sexta-feira, 7 de junho de 2013

Campos reforça críticas a vetos da MP dos Portos


O governador de Pernambuco e presidenciável do PSB, Eduardo Campos (PSB), criticou ontem os vetos da presidente Dilma Rousseff a trechos da Medida Provisória dos Portos que haviam sido acordados com o Congresso Nacional. O tema tem potencial explosivo para acentuar a crise entre o Planalto e a base aliada, uma vez que os vetos terão de ser votados pelo parlamento.

"Lamento que tenham sido feitos vetos que foram fruto de um entendimento com o Congresso", disse Campos ao Correio. Ele esteve em Brasília para tratar dos preparativos para Copa das Confederações com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Em 16 de maio, a poucas horas de ver a MP perder a validade, o Planalto cedeu às pressões do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e aceitou a aprovação da emenda conhecida como "Tio Patinhas", que retirava a necessidade de revisão de valores de concessões anteriores a 1993. Na última quarta-feira, o governo anunciou que o trecho está vetado da MP dos Portos.

"Houve uma quebra de acordo", reclamou Eduardo Cunha, na quarta. Ontem, no entanto, dia seguinte ao anúncio dos cortes em trechos da lei, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), negou que o Planalto tenha fechado acordos com a base. "Fui presidente da Comissão Mista da MP dos Portos. O governo nunca assumiu qualquer compromisso com as emendas que o Congresso aprovou", assegurou. Como foi justamente a resistência de Cunha e da bancada do PMDB que atrasou a aprovação da medida provisória — os deputados levaram mais de 40 horas para analisar o texto —, há uma expectativa no Congresso de que a discussão sobre os vetos também seja tensa e demorada. O líder do PT diz que não há pressa para analisar as modificações feitas por Dilma. "Podemos até discutir os vetos, mas com calma", comentou.

Estratégia

A falta de pressa é estratégica. Há mais de 3 mil vetos presidenciais na gaveta do Congresso. Ontem, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que esses vetos serão analisados antes da MP dos Portos. O Congresso deve declarar que metade deles está prejudicada, mas a discussão de outros, como artigos do Código Florestal, prometem render polêmica. Assim, a expectativa do Planalto é de que, até que chegue a vez da MP dos Portos, os ânimos da base aliada estejam mais calmos.

"Vamos trabalhar para não ter crise (na votação dos vetos). É um debate normal. Essa Casa vive sempre sob pressão. Não é por pressão que vamos votar essa ou aquela matéria. Vamos votar de acordo com as condições normais de temperatura por aqui", minimizou Guimarães.

Fonte: Correio Brazilliense

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