentou o risco de calote dessa dívida terá duas graves consequências imediatas. A primeira delas é a tendência à elevação dos juros a serem cobrados pelos tomadores de títulos da Espanha nos próximos meses. Juros mais altos, por sua vez, tendem a aumentar o déficit público, hoje é de 8,5% do PIB.

O segundo efeito é a deterioração patrimonial dos bancos espanhóis, que já enfrentam, em conjunto, 184bilhões de euros em ativos podres, cerca de 60% dos quais pertencentes às carteiras imobiliárias. Cálculos não oficiais dos analistas apontam para a necessidade de capitalização das instituições financeiras espanholas de nada menos do que 100 bilhões de euros. Se o Tesouro espanhol tiver de intervir, serão mais despesas não previstas e uma pressão adicional para o crescimento do rombo orçamentário.

Toda a indignação das ruas se volta neste momento para as medidas de austeridade implantadas pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy. Mas os problemas vêm lá de trás, das políticas descuidadas dos governos anteriores.

As análises conduzem para a conclusão de que a Espanha não é a Grécia e que as condições para a recuperação da economia são muito melhores. Além disso, os mecanismos de socorro já estão bem mais estruturados na Europa, em situação de circunscrever a crise. O problema é que o tempo dos mercados é diferente do tempo dos políticos. Qualquer fagulha pode detonar novo desastre.A propósito, desastrado é aquele que não conta com a proteção dos astros. E esse pode ser o caso da Espanha.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Nas entrelinhas:: Míriam Leitão

A sombra da crise voltou a amedrontar a semana. A Espanha e a Inglaterra, em recessão oficialmente, e termômetros da atividade mostram que o fim do problema ainda está longe. Aqui dentro, o Copom admitiu no texto da sua ata que a economia está mais fria do que era de se esperar, mas ao mesmo tempo está acabando o espaço para o estímulo monetário. Queda nas taxas agora serão com parcimônia, avisou o Banco Central.

A Europa não surpreende. São assim mesmo as crises fiscais. Longas e intermitentes. Às vezes há pequenos sinais de melhora, depois os dados ruins aparecem novamente. O continente demorará a mostrar vigor. Até a Alemanha, mais robusta e preparada, terá baixo crescimento em 2012. Os EUA também decepcionaram no primeiro trimestre, com crescimento abaixo do esperado, apesar dos sinais mostrando uma recuperação mais sólida.

No Brasil, o Copom às vezes surpreende. É que ele muda de tom e convicção a cada 45 dias. Os especialistas olham o documento e encontram contradições. Não está errado o item 35 da ata, e nele está dito que, apesar de a economia estar ainda mais fria do que se esperava, os estímulos monetários já concedidos têm efeito cumulativo e defasado no tempo, por isso novas quedas da taxa terão que acontecer devagar.

Agora é olhar os dados com calma, até porque começa a chegar naquele ponto em que haverá comparação entre ativos de renda fixa e a caderneta para decidir os investimentos. O que os economistas estranham é a alteração de tom de uma ata para outra. Isso continua alimentando a impressão de um Banco Central errático.

É o que acha, por exemplo, Luiz Roberto Cunha, da PUCRio, que sempre lê minuciosamente as comunicações do Banco Central para extrair daí a visão que a autoridade tem do momento presente e como pretende conduzir a política monetária: — Temos um BC que muda partes significativas das atas de uma reunião para outra. Isso demonstra uma certa insegurança.
Por mais que a Europa viva em crise, não há mudanças tão fortes assim em 45 dias. Se pegarmos, por exemplo, o parágrafo 29, da ata de março, lemos que o BC avalia que os preços das commodities têm apresentado cenário benigno. Na ata seguinte, essa frase sumiu. Ficamos sem saber se na visão do BC esse cenário continuou ou piorou.

Parece detalhe, mas o vai e vem, o afirma e omite das atas vão reduzindo a qualidade da comunicação do Banco Central com os financiadores da dívida pública e com os agentes econômicos que tomam decisões sobre preços. Parte do sistema de metas de inflação se dá por essa relação que parece sutil mas que é fundamental para alimentar decisões e expectativas.

Luiz Roberto mostrou que a ata ainda não contempla aumento da gasolina. Nas últimas semanas, aumentarem os sinais por parte da Petrobras de que o reajuste não será indefinidamente postergado porque os preços da matéria- prima e do dólar subiram, os dois componentes para a definição do preço interno.

Além disso, há muito tempo se acumulam os efeitos da política que manteve congelado por sete anos o valor que a Petrobras cobra das distribuidoras: aumentou o consumo, cresceram as perdas para a estatal, que importa gasolina e diesel por preços mais altos do que pode cobrar, e houve desestímulo à indústria do etanol. Por mais que a percepção do consumidor seja de que já paga caro demais, o BC não desconhece, nem pode, os artificialismos que estão se formando na economia.

No último dado divulgado, a inflação subiu, mas ela tem estado em queda desde setembro no acumulado de 12 meses, como o Banco Central havia previsto. A alta de abril é porque os novos impostos sobre cigarros, que haviam sido decididos no ano passado, foram postergados para que a inflação de 2011 não estourasse o teto da meta. Não é uma tendência, a inflação continua baixa, mas ainda acima do centro da meta. O problema é que acabou a convicção de que o Banco Central persegue o centro da meta.

— O mercado já entende que esse BC aceita qualquer inflação acima de 4,5% e abaixo de 6,5% — diz Luiz Roberto Cunha.

Não é bom que se sedimente a impressão de tolerância com níveis mais altos, como se a meta tivesse se deslocado do centro para o teto. O Brasil já tem tido inflação mais alta do que os níveis de outros bancos centrais.

Na ata passada, no item 29, o Banco Central dizia que eram "decrescentes os riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta". Desta vez, no mesmo item, o texto foi alterado para "o comitê ressalta que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação posiciona-se em torno da meta em 2012". Isso parece uma desistência de se buscar o centro, que é o mandato do BC e do qual pode se afastar apenas em momentos em que há choques de preços na economia?

Na Europa, a crise continua. É já a banalidade do mal. A cada semana, um dado negativo. Nesta, houve vários deles. Na alça de mira continua a Espanha, cuja avaliação da dívida soberana foi rebaixada pela Standard & Poor"s e ainda colocada em perspectiva negativa, um anúncio de que pode cair mais. A visão da agência é que o país continuará em recessão ao longo deste ano e no próximo e que vai se deteriorar o resultado fiscal. Na Inglaterra, a recessão prova que não ser da Zona do Euro não garantiu e não garante ao país um destino diferente do continente. Na França, o alto desemprego de jovens na casa dos 21% mostra a face mais cruel da crise.

FONTE: O GLOBO