sexta-feira, 1 de junho de 2012

OPINIÃO DO DIA – Fabio Pannunzio: Lula não desmente Gilmar e quer ser vítima.

“No Programa do Ratinho desta noite, Lula mais uma vez deixou passar a oportunidade de esclarecer o diálogo com o ministro Gilmar Mendes e desmenti-lo. O assunto só foi abordado no último minuto do programa. Abaixo, a reprodução literal do trecho da entrevista em que o assunto foi abordado.

Ratinho Eu ia fazer aquela pergunta lá do Gilmar Mendes pra você. Mas não estou querendo entrar nesse assunto não porque é uma área que o povo mesmo, a população, não está entendendo esse assunto.

Lula – Eu até vou falar uma coisa com você. Eu não tenho interesse em falar nesse assunto porque respondi numa nota. Cê sabe que quem inventou a história, sabe, que prove a história. Quem acreditou nela é que vá provando a história. Eu acho que o tempo se encarrega de arrumar as coisas.”

Fabio Pannunzio, jornalista. Lula no Ratinho : mais uma chance perdida de desmentir Gilmar Mendes. Blog do Pannunzio.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Senadores planejam ausência para salvar colega Demóstenes
Indústria encolhe e ganha novo pacote
Uma nota de US$ 500? Pois ela existe!
Nova regra para plano de saúde de demitidos

FOLHA DE S. PAULO
Tombo da indústria atrasa retomada da economia brasileira
Governo aumenta imposto de cerveja, moto, micro-ondas e ar-condicionado
Lula admite concorrer em 2014 e faz campanha para Haddad na TV
Liminar do TSE devolve ao cargo chefe do TRE paulista
Cheques dados a Perillo são de conta alimentada pela Delta

O ESTADO DE S. PAULO
Assessor diz que recebeu de Cachoeira por serviço a Perillo
Governo eleva IPI e protege Zona Franca de importados
Brasileiro vai investigar chacina na Síria
Plano de saúde tem nova regra a partir de hoje

VALOR ECONÔMICO
União pode atenuar regra de conteúdo local da Petrobras
Espanha vive agora fuga de capitais
Vendas ainda não reagem ao IPI menor
Novos horizontes
PT teme que comissão vire 'CPI do PAC'

CORREIO BRAZILIENSE
Brunelli, sem a Igreja e sob novas suspeitas
Bate-boca paralisa CPI do Cachoeira
Briga entre PMDB e PT sobra para Agnelo
Se Dilma não quiser, Lula quer
Câmara busca nova mordomia

ESTADO DE MINAS
Efeito Selic derruba juros em bancos
Senador se cala e CPI tem bate-boca
PF cercará cemitérios clandestinos da ditadura

ZERO HORA (RS)
Número de ações para suspender habilitação cresce 11 vezes no RS
Descontrole de deputado constrange sessão da CPI

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
'Fui achincalhado como militante e como prefeito'
Nova regra para planos de saúde entra em vigor

Lula e Haddad no Ratinho: crime que compensa:: Josias de Souza

Não é verdade que o crime não compensa. É que, quando compensa, muda de nome. Na seara eleitoral, por exemplo, chama-se esperteza. Na noite passada, Lula e Fernando Haddad pisotearam a lei no Programa do Ratinho (aqui e aqui). E daí? Nada. Reza a jurisprudência do TSE que a propaganda eleitoral antecipada é um dos crimes que compensam no Brasil.

No papel, a lei é clara: antes de 6 de julho, nada de campanha. A partir dessa data, a propaganda estará parcialmente liberada –na internet e em carros de som, por exemplo. No rádio e na tevê, só a partir de 21 de agosto. O que torna o crime eleitoral compensatório é a pena: multas de R$ 5 mil a R$ 25 mil. Coisa risível.

Uma das graças da sucessão presidencial de 2010 foram as multas do TSE. Nunca os candidatos se portaram mal tão bem. Dilma Rousseff e José Serra, os dois principais contendores, travaram uma gincana. Na pele de cabo eleitoral, Lula tornou-se um colecionador de multas, desequilibrando o jogo. E daí? Nada.

Uma passagem de março de 2010 dá uma ideia da piada. Lula discursava num pa©mício realizado na cidade de Osasco. Falava para uma multidão, atraída pela entrega das chaves de apartamentos populares. Exibia Dilma a tiracolo. A Alturas tantas, fez troça de uma multa que o TSE lhe impusera na semana anterior.

“Não adianta vocês gritarem nome porque eu já fui multado pela Justiça Eleitoral, R$ 5 mil, porque eles disseram que eu falei o nome de uma pessoa. Pra mim não tem nome aqui”, disse Lula. A platéia, que até então não pronunciara nome nenhum, pôs-se a gritar: “Dilma, Dilma, Dilma…” E Lula, entre risos: “Se eu for multado, vou trazer a conta pra vocês. Quem é que vai pagar a minha multa? Levanta a mão aí”.

Nessa época, presidia o TSE o ministro Ricardo Lewandowski. Instado a comentar o surto criminoso que tisnou 2010, ele tirou o corpo do tribunal fora: “Aplicamos rigorosamente as multas que estejam previstas na lei eleitoral. Não cabe nos pronunciarmos sobre a eficácia das multas, se poderia ser maior ou menor. Foi o Congresso que fixou os valores”.

Meia-verdade. As multas, que já eram ridículas, haviam sido abrandadas pelos congressistas numa minireforma eleitoral aprovada no ano anterior. Mas o TSE, na hora de julgar os “delitos”, exibiu uma jucunda preferência pela cifra mixuruca de R$ 5 mil, a pena mínima.

Pela lei, a reiteração do crime eleitoral sujeita o candidato à cassação do registro. Se eleito, pode não ser diplomado. A presença de Dilma no Palácio do Planalto é prova de que o crime, quando chamado de esperteza, compensa. O melhor a fazer é revogar a hipocrisia, liberando a propaganda. Na média, o eleitor brasileiro já está suficientemente maduro. Já não é todo composto de ingenuidade.

FONTE: BLOG DO JOSIAS

Após convocação, Perillo chama Lula de líder de 'quinta categoria'

Convocado para depor na CPI do Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), verbalizou sua insatisfação com o ex-presidente Lula, a quem culpa por parte dos ataques que tem sofrido.

Na noite de quarta-feira, horas depois da aprovação de sua convocação na CPI, Perillo fez críticas veladas a Lula em um evento em Goiânia.

"Vivemos num país em que algumas lideranças que se consideram acima do bem e do mal, que se consideram verdadeiros deuses, não passam de lideranças de quinta categoria. Basta uma oportunidade para que as pessoas comecem a entender as coisas, a conhecer falsos líderes, que se firmam na demagogia barata", disse o governador.

Perillo e Lula romperam relações em 2005, quando o tucano afirmou que havia avisado o petista do mensalão.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Lula admite concorrer em 2014 e faz campanha para Haddad na TV

Em entrevista ao "Programa do Ratinho", do SBT, Lula admitiu pela primeira vez que poderá ser candidato à Presidência em 2014 caso a presidente Dilma desista de se candidatar à reeleição.

"A única hipótese é se ela não quiser. Eu não vou permitir que um tucano volte à Presidência do Brasil."

Lula admite volta em 2014 para barrar PSDB

Petista afirma na TV que, se Dilma não se candidatar, ele se lança para não permitir a volta de um tucano à Presidência

Em tom de campanha, ex-presidente levou ao "Programa do Ratinho" o ex-ministro Haddad, pré-candidato em SP

Silvio Navarro

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem pela primeira vez que, caso Dilma Rousseff não tente a reeleição, será candidato em 2014 para evitar a volta de um tucano ao comando do país.

Lula apareceu ontem ao lado do pré-candidato do PT à prefeitura paulistana, Fernando Haddad, no "Programa do Ratinho", do SBT.

Com a voz fragilizada, Lula foi entrevistado por 44 minutos, em dois blocos.

No final, Ratinho questionou Lula se ele voltaria a disputar uma eleição presidencial caso Dilma desistisse de tentar a reeleição. O petista rechaçou a ideia, mas, diante da insistência do apresentador, respondeu:

"A única hipótese é se ela [Dilma] não quiser. E eu não vou permitir que um tucano volte à Presidência do Brasil".

Apesar disso, Lula disse ainda acreditar que, "com certeza, Dilma vai chegar muito forte" e que será "cabo eleitoral para reelegê-la".

Em tom eleitoral, Ratinho abriu espaço para Lula defender a candidatura de Haddad, que na etapa final foi chamado pelo apresentador a participar da conversa.

O ex-presidente aproveitou para lançar mão do discurso do PT de que seu candidato representa o novo. "Achava que era o momento de apresentar uma coisa nova para São Paulo. O prefeito de São Paulo quando começa a nascer e, qualquer que seja ele, já nasce um pouco velho. (...) São Paulo tem que ter alguém que tenha o entusiasmo que ele teve quando era ministro."

Ratinho ainda fez duas perguntas para que o pré-candidato petista falasse sobre saúde e educação municipal e exibiu um vídeo no qual uma estudante de medicina apareceu elogiando o Prouni (Programa Universidade para Todos), programa lançado na gestão de Haddad no MEC.

O procurador regional eleitoral de São Paulo, Pedro Barbosa Pereira Neto, disse que, em tese, a fala de Lula pode ser caracterizada como propaganda antecipada.

Segundo Pereira Neto, o pedido de voto não precisa ser feito explicitamente para acarretar punição. A multa mínima é de R$ 5.000 e, nesse caso, poderia ser aplicada a Haddad, a Lula e ao SBT.

O pré-candidato, se eleito, poderia responder a processo pelo abuso, e ficaria sujeito à cassação do mandato.

CPMF

O momento mais exaltado da conversa foi quando Ratinho questionou Lula sobre como melhorar a saúde do país. O petista a derrubada da CPMF (imposto do cheque) no Senado.

"Saúde precisa de dinheiro. Quando a oposição derrubou a CPMF me tiraram R$ 40 bilhões por ano para aplicar na saúde. Por vingança, me tiraram a CPMF."

O petista também falou longamente sobre seu tratamento contra o câncer de laringe. Disse que tem feito sessões de fisioterapia diárias e que "tomou dois tombos" por conta de uma paralisia na perna esquerda.

Lula chegou a se emocionar ao relatar os efeitos das sessões de quimioterapia e radioterapia. "Hoje estou com minha garganta estourada", disse. "Esse terno aqui comprei quando estava internado no hospital, preparando para pôr no caixão, porque não ia com terno velho."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Lula: ’Não permitirei que um tucano volte’

Lula usa programa popular na TV para fazer campanha para Haddad

Ex-presidente afirma que só será candidato à Presidência se Dilma não quiser se reeleger

Leonardo Guandeline, Gustavo Uribe

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na noite desta quinta-feira no Programa do Ratinho, atração do SBT, onde chegou acompanhado do ex-ministro Fernando Haddad, pré-candidato do PT á prefeitura de São Paulo, e do também ex-ministro e prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Luiz Marinho. Lula aproveitou o espaço para justificar a escolha de Haddad e fazer campanha para o colega de partido, enaltecendo os feitos dele à frente do Ministério da Educação. Haddad também chegou a responder algumas perguntas do apresentador. Lula não quis comentar as rusgas e recentes acusações do ministro Gilmar Mendes, do STF.

- Eu não quero entrar nesse tema, porque já falei em nota. Quem inventou a história, que prove a história. Eu acho que o tempo se encarrega - resumiu Lula.

Sobre Haddad, o ex-presidente foi enfático em alguns momentos, e se exaltou:

- Por uma razão muito simples (escolhi Haddad). Convivi com a Marta (Suplicy) por 30 anos. Ela foi uma belíssima prefeita em São Paulo. Mas achava que era o momento para apresentar uma coisa nova para a cidade de São Paulo. Acho que São Paulo precisa ter alguém. Ele vai passar para a história como o melhor ministro da Educação, o ministro do Prouni, que colocou um milhão de jovens da periferia na universidade.

- A população votará no novo porque ela quer mudança em São Paulo – disse Haddad, em sua fala no programa.

Sobre Dilma, o ex-presidente foi categórico:

- Trabalha como uma alucinada. Tem gente que não gostava e dizia: “O Lula escolheu um poste para sucedê-lo”. A presidente Dilma Rousseff vai estar muito forte no final do seu mandato, ela não só irá querer, como tentará a reeleição. Não há possibilidade de divergência entre nós dois. O Brasil precisa de uma mulher no governo federal. Eu serei cabo eleitoral para reelegê-la. A única hipótese de eu voltar é ela não querer s reeleger. Eu não vou permitir que um tucano volte à Presidência do Brasil.

Lula também falou sobre o diagnóstico do câncer na laringe:

- Eles (médicos) falaram de um câncer com 3 centímetros na corda vocal e eu fiquei com medo. Como eu iria sobreviver sem poder falar? – disse o ex-presidente, que, em um momento mais descontraído da conversa, comentou sobre o terno que estava usando no programa televisivo:

- Esse terno aqui eu comprei quando estava internado, preparando para por no caixão.

Lula foi recebido com aplausos pela plateia de Ratinho. Segundo o petista, essa era “a primeira entrevista dele depois de deixar a presidência da República”. Ele também comentou sobre a saúde no país.

- Saúde precisa de dinheiro. Tem gente que fala que é gestão. A oposição me derrubou, tiraram 40 bilhões por ano da CPMF para me prejudicar, mas prejudicaram o povo pobre desse país.

Sobre os efeitos do tratamento contra o câncer, Lula comentou:

- Primeiro, não é brincadeira. A quimioterapia é pesada, a radioterapia também. Tem de ter dedicação e disciplina para cumprir as regras estabelecidas pelos médicos. Estou levantando todos os dias 6h30m, estou com a perna esquerda sem mobilidade, estou com a garganta ruim. Vai demorar um mês, um mês e pouco para sarar. Vou participar da campanha.

Entre depoimentos gravados de Ronaldo Fenômeno e Zeca Pagodinho, Lula comentou que se preparou para deixar a presidência, mas sentiu logo após sair da vida pública:

- É uma coisa que ninguém está preparado (deixar a Presidência). Achava que estava preparado quando deixasse. O Sarney disse uma vez: “eu descobri que as portas tinham trinco quando eu deixei a Presidência”. Quando você é presidente, olha para um lugar e a pessoa vem te atender. Quando deixei a presidência, percebi que a segurança já não era a mesma. Mas tinha um general do meu lado. No dia seguinte você levanta e está com a dona Marisa, olhando um para a casa do outro: o que fazer? Quer um ovinho, então vá fritar!

FONTE: O GLOBO

Por que eu não gosto de Lula:: Eduardo Graeff

No afã de apagar o mensalão da sua biografia, Lula o revive.

Ontem ele tentou, de novo, trocar o papel de agressor pelo de vítima. Não é ele que assedia o STF. Quem ousou denunciar o assédio é que não gosta dele. E, como quem não gosta dele é minoria, ele invoca a maioria para defende-lo e silenciar a crítica. A maioria mesmo vai continuar silenciosa. Mas a militância petista, como grita!

Na crise do mensalão, o truque funcionou, até certo ponto. O bastante para salvar o mandato de Lula, mesmo depois da confissão de Duda Mendonça dar motivo à impugnação da sua eleição. (Lembram? O marqueteiro da campanha de Lula em 2002 contou na CPI que recebeu parte dos seus honorários por uma conta no exterior, aberta seguindo instruções de Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão.) Mas não o bastante para apagar a história.

Agora, contemplando a posteridade (quem sobrevive de câncer sabe como é isso), Lula se joga para ao menos evitar que o STF condene os mensaleiros. Não figurar entre eles no processo é uma sorte ambígua. Lula não pode ser condenado, mas também não tem como ser absolvido nesse julgamento. E se os outros forem condenados, quem acredita que a posteridade vai absolver Lula? Não ele, pelo jeito.

O pesadelo seria só dele, se as instituições democráticas não estivessem envolvidas. Ele, aparentemente, não está nem aí. Que se esgarcem as instituições, se for esse o preço para remendar sua biografia.

O traço mais desagradável da personalidade de Lula, para mim, é a egolatria.

Lula afirma que ‘tem que tomar cuidado’ com minoria que não gosta dele - O Estado de S. Paulo

Ao participar do 5º Fórum Ministerial de Desenvolvimento, em Brasília, Lula fez apenas uma referência aos que não gostam dele. “Vou falar em pé senão podem dizer que estou doente, para evitar esses dissabores. Você sabe que eu tenho muita gente que gosta (de mim) e alguns que não gostam. Então, eu tenho que tomar cuidado contra esses daí que são minoria e estão aí no pedaço”, disse o ex-presidente logo no início do seu discurso.

FONTE: EAGORA

PT teme que comissão vire 'CPI do PAC'

Depois de planejar a CPI do Cachoeira como um instrumento para provar que o "mensalão" foi uma farsa, o PT teme perder o controle da Comissão e vê-la transformada na "CPI do PAC" (Programa de Aceleração do Crescimento). O partido teve uma derrota tripla nos últimos dias: não conseguiu aprovar a quebra do sigilo bancário do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); não segurou os aliados na quebra do sigilo da Delta, principal empreiteira do PAC e pivô do escândalo; e ainda viu o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, ser convocado para depor. O PT sofre também com divisões internas. Três grupos diferentes do partido disputam interesses distintos na CPI.

Quebra de sigilo da Delta acende sinal de alerta no PT

Caio Junqueira

BRASÍLIA - O PT teme perder o controle da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira e que seu foco saia de "desvendar a farsa do mensalão", a que se propôs, para outro, maior e mais perigoso para o partido: uma "CPI do PAC", o Programa de Aceleração do Crescimento, que seria possível a partir a quebra de sigilo da empreiteira Delta.

O sinal amarelo acendeu a partir dos resultados da comissão nesta semana. A legenda tinha o objetivo principal de quebrar os sigilos do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e evitar que qualquer governador fosse convocado agora. Acabou com uma tripla derrota. Desistiu de colocar em votação a quebra de sigilo do tucano, não segurou os aliados na quebra de sigilo da Delta e ainda viu o governador correligionário, Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, ser convocado para depor, assim como Perillo.

Ontem, petistas estavam preocupados com a situação, mas a preocupação maior era com as próximas semanas. A eles chegou a informação de que, a depender do caminhar das apurações, os partidos de oposição podem vir a apresentar requerimentos para convocar a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.

Ambas, em momentos diferentes, coordenaram o PAC no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Belchior se manteve na Esplanada com a eleição de Dilma. Mas para Erenice isso não possível. Em setembro de 2010, denúncias de tráfico de influência a afastaram do cargo. Até mesmo o ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, é citado entre petistas como possível alvo.

Com a possibilidade de a investigação ser ampliada, o PT avalia formas de se rearticular politicamente e consolidar a maioria que sempre teve na CPI. A estratégia é mostrar aos aliados o risco de uma apuração maior do que a prevista no objeto da comissão. O Rio de Janeiro do governador Sérgio Cabral (PMDB), por exemplo, é o maior contratante estadual da Delta no país. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a principal pagadora da construtora no governo federal, ficou oito anos tendo a cúpula do PR à frente. O mesmo argumento serve ao PP e ao Ministério das Cidades com suas obras de saneamento. Ou seja, para petistas, se o foco ampliar, o PT muito provavelmente não estará sozinho em eventuais delitos que aparecerão.

Além disso, o Palácio do Planalto tem em construção um discurso preventivo para atenuar sua participação em irregularidades que vierem a ser descobertas na Delta.. A referência é ao pedido à Controladoria-Geral da União que abrisse processo administrativo para que a empresa seja declarada inidônea. Com isso, a União não mais a contratará. Nos contratos vigentes, avaliará caso a caso se a mantém nas obras ou se chama a segunda colocada nas licitações para finalizá-las.

O problema é que essa estratégia pode falhar se a quebra do sigilo demonstrar um PAC muito corrompido, conluios entre construtoras, bem como obras estaduais afetadas, qualquer que seja o governador. Caso atinja essa dimensão, o maior prejudicado pode ser o PT, tendo em vista ser o governo federal o maior pagador de obras civis no país.

Por outro lado, os partidos, ao perceberem que pode sobrar para todos, tendem a buscar um acordo e limitar a apuração. Ainda assim, pode haver prejuízo, uma vez que as investigações poderão ser continuadas pelos Ministério Público. Essa linha inclusive tem sido defendida por petistas da CPI: de fazer um relatório ligado ao objeto inicial da comissão, independentemente do rumo que ela tomar.

O PMDB, contudo, gostou do acerto com o PSDB nesta semana e acredita que é o PT quem mais depende dele na CPI do que o contrário. Rejeita também alinhamento automático com o aliado nas sessões, sob argumentos diversos, compartilhados por outros aliados.

Primeiro, que a coalizão não se estende à CPI, apenas ao processo legislativo. Ainda mais em uma CPI armada, inicialmente, para abater os inimigos petistas. Segundo, que os petistas buscam a hegemonia nas eleições municipais e têm deixado os parceiros nacionais à míngua, tanto em recursos da União quanto na disposição a apoio nas cidades. Cita-se o caso do irmão do presidente da CPI, senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB), prefeito em Campina Grande (PB), que pena para o PT desistir da candidatura própria e apoiar sua candidata em outubro. Algo que não deve ocorrer.

Terceiro, que os petistas não cumprem acordos. Os dois partidos tinham acertado na segunda-feira que a quebra do sigilo nacional da Delta seria restrita às contas ligadas ao esquema da empresa do Centro-Oeste. No início da votação, os petistas do Senado foram os primeiros a votar pela quebra do sigilo nacional. O PMDB percebeu que não teria votos suficientes e acompanhou. Sem falar no constantemente ameaçado acordo para apoiar Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) na eleição para presidência da Câmara em 2013.

Esse, aliás, é outro problema para o PT resolver. As bancadas da Câmara e do Senado ainda não acertaram o passo. O que os separa é a divisão na avaliação inicial do rumo que o partido deveria dar à CPI. Os deputados sempre foram mais favoráveis a limitá-la ao Centro-Oeste e a não convocar os governadores, enquanto os senadores não tinham a convicção de restringir a apuração.

Há ainda os desacertos pessoais. Os senadores acabaram aceitando o plano de trabalho da CPI, mas foram surpreendidos quando o relator Odair Cunha (PT-MG) se disse favorável à quebra do sigilo da Delta. Também não gostaram das declarações do líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), de que "esse é o PMDB", após a aliança da sigla com tucanos na blindagem a Sérgio Cabral e convocação de Agnelo Queiroz.

Os deputados, por sua vez, não gostaram das manifestações do líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), sobre o episódio em que o deputado Cândido Vaccarezza (SP) foi surpreendido prometendo proteção a Cabral. Pinheiro disse que cabia ao deputado analisar se deveria sair da CPI. Outra declaração considerada desastrada por deputados foi a do senador Humberto Costa (PE) sobre Cabral. Ao tentar defender o governador, disse que tudo que havia contra Cabral eram imagens dele com guardanapos na cabeça. O que é falso. Em nenhum momento o pemedebista aparece nas fotos nessas circunstâncias.

O PMDB tem arrolada todas essas situações e avalia que, a partir de agora, a CPI será tomada por articulações e acordos instantâneos e pontuais, com PT, PSDB ou quaisquer outros. A única exceção para essa linha, na visão da sigla, seria o governo intervir na CPI, mostrar posição e compor maioria. Seria, assim, o único elemento aglutinador da base que poderia reorganizar a condução da comissão. Algo, por ora, improvável.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Lupi: Jorge Roberto não deve concorrer

Presidente do PDT sinaliza desistência do prefeito de Niterói à reeleição

Cássio Bruno

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse ontem que o prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, não deverá concorrer à reeleição em outubro. Os dois se reuniram anteontem para discutir o assunto. O atual secretário municipal de Governo na cidade, Comte Bittencourt, do PPS, será o provável cabeça de chapa, tendo como vice o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca, Felipe Peixoto, do PDT. A preferência de Jorge Roberto por Comte, porém, sofre resistência entre os pedetistas, que defendem um nome da legenda.

- A tendência é que Jorge Roberto não seja candidato, mas ainda falta bater o martelo. Depois de quatro anos de mandato, ele achou que é hora de renovar - afirmou Lupi, que defendeu a pré-candidatura de Felipe Peixoto. - Claro que defendemos o nome do Felipe, que é jovem. Por outro lado, o Comte é experiente. Mas, já que o PDT está no governo, não queremos abrir mão de um candidato nosso.

Tanto Comte quanto Peixoto vão se desincompatibilizar dos seus cargos até 5 de junho. O pedido partiu do próprio prefeito, que enfrenta grande índice de rejeição em Niterói e nas pesquisas encomendadas pelo PDT.

- Seguimos a orientação do Jorge. Se eu for designado, vou cumprir a minha missão - ressaltou Comte.

Em entrevista anteontem, Jorge Roberto negou que desistira de concorrer. Procurado pelo GLOBO ontem, porém, ele não retornou as ligações. Quinto maior colégio eleitoral fluminense, com 378.534 eleitores, Niterói é uma das cidades onde os peemedebistas Sérgio Cabral, governador do estado, e Jorge Picciani, presidente regional da sigla, travam uma queda de braço. Cabral tem preferência por seus secretários estaduais Rodrigo Neves (Assistência Social), do PT, ou Sérgio Zveiter (Trabalho e Renda), do PSD, ambos pré-candidatos. Já Picciani apoiava até então a reeleição de Jorge Roberto.

FONTE: O GLOBO

Prefeito de Recife diz que continua candidato

RECIFE. O prefeito de Recife, João da Costa, decidiu desafiar a Executiva Nacional do PT e anunciou que permanece como candidato à reeleição. Ele anunciou a decisão ontem, apesar das pressões para ceder lugar ao senador Humberto Costa (PT-PE), da corrente Construindo Um Novo Brasil. O clima se acirrou ainda mais e, na noite de quarta-feira, o secretário nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi, teve de ser escoltado por membros do diretório estadual para enfrentar cerca de cem militantes que impediam sua saída da sede da sigla.

Ontem à tarde, na sede do PT municipal, o clima ainda era tenso. Diante disso, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, cancelou a ida hoje a Recife, quando ratificaria o nome de Costa. O PT fará nova reunião para tentar contornar a crise.

FONTE: O GLOBO

Em Recife, oposição pede ao prefeito que resista à pressão

Adversário dos governistas, o pré-candidato Raul Jungmann incentiva João da Costa à resistir à pressão do PT

Há menos de um mês, o prefeito João da Costa (PT) era alvo dos ataques da oposição. Hoje, sob o risco de ser rifado pela direção nacional do próprio partido da disputa pela reeleição, o gestor, de forma inusitada, recebe a “solidariedade” dos adversários. O exemplo mais emblemático e não menos curioso é o do ex-deputado Raul Jungmann (PPS) que, ontem, divulgou um artigo na internet pedindo para que o prefeito “resista” às pressões internas.

Já no título, o gesto de “compaixão” fica claro e disfarça a “brecha” encontrada para criticar o PT como um todo: “João da Costa – desrespeito, humilhação e resistência”. Ao longo do texto, o tom permanece. O pós-comunista critica a “intervenção” do comando petista no processo de escolha da candidatura no Recife, materializada no cancelamento da prévia e, agora, no possível lançamento da candidatura do senador Humberto Costa (PT) .

“Tem o prefeito diante de si a oportunidade de agigantar-se, encarando e resistindo a uma intervenção que honrará a sua biografia, enquanto a dos seus oligarcas adversários será rebaixada à condição de pigmeus autoritários”, diz Jungmann. De acordo com ele, o prefeito “tem o dever moral de derrotar os que o vetaram e humilharam” referindo-se a Humberto Costa, ao deputado federal Maurício Rands e ao ex-padrinho político do gestor, João Paulo. E, de modo “quixotesco”, encerra o artigo com um conselho: “Resista, prefeito!

A justificativa de Jungmann para um pedido pouco comum, partindo de um prefeiturável da oposição, foi dada logo no início. O ex-deputado alegou que João da Costa tem “direitos” e que “desconhecê-los” seria “moralmente condenável” e “regressivo”. “Não é por ser adversário contundente que devo endossar ou silenciar diante do que o PT inflige ao prefeito do Recife”, justificou o também pré-candidato.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO

Prefeito declara guerra ao PT

Paulo de Tarso Lyra, João Valadares

O esforço do diretório nacional do PT em resolver o impasse no Recife só aumenta a crise entre os petistas pernambucanos. Inconformado com a anulação das prévias do último 20 de maio, o prefeito da capital pernambucana, João da Costa, anunciou que vai resistir até o último momento. Para ele, ser candidato se tornou mais que uma questão política, o que provocou revolta entre correligionários que buscam o diálogo. Não está descartada, inclusive, a expulsão de Costa dos quadros do PT.

Em entrevista, o prefeito não escondeu a insatisfação. "Fui achincalhado durante mais de três anos e, agora, resolvi enfrentar todos os obstáculos", disse ele. Costa venceu as prévias com 51,9% das intenções de voto, mas a disputa foi anulada pela Executiva Nacional do PT, sob a alegação de fraude no processo. Uma nova disputa foi marcada para este domingo. A mesma instância partidária deu, numa clara demonstração de intervenção, prazo até as 23h59 de hoje para o petista retirar a candidatura em benefício do senador Humberto Costa (PE).

O adversário de Costa nas prévias, o secretário de Governo de Pernambuco, Maurício Rands, renunciou em favor de Humberto Costa. Mas o atual prefeito já se armou juridicamente. Na quarta-feira, fez uma reunião em seu escritório político até tarde da noite para amarrar todos os detalhes. Uma ala forte do PT já defende sua expulsão se o impasse permanecer. Petistas ouvidos pelo Correio afirmaram que, se o atual prefeito esticar demais a corda, a única saída será a desfiliação.

O secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, praticamente montou um "escritório político" na capital pernambucana. Desde que a crise estourou, ele não sai do Recife, onde tenta costurar um acordo que parece cada vez mais difícil. Na próxima terça-feira, está marcada nova reunião da Executiva Nacional, na qual a direção partidária espera uma solução para o impasse.

Governador

O PSB aguarda de longe, mas com particular interesse pela disputa petista. Com a saída de Rands do páreo, o governador Eduardo Campos perdeu o seu candidato preferido na disputa pela prefeitura recifense. O nome escolhido pelo PT para buscar um consenso — o senador Humberto Costa — tem uma relação política oscilante com o governador, alternando momentos de oposição e outros de proximidade. "Sem Rands, o que esperamos é um nome viável para vencer as eleições de outubro", disse um aliado do governador.

A capital pernambucana é estratégica nas pretensões políticas do governador Eduardo Campos. Ele não pode concorrer a um novo mandato estadual, mas pretende fazer o sucessor. O candidato natural é o atual ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Possível candidato ao Senado — de olho numa possível indicação a vice em aliança com PT — Eduardo Campos não pretende deixar brechas para que a oposição no estado (PMDB-PPS-DEM-PSDB) retome o controle da prefeitura da capital.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Em São Paulo, PSB estuda voo solo

A direção nacional do PSB estuda apresentar a candidatura do vereador Eliseu Gabriel (SP) para a Prefeitura de São Paulo. A proposta, ainda em estudo, serviria para amenizar a necessidade do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, intervir nos diretórios municipal e estadual para que a legenda apoie o candidato do PT, Fernando Haddad (PT).

Campos deve reunir-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início da próxima semana. Lula e o PT esperam um apoio direto, ainda em primeiro turno. A estratégia pensada por Campos teria dois objetivos claros: assegurar apoio do PSB a Fernando Haddad em um possível segundo turno contra o tucano José Serra e encerrar definitivamente as sinalizações do governador Geraldo Alckmin, que tenta atrair os socialistas para uma aliança municipal com o PSDB.

Além disso, controlaria os ânimos do presidente estadual do partido, deputado Márcio França, que avisou que, caso o partido apoie o PT, deixaria o cargo de secretário de Turismo do governo Alckmin para tornar-se um deputado federal "independente ao governo Dilma".

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

PT prepara ato de desagravo a Lula

SÃO PAULO – O encontro municipal do PT de São Paulo, que irá confirmar Fernando Haddad como candidato petista à sucessão da prefeitura local, deve servir também de palanque para manifestações de desagravo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa é de que o líder petista seja defendido em discursos programados para a solenidade marcada para amanhã, que terá as presenças de ministros, senadores e deputados. Há delegados do partido que planejam ainda levar cartazes e faixas em apoio e ele.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou na terça-feira que o líder petista tenta "melar" o julgamento do processo do mensalão. No mesmo dia, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, conclamou os militantes do partido a saírem em defesa e desbaratarem manobra contra o ex-presidente petista, cuja presença no encontro está confirmada.

O PT esperava chegar ao encontro municipal com pelo menos os apoios do PSB e do PCdoB em São Paulo, mas as negociações com as duas legendas ainda estão entravadas. O PCdoB cobra, em troca da aliança na capital paulista, o apoio à candidatura de Manuela D"Ávila, em Porto Alegre. O presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, já costurou o apoio ao candidato do PT em São Paulo, mas o acordo encontra resistência entre dirigentes locais de seu partido.

O principal adversário do PT, o PSDB, já anunciou os apoios do PV, PSD e DEM. Os tucanos devem fechar em junho alianças com o PP e PTB. O PR, que negociava acordo com o PT, tem mantido conversas com o PSDB e pode fechar acordo em torno da pré-candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo.

Campanha na TV

A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Programa do Ratinho, do SBT, na noite de ontem, transformou-se em um palanque para o pré-candidato petista em São Paulo, Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, que o acompanhou ao estúdio. "São Paulo precisa ter alguém que tenha o entusiasmo que ele teve quando era ministro", disse Lula. O ex-presidente ficou no ar por mais de 40 minutos e falou sobre o tratamento do câncer na laringe a que foi submetido. Ele admitiu a possibilidade de disputar o Presidência para barrar o PSDB, se a presidente Dilma Rousseff não o fizer: "A única hipótese de eu voltar a ser candidato é se ela não quiser. Não vou permitir que um tucano volte à Presidência", disse. Lula não quis comentar as recentes acusações do ministro Gilmar Mendes, do STF. "Eu não quero entrar nesse tema, porque já falei em nota. Quem inventou a história, que prove a história. Eu acho que o tempo se encarrega", resumiu.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Gilmar caça quem banca blogs 'sujos'

Ministro entrará com ação

Jorge Bastos Moreno

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse à Rádio do Moreno que vai entrar com uma ação na Procuradoria Geral da República solicitando o substrato das empresas estatais que usam o dinheiro público para financiar blogs que atacam as instituições.

- É inadmissível que esses blogueiros sujos recebam dinheiro público para atacar as instituições e seus representantes. Num caso específico de um desses, eu já ponderei ao ministro da Fazenda que a Caixa Econômica Federal, que subsidia o blog, não pode patrocinar ataques às instituições.

(Eu sei bem de quem o ministro está falando, mas, como me disse Jobim sobre essa confusão toda, "eles que são brancos é que se entendam". Jobim, Heraldo, FH e eu vamos ficar na nossa. No caso, Heraldo, não é pra menos, quer distância desse blogueiro. Eu só não sabia que a Caixa Econômica patrocinava esse tipo de blog)

O ministro explicou que, nem de longe, sua decisão visa atingir a liberdade de expressão. Pelo contrário, é em sua defesa que se luta contra as pessoas que não se acostumaram a viver dentro de um regime democrático.

- O direito de crítica, de opinião, deve ser respeitado. Mas o ataque às instituições é intolerável - disse Gilmar.

FONTE: O GLOBO

Tesoureiro não vê conflito em doações

Vaccari diz que é comum PT pedir dinheiro a empresas interessadas em negócios com o governo

Thiago Herdy, Sérgio Roxo

SÃO PAULO. O secretário de Planejamento e Finanças do PT, João Vaccari Neto, não vê conflito ético no fato de o partido ter aceitado doações de empresas com interesse direto em decisões do governo federal para sanear as finanças da legenda ano passado. Em 2011, ano não eleitoral, o PT arrecadou R$ 50,7 milhões entre empresas, aproximadamente 20 vezes o que PMDB e PSDB conseguiram, cada um, no mesmo período. Metade das doações foi feita por construtoras com contratos com o poder público. O restante se divide entre setores químico, financeiro e agronegócio, também com interesses no governo.

- Qualquer cidadão tem interesse em negócios do governo. Você tem interesse, porque paga INSS. O cara que recebe Bolsa Família tem interesse. Seu jornal tem interesse, porque recebe anúncio oficial. O importante é solicitar contribuição a quem a lei permite - disse ao GLOBO.

A ofensiva junto a empresários permitiu não só o pagamento da dívida de R$ 28 milhões deixados pela campanha de Dilma Rousseff à Presidência, como reduzir pela primeira vez o déficit histórico das contas do partido, que segundo o próprio Vaccari, "sempre gastou mais com sua manutenção do que arrecadou".

- É como qualquer processo de aprendizado, com o tempo você aprende a fazer as coisas - disse, ao ser perguntado sobre o que o PT fizera ano passado diferentemente de anos anteriores.

Para cada R$ 10 doados por empresas a partidos ano passado, R$ 9,06 foram doados ao PT. Fechar o ano com déficit acima de dois dígitos era regra no partido desde a época da campanha vitoriosa de Lula à Presidência em 2002. De lá para cá, o partido vinha fechando os anos com dívida média de R$ 31,3 milhões, segundo cálculo baseado em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No ano passado, esse déficit caiu para R$ 6,3 milhões.

Vaccari se apresenta como o único responsável por levantar recursos para sanear as finanças da legenda e atribui a busca por recursos para quitar dívidas da campanha de 2010 apenas ao comitê específico da campanha.

- Procuro a empresa e peço o dinheiro para o partido. Mantenho relacionamento com empresas de todos os setores da economia, apenas eu estou autorizado a fazer isso - disse.

No entanto, um dos doadores ouvidos pelo GLOBO, o empresário Ronaldo José Neves de Carvalho, conta ter sido procurado por outro petista, o deputado federal Newton Lima (SP).

- Ele é meu conhecido há mais de 20 anos e pediu a contribuição ao partido. Atendi o pedido e doei R$ 100 mil - diz o empresário, um dos donos da Drogaria São Paulo.

Lima confirma a doação:

- É tarefa de todos os parlamentares solicitarem doações, como todos os partidos o fazem.

Já o tesoureiro da campanha de Dilma, o deputado federal José de Filippi Júnior (SP), disse que dirigentes e lideranças do PT se empenharam em arrecadar recursos, não só Vaccari. O principal objetivo era pagar a dívida de R$ 28 milhões da eleição.

- Tenho certeza de que muitas lideranças, não só deputados, mas dirigentes do partido, ali ou aqui, devem ter ajudado o João. Enfim, porque o Brasil é enorme. Tem contribuição que vem de outros estados.

Porém, o deputado alegou não saber se ex-ministros, como Antonio Palocci e José Dirceu, assumiram a missão.

Filippi conta ter se envolvido diretamente na captação de cerca de um terço dos R$ 50,7 milhões arrecadados ano passado:

- João foi muito generoso. Ajudei muito pouco, só quando precisava falar com empresa específica, que eu tinha contato.

O deputado crê que o sucesso do PT na arrecadação na comparação com os outros partidos se deve ao fato de que as doações eram pedidas justamente para saldar a dívida pendente da campanha da presidente Dilma.

- As coisas foram feitas de forma transparente. Em seis ou sete meses, ele (Vaccari) conseguiu fazer toda a arrecadação (para pagar a dívida da campanha).

Filippi destacou que, durante a campanha de 2010, algumas empresas informaram ter disposição de fazer doações maiores, mas que não puderam ser concretizadas por causa das restrições no orçamento anual:

- Muitos bancos, construtoras, durante a campanha, já se comprometeram a fazer novas doações em 2011.

Da dívida de campanha, segundo o tesoureiro, a maior parte, R$ 17 milhões, referia-se a serviços de gráfica. Havia também pendências com espaços usados para eventos e com o marqueteiro João Santana.

Apesar do sucesso do PT no sistema atual de arrecadação, Filippi reafirma a defesa do partido da adoção do sistema de financiamento público de campanha:

- No sistema atual, é criada uma dependência exclusiva de algumas empresas, que são as que sempre doam para todos os candidatos.

O deputado federal Newton Lima (SP), que ajudou na arrecadação de recursos em 2011, também destaca o empenho do partido para inserir a mudança na reforma política.

- A grande orientação no PT é lutar pelo financiamento público de campanha.

FONTE: O GLOBO

Necessidade de julgamento :: Roberto Freire

A reunião entre o ex-presidente Lula e o ministro do STF Gilmar Mendes, conforme relatada pela Veja e confirmada pelo ministro, trouxe indícios de que o petista praticou corrupção ativa, tráfico de influência e coação no curso de processo judicial. Por esta razão, as oposições reunidas apresentaram à Procuradoria Geral da República representação criminal para que haja apuração dos fatos. É necessário que as ações de Lula deletérias às instituições democráticas tenham consequências. Não é possível que o ex-presidente continue a se portar como se estivesse acima da lei, como fez durante o exercício de seu mandato, como se fosse inimputável.

O mensalão, conforme denúncia da PGR, acatada pelo STF, foi uma prática de compra de um considerável número de deputados, buscando submeter o Congresso ao Executivo. À época, um Lula abatido dirigiu-se à nação dizendo-se traído. Por quem, nunca especificou. Ao desenrolar dos fatos, tentou afastar-se dos protagonistas daquela crise, buscando preservar-se das ações que tinham por base sua Casa Civil.

Agora, seis anos depois, Lula prega que o mensalão nunca existiu, que foi uma farsa montada por uma imprensa golpista. Os réus petistas do processo, inclusive, beneficiaram-se uma clara reabilitação política. O PT readmitiu Delúbio Soares em seus quadros. Genoíno é assessor especial do Ministro da Defesa. João Paulo Cunha, reeleito deputado federal, é membro da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. José Dirceu continua dirigente partidário e é aclamado pelas hostes petistas. E tantos outros réus do processo do Mensalão de Lula.

No entanto, apesar do tempo decorrido, o país não esqueceu o mensalão. Manifestações pelo país afora pedem agilidade no julgamento do mensalão. Já Lula parece que tem algo a temer e quer atrasar o julgamento para aguardar a prescrição de alguns crimes. Ao tentar intimidar o ministro Gilmar Mendes, oferecendo proteção na CMPI do Cachoeira como se o ministro tivesse algo a temer, para que esse ajudasse a postergar o julgamento do mensalão, Lula debocha de nossas instituições, como se controlasse o Congresso Nacional e como se pudesse influenciar o STF. Chantagem pura e simples não é comportamento admissível em nenhuma situação. Quando envolve um ex-presidente e um ministro do Supremo, é não só indecente como também criminoso.

Mas nossa democracia mostra sua vitalidade. O ministro Marco Aurélio Mello revoltou-se e disse que "o STF não é sindicato". Celso de Mello, decano do STF, afirmou que Lula seria passível de impeachment se ainda fosse presidente. A OAB, por meio de seu presidente, levantou-se para defender a independência do STF e exigir explicações de Lula. O ministro Ayres Britto afirmou ser necessário ouvir as explicações de Lula e aproveitou para dizer o que o processo do mensalão está maduro para julgamento. A sociedade brasileira aguarda esse julgamento para poder encerrar esse capítulo nefasto de nossa história que se arrasta há seis anos. A verdade dos autos, que será proclamada pelo STF com independência e imparcialidade, será a verdadeira história de uma época.

Deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

Estratégias:: Merval Pereira

O que a proximidade de um julgamento não faz. Nos últimos dias, temos visto réus de variados calibres procurando espaços políticos para, se não angariarem votos favoráveis, pelo menos não acirrar os ânimos de seus futuros julgadores.

É o caso, por exemplo, da estranha dobradinha entre os senadores Demóstenes Torres, à beira do cadafalso, e Collor de Mello, um de seus futuros juízes no processo de cassação de mandato, que deve ir para decisão em voto secreto no Senado.

Dias antes, um encontro dos dois havia sido flagrado por câmeras de televisão no plenário praticamente vazio. Quando foi ao Conselho de Ética do Senado, Demóstenes, para espanto geral, apoiou a tese de Collor de que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, prevaricou ao sobrestar o processo contra ele, sem pedir novas investigações ou arquivá-lo.

Ora, o procurador-geral da República está justamente sendo acusado de tentar, com sua atitude, proteger o senador Demóstenes Torres, que agora vem a público corroborar a tese de que ele errou ao conduzir o processo do jeito que conduziu.

Gurgel disse por escrito à CPMI que não dera sequência ao processo para não prejudicar futuras investigações, o que, segundo sua versão, deu oportunidade a que surgissem novas operações da Polícia Federal que afinal incriminaram o senador.

E por que Demóstenes aliou-se a Collor para criticar o procurador-geral da República? Todo o cálculo dele parece ter sido guiado pelo julgamento que terá pela frente no plenário do Senado, numa conta pragmática.

Collor é um senador que poderá votar a seu favor, e, portanto, Demóstenes preferiu fazer um acordo com um possível eleitor do que preservar a reputação do procurador-geral da República.

No caso de seu silêncio de ontem na CPMI do Cachoeira, tudo indica que Demóstenes deu um passo em falso, irritando seus membros.

Recusar-se a falar a seus companheiros não parece ser uma boa tática, e a única explicação é que teve receio de contradizer em algum ponto o depoimento que já dera na Comissão de Ética.

A sorte dele é que o destempero do deputado Silvio Costa, do PDT, fez com que um estranho espírito de corpo opusesse deputados a senadores no plenário da comissão.

O senador Pedro Taques, também do PDT e que atuou no Ministério Público assim como Demóstenes, tentou fazer com que o deputado parasse com a série de agressões verbais a Demóstenes, alegando que ele estava apenas exercendo seu direito constitucional de ficar calado para não se comprometer.

Mas o deputado reagiu contra Pedro Taques também, usando inclusive palavrões, acusando-o de estar mancomunado com Demóstenes - o que é uma acusação sem base em fatos, pois Pedro Taques tem sido um crítico ferrenho de Demóstenes -, o que fez com que a sessão fosse encerrada com a dispensa do senador Demóstenes Torres.

A humilhação pública a que o ainda senador Demóstenes Torres foi submetido pelo deputado Costa colocou em campos opostos senadores, que se indignaram com a atitude, e deputados, que acusam agora os senadores de estarem agindo por espírito de corpo.

Tudo o que o senador Demóstenes Torres espera é que o espírito de corpo prevaleça na votação secreta do Senado.

Outro caso curioso de interesses pessoais imediatos se sobrepondo a estratégias políticas é o que envolve os mensaleiros - inclusive o mais importante deles, o ex-ministro José Dirceu -, e a decisão do ex-presidente Lula de tentar interferir no resultado do julgamento do mensalão.

A estratégia de convocar a CPMI para colocar a oposição no banco dos réus e tentar transformar o mensalão em uma farsa arquitetada pela oposição foi urdida com a colaboração do próprio Dirceu, mas os objetivos imediatos, embora semelhantes, têm nuances que neste momento separam os dois.

Para Lula, o julgamento do mensalão tem dois inconvenientes: pode interferir nas eleições municipais, especialmente na de São Paulo, onde luta para emplacar o ex-ministro da Educação Fernando Haddad; e representa um julgamento de seu próprio governo, que ficaria marcado pela corrupção caso a decisão majoritária do Supremo seja reconhecer a existência do esquema fraudulento de aliciamento político, e pelo menos parte dos mensaleiros seja condenada.

Como a estratégia de intimidar o ministro Gilmar Mendes esbarrou em sua reação apaixonada, os réus do processo logo viram que a tentativa de colocá-lo no corner poderá provocar uma reação corporativa no Supremo.

Por isso o ex-ministro José Dirceu anda dizendo nos últimos dias que não acredita que Mendes tenha algum envolvimento com Cachoeira e elogia sua postura ética e seu conhecimento jurídico em diversas conversas que vem tendo.

Procura, assim, distanciar-se da ação de Lula e dos blogs chapas-brancas, com cujos representantes reuniu-se recentemente para estabelecer estratégias de defesa que agora parecem temerárias.

Também o deputado João Paulo Cunha, menos experiente que Dirceu, saiu em defesa de Gilmar Mendes, tentando equilibrar-se entre ele e Lula: "Acho que o Lula não seria inocente de chegar cobrando declaradamente alguma coisa, mas o ministro Gilmar Mendes é um ministro preparado. Eu diria até que o mais preparado do Supremo", comentou Cunha com jornalistas.

Publicado o seu raciocínio, deve ter levado uma advertência, pois logo depois voltou a se pronunciar sobre o caso, dizendo que estavam querendo deturpar suas palavras e que ele era solidário a Lula.

São os réus tentando um difícil equilíbrio às vésperas de julgamentos decisivos para suas carreiras políticas.

FONTE: O GLOBO

Fato novo :: Eliane Cantanhêde

O fato novo que retira a CPI do Cachoeira do fundo do poço é que o PMDB usou sua prerrogativa de partido mais esperto do Congresso e se tornou fiel da balança. Ora vota com o "aliado" PT, ora com o "adversário" PSDB. Quebrou-se, também por isso, o acordão original entre tucanos e petistas para livrar a cara de uns e de outros.

O PMDB não aprovou a quebra de sigilo do tucano Marconi Perillo (GO) e, de quebra, empurrou os parceiros governistas, como PSB e PP, para convocar o petista Agnelo Queiroz (DF). Em troca, três dos cinco membros do PSDB ajudaram a evitar que o peemedebista Sérgio Cabral sentasse diante da CPI e das câmeras para dar explicações. Por enquanto...

Há nisso, além da articulação política, também uma base, digamos, técnica. Cabral alega que seu nome não é citado nas fitas da Polícia Federal conhecidas até agora e que não há nada no inquérito contra ele e contra seu governo. Como comparação: o relator Odair Cunha (PT) diz que há 237 referências ao nome de Perillo.

Cabral, porém, ainda não tem nenhum motivo para dormir tranquilo. Não só pelo fato bem mais do que apenas constrangedor da festa dos guardanapos em Paris com assessores e Fernando Cavendish, então da Delta -a estrela na constelação de contratos bilionários do governo do Rio. A insônia deve ser pelo que ainda pode vir por aí.

O destino de Cabral está menos nas mãos do PMDB, do PT e do PSDB do que nas revelações que podem surgir da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da Delta nacional. É aí que mora o perigo, ou o alívio, para o governador do Rio.

Jobim desmentiu a versão de Gilmar, Lula levou 56 horas para se dizer "indignado", o PT reagiu 3 a 4 dias depois. Mas ninguém diz o que, afinal, Lula e Gilmar falaram. Como sempre, a versão de Lula é a que prevalece. Qual? Não se sabe.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Dia de cão:: Dora Kramer

A Comissão de Inquérito vem caminhando um passo à frente, dois para trás, mas andando: pediu quebra de sigilo da Construtora Delta em âmbito nacional, chamou dois governadores citados nos inquéritos da Polícia Federal. Devagar vai esgarçando parcerias e desmontando o roteiro inicial de instrumento de vingança.

O exame mais detalhado desse saldo positivo, no entanto, ficará para outro dia, pois não se pode deixar de tratar do dia de ontem que definitivamente não foi bom para a CPMI devido ao pendor farsesco de determinadas excelências.

O espetáculo de grosseria que o deputado Silvio Costa finalmente protagonizou depois de muito ensaio desde a instalação da CPMI decorreu de uma primeira farsa, esta montada pelo senador Demóstenes Torres. Recorreu ao silêncio na CPMI aludindo, não ao "direito constitucional" de não produzir provas contra si. Soaria contraditório, pois alega total inocência do que tange às acusações de envolvimento com a máfia do Cachoeira.

Reivindicou a prerrogativa de calar alegando que já havia falado dois dias antes ao Conselho de Ética. Ofereceu a reprodução daquele depoimento por escrito a título de "colaboração", como se houvesse equivalência entre as duas instâncias. Não há. Uma comissão de inquérito tem poderes que ultrapassam em muito as prerrogativas de um conselho. O que se diz lá produz provas, gera consequências. Cumpre lembrar que a denúncia que resultou no processo do mensalão foi feita em boa parte com base nos trabalhos da CPI dos Correios.

Além disso, no conselho se examina a quebra do decoro parlamentar do senador Demóstenes Torres ao dizer a seus pares uma coisa e logo depois ser desmentido pelas gravações de telefonemas feitas pela PF. Na comissão, o objeto da investigação diz respeito ao Código Penal, às acusações de envolvimento com crimes. Como, de resto, sabe bem o senador. Com a manobra, no lugar de se diferenciar, igualou-se à raia miúda que já passou silente pela CPMI.

De onde o deputado Silvio Costa achou-se no direito de humilhá-lo aos gritos e em boa hora foi advertido pelo senador Pedro Taques, que passou a ser alvo da sanha desaforada do deputado. Aos palavrões, a um só tempo feriu o decoro, fez de Demóstenes uma vítima e da CPMI palco de um espetáculo burlesco que seria de quinta categoria não fosse mesmo é de oitava.

Calmante. A declaração do advogado Técio Lins e Silva de que seu cliente Fernando Cavendish não recorrerá à Constituição para calar se for chamado à CPMI, pode funcionar como antídoto. Lins e Silva não disse que Cavendish vai acusar ninguém. Mesmo assim, só a indicação de que se perguntado responderá, é bem capaz de arrefecer o "ânimo convocador" de muita gente na comissão.

Lewandowski. A propósito de um trecho do artigo de ontem em que é citado como autor de antiga declaração sobre a hipótese de entregar seu voto revisor no processo do mensalão só em 2013, abrindo espaço para a prescrição de alguns crimes, o ministro Ricardo Lewandowski faz duas correções importantes. "Eu nunca disse que entregaria só no ano que vem, mas que precisaria de tempo para examinar cuidadosamente processo com 38 réus."

Ao segundo esclarecimento: "Mesmo que pretendesse entregar em 2013, não haveria o risco de prescrição porque isso só acontecerá em 2015". Em miúdos: são dois os marcos de prescrição. O primeiro venceu em agosto de 2011, quatro anos após o recebimento da denúncia pelo Supremo, válido para penas de um a dois anos. O próximo vence oito anos após a denúncia e aplica-se para penas de dois a quatro anos.

"Não há registro no Supremo de voto revisor que tenha levado menos de seis meses para ficar pronto. O meu será o mais rápido da História", diz o ministro, reiterando a intenção de concluir o trabalho "ainda neste semestre".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

A difícil arte de fazer amigos em Brasília:: Maria Cristina Fernandes

No mesmo dia em que o Copom definia, por unanimidade, a mais baixa taxa da história da Selic, a presidente Dilma Rousseff prestou, pela primeira vez desde a posse, solidariedade política a seu antecessor. Até aqui, a situação sempre havia sido inversa. Era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem sempre agia para apagar incêndios dos aliados e promover desagravos públicos em momentos de crise.

Parece uma coincidência que Dilma se invista da plena autoridade do cargo no momento em que consegue pôr a política monetária no rumo do modelo de desenvolvimento que sempre almejou. Mas não é.

Em setembro do ano passado, um mês antes do diagnóstico de seu câncer na laringe, o ex-presidente foi a grande estrela do 4º Congresso Nacional do PT. Cobrou paciência com os resultados do governo - "Oito meses de governo é muito pouco para quem vai governar este país por oito anos" e, dirigindo-se a Dilma, que vivia uma interminável derrubada em série de ministros, disse: "Não há mar revolto, furacão, vendaval, vulcão que você não possa vencer".

Mendes deveria se declarar impedido de julgar o mensalão

Esta semana foi a vez de Dilma agir como ombro amigo de Lula depois da publicidade desastrosa de seu encontro com o ministro do Supremo Gilmar Mendes. "As pessoas nos lugares certos e na hora certa mudam os processos e transformam a realidade", disse Dilma ao homenagear Lula, e, na mesma tacada, fazer uma referência velada ao farto noticiário sobre a conversa errada no local errado.

A notícia da Selic que viria do outro lado da Esplanada horas depois deixava claro - tanto para seu partido quanto para adversários - que o patrimônio político deste governo não se esgota na figura do ex-presidente.

Lula agiu pela obsessão com a biografia que acomete a quem se despe da faixa presidencial. Parece não ter-se dado conta que o Brasil nem as conquistas de seu governo não vão acabar se alguns de seus ex-companheiros forem condenados. É uma perspectiva muito diferente de sua sucessora que, justamente por ter esse capítulo de sua biografia ainda em aberto, tem outras causas pelas quais avalia valer a pena queimar caravelas.

O episódio ajuda a delimitar as diferenças entre Lula e Dilma. O ex-presidente pisou em falso nos bastidores da política, território em que sempre foi rei e por onde sua sucessora é constantemente cobrada a transitar com mais desenvoltura.

Lula não está agindo com a isenção prometida. Mas, ainda que se dê crédito às muitas versões de Gilmar Mendes sobre o encontro, e se julgue condenável que um ex-presidente faça injunções sobre um julgamento na mais alta Corte do país, Lula não exerce mais cargos. São questionamentos éticos e de sua decantada clarividência política que lhe são dirigidos.

Gilmar também é um ex-presidente de poder, mas, ao contrário de Lula, ainda tem mandato. E é pela condição de juiz supremo que as suspeitas sobre si, são mais graves.

Se a chantagem existiu - e é preocupante para sua reputação de juiz que nenhum dos participantes a confirmem integralmente -, Mendes tinha a obrigação de denunciá-la ao colegiado da Corte. Decidiu fazê-lo um mês depois à mesma publicação que, ao divulgar um grampo nunca comprovado em seu gabinete, provocou um dos momentos mais tensos do governo passado.

Não é de hoje que o ministro do Supremo priva seus pares das conversas as com partes do processo. Na campanha eleitoral de 2010, os repórteres Moacyr Lopes Jr. e Cátia Seabra, da "Folha de S.Paulo", estavam num evento com o então candidato à Presidência da República José Serra. Viram um assessor que havia sido incumbido de ligar para Mendes, à época presidente do STF, entregar o telefone ao candidato com o ministro na linha. Depois de cumprimentar o interlocutor como "meu presidente", Serra teria falado ao telefone andando pelo auditório.

Ambas as assessorias negaram a conversa mas, depois do telefonema, Mendes pediu vista da sessão que julgava a exigência de dois documentos ao eleitor. A votação estava 7 x 0 contra a exigência. O PT defendia que o eleitor pudesse votar apenas com a carteira de identidade, pra facilitar a vida do eleitor de baixa renda, que considerava seu.

Os parlamentares que votaram contra a indicação do ministro, em 2002, na mais contestada indicação do Supremo até aquela data, tinham dúvidas se o ex-advogado-geral da União agiria como magistrado. Hoje parecem premonitórios.

Desde que a CPI foi instalada especula-se sobre uma tal viagem a Berlim do ministro. O inquérito da Polícia Federal sobre as atividades de Carlos Cachoeira isenta Mendes de envolvimento com o bicheiro.

Na entrevista a Maíra Magro, do Valor, Mendes esclareceu ter todos os comprovantes de uma viagem pela Europa, que incluiu um feriado de Páscoa na companhia de Demóstenes e das respectivas mulheres em Praga. Informa ter pego carona em dois aviões colocados à disposição por Demóstenes - uma vez na companhia de Nelson Jobim e do seu colega de Corte, José Dias Toffoli, para participar de um evento, e uma segunda vez, na companhia de uma ministra do STJ, para participar da formatura da mulher do senador, a quem chama de "Flavinha", e de cuja turma eram paraninfos.

Talvez o ministro não tivesse como saber se esses voos eram pagos por Cachoeira. A despeito de todas as evidências, o próprio senador precisou apelar à sua conversão religiosa para tentar convencer o Conselho de Ética de que desconhecia as atividades do seu amigo contraventor.

Mendes nega amizade com Demóstenes na companhia de quem, para ficar apenas nos fatos por ele relatados, já passou a Páscoa e a cuja mulher refere-se no diminutivo. Demóstenes, com quem o ministro diz ter relação "funcional", também frequenta as festas de aniversário da família Mendes. E já empregou uma enteada do ministro no seu gabinete. Deve ser muito difícil fazer amigos em Brasília.

Foi graças a Cachoeira que vieram a lume as primeiras denúncias do mensalão. Pelo conjunto da obra, Mendes bem que poderia se declarar impedido de julgar o mensalão. José Dias Toffoli, ex-advogado do PT, ex-subchefe de assuntos juridicos da Casa Civil na gestão José Dirceu, e ex-advogado-geral da União no governo de Lula, que o indicou ao Supremo, também lustraria sua biografia se tomasse o mesmo rumo.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Indústria encolhe e ganha novo pacote

A produção na indústria voltou a registrar queda pelo oitavo mês consecutivo. O recuo foi de 0,2% em relação a março. Praticamente todos os segmentos encolheram. Para dar novo alento ao setor, o governo anunciou medidas para restringir a entrada de produtos importados, como motos, ar-condicionado e micro-ondas.

Nem incentivo salva a indústria

Produção industrial caiu 0,2% em abril e já acumula queda de 2,8% no ano

Henrique Gomes Batista

A indústria brasileira voltou a produzir menos em abril. O resultado foi divulgado pelo IBGE no mesmo dia que o governo anunciou mais medidas para conter a entrada de eletrodomésticos e motos importadas e proteger a indústria. Segundo o IBGE, a queda foi de 0,2% na comparação com março. Frente a abril de 2011, a redução foi ainda maior: 2,9%, no oitavo recuo seguido nesse indicador. Com isso, o setor - que deve ser o principal responsável pelo resultado fraco do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre que o IBGE divulga hoje - mostra que, até o momento, os incentivos do governo ao consumo não chegaram a movimentar as engrenagens da indústria. Especialistas acreditam que uma reação mais efetiva do setor só deverá acontecer no segundo semestre, o que pode reduzir ainda mais as expectativas de crescimento para o ano. De janeiro a abril, a produção já ficou 2,8% menor.

- Os dados da indústria, junto com o PIB do primeiro trimestre que deve ser fraco, dão mais argumento para que o governo adote mais medidas de incentivo e até de protecionismo - disse André Guilherme Perfeito, da Gradual Investimento.

Segundo Fernando Abritta, economista da coordenação da Indústria do IBGE, os incentivos ainda não foram sentidos, em parte, porque setores estão com elevado estoque. A redução dos juros e a elevação do crédito podem estar até elevando as vendas, mas só no fim do primeiro semestre devemos ver essas medidas se refletir na produção industrial - afirmou Fernando Abritta, .

O investimento, traduzido pela produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) mostrou um avanço em abril, de 1,9%, mas ainda assim acumula queda de 9,8% no ano. Os bens intermediários (insumos para indústria) ficaram estagnados. E os bens não duráveis (alimentos, vestuário e remédios) lideraram a queda na produção do mês, retraindo 1,4%, seguidos dos bens duráveis (eletrodomésticos e carros, exatamente os que receberam mais estímulos do governo) tiveram a produção reduzida em 0,5%.

- O que nos preocupa é que os bens intermediários, que é a produção que segue para indústrias, continuam fracos. E também a queda de 9,8% nos bens de capital no ano, o que mostra que o investimento está muito baixo - disse Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

"Apesar dos estímulos ao crescimento já impactarem positivamente a demanda, a reação da atividade industrial está mais lenta do que o antecipado. Outra fonte de moderação do crescimento é o nível de estoques ainda elevado em alguns setores. Portanto, aumentou a chance de um crescimento menor no segundo trimestre deste ano, o que deve afetar negativamente as perspectivas de crescimento da economia em 2012, mesmo com a aceleração na segunda metade do ano", afirmou, em nota, Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.

O setor externo não prejudica apenas com as incertezas. A LCA Consultores lembra que a economia argentina vive um forte esfriamento, afetando as exportações de manufaturados brasileiros.

Indústria do Rio fatura menos

Os indicadores industriais da Firjan de abril, que serão divulgados hoje, apontam uma queda de 1,7% nas vendas. O resultado reverte a alta de 3,9% de março. O total de horas trabalhadas - indicativo mais próximo da produção - caiu 0,5% no mês. Para Guilherne Mercês, economistada federação, nem a recente alta do dólar resolve o problema da indústria.

- Isso pode trazer um alívio temporário, com uma redução na pressão dos setores que concorrem com importados e uma melhoria das margens dos exportadores, mas os problemas da indústria são estruturais.

FONTE: O GLOBO

Governo eleva IPI e protege Zona Franca de importados

Em uma medida para proteger a Zona Franca de Manaus dos importados, o governo elevará para 35% o Imposto sobre Produtos Industrializados de microondas, aparelhos de ar-condicionado e motos produzidos fora da região. A nova alíquota vale em setembro. Segundo OMC e ONU, o Brasil foi o país que mais adotou medidas protecionistas nos últimos seis meses

Governo eleva IPI e protege Zona Franca de Manaus da concorrência de importados

Iuri Dantas

BRASÍLIA - O governo resolveu lançar mais uma medida para proteger a indústria contra importados. A partir de setembro, micro-ondas, aparelhos de ar- condicionado e motos fabricadas fora da Zona Franca de Manaus pagarão mais imposto. Cerca de 90% da produção desses setores se concentra na zona franca. A medida faz parte de uma série de ações adotadas pela equipe econômica para ajudar setores como o de montadoras, auto- peças e móveis, entre outros. Apesar de motocicletas importadas representarem apenas 1,9% do mercado nacional, os fabricantes reclamam da concorrência dos produtos vindos da Ásia. De acordo com decreto publicado ontem pela presidente Dilma Rousseff, a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) desses produtos será elevada para 35%. Hoje, motos de até 50 cilindradas pagam 15% de IPI, e as de maior potência, 25%. No caso do ar-condicionado, o aumento valerá para os aparelhos do tipo split. Os setores beneficiados desta vez não representam parte relevante do Produto Interno Bruto (PIB), mas reclamam há meses da concorrência.

Segundo a Receita, não houve compromisso das indústrias em manter empregos. No ano passado, o governo já havia elevado o Imposto de Importação de aparelhos de ar-condicionado split. "Isso serve para dar impulso ou auxílio do governo para esses setores, que têm produção muito forte na zona franca", afirmou o subsecretário de Tributação e Contencioso do Fisco, Sandro de Vargas Serpa. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo), do total de licenciamentos de motos no primeiro quadrimestre, 11 mil eram importadas, o equivalente a 1,9% das vendas, de 574,7 mil unidades. Desse total, 97,9% foram fabricadas na zona franca e 0,2% fora dessa região. Ainda assim, o diretor executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalves, diz que "a medida deve estimular a produção na zona franca". Para Lourival Kiçula, presidente da Eletros, " a decisão é ótima para indústria". Segundo ele, os fabricantes de ar-condicionado e micro-ondas eram prejudicados pelos produtos chineses, que chegam a custar 15% menos. De janeiro a abril, a fatia de importados foi de 70% e, nos micro- ondas, de 33%.

Cerveja. Ao mesmo tempo em que ajuda esses setores, o governo oficializou mais um aumento de imposto. A partir de 1.º de outubro entra em vigor um novo modelo tributário para as bebidas frias. Na prática, o brasileiro poderá pagar mais para tomar cerveja, refrigerante, isotônico e energéticos. A Receita estima aumento "médio" de 2,85%. A indústria de bebidas reagiu ao aumento. "O reajuste de impostos f ederais implicará diretamente repasse nos preços de cervejas e refrigerantes e deve prejudicar ainda mais o volume de vendas, obrigando as empresas a rever os investimentos", disse em comunicado a CervBrasil, associação que reúne Ambev, Schincariol, Petrópolis e Heineken, criada em maio.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Brasil bate recorde em protecionismo, diz ONU

Levantamento feito em parceria com a OCDE e a OMC revela que o País acumulou o maior número de barreiras comerciais nos últimos seis meses

Jamil Chade

GENEBRA - O governo brasileiro foi o recordista na aplicação de novas medidas protecionistas no mundo nos últimos seis meses, desde que a crise econômica internacional ganhou uma nova intensidade. Os dados são da ONU, OMC e da OCDE, que fizeram o levantamento do protecionismo e vão levar os resultados aos líderes do G-20, para alertar que a promessa dos países de que não recorreriam a barreiras não está sendo cumprida.

Em quatro anos de crise, o acúmulo de barreiras já atinge 4% do comércio mundial - US$ 500 bilhões, o equivalente a toda a exportação brasileira e indiana reunidas. Ou todo o comércio exterior dos 54 países africanos.

A Organização Mundial do Comércio (OMC), a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertam que a ameaça protecionista cresceu e já é um "risco para a economia global". As entidades pedem que governos "resistam à tentação de políticas nacionalistas", destacando um retorno da "retórica protecionista" com a adoção de políticas de substituição de importação que estão aumentando a tensão entre os países.

No total, o Brasil adotou 17 novas barreiras contra importações, número que superou todos os demais países, inclusive a Argentina, acusada de adotar uma postura nacionalista. Além disso, o governo brasileiro anunciou nos últimos seis meses um total de cinco medidas de apoio à indústria nacional, algumas delas questionadas já por Estados Unidos e Europa.

Só somando as medidas de incentivo adotadas pelos países europeus é que se consegue superar a marca brasileira. No total, Itália, Espanha, França, Alemanha e os demais europeus iniciaram 13 planos de incentivo à indústria local. Nenhum governo, porém, chegou perto dos cinco planos do governo de Dilma Rousseff. Estados Unidos e Rússia, por exemplo, adotaram dois planos de incentivo cada.

Mas é na questão tarifária e aduaneira que a marca do protecionismo brasileiro é mais nítida. As 17 medidas brasileiras superam as 14 da Argentina e Estados Unidos, 12 da Europa, 10 da Índia e 8 da China.

Nos últimos dois anos, o Brasil ainda foi o líder absoluto na implementação de medidas antidumping. Entre outubro de 2010 e abril de 2011, foram 25 medidas nesse sentido. Já entre outubro de 2011 e abril de 2012, o número caiu para 16. Mas ainda assim foi a maior do mundo. Os europeus adotaram 13, ante 12 dos Estados Unidos. No total, foram 73 medidas nesse sentido.

Outra tendência foi a adoção de políticas para limitar licitações públicas a empresas nacionais. O documento chama a atenção para a questão do conteúdo nacional no setor de telecomunicações. No leilão do 4G, a Anatel estabeleceu critérios para uso de produtos nacionais.

Sem citar nominalmente o Brasil, o levantamento alerta que "essas ações podem mandar um sinal errado e iniciar sentimentos protecionistas e até retaliações". O documento também aponta que a abertura de mercados à concorrência estrangeira reduziria os gastos públicos.

Acúmulo. Se a tendência brasileira preocupa, as entidades alertam que a onda protecionista é mesmo mundial. Desde outubro de 2011, 124 medidas foram adotadas por governos do G-20, afetando 1,1% do comércio desses países, mais que nos semestres anteriores. O que mais preocupa é que barreiras adotadas desde 2008, tidas como "temporárias", jamais foram retiradas.

Hoje, o acúmulo de barreiras já afeta 3% do comércio global e 4% do intercâmbio do G-20. Desde a quebra do Lehman Brothers, foram 802 medidas. Só 18% foram retiradas, e a taxa de revogação das medidas vem desacelerando.

As entidades alertaram que, na cúpula do G-20 em Cannes, em novembro, os líderes se comprometeram a não elevar tarifas nem adotar medidas protecionistas. Mas admitem que o fraco crescimento da economia mundial e a alta do desemprego estão "testando a decisão política de resistir ao protecionismo".

Relatório tem erros e é equivocado, diz governo brasileiro

O diretor de Negociações Internacionais do Ministério do Desenvolvimento, Daniel Godinho, disse que o relatório sobre protecionismo possui "erros conceituais" porque adota os mesmos critérios para analisar a conduta de países que seguem e que não seguem as normas da OMC. "Fico preocupado sobre o resultado de um exercício que mistura alhos e bugalhos." Já o Ministério da Fazenda informou que "considera um equívoco dizer que o Brasil pratica políticas protecionistas". "O que o Brasil tem feito", segundo a assessoria do ministro Guido Mantega, "é se defender da estratégia de dumping cambial que se espalhou pelo mundo e sobre a qual a OMC não tem dado a devida atenção."

FONTE:: O ESTADO DE S. PAULO