sexta-feira, 6 de julho de 2012

OPINIÃO DO DIA – Alberto Goldman: sem vergonha

A Justiça Federal do Distrito Federal determinou a suspensão imediata do passaporte diplomático concedido a Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, no final do seu governo, em dezembro de 2010. A decisão atendeu pedido do MPF-DF Ministério Público Federal no DF, que considerou a emissão “ilegal e fora do interesse do país”.A ação civil foi proposta em junho passado, depois que o Ministério das Relações Exteriores MRE confirmou ao MPF que, dentre os sete passaportes diplomáticos concedidos ilegalmente a parentes de Lula no final de seu mandato, o de Luís Cláudio era o único que não havia sido devolvido.

O que impressiona é que foi preciso uma ação do Ministério Público e uma decisão da Justiça para que o filhote do ex presidente fosse impedido de usar um passaporte que somente agentes públicos de determinada qualificação e, em casos especiais, seus filhos, podem possuir. Não só o filho do ex presidente, como o próprio pai, não tiveram vergonha de usá-lo indevidamente. A desfaçatez não tem limites.

FONTE: Blog de Goldman

Manchetes de alguns dos principia jornais do Brasil

O GLOBO
BCs da Europa e da China se unem para socorrer economia
Chávez: Senado do Paraguai quis vender ingresso no Mercosul
PF prende ex-presidente da Valec

FOLHA DE S. PAULO
BCs da China e da Europa cortam juros contra a crise
Órgão vê falha de pilotos na queda do voo RJ Paris
CPI convoca 4, mas garante silêncio para os depoentes
Ex-dirigente estatal federal das ferrovias é preso pela PF
Lentes da repressão

O ESTADO DE S. PAULO
Atos da CPI viram duelo entre governo e oposição
PF prende ‘faxinado' da Valec
Chávez retira adidos militares do Paraguai
Gripe H1N1 já matou mais que em 2011
Montadoras reduzem estoque

VALOR ECONÔMICO
Juros caíram de 12% a 17% desde março
Persistência
Trem-bala terá licitação externa
País produzirá combustível de algas
O que influi no voto de cada juiz do mensalão

BRASIL ECONÔMICO
Mesmo com queda na produção, ICMS da indústria bate recorde
Europa e China surpreendem e anunciam novo corte nos juros
Fim de desperdícios gera economia de R$ 500 mi em energia por ano
Vendas despencam se IPI subir, dizem montadoras
Em junho, poupança tem maior captação dos últimos 10 anos

CORREIO BRAZILIENSE
ONU investiga se golpe da adoção é tráfico de pessoas
Supremo ignora juiz e divulga salários
CPI esquenta com dono da Delta, Pagot e Paulo Preto
PF prende Juquinha, ex-chefe da Valec, a estatal ferroviária
Cresce risco de demissão na indústria

ESTADO DE MINAS
Agora é pra valer
Ex-ditador condenado a 50 anos por sequestros de bebês

ZERO HORA (RS)
Quem são, onde estão e qual o salário básico dos CCs da Assembleia
Erros em série derrubaram o voo 447 da Air France

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Greve acaba sob protestos
Campanha toma conta das ruas
Operadora de celular proibida de cobrar a multa de fidelização

Às vésperas de proibição, Dilma dá força a candidatos

Presidente esteve ontem em São Bernardo do Campo e hoje vai ao Rio para cerimônia; prefeitos na disputa aproveitam inaugurações de última hora

Elder Ogliari, Felipe Frazão, Luciana Nunes Leal, Tiago Décimo e Ricardo Brandt

Às vésperas de a Justiça Eleitoral proibir a participação de candidatos em inaugurações de obras, prefeitos que tentam a reeleição prepararam uma série de eventos do gênero (estão abrindo escolas, postos de saúde, conjuntos habitacionais e parques). Nem a presidente Dilma Rousseff (PT), que pelo discurso oficial se manteria distante das campanhas, ficou fora das cerimônias. Ontem ela subiu ao palanque em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, ao lado do prefeito Luiz Marinho (PT) e do ex-presidente Lula. E hoje, data do início das campanhas nas ruas, tem agenda semelhante com o prefeito do Rio, o aliado Eduardo Paes (PMDB).

Ontem Dilma abriu a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Alves Dias, obra que recebeu R$ 2 milhões em recursos federais. Discursou para a plateia formada por agentes comunitários de saúde de São Bernardo e moradores "convidados" por faixas estendidas nas principais avenidas da cidade avisando sobre a cerimônia (ao lado de banners com o rosto de Marinho e vereadores).

Dilma fez um discreto afago a Marinho: disse que o programa de atividades físicas da cidade, De bem com a vida, é tocado por mulheres. Ela se manteve sorridente, mesmo tendo sido alvo de protesto de estudantes e servidores em greve da Universidade Federal do ABC. Chegou a trocar o nome do programa de saúde e deu "bronca" em Marinho.

"O Marinho estava me explicando que o Bem viver é levado por nós, mulheres", disse Dilma. "Ah, é De bem com a vida? Por que você não falou logo?"

Marinho fez questão de citar ainda a presença do prefeito e candidato a reeleição em Diadema, Mario Reali (PT). E de vereadores aliados que prestigiaram a solenidade: "Preciso cumprimentar os vereadores, Dilma, senão eles não votam meus projetos na Câmara", afirmou.

Ao mesmo tempo, Dilma e Lula se fizeram virtualmente presentes nas inaugurações de UPAs com o prefeito Gilberto Abade (PSB) - candidato a reeleição em Porto Seguro, sul da Bahia - e em Recanto das Emas, no Distrito Federal. As cerimônias foram simultâneas, transmitidas ao vivo em telões de LED.

Parceria. Dilma destacou em São Bernardo a importância de parcerias com os governos estadual e municipal. E tende a repetir o tom hoje, quando o prefeito carioca faz as últimas inaugurações de uma corrida com 36 entregas em 37 dias: unidades habitacionais em Triagem, zona norte, e a nova emergência do Hospital Miguel Couto, cravado no bairro da Gávea, zona sul do Rio. Dilma já elogiou Paes antes pelos "bons entendimentos" - o que estará presente nos discursos pela reeleição dele.

Paes manteve ontem as agendas, após parecer favorável do Tribunal Regional Eleitoral do Rio. Na véspera, o procurador regional eleitoral Maurício da Rocha Ribeiro havia recomendado que ele não comparecesse, sob pena de sofrer processo por abuso de poder político e propaganda irregular. Ribeiro considera que hoje Paes já é candidato, porque o prazo para registro de candidatura terminou ontem.

O prefeito se beneficia de uma brecha na lei que marcou o início da campanha para 6 de julho, mas proíbe a presença de candidatos em inaugurações somente a partir do dia seguinte, 7 de julho, três meses antes da eleição.

"Não é brecha, é burla à lei", afirma o procurador, que apontou "inequívoca ameaça ao princípio constitucional da máxima igualdade entre os candidatos".

Em Campinas, o prefeito e candidato a reeleição, Pedro Serafim (PDT), suspendeu a participação em eventos por cautela e orientação de advogados.

Como não pode se reeleger, o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PP), apoiará Nelson Pelegrino (PT), mas está evitando os holofotes - atitude contrária à da maioria dos gestores municipais. Enquanto os partidos concluíam tratativas para coligações, Carneiro viajou à Europa e aos Estados Unidos. Ele faltou até ao cortejo de 2 de julho, data cívica mais importante da Bahia, que reúne os principais políticos do Estado.

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), participou de sete atos e inaugurações entre 20 de junho e 4 de julho. Ele alega que manteve sua rotina, mas recebeu críticas.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Aécio Neves: 'Planalto decidiu nacionalizar a disputa em BH'

Christiane Samarco

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou ontem que o PT e a presidente Dilma Rousseff tentam nacionalizar a disputa na capital mineira. Aécio apoia o candidato à reeleição pela Prefeitura de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que mantinha um acordo desde 2008 com petistas e tucanos. A aliança foi rompida na semana passada. Com o racha, atribuído pelos petistas a articulações de Aécio com vistas à eleição presidencial de 2014, Patrus Ananias (PT) registrou ontem sua candidatura com apoio de mais quatro partidos - PMDB, PC do B, PRTB e o PSD de Gilberto Kassab, afilhado político do candidato tucano à prefeitura paulistana, José Serra. Já Lacerda terá o apoio de 18 partidos.

O PT responsabiliza o PSDB pela ruptura da aliança em Belo Horizonte. O sr. fez pressão?

Quem rompeu foi o PT. Nunca reivindicamos nada. Aceitamos que o PT tivesse a vice pela segunda vez consecutiva e mais de 700 cargos na prefeitura porque achávamos e continuamos achando que Marcio (Lacerda) é o melhor para Belo Horizonte. A verdade é que o PT queria eleger uma bancada maior de vereadores com votos do PSB. Foi um equívoco que custará caro pela incoerência do discurso.

Mas o PT o acusa de nacionalizar a disputa.

O que me parece é que foram o PT e o Palácio do Planalto que decidiram nacionalizar essa campanha. No momento em que a presidente da República deixa seus afazeres e os problemas do Brasil para interferir nos partidos políticos e lançar uma candidatura a prefeito de Belo Horizonte, aí sim há uma real tentativa de nacionalizar a disputa. O PT tem tornado tradição a política de intervenções. Foi assim em São Paulo, quando abriu mão de uma candidatura natural para impor um candidato. No Recife, a política intervencionista fez o partido perder um de seus melhores quadros, que é o deputado Maurício Rands, e a candidatura petista em BH é fruto de mais uma intervenção.

O ex-ministro José Dirceu avalia que o divórcio entre PT e PSB em várias capitais impacta na aliança nacional e aponta para uma candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB-PE).

Há uma avaliação equivocada do PT ao nacionalizar questões. Todas as rupturas foram motivadas por questões locais. Toda vez que o PT tem que optar entre povo e o PT, fica com o PT. Para eles, é mais importante ter mais dois ou três vereadores do que a administração bem avaliada do Marcio. O PT queria ter prefeito como refém.

O sr. disse que, se o PSDB quiser,  será candidato a presidente contra Lula ou Dilma. O sr.também estaria disposto a enfrentar Eduardo Campos?

O PSDB tem a responsabilidade de apresentar um projeto alternativo a este que está aí e uma nova agenda para o Brasil. Este é um compromisso que o PSDB vai cumprir, obviamente com o lançamento de um candidato a presidente no momento certo, independentemente de quem seja ou quem sejam os adversários.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Agora é pra valer

Eleições em BH começam com troca de farpas entre tucanos e petistas

No último dia para registro de candidaturas eles já mostraram armas de ataque na disputa pela prefeitura. Do lado de Marcio Lacerda (PSB), o senador Aécio Neves (PSDB) criticou a tentativa de "nacionalização" da campanha, que começa oficialmente hoje. O próprio Patrus Ananias (PT), que governou a capital de 1993 a 1996, rebateu dizendo que "ao contrário de outros" tem "história com Belo Horizonte". A perspectiva é de batalhas acirradas até o último voto.

Disputa pela prefeitura começa com ataques

Patrus Ananias e Marcio Lacerda registram candidaturas no TRE, enquanto fiéis escudeiros partem para ofensiva criticando o adversário. Campanha dá a largada oficialmente hoje

Juliana Cipriani, Leonardo Augusto, Alessandra Mello e Felipe Canedo

A eleição em que petistas e tucanos voltam a ser adversários ferrenhos em Belo Horizonte promete ser de grandes embates. Já no dia de registrar as candidaturas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os dois lados se cercaram de aliados e escalaram seus escudeiros para comandar o ataque. Do lado do prefeito Marcio Lacerda (PSB), coube ao senador Aécio Neves (PSDB) criticar a "incoerência" e a tentativa de "nacionalização" da campanha por parte dos adversários. O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias negou que haja interferência nacional na disputa e disse que tem, ao "contrário de outros", história com Belo Horizonte, cidade que já governou e onde mora há 40 anos.

"Eu tenho uma relação afetiva profunda, amorosa e comprometida com essa cidade. Eu moro aqui há mais de 40 anos , já fui prefeito, vereador e relator da Lei Orgânica dessa cidade. A grande notícia dessa eleição é que o PT e o PMDB estão rigorosamente unidos em torno de um projeto democrático popular. Não há interferência". O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que acompanhou Patrus no registro também negou qualquer tipo de interferência da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, não houve promessa de cargos no governo federal para atrair o PMDB e também PCdoB e PSD. "O que houve foi negociação política feita de maneira legítima". O presidente do PT mineiro, deputado federal Reginaldo Lopes, tomou a frente dos ataques. Segundo ele, as áreas da prefeitura governadas pelo PSDB – saúde e trânsito – são as mais críticas em Belo Horizonte. "Onde o PT não ficou no governo Lacerda, não funcionou", afirmou.

Ele também justificou o rompimento alegando que se o PSB não cumpriu a palavra em uma questão pequena como a coligação proporcional, não iria honrar a "repactuação programática", uma das condições do PT para reedição da dobradinha com o PSB. Ele negou que haja nacionalização da campanha e atacou o que chamou de "vaidade do senador". "O senador quer trazer para Belo Horizonte o projeto derrotado dos tucanos por Lula e Dilma. Minas Gerais está quebrada. Não vamos deixar que os tucanos também quebrem Belo Horizonte", alfinetou.

Aécio Neves tomou a frente da tropa de choque de Lacerda e, em coletiva para anunciar o apoio de 15 partidos aliados, criticou o rompimento dos petistas, que na eleição de 2008 e na atual administração eram aliados do prefeito. O tucano acusou os petistas de tentarem usar o PSB na chapa proporcional como palanque para eleger seus vereadores. "Até sábado, 11h, as principais lideranças do PT diziam que o Marcio era a melhor alternativa. Só porque ele não aceitou o aniquilamento do seu partido para atender a mais um capricho do PT, ele deixou de ser melhor candidato?", provocou.

Nas últimas semanas de negociação, o PSDB defendeu que, se os petistas ficassem com a vaga de vice na chapa de Lacerda, não deveriam ficar com a coligação para a chapa de vereadores. Os tucanos, no entanto, não exigiram a vaga de vice que ficou para o deputado estadual Délio Malheiros (PV), até então candidato de oposição ao socialista. Aécio alegou que o PSDB não fez imposições e que os que decidiram se aliar a Lacerda – além de Délio, o deputado federal Eros Biondini (PTB) renunciou da candidatura em favor dele – escolheram por vontade própria.

Fantasmas.  O mote da campanha, segundo Aécio, será mostrar que os adversários são fruto de uma escolha nacional. "Nossa construção é mineira, dentro das nossas montanhas. No outro campo, foi toda ela – a começar pelo próprio candidato que foi ungido em São Paulo – com todos os seus aliados sem exceção fruto de interferências externas", disse. Potencial candidato à presidência em 2014, Aécio disse que não vai cair na "armadilha" de trazer a futura disputa nacional para essa eleição. "Estão vendo fantasmas, antecipando um cenário que ninguém sabe qual vai ser daqui dois anos." Sobre o fato de o vice de Lacerda ter feito oposição a ele nos últimos anos, Aécio afirmou que é bom ter um crítico no time e que o PSDB mantém a coerência ao continuar com Lacerda. "Há poucos dias a presidente Dilma veio a BH e encheu o prefeito de elogios. Ele deixou de ser competente de sábado para cá?", alfinetou.

Ao registrar o pedido de candidatura ontem no TRE, o prefeito Marcio Lacerda preferiu crítica mais branda ao rival. "Quando disseram que Patrus poderia ser meu vice afirmei que o ex-ministro tinha gabarito para mais. Continuo o respeitando, mas quem está mais preparado para governar a cidade sou eu." Lacerda demonstrou novamente que vai tentar evitar o que chamou de nacionalização da disputa pela prefeitura da capital. "A eleição é local. A cidade precisa saber dos projetos, dos resultados, dos cumprimentos de metas."

Manifestação. O registro de Lacerda ontem no TRE foi tumultuado por servidores da Justiça Federal em greve por aumento de salário. Os funcionários tentaram obstruir a entrada do prefeito no prédio do tribunal. A polícia foi chamada para garantir a saída do prefeito, que usar a garagem do tribunal. Manifestantes também protestaram contra o governo federal na hora em que Patrus chegou para registrar a chapa.

Gastos de campanha

As campanhas de Marcio Lacerda (PSB) e do ex-ministro Patrus Ananias (PT) podem chegar a custar R$ 49 milhões. A do atual prefeito pode ser duas vezes e meia mais cara do que a previsão inicial da primeira disputa, em 2008. Conforme documentação entregue ontem pelo PSB ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), as despesas em 2012 serão de R$ 35 milhões, contra R$ 14 milhões em 2008. Ao longo da última campanha, no entanto, houve pedido ao tribunal para aumento do valor, que passou para R$ 19,5 milhões depois da aprovação da Corte. A chapa encabeçada por Patrus informou que os gastos na campanha chegarão a R$ 20 milhões.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Minas rejeita intervenção

Principal cabo eleitoral de Marcio Lacerda, tucano ataca nacionalização da campanha

Juliana Cipriani

Principal cabo eleitoral da campanha do prefeito Marcio Lacerda (PSB) à reeleição, o senador Aécio Neves (PSDB) pregou ontem a municipalização da disputa e afirmou que o PT tem, no seu DNA, a priorização de preocupações partidárias sobre o interesse público. "Aqui não é uma capitania de terceira linha, aqui é o estado de Minas Gerais", disse em entrevista ao Estado de Minas. O tucano acredita que a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha adversária não será decisiva na escolha do prefeito da capital e lembra que a aliança PT-PMDB foi derrotada na disputa ao governo do estado em 2010, quando foi escolhido o tucano Antonio Anastasia. Segundo ele, o PT precisará construir outro discurso, já que, até sábado passado, havia decidido permanecer na aliança com Lacerda. Na avaliação do tucano, a disputa de outubro não terá impacto nas eleições presidenciais de 2014, quando Aécio se apresenta como potencial candidato.

O mote da campanha vai ser o combate à nacionalização?

As eleições municipais devem tratar dos temas municipais, prioritariamente pelo menos. Estou muito tranquilo porque nossa construção, que tem hoje 18 partidos, foi feita toda em Minas. Não precisamos pedir autorização de nenhuma outra parte do país. Isso nos dá legitimidade para construir aqui o nosso discurso. Os nossos adversários vão ter de construir outro porque até as 11h de sábado diziam que o Marcio era o melhor prefeito do Brasil. De uma hora para outra, porque seus caprichos não foram atendidos, ele deixa de ser. Minas rejeita esse tipo de intervenção externa. Aqui não é uma capitania de terceira linha, aqui é o estado de Minas Gerais, com tradição, com história e que tem brio, cultua seus valores. Então, estou muito confiante que o prefeito Marcio vai se identificar muito com a população de Belo Horizonte por ter sua candidatura legitimada aqui em Minas e não fora.

O senhor acha que a negativa da coligação do PSB com o PT para a eleição proporcional foi o real motivo dos petistas para o rompimento ou haveria outro?

É uma bobagem, uma coisa menor. O PT tem no seu DNA esse problema: sempre prioriza o partido, o interesse público vem em segundo plano. Foi assim ao longo da história, na eleição de Tancredo quando se negaram a dar o voto a ele quando o país queria isso, no Plano Real, quando votou contra a estabilidade econômica, pensando que perderia a eleição presidencial. Em BH, em nenhum momento o PT parou para pensar: será que é melhor eleger pelo menos dois vereadores e continuar ajudando a cidade a avançar já que participam desta administração ou fortalecer a legenda e desprezar o interesse da cidade? Prevaleceu para o PT o interesse do partido.

O senhor fala da incoerência do PT, que até ontem apoiava o Marcio e foi para o lado contrário. E o vice de Marcio Lacerda, Délio Malheiros (PV),que vinha se apresentando como nome de oposição? Não temem que isso possa ser usado pelos adversários?

Não sei, não acompanho tão de perto as críticas ao Délio. Sei que é um homem aqui de Minas, que tinha uma posição mais crítica em relação à Prefeitura e muito crítica em relação às administrações petistas anteriores. Ele ataca o aparelhamento da prefeitura, falou hoje em 20 mil cargos sem concurso público, então, tem uma contribuição a dar e isso é bom na política. O que ele percebeu foi que, no momento em que há uma interferência nacional para construir uma chapa do lado de lá e a eleição se polariza deste jeito, o seu espaço foi estreitado. Fez uma negociação política absolutamente legítima. Vai trazer senso crítico à prefeitura e isso é sempre muito bom.

Chegou a ser dito que o senhor estaria patrocinando ou incentivando outras candidaturas, algumas delas que acabaram se unindo a Marcio Lacerda agora. O senhor confirma?

Não tutelo ninguém. A presidente Dilma tinha aqui vários partidos da base dela com candidaturas diferentes, como eu tinha também partidos ligados a nós com candidaturas diferentes, que achavam que havia espaço no momento que só havia uma consolidada, a do Marcio. Eles fizeram uma avaliação de que, diante da polarização, esse espaço deixou de existir. A minha participação desde o início do processo de indicação do Marcio foi de absoluta solidariedade minha e do PSDB. Ao contrário do PT que, mesmo tendo uma parcela comandada pelo ministro Fernando Pimentel apoiando o Marcio, tem outra que não o tinha apoiado durante a campanha e uma terceira que durante todo o mandato atuou contra, liderada pelo vice-prefeito Roberto Carvalho.

Foi preciso uma restruturação da campanha em função da escolha de Patrus Ananias para disputar. Ele é o pior adversário?

Em eleição, a gente não pode escolher adversário, tem que estar preparado para a disputa política. O que posso dizer é que está sendo reeditada a disputa de 2010, com os mesmos contornos: uma aliança do PT e do PMDB com o apoio da presidente da República e do Lula, e uma candidatura construída em Belo Horizonte com o apoio das nossas forças políticas. Não sei qual será o resultado futuro, mas na última, esse conjunto de forças não foi feliz.

E como pretendem combater a participação do ex-presidente Lula na campanha, que promete ser intensa?

Acho legítimo que ele participe. Disse na eleição passada e vou repetir: o mineiro tradicionalmente recebe muito bem quem nos visita, mas nós costumamos decidir nós mesmos nosso destino e vimos isso na eleição de 2010.

Qual vai ser o papel do senhor na campanha?

Me coloquei à disposição do Marcio, a nossa estratégia vai ser sempre falar de Belo Horizonte e dos problemas reais da cidade. Vamos deixar essa tentativa de nacionalizar a campanha para aqueles que já iniciaram esse processo com as intervenções externas que foram feitas para construir uma chapa.

FONTE: ESTADO DE MINAS

No Rio de Janeiro, disputa de R$ 48 milhões

Paes pretende gastar R$ 25 milhões, R$ 2 milhões a mais que outros quatro candidatos juntos

Juliana Castro, Luiz Gustavo Schmitt

Cinco dos candidatos que concorrem à prefeitura do Rio pretendem gastar até R$ 48 milhões na campanha eleitoral, que começa oficialmente hoje em todo o país. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que tenta reeleição, registrou junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) despesas que podem chegar até R$ 25 milhões - R$ 2 milhões a mais do que os outros quatro adversários das principais coligações. Os deputados federais Rodrigo Maia (DEM) e Otavio Leite (PSDB) e os deputados estaduais Marcelo Freixo (PSOL) e Aspásia Camargo (PV) planejam desembolsar, no total, R$ 23 milhões. Ontem foi o último dia para os partidos registrarem as candidaturas junto aos cartórios eleitorais, quando precisam dizer o total de recursos que pretendem gastar para se eleger.

Para vencer em 2008, Paes entrou na disputa com o planejamento de gastar R$ 12 milhões e faltou pouco para chegar ao valor estabelecido na época. Este ano, planeja ter mais do que o dobro de despesas do que na última eleição municipal (em valores sem correção). Filho do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), Rodrigo Maia é o segundo candidato que mais planeja ter gastos, num total de 9 milhões. Entre os principais candidatos, Freixo é o que tem a menor perspectiva de gastos: 2,5 milhões. Aspásia pretende investir até R$ 7 milhões em sua campanha. É curiosamente a mesma estimativa (sem correção da inflação) que o também verde Fernando Gabeira (PV), derrotado no segundo turno por Paes, registrou no TRE-RJ durante a eleição de 2008. Para Otavio, a estimativa é de R$ 4,5 milhões. Na eleição de 2008, os seis principais candidatos estimaram o gasto de campanha em R$ 45,3 milhões.

Declarações de bens entregues ao TRE

Os candidatos entregaram também ao TRE as declarações de bens que mostram que Paes empobreceu depois que virou prefeito. É o segundo candidato com menor patrimônio, só fica atrás de Freixo. Os bens do prefeito, que antes somavam pouco mais de R$ 390 mil, agora chegam a R$ 329 mil, uma redução de 15,51%. O patrimônio de Rodrigo cresceu 13,08% em relação a 2010 e agora está avaliado em pouco mais de R$ 739 mil.

Já Freixo registrou junto ao TRE bens que somam R$ 49.267 e teve uma evolução de 72,5% em relação ao que havia apresentado na eleição de 2010. O deputado não adquiriu nenhum bem em relação ao último pleito, e a diferença está no valor que agora ele guarda no banco. Aspásia apresentou uma evolução patrimonial de 30,2%. Seus bens somavam R$ 765.943 em 2010, contra R$ 997.350 na declaração deste ano.

Os adversários de Eduardo Paes aproveitaram a diferença de valores projetados para os gastos de campanha para atacar o prefeito, que não quis rebater as críticas. Um dos coordenadores de sua campanha, Pedro Paulo, disse que os R$ 25 milhões são uma estimativa e que não significa que eles gastarão tudo o que está previsto.

Na campanha de Aspásia Camargo, o coordenador Paulo Serra disse que apostará na criatividade. Ele admitiu que o partido não vai gastar os R$ 7 milhões previstos.

- Na campanha do Fernando Gabeira, em 2010, estimamos R$ 7 milhões. Desta vez, o valor é o mesmo. Mas, esse número não é real. É uma tentativa de chegar ao teto. Não vamos conseguir arrecadar isso. Quero acreditar que de parte do prefeito seja a mesma coisa - disse Aspásia.

Para o deputado federal Chico Alencar afirmou que os custos da candidatura peemedebista extrapolam o limite do bom senso:

- Queremos saber quem está financiando isso. A campanha se mede mais pelo tamanho do bolso do que pelas ideias.

Rodrigo Maia disse que a situação de Paes não é tão confortável:

- Certamente, as pesquisas devem estar tirando o sono dele há algum tempo. Isso não surpreende nada. Ele já inaugurou hospital sem médico, creche sem professora e gastou R$ 30 milhões de publicidade com dinheiro público - disse o candidato.

O tucano Otavio Leite também disse que apostará na criatividade e criticou a campanha de Paes:

- É uma tentativa de domínio absoluto do processo político por meio das vias econômicas. Vamos apostar no quesito originalidade. E, não na categoria luxo. Nos meus três minutos e meio de TV, combateremos esse império. Também vamos usar a internet, que é um grande terreno onde as oportunidades se igualam.

FONTE: O GLOBO

TRE: inauguração é legal, mas sem pedir voto

Consultado pelo PMDB, tribunal diz que Paes está liberado para ir a evento com Dilma; MPF ainda contesta decisão

Juliana Dal Piva

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro emitiu nota ontem afirmando que a presença do prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), em uma série de inaugurações hoje é regular desde que não haja pedido de votos. A informação veio a pedido do partido do prefeito depois que o procurador regional eleitoral, Maurício da Rocha Ribeiro, do Ministério Público Federal fez um ofício há dois dias recomendando que Paes não participasse dos eventos, que contam também com a presença do governador, Sérgio Cabral, e da presidente Dilma Rousseff. Para ele, a presença de Paes seria "ilegal".

"Em resposta a consulta formulada pelo PMDB, o TRE-RJ entendeu que prefeitos que sejam candidatos a reeleição podem comparecer a inaugurações de obras públicas antes do dia 7 de julho. No entanto, não pode haver pedidos de votos nem manifestações públicas de apoio a candidaturas durante o evento", informou a nota.

Pela legislação, os candidatos ao Executivo com mandato em curso não podem participar de inaugurações ou eventos institucionais três meses antes do dia da votação. Este ano, o primeiro turno acontece no dia 7 de outubro, e hoje é o primeiro dia de campanha.

O procurador regional, no entanto, mantém a sua posição de contrariedade em relação a presença do prefeito nos eventos.

- Por que eu não cito o pedido de voto? O motivo é óbvio. Por que ele (Paes) reservou esse dia? Para que levar o governador e a presidente Dilma? Ele quer que as pessoas elogiem ele, peçam voto. Ainda que ele fique emudecido, se essas pessoas pedirem voto por ele é propaganda irregular e abuso de poder político. Na pior das hipóteses, ainda que indiretamente, a verba das obras, não pode ser usada para que ele continue se beneficiando de forma pessoal para se eleger de novo - explicou o procurador ao dizer que uma condenação por abuso de poder político pode resultar em cassação do registro e inelegibilidade.

O prefeito Eduardo Paes confirmou presença nos eventos que começam em Triagem, com a entrega de 640 unidades habitacionais financiadas pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida e pelo município.

- Por três votos a zero o TRE decidiu que posso fazer as inaugurações. Então, não há problema nenhum - finalizou Paes.

Colaborou Bruno Góes

FONTE: O GLOBO

Filho de Lula terá que devolver passaporte

Justiça ordena que documento de Luís Cláudio seja suspenso; MPF diz que emissão foi "ilegal"

BRASÍLIA. Decisão da Justiça Federal do Distrito Federal na quarta-feira, divulgada ontem, determinou a suspensão imediata do passaporte de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, concedido em 2010. A sentença atende a pedido do Ministério Público Federal no DF, que considerou a emissão "ilegal e fora do interesse do país".

De acordo com a decisão da 14 Vara Federal do DF, o Itamaraty tem cinco dias para publicar ato oficial comunicando a suspensão. Foi ordenado que a PF cumpra medida de busca e apreensão, se necessário.

Em 2011, após o fim do governo Lula, o MP começou a investigar acusações de irregularidades na concessão de passaportes diplomáticos para quatro filhos e três netos de Lula. O MP recomendou o recolhimento. A resposta, que chegou à Procuradoria da República no DF em maio, confirmou que seis passaportes foram devolvidos, faltando o de Luís Cláudio.

FONTE: O GLOBO

Dilma articula nas capitais alianças para 2014

Raymundo Costa

BRASÍLIA - A coligação eleitoral PT-PMDB em Belo Horizonte (MG) foi costurada pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, em reunião no Palácio da Alvorada. No encontro, do qual participaram o vice-presidente Michel Temer, o presidente do PT, Rui Falcão e o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Dilma destacou o PMDB como "aliado preferencial", inclusive para as eleições de 2014.

Inicialmente, afirmava-se que Dilma restringiria sua participação na campanha. Mas ela teve participação ativa em várias negociações de alianças, antes das convenções, especialmente nos maiores colégios eleitorais, decisivos para sua reeleição. Dilma participou pessoalmente das negociações nas cidades de São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.

No último acerto, o de Belo Horizonte, Dilma chamou Temer para uma reunião na noite de segunda-feira, no Palácio da Alvorada. O vice estava em São Paulo. Quando chegou, Temer já encontrou Falcão e Pimentel.

Dilma disse que seria importante reeditar em Belo Horizonte a aliança nacional, que voltou a chamar de "preferencial", sugerindo que a coligação será mantida para as eleições de 2014. Não se discutiu ministérios, mas ficou no ar, segundo o PMDB, "uma vaga promessa de mais espaço, no governo federal, para o PMDB de Minas Gerais".

A proposta de Dilma surgiu na esteira do rompimento da aliança entre o PSB e o PT, por iniciativa do integrantes do PSB e o aval do senador Aécio Neves (PSDB) e do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Temer, Falcão e Pimentel não tiveram dificuldades para, já na terça-feira, montar a nova chapa com Patrus Ananias (PT) e Aloisio Vasconcelos (PMDB).

Tanto Aécio como Eduardo Campos têm projeto presidencial. Campos, em princípio, para 2018. No momento ele tenta fortalecer o PSB para entrar na mesa de negociações, já em 2014, com mais substância eleitoral. Além de Belo Horizonte, o PSB separou-se do PT em Fortaleza e Pernambuco, onde os dois partidos disputarão com candidato próprio as prefeituras das capitais do Ceará e Pernambuco.

Cargos também permearam as negociações em Salvador e São Paulo. Na capital da Bahia, o ex-deputado Nelson Pellegrino será o candidato do PT numa coligação de 14 partidos. Entre eles, o PR do ex-senador César Borges, que chegou a se lançar pré-candidato a prefeito, mas aderiu a Pellegrino depois de ser nomeado vice-presidente de governo do Banco do Brasil, com a autorização da presidente.

A eleição de Salvador é considerada estratégica pelo PT: até agora, é a única grande capital onde o partido aparece com chances efetivas de ganhar (agora tem Belo Horizonte, cidade que já foi governada por Patrus Ananias, que deixou o cargo bem avaliado). A vitória em Salvador contém o avanço de Eduardo Campos pelo Nordeste e fortalece o governador Jaques Wagner, uma das opções do PT para a eleição presidencial de 2018.

A nomeação do ex-senador César Borges para o BB, além de assegurar o apoio do PR a Pellegrino, tem um bônus a mais: a recolocação do PR no governo federal, do qual o partido estava afastado desde a demissão do senador Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes - cargo, aliás, cobiçado pelo PMDB depois do acordo mineiro.

A negociação de São Paulo é a mais conhecida: para assegurar o tempo de televisão do PP para seu candidato, Fernando Haddad, o PT negociou o apoio do deputado Paulo Maluf, tendo como moeda de troca a Secretaria Nacional de Saneamento, que passou a ser ocupada por uma indicação pessoal. Antes, a secretaria era comandada por um nome indicado pela bancada do PP.

Em uma conversa anterior com o vice-presidente, Dilma já chamara a atenção de Temer para a movimentação de Eduardo Campos, o que boa parte do PMDB entendeu como uma ameaça de a presidente trocar o PMDB por Eduardo, em 2014.

Apesar de ter comparecido a solenidades de candidatos da aliança às eleições de outubro, a intenção de Dilma é se resguardar no primeiro turno, o que está sendo difícil. As pressões sobre a presidente aumentaram por causa da impossibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participar com intensidade da campanha, como planejado.

A ideia era que Dilma entrasse com mais desenvoltura no segundo turno, projeto que está sendo atrapalhado pela convalescênça de Lula. A prioridade da presidente e do antecessor é jogar Fernando Haddad no segundo turno da eleição da cidade de São Paulo. Daí a proliferação de candidaturas aliadas. A avaliação é que, se houver a segunda rodada, os aliados todos se unirão contra o tucano José Serra.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Serra ataca União em seu programa de governo

Raphael Di Cunto

SÃO PAULO - O ex-governador José Serra, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, ataca o governo federal em seu programa de governo, registrado ontem no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), e diz que a capital paulista é "um verdadeiro país em contínua transformação, à procura de mais desenvolvimento, de novos horizontes". O trecho é uma resposta aos adversários, que alimentam os rumores de que o tucano, se eleito, renunciará ao cargo de novo para concorrer à Presidência em 2014.

Em 2004, Serra foi eleito prefeito de São Paulo com a promessa de não deixar o cargo. Um ano e três meses depois da posse, porém, ele renunciou para concorrer ao governo do Estado. A sete meses do fim do mandato de governador, nova renúncia, desta vez para concorrer a presidente em 2010.

No programa de governo, Serra exalta as qualidades do município e diz que a União precisa fazer mais pelos paulistanos. "Temos o direito de receber mais, com justiça. Basta lembrar que o governo federal arrecada na capital paulistana R$ 143 bilhões por ano. E devolve menos de R$ 2 bilhões", afirma.

O tucano coloca a renegociação da dívida da prefeitura com o governo federal como o "primeiro passo" desse processo e alfineta a administração da presidente Dilma Rousseff (PT). "Os governos estaduais do PSDB e de seus aliados em São Paulo, pelo comportamento republicano, leal, produtivo e consequente, são um exemplo de comportamento para a esfera federal. Aqui sempre investimos com intensidade e seriedade", diz.

Serra também ataca o candidato do PT, Fernando Haddad. "Administrar com inovação, planejamento e capacidade de gestão e realização não é tarefa que se resolva por tentativa e erro, ou que se possa cumprir por simples apadrinhamento."

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Em Recife, campanha toma conta das ruas

Começa oficialmente a temporada de corpo a corpo dos candidatos. No Recife, oito nomes disputam a sucessão de João da Costa.

Campanha chega às ruas a partir de hoje

Eventos estão liberados. Guia na TV só em agosto

Sérgio Montenegro FilhoRealizadas as convenções partidárias e registrados os postulantes aos cargos de prefeito e vereador, começa hoje a campanha eleitoral. No Recife, o desafio dos candidatos é torná-la tão emocionante quanto foi o período que a antecedeu, marcado por episódios polêmicos e surpresas de última hora. Em todo o Estado, estarão em jogo 184 prefeituras e centenas de vagas nas câmaras municipais.

Na capital, oito nomes disputam a sucessão de João da Costa (PT), um dos protagonistas do episódio mais turbulento da pré-campanha: a prévia no PT. O prefeito teve que disputar a indicação com Maurício Rands. Venceu, mas não levou, graças à intervenção da cúpula nacional, que anulou a primária e indicou o senador Humberto Costa como candidato. Rands também teve papel de destaque, anteontem, quando surpreendeu os aliados ao anunciar sua saída do PT, a renúncia ao mandato de deputado federal e o pedido de demissão do cargo de secretário, além de elogiar o candidato do PSB, Geraldo Julio.

O período de articulações trouxe outras surpresas, que terão desdobramentos na campanha. A principal foi a reaproximação entre o governador Eduardo Campos (PSB) e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), após 20 anos de rompimento. Por outro lado, os socialistas se afastaram do PT, lançando nome próprio.

Na oposição, o entendimento também passou ao largo. Após ensaiarem a aliança batizada de Mesa da Unidade, os quatro principais partidos implodiram as conversações. O PMDB decidiu apoiar o governador, PSDB e PPS montaram uma chapa com o tucano Daniel Coelho e a pós-comunista Débora Albuquerque, e o DEM lançou a candidatura de Mendonça Filho, aliado ao PMN. Estão no páreo mais quatro candidatos: Jair Pedro (PSTU), Roberto Numeriano (PCB/PSOL), Esteves Jacinto (PRTB) e Edna Costa (PPL).

É com esse quadro que o recifense vai conviver a partir de hoje, quando está liberada a propaganda eleitoral nas ruas, incluindo os tradicionais carros de som, caminhadas, distribuição de material publicitário e os raros comícios. A internet também está liberada para uso eleitoral.

Pela Lei Eleitoral, só em 21 de agosto terá início apropaganda gratuita de televisão e rádio, que repetirá a fórmula de pleitos anteriores, com dois blocos diários de 20 minutos e várias inserções de trinta segundos ao longo da programação. No dia 7 de outubro acontece o primeiro turno e, nas cidades com mais de 200 mil eleitores, poderá haver segundo turno no dia 28 de outubro.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Daniel Coelho (PSDB/PPS/PTdoB) anuncia equipe de campanha

Paulo Augusto

No primeiro dia oficial de campanha, o deputado estadual e candidato a prefeito do Recife Daniel Coelho (PSDB/PPS/PTdoB) vai aproveitar para realizar reuniões com sua equipe e anunciar, provavelmente numa coletiva, os nomes de sua tropa de choque – incluindo a coordenação-geral e os responsáveis pela publicidade e pela comunicação.

No momento, o tucano ainda está aguardando a confecção de seu material – santinhos, cartazes, banners e afins – para entrar em ritmo de campanha pra valer. Isso não vai impedir, no entanto, Daniel Coelho de já fazer suas primeiras movimentações no final de semana. Amanhã, ele e sua vice, a presidente estadual do PPS, Débora Albuquerque, darão a largada oficial numa trilha ecológica na mata do Engenho Uchoa. Já no domingo, um outro ato está sendo programado, mas ainda não foi divulgado.

Com relação à disputa proporcional, juntos, PSDB e PTdoB estão formando uma chapinha com 54 candidatos. Já o PPS, embora presente na chapa majoritária, vai entrar sozinho na disputa para a Câmara Municipal, com 53 postulantes. A grande incógnita está em relação à participação ou não do ex-deputado Raul Jungmann. Apesar da pressão de integrantes da legenda – incluindo o presidente nacional, deputado federal Roberto Freire (SP) – para que Jungmann entre na disputa, o pós-comunista tem resistido às investidas dos aliados.

Questionado sobre o assunto, o ex-deputado diz que está estudando a questão e que tem tempo para definir – os partidos têm até o início de agosto para completar as chapas proporcionais. Nos bastidores, no entanto, comenta-se que Jungmann não estaria disposto a entrar na disputa por receio de não ser eleito – uma vez que a disputa pela vereança possui características próprias, que possivelmente não casasse bem com o discurso do político, que tem como alvo prioritário conquistar o chamado “voto de opinião”.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Em Recife, Geraldo vai a ato em clima de campanha

Militares, Secretários estaduais enaltecem candidato do PSB em noite de festa pelos 68 anos do Clube dos Oficiais de Pernambuco

Sheila Borges

A festa em homenagem aos 68 anos de fundação do Clube dos Oficiais de Pernambuco se transformou ontem à noite em palco para a apresentação do candidato a prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), que é apoiado pelo governador Eduardo Campos (PSB). A campanha eleitoral começa oficialmente hoje. De acordo com o presidente da entidade, coronel Ribeiro, Geraldo foi a personalidade escolhida para ser homenageada por dois motivos: por ser um dos idealizadores do programa Pacto pela Vida e por não ter recebido a medalha concedida a ele há três anos.

“Quando o Clube completou 65 anos, o ex-secretário de Planejamento não pôde vir. Está recebendo agora. Geraldo é merecedor. Foi o primeiro gestor do Pacto pela Vida. Hoje, o momento é importante porque o Recife registrou uma redução de mais de 40% nos homicídios. Ele tem o mérito porque ajudou na segurança do povo de Pernambuco”, disse, referindo-se a Geraldo como “o seu professor”. Depois do coronel Ribeiro, os secretários estaduais de Planejamento, Alexandre Rebelo, e de Defesa Social, Wilson Damásio, fizeram discursos enaltecendo o perfil de gestor de Geraldo, principalmente para quem ainda não conhecia o candidato. Segundo os organizadores, 400 oficiais e familiares foram à festa.

Rebelo deu um depoimento argumentando que o Recife estava perto de fazer uma escolha e que ele, como já havia trabalhado com Geraldo, poderia dar um depoimento para que as pessoas pudessem saber quem é o candidato. “Quando cheguei ao governo, não conhecia Geraldo. Com o tempo, tive a oportunidade de conhecer um dos maiores gestores do País”, falou, citando dois exemplos: os desempenhos dele nos comandos das equipes do Pacto e da reconstrução das cidades da Mata Sul atingidas pela enchente de 2010. “É o melhor candidato que a gente poderia ter. Vamos colocar na Prefeitura do Recife um dos melhores gestores do Brasil”, concluiu.

Em seguida, coube a Damásio “saudar o futuro prefeito”. “Acredito no futuro, tenho certeza que o melhor para o Recife é Geraldo. O Recife vai estar no rumo certo, só resta a gente votar certo. Tem muita gente aqui da secretaria (Defesa Social) e todos estão com você”, falou, olhando para o candidato. Quando foi discursar, Geraldo advertiu que não estava ali como candidato, porque a campanha só começaria no dia seguinte (hoje): estava ali participando da festa como amigo dos oficiais. Mesmo cauteloso, não deixou de passar um recado como candidato. “Minha expectativa é fazer uma integração firme com o Pacto pela Vida (replicar o modelo na prefeitura). O Recife passou muitos anos sendo a capital mais violenta, passamos esse troféu adiante. Hoje, está mais segura e esse trabalho contou com todos vocês”, enalteceu.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

CPI convoca Cavendish, Pagot e Raul Filho

Requerimento para ouvir Paulo Preto gera queixas de tucanos, que queriam que ex-tesoureiro de Dilma também fosse chamado

Chico de Gois

BRASÍLIA . A CPI do Cachoeira aprovou ontem a convocação do dono da construtora Delta, Fernando Cavendish; do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot; do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT); e da ex- mulher de Cachoeira Andréa Aprigio. Também foi convidado o ex-juiz do caso, Paulo Augusto Moreira Lima, da 11 Vara de Goiânia.

Os requerimentos foram votados em bloco e a aprovação foi unânime, com 28 votos. Raul Filho aparece em um vídeo, gravado por Cachoeira, negociando com o contraventor doação de caixa dois para sua campanha, em 2002, e eventual participação de empresas do grupo do bicheiro na administração. Ele havia se prontificado a comparecer à CPI.

A convocação de Cavendish foi motivo de queda de braço entre parlamentares que apoiam o governo e a oposição desde o início dos trabalhos da CPI, em maio. A oposição e parlamentares independentes, como o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT), insistiam em levar Cavendish à CPI porque há gravações interceptadas pela Polícia Federal nas quais ele diz que compra parlamentares por R$ 6 milhões. Já deputados e senadores da base do governo evitavam a convocação por temerem que o depoimento dele virasse o foco da CPI para o governo federal.

Há cerca de duas semanas, os requerimentos para convocar o dono da Delta foram derrotados. Na ocasião, Miro Teixeira acusou parlamentares, sem citar nomes, de integrarem a "tropa do cheque". Ele também informou que alguns parlamentares haviam se encontrado em Paris com Cavendish. Um dos participantes do encontro foi o senador Ciro Nogueira (PP-PI), acompanhado da mulher, deputada Iracema Portela (PP-PI). Nogueira confirmou ser amigo de Cavendish. Ontem, ele não compareceu, mas Iracema foi favorável ao depoimento.

- Se não convocássemos o senhor Cavendish, não convocássemos o senhor Luiz Antônio Pagot, não convocássemos o senhor prefeito de Palmas, nós sepultaríamos esta CPI - disse Randolfe.

Também foi aprovada ontem a convocação do ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa) de São Paulo, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. Em entrevista à revista "IstoÉ", o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot o acusou de pressionar por aditivos na obra do Rodoanel.

De acordo com o ex-diretor do Dnit, o dinheiro iria para o caixa dois da campanha do então candidato a presidente José Serra (PSDB). Pagot também contou ter sido procurado pelo então tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, deputado José de Filippi Júnior (PT-SP), para que lhe apresentasse empresas para contribuir com a campanha.

A convocação de Paulo Preto gerou bate-boca entre parlamentares de PT e PSDB. Os tucanos queriam que Filippi também fosse chamado a depor, mas o relator Odair Cunha (PT-MG) não aceitou incluí-lo, alegando que não havia indícios de que Filippi tivesse praticado algum crime.

- Não ouvir Filippi é adotar dois pesos e duas medidas. É uma desmoralização para esta CPI - reclamou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias.

FONTE: O GLOBO

Atos da CPI viram duelo entre governo e oposição

Os integrantes da CPI do Cachoeira aprovaram ontem a convocação de Fernando Cavendish (Delta Construções), Luiz Antônio Pagot (ex-diretor do Dnit) e Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto (ex-diretor da Dersa). Os três só prestarão depoimento após 31 de julho, final do recesso parlamentar. E não serão obrigados a falar, já que se tornou prática os convocados pela CPI apresentarem habeas corpus para não responder às perguntas dos parlamentares. A convocação de Paulo Preto é um recurso que o PT pode lançar mão visando às eleições. Ele é acusado por Pagot de usar a Dersa - responsável pelas obras rodoviárias no Estado de São Paulo - para fazer caixa 2 para campanhas de tucanos. Antes do recesso, os parlamentares pretendem ouvir o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT)

CPI do Cachoeira tenta "ressuscitar" e chama dono da Delta e ex-chefe do Dnit

Depoimentos devem ocorrer em agosto, em período eleitoral e simultaneamente ao julgamento do mensalão

Eugênia Lopes

A CPI do Cachoeira aprovou nesta quinta-feira, 5, a convocação do dono da Delta, Fernando Cavendish. A construtora, que toca obras do governo federal e de diversas gestões estaduais e municipais, é suspeita de integrar um esquema de fraudes por meio do grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Em interceptação telefônica da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, o empresário sugere obter contratos públicos mediante pagamento de propina.

Além de Cavendish, os integrantes da comissão aprovaram a convocação de outras testemunhas que podem trazer problemas políticos tanto para governistas quanto para opositores. São eles o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot, e o ex-diretor da empresa responsável pelas obras rodoviárias paulistas (Dersa), Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.

As convocações são uma tentativa de tentar "ressuscitar" a CPI, cujos integrantes passaram a ser alvo de duras críticas após terem barrado a presença de Cavendish e de Pagot duas semanas atrás. Os depoimentos dos dois, além do de Souza, devem ocorrer só em agosto, por causa do recesso do Congresso Nacional, que vai de 18 a 31 de julho.

Antes do recesso, no entanto, os parlamentares da comissão pretendem ouvir o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), flagrado em vídeo no qual promete benefícios a Cachoeira em troca de ajuda financeira para sua campanha ao cargo em 2004. A previsão é que o petista vá ao Congresso já na próxima terça-feira.

Blindagem. A aprovação das convocações de Cavendish, Pagot e Souza só ocorreu após acordo entre os integrantes da comissão. Eles decidiram que, se o depoente conseguir um habeas corpus que garanta seu silêncio – vários já obtiveram o benefício, inclusive Cachoeira –, será dispensado sem que sejam registradas perguntas. "Isso é uma piada. Fizeram um grande acordo colocando uma mordaça nos parlamentares para proteger todos os que foram convocados hoje (quinta) pela CPI", disse o deputado federal Silvio Costa (PTB-PE).

O advogado do dono da Delta, Técio Lins e Silva, disse nesta quinta esperar que a CPI desista da convocação. "Ele nada tem a dizer."

A ida do ex-diretor da Dersa à comissão foi um contraponto obtido pelos governistas à convocação de Cavendish. A companhia paulista foi responsável pela ampliação da Marginal do Tietê, obra da qual a Delta fez parte. Souza é acusado por Pagot de fazer caixa 2 para campanhas do PSDB – a sigla nega a denúncia.

Trata-se de algo que petistas pretendem usar politicamente. Até porque os depoimentos ocorrerão em agosto. É o mês em que a campanha vai esquentar por causa da propaganda eleitoral de TV. Também é o mês em que o Supremo Tribunal Federal iniciará o julgamento do mensalão, cujo resultado poderá prejudicar o desempenho do partido.

Para retaliar o PT, os tucanos tentaram aprovar a convocação do deputado petista José de Filippi Júnior (SP), tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2010. Ele também teve seu nome mencionado por Pagot. O PSDB, no entanto, foi derrotado.

"Ele (Filippi Júnior) arrecadou dinheiro para a campanha", afirmou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). "No caso de Paulo Preto há denúncia de que a verba foi para caixa 2 e no caso de Fillipi que houve pedido de arrecadação de campanha no caixa 1", afirmou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).

Outros convocados. Na última sessão administrativa antes do recesso, os integrantes da CPI aprovaram ainda a convocação de Andréa Aprígio, ex-mulher de Cachoeira, e do empresário Adir Assad, dono de empresas pelas quais teriam transitado recursos da Delta. Também foram aprovados os pedidos de quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico, de SMS e de rádio de pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Foi o caso de Jayme Rincon, presidente da Agência Goiânia de Transportes e Obras Públicas (Agetop) e ex-tesoureiro da campanha de Perillo, e de Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do tucano.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

PF prende ‘faxinado' da Valec

A PF prendeu José Francisco das Neves, afastado da presidência da estatal Valec na "faxina" do governo. Ele é acusado de corrupção.

PF prende "faxinado" dos Transportes

Ex-presidente de estatal ferroviária, Juquinha é suspeito de corrupção; defesa classifica ação como arbitrária e afirma que vai recorrer

Fábio Fabrini

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, 5, o ex-presidente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, José Francisco das Neves, o Juquinha, acusado de ocultar e dissimular bens supostamente obtidos por meio de corrupção. Na Operação Trem Pagador, desencadeada em Goiânia, também foram presos suspeitos de ligação com o esquema a mulher, um filho e um sócio de Juquinha.

A Valec é a estatal que cuida de obras como a Ferrovia Norte-Sul. Juquinha dirigiu a estatal em todo o governo Lula e foi afastado do cargo em julho, na "faxina" da presidente Dilma Rousseff.

Juquinha é investigado por inflar custos da Norte-Sul em Goiás e no Tocantins, beneficiando empreiteiras. Perícias da PF apontaram sobrepreço e superfaturamento superiores a R$ 100 milhões. Ao fazer o levantamento de bens do ex-dirigente para eventual ressarcimento de prejuízos, o Ministério Público Federal (MPF) em Goiânia descobriu um patrimônio em nome dele, de parentes e de laranjas, estimado em R$ 60 milhões.

Além das prisões, a Justiça autorizou o sequestro de bens e bloqueou contas. A fortuna inclui oito fazendas, uma delas avaliada em R$ 8 milhões, apartamento, terrenos e casas em condomínios fechados. Segundo a PF, a fortuna é incompatível com a renda de servidor público.

"Na Valec, ele ganhava de R$ 13 mil a R$ 20 mil. É um salário de alto escalão, mas que não deixa ninguém rico", afirmou o delegado da PF Eduardo Scherer. Quando se candidatou a deputado federal, em 1998, Juquinha declarou à Justiça Eleitoral patrimônio inferior a R$ 560 mil.

O procurador da República Hélio Telho explicou que os bens eram adquiridos em dinheiro ou por meio de empresas em nome de parentes e laranjas de Juquinha – algumas foram criadas só para administrar os bens. A quebra de sigilos bancário e fiscal mostrou que ele simulava empréstimos para justificar a transferência de patrimônio aos filhos, que tampouco tinham renda para obtê-lo. "O objetivo da operação é evitar que os bens desapareçam, para o futuro ressarcimento, e sufocar a organização economicamente", disse Telho.

Vizinhança. Atual presidente do PR em Goiás, Juquinha foi preso na manhã de quinta no condomínio Alphaville, em Goiânia, o mesmo em que a PF deteve em fevereiro o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Juquinha, a mulher, Marivone Ferreira das Neves, o filho Jader Ferreira das Neves e o sócio Marcelo Araújo Cascão vão ficar detidos em Goiânia. Os mandados de prisão temporária expiram em cinco dias. Outras sete pessoas, entre elas mais dois filhos de Juquinha – Jales Ferreira das Neves e Karen Ferreira das Neves –, foram levadas à sede da PF para prestar esclarecimentos.

Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão. Pela manhã, a PF vasculhou as salas da Assessoria de Controle na Valec. As servidoras Maria Emília da Costa Lamar e Marineide Pereira da Silva foram detidas temporariamente para depoimento. Elas são suspeitas de receber valores para preparar documentos que ajudassem Juquinha em suas defesas no Tribunal de Contas da União (TCU), mesmo após seu afastamento da estatal. Há indícios de que alguns papéis foram preparados para regularizar aditivos contratuais.

O advogado de Juquinha, Heli Dourado, classificou a prisão como arbitrária, alegando que seu cliente tem colaborado com as investigações. Ele vai pedir um habeas corpus. Dourado conversou com Juquinha por telefone e o descreveu como "muito abalado". "A única expressão dele foi: "Me tire daqui, senão vou morrer"." O PR não comentou o caso.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Escândalo sobre trilhos

O trem de planos mirabolantes da Valec está descarrilando. A Polícia Federal descobriu um esquema milionário de desvio de recursos públicos na estatal que deveria zelar por ferrovias no país. A empresa converteu-se num pátio de escândalos.

Ontem, a PF prendeu José Francisco das Neves, mais conhecido como Juquinha. Por oito anos, ou seja, durante todo o governo Lula, ele presidiu a Valec, estatal que cuida de obras como a encrencada ferrovia Norte-Sul. Durante sua gestão, embora tocasse empreendimentos importantes para o PAC, cuja "mãe" é hoje presidente do Brasil, não foi incomodado. Até que, um ano atrás, depois de muita lambança, Juquinha foi mandado para casa pela professora Dilma.

Agora, numa operação batizada "Trem Pagador", a PF descobriu que Juquinha tinha enchido os bolsos, não de bala, mas de muito dinheiro. No tempo em que esteve na Valec, sua fortuna - camuflada em nome de esposa, filho e um monte de terceiros - teria crescido 830%, para algo na casa de R$ 60 milhões, como descobriu O Globo. Haja vagão para tanta grana.

Juquinha chegou à Valec pelas mãos de José Sarney, o bem-tratado aliado do PT que, em 1987, deu início à Norte-Sul por meio de uma concorrência fraudulenta. Em sua gestão, o apadrinhado deixou um rastilho de malfeitorias, trilhos por onde não se trafega, fábricas de dormentes que só produzem prejuízos e licitações destinadas a avançar sobre os cofres do Estado.

Nos inquéritos que resultaram na prisão de Juquinha, a PF já constatou superfaturamento de R$ 129 milhões só na construção de trechos da Norte-Sul em Goiás. As fraudes teriam beneficiado o presidente da estatal e mais três pessoas. A construtora Delta, que tinha contratos de R$ 574 milhões com a Valec, também pode estar envolvida no esquema.

Mas o rombo produzido por Juquinha e sua turma nos cofres públicos deve ser muito maior. Há um mês, o Valor Econômico já havia revelado que cerca de R$ 400 milhões terão de ser gastos apenas para consertar obras malfeitas durante a gestão dele à frente da estatal. Os contratos envolviam uma série de falcatruas.

O nova gestão da Valec descobriu dormentes adquiridos com preço 36% acima do que seria possível, prejuízo potencial próximo a R$ 200 milhões na aquisição de trilhos e quase mil quilômetros de ferrovias para transportar grãos e minérios sem um único pátio para os caminhões fazerem carga e descarga, como revelou O Estado de S.Paulo em junho.

A Norte-Sul poderia ser uma vistosa realização, mas, nas mãos do PT, se converteu num comboio de corrupção, ineficiência, roubalheira e incapacidade de gestão. Embora a obra fosse tida como prioritária no PAC, os descalabros que fizeram com que ela atrasasse pelo menos três anos passaram incólumes sob o nariz da "gerente" Dilma Rousseff.

Reiteradamente, a conclusão da Norte-Sul foi prometida por Lula e Dilma para 2010, mas só sairá, se sair, em fins de 2013. O atraso penaliza quem trabalha e produz, notadamente os agricultores do Centro-Oeste brasileiro.

Sem a opção ferroviária, cerca de 12% das cargas ficam pelas estradas, o custo do frete no país sai muito mais caro que o de seus concorrentes e o Brasil perde R$ 12 bilhões por ano entre cargas não transportadas, tributos não arrecadados e prejuízos com o uso de caminhões, como mostrou a Folha de S.Paulo em junho.

O modal ferroviário demanda atenção do poder concedente, de forma a tornar-se mais competitivo e uma opção real para que o país reduza seus dispêndios com logística, que levam US$ 80 bilhões das empresas brasileiras por ano. Mas, hoje, os trilhos estão subaproveitados e os custos são muito mais altos do que poderiam ser num ambiente mais adequado.

No entanto, ao invés de concentrar-se em reformar o modelo, injetando mais concorrência e eficiência, o governo federal prefere apelar para ideias mirabolantes, como a do trem-bala: só o seu projeto de engenharia custará R$ 540 milhões, revela hoje o Valor. O PT insiste em levar adiante a obra, que ninguém sabe sequer por quantas dezenas de bilhões sairá.

Ao mesmo tempo, o governo Dilma quer que as futuras expansões da malha ferroviária sejam tocadas pela encrencada Valec: programa-se para os próximos anos a construção de 2,7 mil quilômetros de trilhos, em investimentos que podem chegar a R$ 13,7 bilhões, tudo com recursos públicos. Como Juquinha está cansado de saber, pode ser mais uma chance para o desvio de mais um comboio de dinheiro do contribuinte.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Diplomacia aparelhada do PT :: Roberto Freire

O governo Dilma, em desrespeito aos princípios constitucionais de não intervenção e autodeterminação dos povos, não só apoiou a suspensão do Paraguai no Mercosul até que haja novas eleições, como aproveitou a suspensão para aprovar a entrada da Venezuela no bloco, em desacordo com o tratado do combalido Mercosul, que exige que a aprovação de todos os parlamentos dos países membros para adesão de novo sócio.

O Paraguai, até a suspensão, não havia aprovado a entrada da Venezuela.

O impeachment do então presidente Lugo preocupa por sua celeridade, que segundo nossa legislação poderia configurar cerceamento de defesa.

No entanto, a Corte Suprema do Paraguai confirmou a constitucionalidade da decisão do Parlamento.

As instituições do Paraguai continuam em pleno funcionamento e as eleições marcadas para abril de 2013 estão mantidas. Portanto, não houve rompimento da ordem democrática que ensejasse uma pena tão alta como suspensão do Mercosul baseada na cláusula democrática do bloco.

Pior ainda é aproveitar o momento de suspensão do Paraguai para desconsiderar a necessidade de aprovação do nosso vizinho e sócio fundador do Mercosul para aprovar a adesão da Venezuela - esse sim um país em que a democracia é questionável, onde as instituições são manipuladas pelo presidente que se mantém no poder há quase 14 anos e que ainda disputa a reeleição, e onde há perseguição política à imprensa.

Estive presente em Montevidéu na segunda, dia 2 de julho, para mais uma sessão ordinária do Parlamento do Mercosul, que foi aberta e logo finalizada por falta de quórum.

As chancelarias da Argentina e do Uruguai solicitaram aos seus parlamentares que não fossem ao encontro, convocado pelo presidente do Parlamento, o deputado Ignácio Mendoza, do Paraguai.

Defendi a permanência do Paraguai no Parlasul que é a representação dos povos do bloco e não dos governos, e me solidarizei com o país vizinho. Considero que a manutenção do calendário eleitoral paraguaio e a não ingerência externa são as melhores maneiras para solucionar a crise política que passa o Paraguai.

O episódio no Parlasul onde tanto o governo argentino quanto o uruguaio defendiam a exclusão do Paraguai daquele Parlamento lembrou-me a Conferência ocorrida em1962, também, no Uruguai, em que os Estados Unidos conseguiram, com o apoio dos países de sua zona de influência, a expulsão de Cuba da OEA.

O diplomata brasileiro San Tiago Dantas, na época, reagiu à proposta e sustentou o princípio da autodeterminação dos povos e não intervenção, que são hoje bases fundamentais da nossa política externa e encontramse inscritos no incisos III e IV do art. 4? da nossa Constituição.

Essa política imperialista de uma Tríplice Aliança "bananeira" e déjà vu se assemelha na prática aquilo que os americanos, tendo como instrumento a OEA, utilizavam para intervir no que consideravam o seu quintal.

A diplomacia brasileira hoje não se comporta como representação do Estado brasileiro, mas como instrumentos da ideologia do PT.

O legado nefasto que os governos de Lula e Dilma deixarão para nosso país é a evidente falência do projeto de integração regional baseada no multilateralismo

que agora não passa de mais um instrumento da política externa de Chávez.

Presidente do PPS e deputado federal (SP)

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

Fantasmas no caminho :: Fernando Gabeira

A imprensa vê nuvens cinzentas e o governo, céu azul. O que vejo eu, com tão precários instrumentos de observação?

Num intervalo de meus compromissos visitei um shopping center em São Paulo. As lojas estavam vazias. Eram 14 horas. Os compradores já se foram ou ainda não chegaram, pensei. Nos restaurantes os garçons perfilavam-se à espera do primeiro visitante para cercá-lo de todo o excedente de atenção que as circunstâncias permitiam. Alguma coisa estava acontecendo com o consumo. Li que o índice de inadimplência atingira o nível mais alto dos últimos tempos e as famílias brasileiras comprometem um quinto de sua renda com dívidas. Um articulista do Financial Times vê uma bolha de crédito e alerta para o perigo de estourar. Será que havia relação entre alguns dados e o que eu via nas lojas desertas?

O olho pode enganar. O governo reduziu impostos de carros, lançou um pacote de compras, continua apostando no estímulo ao consumo, como em 2008. Os limites vão sendo empurrados para a frente. Podem ser mais elásticos do que parecem. O governo não estaria, como costumam fazer alguns generais, travando hoje a batalha da guerra passada?

Vejo nuvens cinzentas no céu azul. Será que vai chover? O otimismo político traz-me insegurança em certos momentos.

A Petrobrás, por intermédio de Graça Foster, admitiu a necessidade de tornar mais realistas os seus planos estratégicos. Com isso reconheceu ser preciso pôr os pés na terra. Alguns observadores acham que nem na terra ainda ela pôs os pés, só se aproximou dela. O ex-presidente José Sérgio Gabrielli já se prepara para disputar eleições. Na nova profissão vai poder sonhar à vontade: construir uma nova Bahia, meu rei. O bilionário Eike Batista também sentiu o frio na barriga com a queda de sua empresa da área do petróleo. Só que Eike é o dono da empresa e tem de segurar a onda.

Saí de São Paulo com medo do fantasma da bolha e encontrei em Goiás o fantasma da casa - a casa do governador Marconi Perillo, que teria sido comprada por Carlinhos Cachoeira. Nos quatro dias em que convivi com os goianos na bela cidade de Cora Coralina duvidei, de novo, dos meus olhos. É que levava de São Paulo a impressão que me passou um editor de jornais de TV: quando entra a CPI do Cachoeira, cai a audiência. Achava natural. A maioria da CPI joga como um time que não quer jogar, dando chutões para cima e muita bola para a lateral. São aqueles jogadores que parecem nos dizer: "Olha, o jogo já acabou, é melhor ir saindo porque você não vai perder nada, não corre o risco de ouvir um grito de gol já no ponto do ônibus".

Em Goiás, quando entra a CPI do Cachoeira, quase todos se aproximam da TV. Isso diz respeito à vida de um dos Estados mais importantes do Brasil. Nas telas há um fantasma da casa, povoada de inúmeros fantasminhas vestidos de cheque bancário. Eles passam e voltam, mas os espectadores estão atentos. A casa e os cheques envolvem o governador do Estado.

O impacto do escândalo Cachoeira pegou Goiás em cheio. Quem conheceu o senador Demóstenes Torres ou votou nele ficou chocado, até mesmo com o tom subalterno com que tratava Cachoeira. Goiás merecia um bom trabalho do Congresso. Como merece o País, sobretudo após a divulgação de que sete empresas fantasmas receberam R$ 93 milhões da Delta.

Nesse mundo povoado de fantasmas a realidade vai penetrar, como o fez na economia. Num jogo de futebol é possível retardar a partida, truncá-la até o apito final. Mas na CPI do Cachoeira não haverá apito final. Uma parte da audiência pode ter-se perdido, porque o jogo é muito feio. Goiás, Tocantins, Brasília tendem a ficar de olho, mesmo se os congressistas continuarem jogando a bola para a lateral, mesmo que caia a audiência da CPI nos jornais noturnos.

É simples assim: muita gente no País sabe que está sendo roubada, gostaria de saber quanto roubaram, quem será punido e como devolver o dinheiro aos cofres públicos. Se isso for negado, viveremos numa bolha de outra natureza, que só um movimento popular pode estourar. O limite de endividamento foi atingido, por que não o seria o da paciência? A estrutura política, além de ostensivamente dispendiosa, recebe milhões de reais em propinas. E, ainda por cima, retorna muitos milhões de dinheiro público para retribuir a quem a suborna. Esse mecanismo perverso não pode durar. É uma ilusão esperar que seja um fato natural, aceito como a sucessão das estações do ano.

Talvez eu me tenha iludido com o que vejo ou mesmo sido levado a pensar assim por causa do percurso São Paulo-Brasil Central, do centro econômico às bases de operação de Cachoeira. Nuvens cinzentas ou apenas um relâmpago no céu azul? País fantástico ou fantasmagórico? Chega um momento em que é preciso contar com os próprios olhos: a decadência política e o aparente esgotamento de um modelo econômico são muito volumosos para passarem despercebidos. O enlace dos dois e os filhos que vão gerar são apenas a intuição da viagem.

Em 2014 o golpe militar fará meio século. Será o ano da sétima eleição direta para presidente. Melhorou muito a situação do nosso povo mais pobre. Mas a realidade eleitoral aprisionou o processo político e o levou a amplo descrédito. A maioria dos políticos seguirá vendo a história como uma eleição depois da outra. Um expoente como Lula, que conheço desde o meio da década de 1980, não elabora sobre os caminhos nacionais, dispõe-se a morder a canela dos adversários na eleição paulistana.

Às vezes, no exílio, julgava estar delirando. O amigo Francisco Nelson me confortava: "Você está lúcido". Chico Nelson, infelizmente, morreu há alguns anos. Será que estou vendo mesmo o homem reputado internacionalmente como um estadista mordendo canelas numa eleição municipal? Saudades do Chico Nelson. Chegamos juntos do exílio, em 1979. Nesses momentos aparece para mim, confirmando a frase de um escritor francês: não visitamos os mortos, eles é que nos visitam.

É jornalista

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Processo viciado:: Merval Pereira

A montagem das alianças políticas para a eleição municipal está explicitando os piores defeitos do sistema partidário brasileiro, a começar pela troca de minutos de propaganda eleitoral por apoios pontuais, com a truculência das direções nacionais impondo decisões aos órgãos municipais, sem respeitar interesses locais nem eventuais programas de governo.

Em Belo Horizonte, onde o PT e o PSDB disputarão uma eleição separados depois de uma aliança vitoriosa que elegeu Marcio Lacerda, do PSB, prefeito da capital mineira, cada partido acusa o outro de ter rompido a aliança querendo nacionalizar a disputa.

Da parte do governo, a própria presidente Dilma Rousseff entrou no jogo para levar o PMDB e o PSD a apoiar a candidatura do petista Patrus Ananias.

Do lado do PSDB, o senador Aécio Neves manobrou para separar o PSB do PT, aproveitando a maneira insaciável que os petistas têm para fazer alianças.

O PT já tem a grande maioria dos cargos da prefeitura, há quem diga que ocupa 70% dos cargos públicos, e queria fazer uma chapa única de vereadores para se aproveitar da força do PSB e do PSDB locais.

O PMDB, instado por Dilma e louco para demonstrar sua lealdade governista, abriu mão da candidatura própria, dizem que em troca de mais um ministério para a base mineira do partido, o que incluiria o ex-governador Newton Cardoso e o ex-candidato Hélio Costa.

É provável que haja dissidências internas, assim como aconteceu no PSD mineiro, que rejeitou a intervenção no diretório municipal e fez uma ata apoiando a candidatura de Marcio Lacerda, o que certamente levará a uma disputa judicial.

Mesmo rompido com a atual administração, é pouco provável que os muitos servidores ligados ao PT deixem em bloco seus lugares no governo de Belo Horizonte, pois esta é outra característica dos acordos partidários: a inércia faz com que, mesmo depois de um rompimento, muitos dos "dissidentes" continuem nos cargos, pelo menos por algum tempo.

O PCdoB votou para ficar com a candidatura de Marcio Lacerda, mas houve uma intervenção nacional, e o partido apoiará o candidato petista, juntamente com o PMDB, mas ambos os partidos com constrangimentos evidentes, submetidos a uma intervenção.

Em São Paulo, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, garantiu o PSB para apoiar o candidato de Lula, mas teve que fazer uma intervenção branca, pois a maioria queria apoiar a candidatura do tucano Serra.

Mas, seguindo a tradição, todos continuam no governo do tucano Geraldo Alckmin, mesmo tendo aderido ao petista Fernando Haddad: Maluf continua com seus cargos; o PSB continua; PCdoB continua; Paulinho da Força lançou-se candidato pelo PDT, mas está no governo; Soninha Francine é candidata do PPS à prefeitura, mas continua no governo estadual do PSDB.

E vamos ter nestas eleições imagens que certamente, se não confundirão, pelo menos divertirão os eleitores: o PSDB mineiro já começou a selecionar cenas recentes em que a presidente Dilma elogia Marcio Lacerda em uma inauguração, chamando-o de o melhor prefeito do Brasil.

No Rio de Janeiro, em pleno julgamento do mensalão, veremos imagens do atual prefeito carioca, Eduardo Paes, quando era secretário-geral do PSDB, em atividade na CPI do Mensalão, criticando até mesmo os filhos do ex-presidente Lula, de quem hoje é aliado.

E o então deputado Gustavo Fruet, também no PSDB, será mostrado, em Curitiba, na CPI do Mensalão criticando o PT e o governo do qual agora é aliado, como candidato do PDT à prefeitura, com o apoio do PT.

A decisão do Supremo em relação ao PSD pode estimular a deslealdade, com criação de novos partidos, mas era inevitável que o candidato carregasse o tempo. O problema é que se criou um mercado eleitoral onde tudo é comprado, e tudo é vendido.

A divisão do tempo proporcional na propaganda eleitoral para rádio e televisão virou um cartório, como tudo na política brasileira vira cartório.

A verba de partido, que o PSD também ganhou, é manipulada pela direção nacional de todos os partidos, torna-se um instrumento de perpetuação de poder.

O horário eleitoral foi criado com a intenção de democratizar o acesso dos candidatos ao eleitorado, nenhum cérebro maligno montou aquilo em que acabou se transformando.

Virou uma mercadoria cara que vulgarizou a política. A parte mais cara de qualquer campanha eleitoral é a da televisão, o que inflaciona seus preços.

Os marqueteiros, as agências de publicidade têm um mercado valiosíssimo, e não é um mercado concorrencial, não há mais que meia dúzia de especialistas.

Monta-se uma estrutura caríssima para funcionar apenas durante o curto período da campanha eleitoral de rádio e televisão.

No julgamento do TSE que decidiu dar o tempo e o fundo partidário para o PSD de acordo com a bancada que conseguiu reunir na sua fundação, os ministros Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello propuseram que o tempo fosse dividido igualmente entre todos os candidatos.

Mas essa é uma solução que, embora pareça justa, não dá para ser adotada por causa dos partidos nanicos. Em São Paulo, por exemplo, concorrem 12 candidatos, e por isso não é possível fazer debate no primeiro turno.

Os nanicos "venderiam" seu tempo por muito mais do que "vendem" hoje se tivessem a mesma exposição que os maiores partidos.

A questão é não deixar esses nanicos entrarem na divisão do tempo de propaganda, com a aprovação de cláusulas de barreira. Essa divisão de tempo, que se reflete em acordos políticos espúrios e num estímulo à infidelidade partidária, é um dos grandes obstáculos para a consolidação da democracia e o aperfeiçoamento do processo eleitoral no Brasil.

FONTE: O GLOBO