quarta-feira, 12 de setembro de 2012

OPINIÃO DO DIA - Joaquim Barbosa: ‘o mensalão maculou a República’ (XXXVIII)

"Os elementos mostram que os empréstimos contraídos pelas agências eram simulados. Todas essas fraudes contábeis constituíram uma importante etapa para que os membros do núcleo publicitário conseguissem repassar quantias milionárias ocultando e dissimulando a origem e os destinatários desse dinheiro, sabendo que ele era proveniente de atos criminosos contra a administração pública.

A lavagem de dinheiro foi praticada pelos réus do núcleo financeiro e do núcleo publicitário em uma organização orquestrada e com divisão de tarefas, típica de uma organização criminosa.

Joaquim Barbosa, ministro relator, em seu voto .no processo do mensalão, 10/9/2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Dilma dá Cultura a Marta para ajudar PT em SP
Aspásia defende municipalização da Cedae
Justiça censura pesquisas eleitorais
Futuro ministro não descarta participar
Energia mais barata custará R$ 15 bi

FOLHA DE S. PAULO
Marta ganha ministério após dar apoio a Haddad
Russomanno oscila 3 pontos para baixo, mas segue líder
TRE veta pesquisa em Curitiba após pedido do PDT.
Dirceu diz a Lula já esperar por condenação no Supremo
Elétricas perdem R$ 15 bilhões após novo pacote de Dilma

O ESTADO DE S. PAULO
Dilma dá ministério a Marta e abre caminho para PR apoiar Haddad
Serra usa o rádio para atacar Russomanno
Presidente reduz tarifa e critica 'apagão' de FHC
Governo pagará 50% dos dias parados aos grevistas
Gasto do Brasil por aluno ainda é baixo, diz OCDE

VALOR ECONÔMICO
Pacote do setor elétrico segura inflação e juros
Lula articula para reduzir dano eleitoral do mensalão
Crédito privado toma fundos DI
Brasil vira alvo de críticas nas eleições do Paraguai

BRASIL ECONÔMICO
Com energia mais barata, indústria prevê redução de 4% nos custos
Nem seca derruba máquinas agrícolas
Especialistas têm saída para a guerra fiscal
Zona do Euro pede apoio da América Latina

CORREIO BRAZILIENSE
Vale-tudo por Haddad derruba irmã do Chico
Supremo decide hoje se o mensalão terá sessões extras
Governo vai gastar R$ 3,3 bilhões para reduzir conta de luz
Polícia e MP investigam o uso de verba com gibis

ESTADO DE MINAS
Agências sem biombo são maiores alvos da saidinha de banco
PP lidera a briga pela prefeitura
Cultura de agrado após apoio em SP
Minas terá R$ 7,4 bilhões a mais para investimentos
UFMG define calendário
Energia reduzirá inflação

ZERO HORA (RS)
RS perde 2,5 mil leitos do SUS em sete anos
Conta de luz cai a partir de 5 de fevereiro
Após apoiar Haddad, Marta assume a Cultura
Fortunati abre 11 pontos de vantagem

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Disque-Denúncia vai receber fotos e vídeos
Servidores ganham dias parados
Redução da conta de luz vai afetar a da água

O POVO (CE)
Briga por 1º lugar embola e Heitor se aproxima dos líderes

Dilma dá Cultura a Marta para ajudar PT em SP

Ana de Hollanda deixa cargo em meio a crise

Nova ministra assume menos de uma semana após entrar na campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo

Bombardeada por críticas de setores da área cultural e do PT desde que assumiu o Ministério da Cultura, Ana de Hollanda caiu ontem um ano e nove meses após entrar no governo Dilma Rousseff. Será substituída pela senadora Marta Suplicy (PT-SP), que, após muito resistir, aderiu semana passada à campanha do petista Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. É o segundo ministro de Dilma que entra na negociação para alavancar a candidatura de Haddad — o primeiro foi Marcelo Crivella, que ganhou a Pesca. A gota d"água para a demissão de Ana de Hollanda foi sua carta à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, reclamando do orçamento da pasta, como revelou o Globo a Mais.

Convocada a apagar incêndio em SP, Marta volta à cena

Longe das preferências de Dilma, senadora contorna adversidades e reconquista lugar no ministério, em troca de apoio a Haddad

Maria Lima, Sérgio Roxo

FIM DO ISOLAMENTO

Tida como voluntariosa e arrogante até por companheiros de partido, a nova ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT-SP), tem mostrado ser também boa de briga e alguém que não desiste. Jamais conseguiu proximidade ou cumplicidade maiores com a presidente Dilma Rousseff. Ficou sem cargo ou mandato de 2008 a 2010, quando se elegeu senadora. Tentou cavar uma vaga no Ministério: Mulher, Educação, Cidades e Turismo. Mas foi preterida por Dilma, que sempre tinha uma desculpa: seria mais útil no Senado, ou já havia paulistas demais na Esplanada.

O primeiro prêmio de consolação foi sua eleição para a Mesa do Senado como vice de José Sarney. Com boa visibilidade na presidência das sessões, Marta viu a possibilidade de voltar à prefeitura de São Paulo. Mas levou uma rasteira de Dilma e Lula, que impuseram a candidatura de Fernando Haddad.

Humilhada, negou-se a entrar na campanha do petista e se isolou até dentro de seu grupo paulistano liderado pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, que foi seu braço direito na prefeitura, como secretário de Governo. O processo de isolamento teve início na campanha ao Senado em 2010. A influência do namorado de Marta, o ex-presidente do Jockey Club Márcio Toledo, filiado ao PMDB, na candidatura irritou os petistas. Um dos fatos de maior incômodo foi quando Toledo passou a se envolver na administração da arrecadação de recursos.

Agora, com o desempenho arrastado de Haddad perante a disparada de Celso Russomano (PRB), ela viu a chance de dar a volta por cima. Após dois encontros com Dilma (22 e 30 de agosto) e um almoço com Lula (27 de agosto), seu destino foi traçado: entraria na campanha e gastaria sola de sapato ao lado de Haddad. E levaria um ministério.

Colega do Senado, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) mostrou surpresa ao ser informado que Marta seria, finalmente, ministra:

- Vai ser ministra? De qual ministério?

A trajetória política de Marta é marcada por polêmicas e declarações de grande repercussão. Psicanalista e sexóloga, ganhou o grande público ao falar de sexo para donas de casa no programa "TV Mulher", da Rede Globo. Em 1981 se filiou ao PT, mas só em 1995 conseguiu seu primeiro mandato de deputada federal. Em 2001, se elegeu prefeita de São Paulo, fez uma gestão aprovada na periferia mas ganhou o apelido de Martaxa ao instituir numa taxa de lixo.

Em 2004 sofreu uma dura derrota para José Serra (PSDB), que lhe tirou a reeleição. Em 2003, após se divorciar do senador Eduardo Supllicy, se casou numa cerimônia concorrida com o franco-argentino Luiz Favre, de quem já se separou.

Derrapada em terra no caos aéreo

Em 2007, no segundo mandato de Lula, a ex-prefeita foi nomeada por Lula para o Ministério do Turismo e logo provocou a ira de consumidores, quando, em pleno caos aéreo, ao ser perguntada sobre o que dizer aos turistas presos nos aeroportos vivendo verdadeiros dramas, não titubeou:

- Relaxa e goza, que você vai esquecer dos transtornos - sugeriu, sorridente.

Já desgastada, em 2008 deixou a pasta e sofreu nova derrota na disputa pela prefeitura paulistana, desta vez para Gilberto Kassab. A campanha já era dada como perdida, quando os marqueteiros resolveram apelar para vídeos em que Marta, uma sexóloga, questionava a homossexualidade do então prefeito.

No início deste ano, ao ser preterida por Haddad, não entrou em sua campanha e voltou a arrumar confusão com Kassab, criador do PSD, que negociava aliança com o petista:

- Tenho que ser muito cuidadosa em não me posicionar com engajamento antes de uma solução para a questão do PSD. Senão, corro risco de acordar num palanque de mãos dadas com Kassab.

Como vice-presidente do Senado, encrencou-se também com os colegas senadores, que a acusavam de autoritária no comando dos trabalhos. Responsável pela nomeação do ex-presidente da Embratur Mário Moysés, preso na Operação Voucher, em 2011, Marta se escondeu no banheiro do cafezinho do plenário para evitar o assunto com jornalistas.

FONTE: O GLOBO

Marta ganha ministério após dar apoio a Haddad

Dilma troca Ana de Hollanda por senadora do PT, que nega vínculo com campanha

Em sua 15ª mudança ministerial, a presidente Dilma Rousseff trocou ontem Ana de Hollanda pela senadora petista Marta Suplicy no comando do Ministério da Cultura. A nova ministra vai assumir a função amanhã.

O convite foi feito em 22 de agosto, em acordo costurado para que Marta entrasse na campanha de Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. Cinco dias depois, ao sair de reunião com Lula, ela anunciou a adesão à campanha.

Marta vira ministra após apoiar Haddad

Dilma antecipa mudança e entrega Cultura a senadora petista; candidato e presidente do PT negam "toma lá, dá cá"

Esforço para garantir apoio a petista e má avaliação de Ana de Hollanda explicam decisão da presidente

Natuza Nery, Valdo Cruz e Márcio Falcão

BRASÍLIA - Em sua 15ª mudança ministerial, a presidente Dilma Rousseff trocou ontem Ana de Hollanda pela senadora petista Marta Suplicy no Ministério da Cultura.

O convite foi feito em 22 de agosto, em um acordo costurado para que a senadora entrasse na campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo.

Naquele dia, Marta chegou ao Palácio do Planalto por volta das 17h, ficando lá durante 45 minutos. Cinco dias depois, ao sair de uma reunião com o ex-presidente Lula, anunciou sua adesão oficial à campanha de Haddad.

Até então, resistia a participar por ter sido obrigada por Lula a abrir mão da candidatura -era a petista mais bem colocada em pesquisas.

A troca no comando da Cultura foi antecipada pelo site da Folha ontem de manhã e oficializada à tarde pelo Palácio do Planalto. Marta assumirá a pasta amanhã.

Segundo a Folha apurou, a senadora solicitou à presidente que sua nomeação ocorresse agora, alterando os planos de Dilma de trocar Ana de Hollanda só depois das eleições municipais.

Pesou ainda na decisão de precipitar a saída de Hollanda o vazamento de carta da ministra da Cultura endereçada à colega Miriam Belchior (Planejamento) reclamando verbas para sua área.

Ontem, Marta se disse surpreendida pelo convite, que inicialmente chamou de "especulação de site", e procurou negar que sua escolha estivesse vinculada à entrada na campanha de Haddad.

"Isso nunca foi falado. Não tem nenhuma [ligação]", disse a senadora, que fez um boicote de dez meses à campanha do colega de sigla.

Marta já havia sido sondada para a Cultura no início deste ano, mas recusou, sinalizando o desejo de assumir o Ministério das Cidades.

É a segunda troca feita por Dilma por conveniência política. Ela negara a prática em entrevista ao "Fantástico", em 2011: "Você me dá um exemplo do "dá cá" que eu te explico o "toma lá"".

A primeira mudança do gênero foi em março: a nomeação do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal, para o Ministério da Pesca.

Haddad negou a troca do cargo pelo apoio de Marta. "Quem conhece a presidente Dilma sabe que não existe esse tipo de toma lá, dá cá com ela. Ela deixou bastante claro que não é de seu feitio", disse. "Se tivesse a ver com a minha campanha, teria sido feito muitos meses antes."

O presidente do PT, Rui Falcão, endossou o discurso: "Não houve troca nenhuma. Nem a Dilma proporia isso, nem a Marta aceitaria."

A coordenação da campanha de Haddad já esperava a nomeação de Marta, mas se surpreendeu com a data escolhida pela presidente.

Reservadamente, um dirigente disse que seria melhor que Dilma tivesse deixado a troca para depois da eleição, evitando uma repercussão negativa na imprensa.

Esta será a segunda passagem de Marta pelo governo federal. Em 2007, ela assumiu o Ministério do Turismo sob Lula. Na ocasião, foi criticada ao aconselhar a população a "relaxar e gozar" em meio a caos nos aeroportos.

Dilma tinha uma avaliação ruim do desempenho de Hollanda, mas postergou a decisão de trocá-la para não ceder a pressões de grupos petistas e do meio cultural.

A presidente chegou a comentar com assessores que não a fariam trocar ministros "no grito". Chegou a aconselhar Hollanda a "ficar firme" e resistir às pressões.

Ana de Hollanda não quis se manifestar ontem.

Colaboraram Flávia Foreque e Erich Decat, de Brasília, e Bernardo Mello Franco e Luiza Bandeira, de São Paulo

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Pesquisas Datafolha, SP, Rio, BH, Recife, Porto Alegre e Fortaleza

Russomanno oscila 3 pontos, mas mantém liderança em SP

Ranier Bragon

SÃO PAULO - O candidato do PRB Celso Russomanno oscilou negativamente três pontos percentuais, mas mantém a liderança na disputa à Prefeitura de São Paulo, com 32% das intenções de voto.

Pesquisa Datafolha concluída nesta terça-feira mostra que essa é a primeira variação negativa do candidato desde dezembro, quando iniciou a trajetória que o levou de 16% a 35% das intenções de voto.

A manifestação espontânea de voto --quando não é apresentada ao eleitor lista com nomes-- em Russomanno também oscilou negativamente, de 25% para 22% em relação à pesquisa feita no início do mês.

Os dados apontam ainda que passou de cinco para três pontos percentuais a distância entre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), que estão tecnicamente empatados em segundo lugar.

O tucano oscilou um ponto percentual para baixo e agora tem 20%. O petista oscilou positivamente um ponto e foi a 17%.

Os dados foram colhidos a pouco mais de três semanas do 1º turno das eleições e 21 dias depois do início da propaganda dos candidatos no rádio e na TV.

Serra e Haddad têm o maior espaço na propaganda. Russomanno, o quarto.

O Datafolha mostra ainda que Gabriel Chalita (PMDB) oscilou de 7% para 8%. Soninha (PPS), com 5%, Giannazi (PSOL) e Paulinho (PDT), ambos com 1%, mantiveram os índices. Os demais não pontuaram.

Foram ouvidas 1.221 pessoas entre 10 e 11 de setembro. A margem de erro da pesquisa, encomendada pela Folha e pela TV Globo, é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Rejeição

O Datafolha também perguntou aos eleitores em quais candidatos eles não votariam de jeito nenhum. A rejeição a Serra subiu de 42% a 46%, índice recorde e o maior entre os concorrentes. O de Russomanno, que é um dos menores, foi de 12% a 16%.

Nas simulações de 2º turno, Russomanno vence Serra e Haddad com diferença de 27 e 23 pontos, respectivamente. Na disputa entre o tucano e o petista, o 2º leva a melhor por 7 pontos.

De acordo com o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, mais do que conclusões a pesquisa traz indício de acirramento a se confirmar nos próximos levantamentos.

Paulino aponta como um desses indícios o aumento do total dos paulistanos que não aponta nenhum candidato (brancos, nulos ou indecisos), que passou de 12% para 16%.

No Rio, candidato do PSOL sobe, mas prefeito mantém liderança

Italo Nogueira

RIO - O candidato do PSOL a prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, continua crescendo nas intenções de voto. Mas ainda não ameaça a reeleição já no primeiro turno de Eduardo Paes (PMDB), segundo pesquisa Datafolha.

O peemedebista apresenta 54% das intenções de votos, contra 18% de Freixo -o socialista tinha 13% na última pesquisa, há duas semanas.

Os outros concorrentes estão em empate técnico e oscilaram na margem de erro, de três pontos percentuais.

A pesquisa, encomendada pela Folha em parceria com a TV Globo, simulou pela primeira vez segundo turno entre Paes e Freixo. O prefeito venceria com 63%, contra 28% do deputado do PSOL.

Conhecido por metade dos eleitores no início da campanha, Freixo atingiu 78% de taxa de conhecimento.

Ele manteve como principal eleitorado os grupos mais ricos (renda acima de dez salários mínimos) e mais escolarizados. Mas na pesquisa feita ontem e anteontem, A reeleição de Paes no primeiro turno é beneficiada também pela rejeição de 42% ao candidato Rodrigo Maia (DEM) -que subiu 11 pontos percentuais desde o último levantamento. Maia tem 4% das intenções de voto.

Os eleitores do prefeito declaram ser os mais decididos. Só 23% afirmam que ainda podem mudar o voto. Já 32% dos de Freixo declaram poder mudar de voto, sendo que Paes é a opção mais provável para 42%.

PSB amplia vantagem sobre o PT em BH e vira líder isolado em Recife

Siglas romperam aliança nas duas capitais e lançaram candidatos próprios na disputa

RECIFE, BELO HORIZONTE - Rachado com o PT nas capitais de Minas e Pernambuco, o PSB ampliou a liderança na disputa pela prefeitura em Belo Horizonte e assumiu a ponta isolada em Recife, segundo pesquisa do Datafolha.

Na capital pernambucana, Geraldo Julio (PSB) passou de 29%, no fim de agosto, para 34% no atual levantamento, realizado ontem e anteontem.

Com apoio do governador do Estado e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, o candidato abriu 11 pontos em relação a Humberto Costa (PT), com quem empatava na pesquisa anterior.

O petista agora está com 23%, em empate técnico no segundo lugar com Daniel Coelho (PSDB). O tucano foi de 12% para 19% na pesquisa, que tem margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

No intervalo entre as pesquias, a rejeição do petista subiu de 29% para 38%. A de Geraldo,que tem a campanha mais rica e com mais tempo na TV, passou de 12% para 17%.

Já na capital mineira, o atual prefeito e candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB), ampliou a vantagem em relação a Patrus Ananias (PT).

A distância, de 16 pontos no final de agosto, agora está em 18 pontos percentuais.

Apoiado pelo senador Aécio Neves (PSDB), Lacerda tem 49%, contra 31% de Patrus, segundo levantamento ontem e anteontem.

Segundo o Datafolha, dos 42% que declararam ter visto o horário eleitoral, 52% acham que o programa de Lacerda está se saindo melhor -contra 28% da propaganda de Patrus.

Fortunati abre 11 pontos sobre Manuela D'Ávila em Porto Alegre

Felipe Bächtold

PORTO ALEGRE- O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), voltou a liderar a disputa na cidade, segundo o Datafolha. Ele chegou a 41% das intenções de voto e abriu 11 pontos percentuais de vantagem sobre a candidata Manuela D"Ávila (PC do B), segunda colocada.

A pesquisa foi feita ontem e anteontem e ouviu 959 eleitores. No levantamento anterior, em 28 e 29 de agosto, Fortunati e Manuela estavam empatados tecnicamente. A margem de erro das pesquisas é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O terceiro colocado continua sendo o petista Adão Villaverde, que manteve os 7% obtidos no levantamento do fim de agosto. Brancos, nulos e indecisos somam 18%.

Fortunati tem a maior coligação, o maior tempo de TV e rádio e a vantagem de ter rejeição menor do que seus principais adversários.

Atualmente, o pedetista tem exatamente a soma das intenções de voto de todos seus concorrentes, o que indica a possibilidade de vitória já no primeiro turno.

Com a campanha mais agressiva no horário eleitoral, o PT tenta reverter a diferença exibindo na TV nomes conhecidos da política.

Na semana passada, mostrou a ex-senadora Marina Silva (sem partido). Anteontem, começou a exibir depoimento de apoio de Lula.

O quarto lugar na disputa é ocupado por Roberto Robaina, do PSOL, que apareceu com 2% dos votos nas três pesquisas já feitas.

Em Fortaleza, briga por 1º lugar embola e Heitor se aproxima dos líderes

Moroni tem oscilação negativa de dois pontos. Roberto Cláudio e Elmano oscilam um ponto para cima. Heitor sobe quatro pontos e encosta nos líderes

Eleição cada vez mais imprevisível para prefeito de Fortaleza. Moroni Torgan (DEM) não está mais isolado, tecnicamente, na liderança. Ele aparece com três pontos percentuais a menos na terceira rodada da pesquisa O POVO/Datafolha e tem agora 22% das intenções de voto.

Roberto Cláudio (PSB) teve oscilação positiva de um ponto percentual e, com 17%, já aparece em situação de empate técnico com o candidato do DEM. Elmano de Freitas (PT) também oscilou um ponto para cima e chegou a 16%.

Considerado o limite máximo da margem de erro, o petista também poderia estar com o mesmo percentual de Moroni. Com a margem de três pontos percentuais para mais ou para menos, o candidato do DEM pode ter um mínimo de 19% e um máximo de 25%. Já Elmano pode ter entre 13% e 19%. Entretanto, o Datafolha considera essa hipótese estatisticamente improvável, pois lida com situações-limite.

Novidade nessa rodada de pesquisa é o desempenho de Heitor Férrer (PDT). O candidato cresceu quatro pontos percentuais e chegou a 14%, situação que já o coloca em empate técnico com os dois candidatos das máquinas governistas – Roberto Cláudio e Elmano.

No bloco de baixo, Renato Roseno (Psol) passou de 5% para 8%. Inácio Arruda (PCdoB) teve oscilação negativa de um ponto e ficou com 6%.

Marcos Cals (PSDB) foi de 5% para 3%. Os demais candidatos não chegaram a 1%.

Votos em branco, nulo e os que dizem não votar em nenhum dos candidatos somam 5%. Os eleitores que dizem não saber em quem votar são 8%.

Metodologia

A pesquisa foi realizada na segunda-feira e ontem. O Datafolha ouviu
831 eleitores. O levantamento está registrado no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) com o número CE-00039 / 2012.

Entenda a notícia

A pesquisa foi realizada após três semanas de Horário Eleitoral no rádio e na televisão e já mostra o impacto mais consolidado do palanque eletrônico na eleição de Fortaleza.

Aspásia Camargo defende a municipalização da Cedae

Candidata admite avanço na gestão de Paes, mas critica ações na saúde

RIO - A candidata do PV Aspásia Camargo disse, na tarde de terça-feira durante sabatina do jornal O GLOBO, que negou ter feito elogios ao prefeito e candidato à reeleição Eduardo Paes (PMDB) no programa eleitoral desta segunda-feira, mas admitiu que houve avanços na atual gestão. A deputada estadual, que é a segunda entrevistada na série organizada pelo jornal com os candidatos a prefeito do Rio, aproveitou a pergunta para atacar a gestão municipal na saúde, e disse que a economia do Rio não é sustentável. Para ela, “não basta ser síndico” das obras.

— Eu sei e não posso negar que o Rio de Janeiro saiu de uma crise profunda. Ele passou, praticamente, duas décadas abandonado, descapitalizado. A fusão foi um desastre para a cidade. Ora, quando a situação melhora um pouco, eu acho que as pessoas, e não só eu, tem um sentimento que as coisas estão bem — afirma Aspásia. — Não estamos precisando de síndico apenas.

Qual o principal problema ambiental da cidade, e como resolvê-lo?

O saneamento ambiental como um todo. É o problema da coleta e do tratamento de esgoto e do lixo. É um problema emergencial, da maior gravidade. Foi uma agenda que entrou na pauta da cidade no século 19 e nós estamos no (século) 21 com todas as nossas praias poluídas, todos os nossos rios, o sistema lagunar da Barra inviabilizado, a Lagoa da Tijuca que já está praticamente morta. A Baía de Guanabara... ontem, um Grael (família de iatistas) estava navegando no que vai ser a raia olímpica e viu monturos de lixo atrapalhando o barco.

O saneamento e o esgoto são de controle do estado. A senhora está propondo retomar?

São Paulo está caminhando para a universalização do seu saneamento, enquanto o Rio está refém da Cedae, que é pior negócio do mundo para o Rio de Janeiro. Niterói pediu carta de alforria, e está com 90% de esgoto tratado. A Região dos Lagos pediu carta de alforria e tem planos de metas em que se acompanha, a cada seis meses, o que melhorou.

A senhora advoga municipalizar o tratamento de esgoto?

Municipalização é o caminho óbvio. A Constituição nos permite. A Cedae não é Cedae, é “Ceda”. O “e” (de esgoto), ela não tem. Não tem nem uma diretoria de esgoto. E não tem dinheiro também. Depois que ela foi saqueada por várias gerações de políticos e se transformou numa empresa realmente sucateada, o Wagner Victer (presidente da Cedae) conta de que maneira ele a recebeu. O que ele está tentando fazer por lá é salvar a empresa, capitalizá-la, botar na Bolsa de Valores, mas aí a Cedae não pode fazer empréstimo, não tem plano de metas... Na Comissão de Saneamento entramos com um projeto de lei para colocar um pouco de ordem nisso.

A senhora pretende municipalizar e privatizar?

O que é privatizar? Concessão não é privatização. É (criar) a Agência Carioca de Águas e Saneamento Ambiental. A Cedae tem dificuldade no abastecimento de água. Vi a Baixada Fluminense inteira sem água. Tem uma taxa de desperdício brutal, que chega a 40%, 50%, e logicamente, isso tudo nós é que pagamos. As tarifas são muito altas e o sistema é ineficiente. Três municípios da Baixada estão fazendo a mesma coisa que fez Niterói. Então eu pergunto: será que nós somos o bobo da corte? Vamos ficar eternamente com o serviço tão ruim quando os outros municípios foram muito mais ousados, independentes, e tomaram essa decisão?

Olimpíadas no esgoto

A senhora mudaria alguma coisa no projeto das Olimpíadas em relação ao que está sendo feito?

Não podemos repetir o que aconteceu com os Jogos Pan-Americanos, fazer uma competição olímpica desta magnitude no meio do esgoto mal cheiroso e no meio de uma bacia lagunar completamente destruída. Acho que isso é crime de lesa-pátria. Também não concordo com o acordo de colocar estação de tratamento de rios. Em matéria de esgoto, apenas 30% das casas de Jacarepaguá estão conectadas à rede. Na visão mais otimista, nós temos 70% produzindo esgoto sem parar e jogando nas lagoas da Barra.

Inventário na Saúde

Quais são suas propostas para a área da saúde?

Eu fiz 14 propostas quando fui relatora da CPI da Saúde em 2005. Vocês se lembram que a saúde quebrou no Rio de Janeiro. Foi um momento difícil porque o Cesar Maia tentou a municipalização e o governo federal não deu suporte para que ele tivesse êxito nisso. Houve um problema de caixa e a coisa acabou em guerra, com tendas no meio da rua. Mas de lá para cá, ninguém disse que o Rio de Janeiro tem a maior rede de saúde do Brasil e do mundo. Em nenhum pais do mundo que eu tenha conhecimento há tanto posto de saúde, UPA, saúde de famílias como o Rio de Janeiro. Então esse é o problema.

O problema, então, é o tamanho da rede de saúde na cidade?

O problema é gestão e autoridade. Porque o primeiro mandamento do SUS é que o prefeito tem que comandar a rede inteira.

Mas o Rio atende pacientes que vem de áreas vizinhas.

Sinceramente, eu acho que esse não é o problema. Isso pode agravar um pouco mais, apertar um pouco mais....

Mas deputada, isso é um terço das internações...

As queixas que eu tenho ouvido não são de hospitais onde é atendido esse público. E eu quero dizer também que o prefeito do Rio de Janeiro não conversa com a Região Metropolitana porque o governador nunca se preocupou em dar uma estrutura de governança para o problema. É a pior Região Metropolitana do Brasil, a que menos conversa, a que tem mais desigualdade. Eu acho que o prefeito não pode ser apenas um gestor do primo rico da Região Metropolitana e deixar os pobres à deriva. Aliás, nem sempre são tão pobres, mas têm problemas de desordem administrativa. Eu acho que primeiro precisamos ter um inventário para saber quantos hospitais temos, quantas unidades. Porque eu estou aqui há dois meses e tenho várias listas (diferentes). Ninguém sabe. E como o SUS delega ao prefeito a gestão plena da saúde, isso quer dizer que ele tem que comandar do ponto de vista da informação, do controle e do planejamento de toda a rede. E ele não tem informações sobre isso.

Isso não seria atribuição do SUS?

Não, isso é a informatização do serviço. É lógico que o prefeito não pode informatizar com o dinheiro dele um hospital que é federal, mas ele pode pedir um prazo de dois, três meses, para que esse cadastro seja feito. Se nós não informatizarmos esta cidade nós vamos perder o bonde da história. E a informatização é a transparência, é controle, melhor usos dos recursos.

A senhora é a favor das OS? Da terceirização da saúde?

Bem, eu tenho alguma autoridade para falar sobre as OS porque eu implantei a OS na Rede Brasil, no tempo que era TV Educativa. E também acompanhei toda a visão inicial da OS. E nunca vi nada parecido com isso que está aí. Então, sinceramente, acho que o modelo das OS que estamos usando aqui está equivocado.

Então qual seria o modelo que a senhora defende?

Eu não sou contra a terceirização dos serviços. Acho que seria uma tolice dizer uma coisa dessa. A OS é um serviço que funciona na Filarmônica de Nova Iorque, na Universidade da Califórnia, em tudo que é lugar no mundo. O problema aqui é que você não entrega um órgão público, sobretudo na Saúde, porque é área prioritárias para o Estado. Eu não posso deixar um hospital à deriva, sem um comando. Eu não sei exatamente quem são essas OS. A gente não consegue visualizar com clareza quem são essas pessoas.

Padrão africano

Quais são os seus planos para a Educação?

Desde Darcy Ribeiro que a gente diz as mesmas coisas e o próprio prefeito disse isso na sua campanha passada, que nós tínhamos que dar um jeito no tempo integral na escola. Mas, na verdade, a última palavra hoje nesse assunto é muito mais que o tempo integral na escola é a educação integral na rede. E a educação integral pode ser ou não na escola.

Mas o que a senhora faria de cara para mudar esse quadro?

Voluntariado. Estive conversando longamente com uma pessoa que está vindo dos Estados Unidos e lá não precisa fazer nada demais. Simplesmente acontece. Lá os empresários investem na escola. Os professores aposentados podem entrar nisso também. O Ideb está nos mostrando que temos que fazer alguma coisa. Não podemos continuar nessa padrão africano de educação no Rio de Janeiro. E o Fundeb mostra que tiveram R$ 500 milhões que não entraram no circuito porque houve uma manobra orçamentária. E esses R$ 500 milhões podem entrar.

“Metrô é uma linguiça”

Quais suas propostas para a área de transporte, como melhorar o trânsito. E o que é melhor, BRT ou metrô? Metrô vai chegar à Zona Oeste? (pergunta sintetizada a partir de questões dos internautas André Stanciole, Derick Sias Rocha e Daniel Plata)

Como a questão da saúde, que está invertida, o problema no transporte talvez seja ainda mais grave. A rede de transporte de metrô que existe em Paris, Londres e Nova York foi montada em 1905. Em Nova York, levou cinco anos para fazer metrô. Claro que essa rede se expandiu, mas o centro dessa rede foi montado naquela época e cem anos depois funciona normalmente. O que fazem no Rio é construir uma rede errada, torta, estranha e muito tímida. O número de quilômetros de metrô, é até vergonhoso dizer, não chega a 30 e poucos quilômetros, 50 quilômetros. É uma coisa insignificante. No que o prefeito pode ajudar? É aí que a questão está invertida. Temos 1,5 milhão de carros, 2,5 milhões de pessoas andando de ônibus e, depois, 500 mil no trem e 600 mil no metrô. E detalhe, as vans. Claro, a estrutura não atende as pessoas, ainda mais nessa cidade menos compacta. Pessoas vêm de longe e não têm como se conectar com uma rede tronco. Primeira questão, padecemos de falta de trilho. E a sustentabilidade que defendo tem que ter investimento ousado em trilho. Para ter grandes troncos receptores de outros meios de transporte.

E a senhora faria isso como?

É delicado, mas não vou esconder isso de vocês. Precisamos ter medidas de desincentivo ao automóvel, por exemplo, no Centro da cidade. Rodízio, não. Rodízio, em geral, não dá certo. Para sair do impasse e não criar um problema maior do que se quer resolver, é preciso dar alternativas. Se você tem um VLT circulando pelo Centro da cidade eficientemente, vou começar a usar isso porque é melhor. Podemos fazer correção no metrô, pressionar para que isso aconteça. Sabemos que há lobby. Como foi feita essa história da linha 4 do metrô? É lobby. Não sei por que, por quem. Mas que há, há. Porque não é possível uma cidade como o Rio em vez de ter uma rede de metrô, ter cada vez mais uma linguiça. É uma linguiça. Todos os caminhos levam à linha 1, que vira a linha 4, que vira a linha 2, que vira a 1. Isso é irracional.

Marina e Gabeira

O que houve com PV no Rio? Quase elegeu Fernando Gabeira a prefeito, em 2008, e Marina Silva ganhou aqui, em 2010, no primeiro turno da eleição presidencial. A senhora está com poucos votos.

Eu espero que não tenha havido nada de grave. Porque, na verdade, quando você tem alianças, a situação é uma. Quando você não tem alianças, a situação é outra. Eu entrei nessa campanha sozinha, com uma grande bandeira da sustentabilidade, e não tem ninguém para me atrapalhar. Eu acho que isso é bom. Isso é bom por que o meu trabalho é um trabalho de seduzir, de explicar.

A Marina Silva não está mais no PV e ela não apoia nenhuma candidatura majoritária aqui no Rio. E, mesmo assim, a senhora usa a imagem dela no programa eleitoral. A senhora acha isso honesto com o eleitor?

Eu não vejo problema nenhum nisso por duas razões. Primeiro, porque eu estou me referindo ao fato que estive com ela na campanha presidencial. O que eu estou dizendo é que na campanha presidencial que ela fez em favor da sustentabilidade, eu estou fazendo aqui nos mesmos moldes para o Rio de Janeiro. Isto é uma verdade. Não há nenhum tipo de problema com isso. Ela tem conhecimento. Eu tenho estado com ela.

A senhora se sente um pouco abandonada pelo partido, por ter pessoas que estão fazendo campanha para outros candidatos, como o Marcelo Freixo?

Também têm pessoas do PT que estão me apoiando. É assim na política, sobretudo brasileira, porque os partidos não têm essa consistência que nós imaginamos. Estou feliz com o meu partido porque todos os candidatos estão me apoiando, tenho saído pela cidade com eles, todos estão com a minha propaganda, minhas placas, meus folhetos, e todos estão satisfeitos porque estou tratando os proporcionais com muito carinho. Agora, se alguém lá, secretamente, prefere outro, isso é da vida, mas está acontecendo em outros partidos. Há pessoas do PT que estão comigo, não com o prefeito. Há pessoas do PSDB que estão comigo, não com o Otavio.

E o Gabeira?

Eu falo com o Gabeira com uma frequência muito grande. Conversei com ele ontem, anteontem, estamos no melhor dos mundos. Ele esteve na minha convenção, só saí candidata porque ele me incentivou. Se ele não me apoiasse, por que ele iria na convenção, que definiu meu nome, sentar à mesa comigo?

Teoria das coalizões

Nos debates, nos programas, a senhora tem feito elogios ao prefeito Eduardo Paes. No último debate a senhora disse que ele faz uma boa administração. Qual o motivo de tantos elogios por parte de uma candidata de oposição?

Eu não sei de onde veio isso. Eu acredito que é porque nós temos uma cultura política extremamente agressiva e hostil nos debates eleitorais. E isso é uma coisa muito antiga. Inclusive escrevi o livro “O drama da sucessão e a crise do Regime”, em 1986, no qual me preocupei em mostrar que os debates eram guerras fratricidas. E essa cultura permanece. E é ela que impede o debate verdadeiro, porque eu quero discutir com o prefeito aquilo que é relevante para o futuro do Rio de Janeiro. Mas eu sei, e não posso negar isso, que o Rio saiu de uma crise profunda. Ele passou duas década praticamente abandonado, descapitalizado. A fusão foi um desastre para a cidade. Nós na verdade sustentamos durante um bom período o Estado do Rio que era muito pobre. A cidade empobreceu muito. Ora, quando a situação melhora um pouco, aparecem os Jogos (Olímpicos), legados, é certo que houve investimento em obras e ninguém pode negar isso. Eu acho que as pessoas tem o sentimento que as coisas estão bem.

A senhora quer ser secretária do Paes?

Eu quero falar uma coisa para vocês. Esse diz que diz aí que eu quero ser isso é bem a mentalidade do Rio. Isso é brincadeira. Eu recusei a Secretaria de Cultura, um ano atrás ou um pouco mais.

E se ele for reeleito e convidar, a senhor aceitaria?

Você está me perguntando uma coisa que eu vou dizer que já não aceitei uma vez e que posso não aceitar a segunda. Não tenho interesse de ser secretária de nada.

Mas a senhora faz alguma crítica ao prefeito?

A Rio+20 aconteceu aqui. E não é possível que se passe ao largo disso e seja seduzido por uma política de obras apenas. Eu sinto dizer a vocês mas foi o que derrubou o Washington Luiz na República Velha. Ele dizia que governar é fazer obras, construir estradas. E estamos no mesmo ponto. Eu sou especialista na teoria das coalizões: quanto maior é a coalizão, maior é a paralisia da máquina. Isso são cientistas políticos que estudaram, pessoal que fez simulação de teoria dos jogos. Se você põe 19 partidos numa carroça, a carroça para. Porque um quer ir para frente, outro para trás, um para esquerda, e outro para direita. Só tem uma maneira de não parar, que é o prefeito agir com autoridade imperial acima desses grupos, deixar as pessoas se divertindo com uma coisa ou outra, e exercer sua plena autoridade. E isso não é moderno. Não é o que o Partido Verde defende, não é o que o Brasil precisa. O que a democracia brasileira precisa é de um sistema mais organizado. E a sustentabilidade que eu defendo não se segura sem um estrutura de planejamento, o que a cidade não tem. Esse para mim é o ponto central.

Remoção em área ambiental

Como a senhora pretende combater o problema de favelização?

Quando entrei na Câmara, vi tolerância grande na ocupação de áreas ambientais, de áreas verdes, de encostas. Ninguém tinha coragem de mexer nisso, mas eu tive. Estou convencida que a gente tem formas de resolver isso, mas não com as políticas oficiais que estão aí.

E remoção seria solução?

Remoção como política, de jeito nenhum. Só podemos remover de área de risco e situação de inconveniência, e fazer a urbanização de maneira negociada. Quando urbanizar uma favela, tem que criar e abrir vias de acesso. Isso implica, sim, remoções, mas remoções pagas, indenizando os trabalhadores. Mais de 1 milhão de pessoas estão nessa situação. Sou a favor de uma regularização fundiária. É uma dívida social que temos, como no Cantagalo, que tem famílias há 70 anos lá. Tem que dar essa carta de alforria.

Algumas famílias também estão há muitos anos no Jardim Botânico...

Sempre protegi o Jardim Botânico dessa loucura. É uma área de preservação ambiental. A diferença é que o Cantagalo nunca foi uma área de preservação ambiental. O Jardim Botânico é três ou quatro vezes protegido, com tombamento, unidade de conservação, patrimônio. Sou a favor de remoções apenas nas áreas de risco e de proteção ambiental.

Resquício de stalinismo

Quais seus projetos prioritários para a cultura?

Fui secretária de Cultura e achei que precisava fazer algo do meu punho sobre isso. E também houve uma polêmica desagradável e difícil sobre o que a cultura pode fazer ou não pode, sobre intervencionismo. E me senti no dever de me pronunciar sobre isso.

A senhora está falando sobre o candidato Marcelo Freixo?

Estou falando do caso do Freixo. Eu quero dizer que gosto muito do Freixo, uma pessoa que tem muitos méritos. Certamente que a campanha dele dá uma contribuição crítica. Mas em matéria de Cultura, acho que apareceu aquilo que estava escondido, que é o PSOL. Essa visão partidária do PSOL é um resquício de grupos antigos que militaram na esquerda brasileira, numa época em que havia União Soviética, em que o stalinismo dominava muito as consciências. E eu considero que isso atrapalha o Freixo. Eu acho que ele vai se libertar disso.

FONTE: O GLOBO

Governadores ofuscam apoio de Lula em Recife e Fortaleza

Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello – Reuters

Muito popular no Nordeste, onde teve votação expressiva nas duas vezes que se elegeu presidente e quando fez a sucessora, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mostrado capacidade reduzida de impulsionar aliados candidatos a prefeito de dois colégios importantes da região: Recife e Fortaleza.

De quebra, nessas duas cidades onde o PT administra, os candidatos petistas estão atrás de nomes do PSB, legenda dos governadores Eduardo Campos, de Pernambuco, e Cid Gomes, do Ceará.

"A capacidade (de Lula influenciar o voto) fica limitada quando ele tem pela frente o candidato apoiado por um governador que é bem avaliado pela população", disse à Reuters o analista político da MCM Consultores Associados Ricardo Ribeiro.

Campos tem avaliação positiva de 71 por cento, segundo pesquisa Ibope divulgada no início deste mês. Já Cid Gomes era avaliado como ótimo ou bom por 45 por cento do eleitorado, de acordo com pesquisa do mesmo instituto feita no fim de agosto.

Se os números de Cid Gomes não são tão bons quanto os do colega de Pernambuco, eles são muito melhores do que o desempenho da prefeita de Fortaleza. A má avaliação dos Executivos nas duas cidades, aliás, é outro fator que ajuda a explicar a vantagem dos socialistas sobre os petistas.

"Tanto em Recife quanto em Fortaleza os prefeitos não têm uma avaliação muito boa", lembra o cientista político da PUC do Rio de Janeiro Ricardo Ismael. "Na eleição municipal, parece que o governador tem uma força maior."
A prefeita da capital cearense, Luizianne Lins, aparece com 20 por cento de ótimo ou bom, enquanto o prefeito do Recife, João da Costa, tem seu governo avaliado como ótimo ou bom por 22 por cento.

Tanto no Recife quanto em Fortaleza, PSB e PT romperam em nível municipal a aliança que têm em âmbito estadual e federal.

Divergências sobre o nome de Elmano de Freitas, escolhido por Luizianne para sucedê-la, levaram os socialistas a lançar a candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Claudio.

No Recife, uma disputa interna provocou a intervenção da Executiva Nacional do PT, que impediu a candidatura de João da Costa à reeleição, após ele vencer prévias contestadas, e impôs a candidatura do senador Humberto Costa.

Preocupado em perder o comando da capital para a oposição, Campos lançou o nome de seu ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio.

Os dois postulantes socialistas largaram com um dígito nas pesquisas, mas cresceram significativamente.

Na capital cearense, o líder é Moroni Torgan (DEM), com 24 por cento. Claudio é o segundo após dobrar de patamar para 16 por cento e o petista Elmano é o terceiro, com 14 por cento, de acordo com o mais recente levantamento do Ibope.

No Recife, Julio lidera com 33 por cento segundo a última pesquisa Ibope, tendo Humberto Costa em segundo com 25 por cento.

Outro fator que explica a ascensão de Julio, que pela primeira vez é candidato em uma eleição, é mais que o dobro de tempo na TV que ele tem do que o candidato petista, graças a uma coligação de 14 partidos, que ainda reforça o nome do socialista devido ao grande número de postulantes a vereador.

Os socialistas veem ainda mais um motivo: a crise interna do PT. "As brigas políticas geralmente não chegam ao povo. Essa chegou", disse à Reuters um membro da coordenação da campanha de Julio.

O estrago é reconhecido até mesmo pelo candidato petista, que tem contado com o apoio de Lula no programa eleitoral na TV. "É lógico que o Geraldo Julio cresceu aqui em cima das nossas contradições", disse Humberto Costa.

"Para nós (o apoio de Lula) é importante, é muito bom o peso mas não é o que vai determinar o resultado eleitoral", admite.

Algumas lideranças petistas fizeram à Reuters, sob condição de anonimato, a avaliação que a disputa pela Prefeitura do Recife "já está perdida".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

PT parte para ataque contra PSB em Recife

Partido deixa de lado críticas comedidas e contesta veracidade de ações do ex-aliado

Letícia Lins

RECIFE Até então com críticas comedidas ao adversário Geraldo Júlio de Mello, do PSB - partido do qual foi aliado por 12 anos - o senador Humberto Costa (PT-PE) mudou a estratégia e radicalizou o discurso, apelando para que "o eleitor não se deixe enganar". Ele afirma que não são verdadeiros os argumentos que apontam Geraldo Júlio como o responsável por obras de impacto em Pernambuco, nas áreas de Economia, Saúde e Segurança Pública. O socialista, em ascensão nas pesquisas de opinião, foi secretário de Planejamento e Gestão e de Desenvolvimento Econômico do governador Eduardo Campos (PSB), seu padrinho político. A propaganda eleitoral do PSB mostra o candidato como responsável pelas principais mudanças no estado.

A iniciativa do PT de partir para o ataque acirrou os ânimos. A coordenação de campanha de Geraldo Júlio anunciou que protocola hoje no TRE ação criminal contra Humberto Costa, a quem acusa de injúria e calúnia.

Governo do estado evita polemizar

Entre os feitos atribuídos ao candidato do PSB no programa eleitoral estão o de coordenador do Pacto pela Vida e da implantação de três hospitais regionais. O Pacto pela Vida é um programa de combate à violência, que reduziu o índice de homicídios em 45% em Recife. O PT lembra que o coordenador do projeto era o sociólogo Luiz Ratton, da Universidade Federal de Pernambuco. Na TV e no site, exibe cópias do Diário Oficial e de matérias de jornais em que o acadêmico aparece na função.

Sobre a construção dos hospitais, o PT diz que "o responsável foi o vice-governador João Lyra Neto", referindo-se ao ex-secretário de Saúde do estado. E mostra imagens em que Geraldo Júlio não aparece nas inaugurações.

O governo do estado evitou polemizar, mas apontou Geraldo Júlio "como condutor do modelo de gestão do estado" e "foi de fato coordenador de todos os programas de governo inseridos no chamado Mapa de Estratégia."

FONTE: O GLOBO

PSB encara briga com o PT em Recife

A tríade João Lyra, Fernando Bezerra e Luiz Ratton rebaterá ataques petistas e exaltará o papel de Geraldo Julio no governo

Manoel Guimarães

Dois dias após ser alvo de críticas na propaganda eleitoral e nas inserções do PT, o candidato do PSB à Prefeitura do Recife, Geraldo Julio, rebaterá as acusações de que estaria mentindo e se apossando de feitos do governo Eduardo Campos. Em seu guia de hoje, o postulante exibirá depoimentos do vice-governador João Lyra Neto (PDT), do ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB/Integração Nacional) e do sociólogo José Luiz Ratton.

As gravações ocorreram ontem, um dia depois que o guia de Humberto Costa (PT) acusou os socialistas de “enganarem o eleitor”, e que as ações atribuídas a Geraldo seriam, na verdade, obras desses três.

Exibindo imagens do Diário Oficial do Estado, o guia de Humberto da última segunda-feira apontou Ratton como o verdadeiro coordenador do Pacto pela Vida. A Bezerra Coelho, os petistas atribuíram os méritos pela instalação da montadora italiana Fiat em Pernambuco, louros estes divididos também com o ex-presidente Lula (PT) e com o próprio Humberto.

João Lyra, que acumulou a Secretaria da Saúde no primeiro mandato de Eduardo, foi citado como o responsável pela instalação dos três hospitais na Região Metropolitana do Recife, promessa do socialista na campanha de 2006.

A resposta do PSB foi imediata, convocando os três supracitados para gravarem depoimentos para o guia de Geraldo, desmentindo os questionamentos do PT e exaltando o papel do socialista na atração de empresas para o Estado e nos programas de Governo. “Enquanto secretário da Saúde, contei com a participação efetiva de Geraldo Julio para que pudéssemos fazer algo que muitos imaginavam impossível. Em pouco mais de quatro anos, entregamos três hospitais metropolitanos”, declarou João Lyra, classificando a atitude de Humberto como um misto de “desespero, falta do que fazer e falta de proposta”.

A equipe jurídica do candidato do PSB também agiu. Os advogados ingressaram com reclamação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra a campanha de Humberto ontem, e prometem uma interpelação judicial criminal hoje. Em nota, justificaram a postura “em razão do noticiário e do desespero de alguns adversários”, por “insistirem em injuriar e caluniar” Geraldo, “abusando do ambiente democrático e ferindo a verdade dos fatos”.

No jargão popular, foi a segunda vez que o candidato socialista “mordeu a isca” do PT desde o início do guia, no último dia 21. Há duas semanas, Humberto desafiou Geraldo a exibir em sua propaganda um depoimento do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), o que ocorreu dias depois. “O único que poderia desmentir as funções de Geraldo na equipe de governo seria o próprio governador, e ele não fez isso. Quem coordenou as reuniões de monitoramento, o Todos por Pernambuco e outras ações sempre foi o secretário de Planejamento, que era Geraldo Julio. Agora, será que Humberto, que foi secretário de Cidades, não foi para o Todos por Pernambuco? Será que ele esqueceu de ir às reuniões de monitoramento?”, alfinetou o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes.

Durante almoço de adesão à reeleição do vereador Gilberto Alves (PTN), ontem, Geraldo revelou que assistiu ao guia do PT, mas que, apesar das provocações, não mudará o estilo de seu programa. “Vi o guia de Humberto. Fizeram agressões e ofensas. Cada um escolhe como se portar. Eles fizeram a escolha deles. Eu faço a minha, que é continuar apresentando propostas. O povo vai entender. Você pode usar aquele tempo precioso do horário eleitoral para dizer como pretende resolver os problemas da cidade. Se alguém decide usar um tempo precioso daquele de televisão para fazer agressão e ofensa, paciência”, disse Geraldo.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Vale-tudo por Haddad derruba irmã do Chico

Ana de Hollanda é demitida do Ministério da Cultura para dar lugar a Marta Suplicy, nomeada após o apoio ao petista em São Paulo

Na versão oficial, Ana perdeu o cargo porque reclamou em carta da falta de recursos para a pasta. Mas a carta foi apenas um pretexto. Embora negue, Marta ganhou o posto depois de muita negociação para entrar na campanha de Fernando Haddad a prefeito da capital paulista. Ana de Hollanda, irmã do cantor e compositor Chico Buarque, não é a primeira a cair em consequência da eleição em São Paulo. Antes dela, Dilma já havia entregado o Ministério da Pesca ao PRB de Marcelo Crivella, na frustrada tentativa de enterrar a candidatura de Russomanno; pôs Mercadante na Educação, para que não disputasse as prévias do PT; e acomodou Osvaldo Garcia, ligado a Maluf, na Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.

Esplanada redesenhada para Haddad

Marta Suplicy deixa o Senado e assume a vaga de Ana de Hollanda, demitida do Ministério da Cultura. Mudança é a quarta promovida por Dilma com o intuito de fortalecer o candidato petista na disputa pela prefeitura de São Paulo

Paulo de Tarso Lyra, Gabriel Mascarenhas, Juliana Braga

Uma semana depois de participar pela primeira vez da campanha do petista Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo e a 25 dias das eleições municipais paulistanas, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) é premiada pela presidente Dilma Rousseff com o Ministério da Cultura, na vaga de Ana de Hollanda. É mais uma mudança na Esplanada para cacifar a candidatura do ex-ministro da Educação. Dilma já dera o Ministério da Pesca para o PRB de Marcelo Crivella; a Educação para Aloizio Mercadante, segurando o ímpeto dele em disputar as prévias do PT; e a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades para Osvaldo Garcia, ligado ao deputado Paulo Maluf (PP-SP).

No caso de Crivella, a estratégia naufragou. O Planalto conseguiu estancar a debandada dos votos evangélicos no Congresso, mas não impediu que Celso Russomanno (PRB) mantivesse a candidatura à prefeitura de São Paulo. Na época em que o senador fluminense foi empossado, em março de 2012, o candidato do PRB à prefeitura era visto como um azarão, que "desidrataria quando o horário eleitoral começasse". Hoje, Russomanno tem mais de 30% das intenções de votos e está praticamente assegurado no segundo turno das eleições.

Os petistas esperam que a nomeação de Marta Suplicy também atrapalhe a candidatura de José Serra (PSDB). O PR, legenda do suplente da petista, Antônio Carlos Rodrigues, apoia o tucano (leia mais na página 4). "No mínimo, eles ficarão constrangidos de ter conseguido uma cadeira a mais no Senado e não apoiar o nosso candidato em São Paulo", torce um parlamentar petista.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, elogiou a indicação de Marta. "Ela tem todas as condições de exercer o cargo. A Cultura foi uma das principais marcas da gestão dela como prefeita", declarou ao Correio. Em entrevista no Senado, a futura ministra, que será empossada amanhã, negou que a nomeação esteja ligada ao apoio à candidatura de Haddad. "Minha ida não tem relação com a campanha do Haddad porque, desde o começo, eu disse que na hora que fosse fazer diferença, eu entraria (na campanha). E entrei. Vou continuar trabalhando, participando dos comícios, como combinei com ele", anunciou Marta, que tem grande influência no eleitorado paulistano, em especial na periferia.

"Soldada"

Apesar de um desgaste crescente com o PT e com o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marta sempre viu em Dilma uma aliada confiável. Quando assumiu o mandato de senadora, ela prometeu "ser uma soldada da presidente no Senado Federal". Dilma reconheceu isso na nota oficial na qual confirmou a substituição de Ana de Hollanda. "Dilma Rousseff manifestou confiança de que Marta Suplicy, que vinha dando importante colaboração ao governo no Senado, dará prosseguimento às políticas públicas e aos projetos que estão transformando a área da Cultura nos últimos anos", diz trecho da nota.

Foi a presidente quem comunicou, no fim do ano passado, o pedido do ex-presidente Lula para que Marta abrisse mão de disputar as prévias internas do PT para a prefeitura de São Paulo. O encontro aconteceu na área vip presidencial do Aeroporto de Congonhas (SP). Na época, a presidente foi bastante clara ao dizer que "contava com Marta no Congresso, no cargo de vice-presidente da Casa, para continuar ajudando o governo no Senado".

Em março, mesma época em que Dilma indicou Crivella para a Pesca e o deputado Pepe Vargas (PT-RS) para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Dilma sondou Marta para a Cultura, já insatisfeita com o bombardeio que Ana de Hollanda sofria. Educadamente, Marta recusou a oferta, dizendo que nos seus planos estava a pasta das Cidades.

As duas novamente se aproximaram há 20 dias, quando Dilma convenceu Marta a participar da campanha de Haddad. Disse que a senadora deveria entrar no momento em que a candidatura estava em ascensão, e a presença dela ainda seria importante para ajudar na eleição do colega petista. Marta topou. De lá para cá, foram mais três ou quatro encontros, a sós, nos quais o retorno à Esplanada começou a se consolidar. A mudança se cristalizou com a divulgação de uma carta na qual Ana de Hollanda reclamava da falta de recursos na pasta. O Planalto desconfia que ela própria vazou o documento para pressionar o governo.

Ontem, no Senado, Marta tentou demonstrar surpresa com o convite. "Não estava no programa. Acabei de falar com a presidenta. Não há como dizer não (a um convite de Dilma). E estou à disposição do governo, fico honrada com o convite. O Ministério da Cultura é extremamente importante, porque a identidade brasileira é a cultura. Vou enfrentar o desafio."

Irmã do compositor Chico Buarque, Ana de Hollanda foi comunicada da demissão por Dilma, em reunião que durou cerca de 25 minutos no Palácio do Planalto. Para evitar constrangimentos, a presidente a orientou a sair pelo elevador privativo. Ela e Marta reuniram-se à noite para acertar a transição.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Fadiga de material - Merval Pereira

E lá se vai o segundo ministério na tentativa de ajudar a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. A senadora Marta Suplicy repete a mesma cena que o senador Marcelo Crivella protagonizou ao dizer que não sabia nem colocar uma minhoca no anzol ao ser nomeado ministro da Pesca, para aplacar a ira dos evangélicos com o PT.

Agora Marta diz que não sabe o que vai fazer no Ministério da Cultura, pois foi "surpreendida" pelo convite da presidente Dilma. Mas, na campanha, sabe que tem que convencer a "periferia" a gostar de Haddad, logo ela que foi descartada por Lula por representar a política velha.

Crivella não conseguiu controlar o PRB em São Paulo, partido da Igreja Universal que tem seu candidato na figura do "artista" Celso Russomanno, aquele que lidera as pesquisas de opinião na capital paulista e disse recentemente que não é político, dando talvez uma explicação intuitiva para o sucesso de sua candidatura.

A presidente Dilma, aliás, está não apenas desmentindo a informação de que não participaria da campanha eleitoral, como claramente exorbita de suas funções. O discurso que fez em rede nacional de TV supostamente para comemorar o Dia da Independência não passou de propaganda deslavada de seu governo. Para completar o quadro de transgressões legais, ela fez críticas à oposição aproveitando-se de privilégio que a lei concede ao chefe de Estado, e não ao chefe partidário.

Mas esse esforço de Dilma, complementando o de Lula, está fadado a ser inútil se não acontecer com Russomanno o que sempre aconteceu das outras vezes em que se candidatou a cargos majoritários: definhar na reta final. Pelo andar da carruagem, ele estará no segundo turno contra o tucano Serra ou o petista Haddad, que sofrem igualmente com a ânsia do eleitorado paulistano de descobrir uma novidade nessa polarização entre os dois partidos que governaram o país nos últimos anos e também a capital e o estado de São Paulo.

Pode estar havendo "desgaste de material", como diagnosticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recentemente, em um surto de "sincericídio" que deve ter irritado Serra.

O fato é que, embora liderem a corrida às prefeituras dos 70 maiores colégios eleitorais do país, PT e PSDB apresentam desgaste nas capitais. Entre as dez maiores, só em uma, Manaus, o PSDB está em primeiro lugar com o ex-senador Arthur Virgílio, e mesmo assim Vanessa Grazziotin (PCdoB) está na sua cola. O PT nem isso. Só aparece em primeiro em duas: Goiânia e Rio Branco.

O PSDB tem chances de eleger mais prefeitos de capital, mas é São Paulo que representará reafirmação de sua liderança ou confirmação de que perde força em seu próprio eleitorado, da mesma forma que o PT depende de uma vitória de Haddad para dar início ao processo que pretende levá-lo a ganhar o governo paulista, controlado pelo PSDB há 18 anos.

O PSB está na liderança em quatro capitais, e partidos decadentes como o DEM podem se reabilitar com vitórias expressivas em Salvador ou Fortaleza.

A verdadeira campanha de extermínio entre PT e PSDB pode acabar sem vencedores. É o caso do uso da mensalão na campanha eleitoral. Ironicamente, é tema que não traz conforto para qualquer das duas correntes políticas majoritárias no país.

Se por um lado o PT está sendo humilhado no julgamento do STF, após ter passado sete anos tentando enganar a população afirmando que não houve o mensalão, ou que não passava de uma farsa da oposição para derrubar Lula, o PSDB também tem seus pecados nesse terreno. Além de ter originado o esquema criminoso na eleição para governador em 1998, com o mesmo Marcos Valério, que mais tarde levaria seu esquema de corrupção eleitoral para o nível nacional com a chegada do PT ao poder em 2002, o PSDB tem em São Paulo a apoiar a candidatura de José Serra ninguém menos que o deputado mensaleiro Valdemar da Costa Neto, que esteve na origem do mensalão petista ao negociar o apoio do PL, com a candidatura de José Alencar como vice na chapa de Lula.

Mais: numa demonstração de que o partido não tem nem mesmo organização interna, aparece na lista dos afetados pela Lei da Ficha Limpa em primeiro lugar, colocação nada honrosa para um partido que quer se impor ao adversário tanto no campo moral quanto no operacional.

FONTE: O GLOBO

Ameaça aos paulistanos - Fernando Rodrigues

Dilma Rousseff gravou depoimentos a favor dos petistas Fernando Haddad e Patrus Ananias, candidatos a prefeito em São Paulo e em Belo Horizonte. O que ela ganha? Saberemos depois da eleição, mas trata-se de aposta de alto risco.

Se a presidente conseguir seu objetivo, ocorrerá uma grande reviravolta nos cenários paulistano e belo-horizontino. Hoje, tal desfecho é improvável -para dizer o mínimo.

Mas mesmo as vitórias de Haddad e Patrus não serão um sucesso absoluto para Dilma. Provocam feridas na aliança que sustenta a presidente no Planalto. Ao fazer propaganda dos petistas na TV, ela comete dois atos temerários em política: 1) despreza adversários locais que a apoiam no plano federal e 2) faz uma ameaça velada aos eleitores nas cidades.

Tome-se o caso de São Paulo. A presidente afirmou na TV que Fernando Haddad é "a pessoa certa" para a cidade "consolidar projetos fundamentais do governo federal". Com Haddad, os paulistanos terão "muitas creches" e "novas moradias".

Por analogia, se Haddad é "a pessoa certa", as outras são as erradas. A mensagem é quase explícita: "Não vote em Celso Russomanno nem em José Serra. São Paulo só terá dinheiro federal se Haddad for eleito".

Já seria um despautério antirrepublicano a presidente pronunciar tal ameaça até contra um adversário direto (o tucano José Serra). O surrealismo aumenta quando se trata de um aliado. Russomanno é do PRB, um partido que apoia Dilma no Congresso, em Brasília, e tem sob seu comando o Ministério da Pesca.

Em Minas Gerais é a mesma coisa. Patrus faz oposição a Márcio Lacerda, do PSB -um aliado de primeira hora do PT em Brasília.

Tudo considerado, se Dilma ganha com Haddad e Patrus, ficará com os aliados PRB e PSB emburrados ao seu lado. Se perder, estará desmoralizada, pois os eleitores de São Paulo e de Belo Horizonte terão simplesmente ignorado a sua ameaça.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Toque de celeridade - Dora Kramer

O Supremo Tribunal Federal tem examinado a ação penal do mensalão com um olho nos autos e outro nos prazos. Este, sim, pode-se dizer que tenha como referência a opinião pública de que tanto reclamam os advogados de defesa.

Ainda que por hipótese remota não houvesse mais condenação alguma daqui em diante, existe a expectativa em torno do destino efetivo dos réus já condenados.

Serão presos, cumprirão de alguma forma as penas ou daqui a dois anos estarão levando vida normal, cuidando das respectivas atividades como se nada de diferente houvesse ocorrido que pudesse abalar a rotina de suas vidas?

O exemplo da primeira condenação de um deputado federal pelo STF desde que as regras mudaram e a Justiça deixou de precisar de autorização prévia do Congresso para processar parlamentares.

Natan Donadon foi condenado em outubro de 2010 pelos crimes de peculato e formação de quadrilha por ter desviado, junto com outros sete réus, dinheiro da Assembleia Legislativa de Rondônia, quando ocupava o cargo de diretor financeiro, em 1995. Até hoje, no entanto, está em liberdade por causa de embargos de declaração apresentados pela defesa e ainda não julgados.

A condenação a 13 anos, quatro meses e dez dias de prisão, mais multa de 66 salários mínimos, ocorreu por ato semelhante ao do deputado João Paulo Cunha. Donadon pagou R$ 8 milhões a uma agência de publicidade por serviços não prestados e mediante emissão de notas fiscais frias.

Foi relatora a ministra Cármen Lúcia, acompanhada pela unanimidade do colegiado na condenação por peculato que expôs a mesma lógica agora adotada no julgamento do mensalão no tocante aos quesitos ato de ofício e domínio do fato.

"Fugiria do limite do razoável imaginar que uma pessoa que exerce o cargo de diretor financeiro da Assembleia Legislativa, ao efetuar pagamento de serviços que custaram milhões de reais não tivesse a obrigação de se informar se eles estariam sendo devidamente prestados", argumentou Cármen Lúcia à época.

O presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto, está atento ao risco de a postergação se repetir. Por isso já articula no tribunal uma alteração de procedimentos, assim como foi feito para evitar que o contraditório entre ministros resultasse em pane processual.

Pedirá aos magistrados que "encurtem" seus votos e, uma vez encerrado o julgamento, examinem os embargos em tempo exíguo. Se possível, em cinco dias a contar da apresentação.

Lá como cá. O Brasil mudou, a composição do Supremo é outra, a amplitude dos crimes também. Mas um traço de união existe entre o julgamento que absolveu Fernando Collor em 1994 e o que vai condenando os réus do mensalão: os pecados da soberba e da preguiça.

Naquele processo a acusação, mal instruída, acreditou na força da opinião pública. Agora foi a vez de a defesa apresentar-se desleixada, confiante no peso das formalidades jurídicas.

Boca do caixa. Quando resistiu às investidas de Lula para se submeter passivamente à sua vontade e aderir à campanha de Fernando Haddad depois de ter sido preterida, a senadora Marta Suplicy pareceu rebelar-se contra a política feita na base do manda quem pode e obedece quem tem juízo.

Agora se vê, não era bem assim. Tão generosas quanto equivocadas e mesmo ingênuas foram as avaliações sobre sua capacidade de preservar autonomia feitas inclusive neste espaço.
Era, na verdade, tudo uma questão de preço. No caso, o Ministério da Cultura, em troca do qual Marta deixou de lado a opinião de que o "amadrinhamento" de Haddad seria inútil e até desrespeitoso para com o eleitor, para assumir o papel de fada madrinha do candidato na periferia.

A natureza humana de fato tarda, mas raramente falha.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Corte encampa tese da acusação contra Dirceu

Felipe Recondo, Eduardo Bresciani, Ricardo Brito e Fausto Macedo

O cerco a José Dirceu já começa a ser construído por alguns dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Desde a semana passada, ao ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula é atribuído o papel de comandante das ações que tornaram viável a execução do mensalão. Ministros destacam que Dirceu seria um líder dos autores dos crimes que estão sendo julgados.

A tese encampada por esses ministros vai na mesma linha da acusação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ao admitir a escassez de provas - pois os crimes teriam sido praticados, segundo o acusador, entre quatro paredes do Palácio do Planalto -, o procurador afirmou que Dirceu seria o chefe do esquema e deveria ser condenado porque tinha o domínio sobre as ações do grupo. "Autor é aquele que tem o controle final do fato", afirmou. "Não é só quem realiza a conduta típica, mas, sobretudo, quem chefia a ação criminosa, quem planeja a atividade criminosa dos demais integrantes do grupo."

O argumento de Gurgel recorre à teoria do domínio do fato - que, nascida no julgamento do nazismo, defende punição aos mandantes de crimes políticos ou de violações aos direitos humanos. A ministra Rosa Weber comparou os crimes financeiros aos crimes de guerra, o que permitiria a punição dos comandantes. "Mal comparando, nos crimes de guerra punem-se, em geral, os generais estrategistas, que desde seus gabinetes planejam os ataques, e não os simples soldados que os executam."

O relator do processo, Joaquim Barbosa, indiretamente colocou Dirceu como partícipe na lavagem de dinheiro. "Não se trata de um fato isolado, de meras reuniões entre dirigentes de um banco e o ministro da Casa Civil, mas de encontros no mesmo contexto em que se verificaram as operações de lavagem."

Audiências. "Ficou provado nos autos que José Dirceu não recebia pessoalmente as solicitações de audiências e tampouco era informado do nome do portador do pedido", afirma o criminalista José Luís Oliveira Lima, defensor do ex-ministro. "(Dirceu) só era informado, por meio dos funcionários do Comitê de Agenda da Casa Civil, do nome da empresa ou banco que solicitava a audiência. Se era Marcos Valério ou outro que pedia a audiência em nome do Banco Rural o ex-ministro não tinha condições de saber."

Oliveira Lima assevera que nas audiências oficiais era comum representantes das empresas se apresentarem em grupo. "Se o Rural levou para as audiências terceiros além de seus diretores tal fato não é de responsabilidade de José Dirceu. O ex-ministro jamais praticou qualquer ato para favorecer o banco. Vários testemunhos corroboram essa afirmação." Para o advogado, a teoria do domínio do fato não se aplica contra Dirceu. "Ele não comandava a ação de nenhum dos acusados e sequer tinha ciência dos empréstimos e repasses de dinheiro."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Dirceu diz a Lula já esperar por condenação no Supremo

O ex-ministro José Dirceu disse a Lula e a aliados que espera ser condenado pelo STF no julgamento do mensalão, informa Catia Seabra. Prestes a ser julgado, Dirceu afirmou, na conversa, que está preparado até para a hipótese de prisão.

Segundo ele, não porque existam provas, mas pela tendência da corte. A assessoria do petista negou e afirmou que ele "está confiante na sua absolvição".

Dirceu diz a Lula não ter esperança de conseguir absolvição no Supremo

Ex-ministro afirma estar preparado até para ser preso; para ele, STF faz julgamento político

Interlocutores relatam que ex-ministro fez prognóstico em reunião com Lula e advogado de um dos réus do caso

Catia Seabra

SÃO PAULO - O ex-ministro José Dirceu afirmou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a outros aliados que não espera mais ser absolvido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão.

Prestes a ser julgado pelo STF, Dirceu disse ainda que está preparado até para a hipótese da prisão.

Não porque existam provas contra ele, mas pela tendência esboçada pela corte, afirmou Dirceu.

Quatro interlocutores do ex-ministro relataram à Folha conversas em que Dirceu se diz "preparado para o pior". Uma delas ocorreu há dez dias durante reunião com Lula, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos e o petista Sigmaringa Seixas.

Na conversa, Dirceu repetiu que, do ponto de vista técnico, o Supremo não teria como sustentar sua condenação. Mas, na opinião dele, o julgamento trilha um caminho político.

O grupo, que se reuniu no domingo retrasado, chegou a discutir o uso de recursos que possam reverter a decisão do Supremo, os chamados embargos infringentes.

Thomaz Bastos fez uma exposição sobre as próximas etapas na corte. Foi debatido ainda o impacto do julgamento nas eleições municipais.

Na avaliação dos participantes, há reflexo negativo, especialmente nas grandes cidades, mas outros partidos, como o PSDB, não estão imunes ao desgaste. No caso dos tucanos, por causa do "mensalão mineiro", que envolve o empresário Marcos Valério em campanha de Eduardo Azeredo em 1998.

Confiança

Procurada, a assessoria do ex-ministro da Casa Civil afirmou que "José Dirceu está confiante em sua absolvição pelo STF, pois é inocente das acusações que lhe são feitas na ação penal 470. É o que tem dito sempre que conversa sobre o julgamento".

O STF começa, no próximo capítulo de julgamento, a analisar as acusações de corrupção ativa e passiva imputadas a deputados da base aliada, relativas à compra de apoio político no Congresso.

Esse item, o quarto a ser analisado (e sexto da denúncia da Procuradoria), diz respeito à prática de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, envolvendo PP, PL (hoje PR), PTB e PMDB.

Essa etapa ocorrerá quando o tribunal terminar de julgar a denúncia relativa ao crime de lavagem de dinheiro contra dirigentes do Banco Rural e pessoas ligadas a Marcos Valério.

Se conseguir concluir o julgamento desse capítulo sem usar toda a sessão de quinta-feira, o relator Joaquim Barbosa poderá entrar ainda nesta semana na questão do mensalão propriamente dita.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO