sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Projeto da ex-senadora enfrentará obstáculos maiores do que em 2010 - Fernando Rodrigues

O projeto da ex-senadora Marina Silva de disputar a Presidência da República em 2014 contém obstáculos extras na comparação com o cenário que enfrentou em 2010.

Naquele ano, ficou em terceiro na corrida ao Planalto, com cerca de 20% dos votos. Perdeu, mas foi a grande novidade da disputa. Galvanizou o apoio de brasileiros desencantados com políticos tradicionais.

Na pesquisa Datafolha de dezembro último, Marina aparece com potencial de voto para presidente que sugere que ela manteve o seu patrimônio de dois anos atrás.

São dados que devem ser analisados com ponderação. Quando não há campanha eleitoral aberta, é natural candidatos de outras disputas se beneficiarem da memória do eleitor, que, na dúvida, tende a declarar intenção de votar em quem já conhece.

Mas nada garante que Marina será outra vez depositária do voto de protesto contra os políticos tradicionais. Afinal, ela já não será uma neófita em corridas presidenciais. Em 2010, a ex-senadora pelo PT do Acre era uma ex-ministra que havia saído do governo por não concordar com a política ambiental de Lula. Com o tempo, esse predicado pode não eletrizar eleitores como antes.

Outra dificuldade é não ter um partido pronto. Ela teve o PV em 2010. Sigla modesta, mas que oferecia o básico: uma pequena bancada de deputados federais para garantir tempo de propaganda eleitoral na TV. Agora, será necessário convencer deputados a embarcarem no projeto.

O novo partido decidiu que não receberá doações de empresas "sujas", como as fabricantes de bebidas alcoólicas. É uma grande jogada de marketing, mas como serão repostos os recursos que brotavam dessas fontes? Não se sabe. A doação de pequenas quantias de pessoas físicas ainda é uma meta e não uma certeza. Sem dinheiro não se faz campanha no Brasil.

A todas essas dúvidas os aliados de Marina tendem a responder com uma palavra: internet. Pode dar certo, embora até agora a militância na web não tenha amadurecido. Neste mês, mais de 1,3 milhão de pessoas aderiu a uma petição digital contra Renan Calheiros (PMDB-AL), mas no momento em que a manifestação de rua foi convocada, só 200 apareceram.

Por fim, adversários de Marina têm estudado a natureza de seus eleitores. Haverá contraofensiva. O voto dos evangélicos, por exemplo, será muito mais cortejado. Ou seja, o projeto da ex-senadora não terá caminho suave.

Fonte: Folha de S. Paulo

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