terça-feira, 12 de março de 2013

Aécio ataca gestão da Petrobras, e Campos defende pacto federativo

Tucano e socialista fazem hoje ofensiva junto a governadores, de olho em 2014

Maria Lima, Júnia Gama

Dia cheio. Aécio fala em seminário e recebe governadores

Convergência. Campos quer união em torno de pacto

BRASÍLIA - Na ausência da presidente Dilma Rousseff, que continua fazendo palanques no Nordeste - hoje estará em Alagoas -, seus principais prováveis adversários, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), agitam Brasília hoje, de olho em 2014. Em duas frentes diferentes, o senador tucano e o governador pernambucano aproveitam a presença dos governadores na cidade - para a reunião de amanhã sobre pacto federativo, com os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB) -, para tentar costurar apoios dentro e fora de suas bases.

Hoje, Aécio será a estrela de um seminário do Instituto Teotônio Vilela com especialistas e ex-dirigentes da Petrobras, para mostrar o que considera "gestão temerária" do PT na estatal, que resultou, segundo dados que serão apresentados pelo PSDB, numa perda, em valor de mercado, de US$ 53,9 bilhões só nos dois primeiros meses do ano. À noite, o tucano recebe em seu apartamento governadores, não só do PSDB, em um jantar oferecido por Antônio Anastasia, governador de Minas. Além de estratégias para a pré-campanha presidencial nos estados, será discutida a composição da nova executiva nacional do PSDB, que deverá ser presidida por Aécio a partir de maio.

Já o presidente do PSB, Eduardo Campos, antecipa sua chegada para fazer uma reunião preparatória sobre os pontos de interesse do pacto federativo, sem ter como fugir do viés eleitoral. Uma dessas reuniões será na casa do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).

- É muito provável que não sejam só os seis governadores do PSB. O pacto federativo é um tema que aglutina todo mundo. É uma agenda bastante convergente e temos que aproveitar - disse o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).

O seminário do PSDB, com o slogan "Recuperar a Petrobras é nosso desafio; a favor do Brasil, a favor da Petrobras", na Câmara dos Deputados, é o desdobramento do discurso feito por Aécio citando "os 13 fracassos da administração do PT". A ideia do comando do partido, a partir de agora, é jogar luz em cada um dos "13 fracassos". E o primeiro, que resultará numa espécie de "livro preto" da estatal, será o que chamam de desmonte da Petrobras, que já foi a segunda maior petroleira do mundo e hoje ocupa o oitavo lugar no ranking das maiores.

Compra de refinaria será questionada

Os números que serão apresentados hoje por Aécio foram levantados pela empresa Econométrica, levando em conta balanços da estatal até o dia 23 de fevereiro. Além da desvalorização das ações, será dito que a Petrobras perdeu 47% do seu valor de mercado nos últimos dois anos, e também será questionada a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

A peregrinação dos governadores a Brasília para tratar do pacto federativo tem como principal objetivo a repactuação das dívidas dos estados com a União. Tema que também ganha contornos político eleitorais neste ano de pré-campanha - cabe à presidente Dilma Rousseff a palavra final. Um ponto de consenso entre as diferentes regiões é a diminuição do comprometimento da receita corrente líquida com a dívida, que possibilite o aumento dos investimentos. Os estados querem reduzir esse índice de 15% para 9%.

O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), Lindbergh Farias (PT-RJ), pretende pôr em votação projeto do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que prevê uma redução de 20% no comprometimento da receita, o que atende aos governadores. Lindbergh pondera, no entanto, que é preciso discutir conjuntamente outros pontos do pacto:

- Precisamos de um caminho que facilite uma saída e evite a radicalização da questão federativa. A questão dos royalties nos ensina que esse não é um caminho a seguir. Não podemos deixar que o debate federativo saia do controle, como aconteceu com os royalties.

Fonte: O Globo

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