sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"O discurso do PSB soa como eleitoreiro", diz Soninha (PPS)

Roberval Sobrinho

Em passagem ontem pelo Recife, a pré-candidata do PPS à Presidência, Soninha Francine, falou da disposição de entrar na disputa e, sinalizando que o seu partido não avalia mais uma aproximação com o PSB para o 1º turno, fez críticas ao presidenciável Eduardo Campos, cujo discurso avaliou como "eleitoreiro".

As raposas
"Esse discurso é um pouco eleitoreiro. A gente analisa as coisas com muito mais complexidade, o que é um discurso mais honesto. Dizer que você vai exterminar as raposas políticas é tão falso como dizer que vai exterminar a corrupção e a politicagem. Não vão exterminar. Mas você pode matar de fome, reduzindo a ração da base fisiológica. Sob o ponto de vista de muitas pessoas, o próprio Eduardo seria uma raposa da política, no sentido da tradição familiar, inclusive do modo como ele costura nos bastidores. Para mim, Eduardo é uma raposa. Agora, o problema não são as raposas, são as hienas. Não se consegue governar sem fazer alianças com pessoas e partidos às quais você não concorde. É inevitável fazer concessões. Quem não admite fazer concessões não vai governar. Todo mundo diz que fala a verdade, mas não resiste a um exame mais apurado."

PSB-Rede
"A aliança Marina-Eduardo é programática e pragmática ao mesmo tempo, porque Eduardo não tem - ou não tinha, quando era candidato a governador - uma plataforma preocupada com a tal sustentabilidade, e isso não é o forte dele. Da parte de Marina, ela outro dia estava falando de temas que antes não falava, como a estabilidade econômica. Acho que um acrescenta alguma coisa ao outro, agora os dois juntos não acrescentam o que a gente pretende acrescentar."

Projeto PPS
"Posso não ter o apoio definido de alguns diretórios, mas tenho a apoio da base, dos militantes do partido. Se eu disser que há uma decisão unânime (sobre sua candidatura), é mentira, mas existem muitos lugares que apesar da inclinação da direção ser por uma aliança, têm lideranças locais que defendem uma candidatura própria. Há muita gente (no PPS) dividida entre uma aliança e outra. Mas as decisões em torno de uma candidatura própria estão se sobressaindo. E é até curioso ver gente de outros partidos defendendo que o PPS tenha candidatura própria. Até a juventude do PSDB de Minas Gerais, que interage comigo nas redes sociais, diz que acha ótimo que eu saia candidata."

PPS x PT
"Na verdade, a gente não se propõe a bater no PT, mas criticar o que a gente não concorda e também dizer como nós faríamos. Nossa campanha terá uma estratégia de conteúdo e de postura. A gente tem compromisso com a realidade na hora de fazer propostas e não tem um discurso de ataque. Não temos pretensão nenhuma de xingar o governo. Quem me conhece em campanha sabe que a gente fala as coisas que têm que ser ditas, independente de ser popular naquele momento."

Estratégia
"Nós podemos usar a internet sem medo, desde que nos programemos para isso. Tenho muito mais facilidade para estar nos lugares, falar com as pessoas, sem precisar de um baita aparato de deslocamento. Ando mais de duzentos quilômetros em São Paulo todos os dias, com cinco, seis compromissos. Então, quem está acostumada com esse tipo de desgaste físico não teme uma estrutura precária pra viajar pelo Brasil, fazendo campanha. E outra: com uma boa câmera digital, a gente faz um programa com conteúdo e bonito."

Pré-sal
"O que temos hoje? Importação de gasolina. Isso é bizarro. O Brasil se gaba de estar entrando no clube dos maiores produtores de petróleo do mundo. O Lula (ex-presidente) se gaba de sermos auto-suficiente na extração de petróleo e até hoje a gente importa gasolina. É incoerente."

Bolsa-família
"É um programa cuja implantação eu defendi, porque entendo que a gente tem uma emergência. Agora é uma emergência que já dura dez anos e foi mal resolvida. Não é um programa de transferência de renda porque não se está promovendo a igualdade propriamente dita. É um benefício, uma assistência. Mas se esse auxílio continua perdurando esse tempo todo é porque alguma coisa não andou. O acesso a bens que proporcione conforto às pessoas tem feito muito bem nesses últimos anos. O Bolsa Família permitiu isso, mas o resto não veio, como educação, saúde e saneamento básico. Ao invés de o governo comemorar o número de pessoas que entraram no programa, deveria comemorar o número de pessoas que deixaram de precisar dele."

Aborto
"Independente da orientação sexual ou da diferença de gênero, eu e o partido defendemos direitos iguais entre as pessoas. Em relação a outros temas, como legalização do aborto, tem uma posição muito clara da coordenação de mulheres do PPS, que acredita que você causa menos sofrimento, menos morte, trazendo o aborto para o mundo da legalização, ao invés de deixá-lo na ilegalidade. Agora, há divergências. Não é todo mundo no partido que defende isso e não pretendo fazer disso uma bandeira de campanha."

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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