domingo, 25 de agosto de 2013

Cúpula do PSDB nos Estados rejeita prévias e apoia Aécio

Só diretório paulista admite disputa por candidatura presidencial tucana

Entrada de Serra no páreo não sensibiliza dirigentes estaduais, que temem divisão da sigla com consulta

Breno Costa, Gabriela Guerreiro e Ranier Bragon

BRASÍLIA - O atual cenário político interno no PSDB não respalda, nem remotamente, a pretensão declarada pelo ex-governador de São Paulo José Serra de disputar com o senador e presidente tucano, Aécio Neves (MG), o posto de candidato do partido à Presidência nas próximas eleições.

A Folha conversou nos últimos dias com 23 dos 27 presidentes de diretórios estaduais do PSDB.

Nenhum disse considerar Serra o melhor candidato para o partido, e apenas o deputado federal Duarte Nogueira, que dirige a seção paulista da sigla, defendeu claramente a necessidade de realização de prévias no partido para essa definição.

Eduardo Jorge Caldas Pereira, do diretório do DF, e Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro e um dos mais próximos aliados de Aécio, optaram por não responder. Eles entendem que o debate de prévias "inexiste" no partido e defendem o nome do mineiro como consolidado na corrida pelo Planalto.

Tabu
O sistema nunca foi adotado entre os tucanos, embora tenha sido defendido justamente por Aécio em 2009 --sem sucesso, assim como acabou derrotada a candidatura Serra na eleição presidencial do ano seguinte.

"As prévias só dividem o partido", diz o ex-senador Expedito Júnior, presidente do diretório de Rondônia.

Outros três (Bahia, Pará e Paraíba) consideram a realização de prévias apenas na hipótese de Serra lançar formalmente sua postulação à condição de pré-candidato -- o que ainda não aconteceu.

Serra continua em tratativas com o PPS como plano B para o que seria sua terceira corrida presidencial --ele disputou o cargo em 2002 e 2010.

A interlocutores, Aécio descarta as prévias, embora as admita em público para não melindrar Serra, dando a ele expediente para deixar a legenda.

Diante do aceno, Serra cobrou "igualdade de condições", o que eventualmente implicaria a saída do senador da presidência do PSDB.

Sobre essa possibilidade, Marcus Pestana (MG) chegou a se irritar. "Isso é uma mistura de miopia política com autismo político", disse.

Antecessor de Aécio na presidência do partido, o deputado federal Sérgio Guerra, do diretório pernambucano, foi na mesma linha.

"Um (Aécio) já é candidato de todo o partido. O outro é candidato de nenhum. Como é que vai ter condições iguais?", afirma Guerra.

O que serristas desejam é uma ampliação do colégio eleitoral da disputa, com a hipótese de consulta a toda a base de filiados.

Ampulheta
A decisão de Serra sobre sua permanência no PSDB precisa ser tomada até outubro, prazo legal para que mude de partido a tempo de disputar as eleições.

Na consulta aos presidentes de diretórios tucanos, o que se ouviu foi uma valorização do papel já desempenhado por Serra, mas, ao mesmo tempo, um incômodo com o surgimento do debate.

"O Serra tem que entender que o partido precisa desse novo momento", diz o deputado Nilson Leitão, presidente do diretório de Mato Grosso. "O PSDB precisa ter candidato na rua ontem. Não podemos mais brincar com isso dentro do partido."

"Respeito muito o Serra, ele tem uma belíssima história, mas a fila anda", resumiu Artur Bisneto, presidente do PSDB do Amazonas.

"Falando no campo das hipóteses, e se houver uma prévia e o Serra sai arrasado, com 10% dos votos? Ninguém deseja isso, eu não desejo, o Aécio não deseja", diz o deputado federal Luiz Carlos, do Amapá.

Fonte: Folha de S. Paulo

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