quinta-feira, 18 de abril de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: o pacote de abril da Dilma

Esse mesmo casuísmo foi usado pela ditadura para calar a voz do Parlamento e dos partidos. Agora, estão tentando fazer o mesmo com a oposição. O PT passará para a história por reeditar o Pacote de Abril. Agora, o PT tenta fazer o mesmo. O outro foi o de Geisel, este é o Pacote de Abril da Dilma.

Não vai adiantar fazer isso, salvo cometer uma violência inaudita contra uma cidadã respeitada que é Marina Silva porque a sociedade brasileira não vai aceitar. É exemplo do velho casuísmo da ditadura militar

Não vai melhorar a biografia de nenhum petista nem de nenhum governista. Isto vai evidentemente manchar o PT, o governo Dilma e todos os que querem enfiar goela abaixo esse absurdo. Mas não deixamos de defender a democracia.

Roberto Freire, deputado federal e presidente do MD, em discurso, hoje de madrugada, no Parlamento.

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Quase dois anos depois... Para conter inflação, BC volta a subir juros
Oposição teme prisão de Capriles
Do PCB ao MD: adeus, Partidão
Mensalão na reta final: Condenados ganham mais prazo no STF
Evangélicos pedem saída de mensaleiros

FOLHA DE S. PAULO
Com inflação em alta, BC eleva taxa de juros
Supremo dobra prazo para a defesa de réus do mensalão
Projeto que inibe novos partidos passa na Câmara
Justiça afirma que Capriles 'engana' os venezuelanos
Lei autoriza professor sem pós-graduação nas federais

O ESTADO DE S. PAULO
Juro sobe 0,25 ponto e BC fala em ‘cautela’ no ajuste
Joaquim perde e STF dá prazo maior a recurso do mensalão
Bolsa beneficiará área de tecnologia
Produção de minério de ferro da Vale cai 3,5%

VALOR ECONÔMICO
BC inicia ciclo de aperto monetário com 'cautela'
Transporte urbano sem PIS-Cofins
G-20 promete mais estímulos à economia
Fundos estão mais animados com Petrobras
Em xeque, serviços terão mais índices

BRASIL ECONÔMICO
Copom cede e eleva a taxa básica de juros para combater a inflação
Desoneração da folha pode ser novo incentivo para a inovação
Em cima do muro

ESTADO DE MINAS
Copom eleva juros para 7,5% ao ano
Assassinos continuam a ameaçar
Condenados do mensalão ganham prazo
A segunda morte de Brizola

O TEMPO (MG)
FBI prende suspeito de enviar carta com veneno a Obama
BC aumenta a taxa de juros
Aécio acusa PT de tramar vitória por WO

CORREIO BRAZILIENSE
Ameaçado pela inflação, Brasil volta a subir juro
Itamaraty tem pelo menos 17 diplomatas fantasmas
Previdência: Regime especial de aposentadoria
Chavistas tentam silenciar oposição

GAZETA DO POVO (PR)
Renan Calheiros deixa para a Mesa do Senado decisão sobre TRFs
Copom sobe juros para 7,5% ao mês
Réus do mensalão terão mais prazo
FBI usa imagens para identificar autor de atentados em Boston

ZERO HORA (RS)
Dividido e pressionado, BC eleva juro para 7,5%

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Vítimas da seca vão ficar sem milho
Venda de álcool para menores vai virar crime
Suape obtém boa vitória no Senado
Juros sobem e deixam poupança mais atraente
Prazo menor para deficiente se aposentar

Câmara aprova projeto contra novos partidos

Manobra foi patrocinada pelo Planalto e por aliados com o objetivo de restringir o espaço de adversários de Dilma em 2014

Entre os atingidos está o movimento liderado por Marina Silva; proposta ainda tem que passar por votação no Senado

Márcio Falcão e Erich Decat

BRASÍLIA - Numa manobra de olho na disputa eleitoral de 2014, a Câmara dos Deputados aprovou ontem projeto que inibe a criação de partidos no país.

A proposta tira das legendas novatas possibilidade de amplo acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV, mecanismos vitais para o funcionamento financeiro e eleitoral.

O texto foi aprovado por 240 votos a 30. Após a votação de emendas, que não havia acabado até a conclusão desta edição, ele segue para o Senado. Uma das emendas aprovadas reduz ainda mais o tempo em rádio e TV dos partidos nanicos e aumenta o das siglas que têm deputados federais.

Patrocinada pelo Planalto nos bastidores, a medida é uma tentativa de esvaziar movimentos como o da ex-senadora Marina Silva, que tenta criar a Rede Sustentabilidade, partido pelo qual pretende disputar a Presidência em 2014.

A aprovação pode ter efeito ainda sobre o MD (Mobilização Democrática), criado ontem com a fusão do PPS e do PMN. A legenda fará oposição ao governo Dilma Rousseff e tem disposição para dar palanque à eventual campanha do governador Eduardo Campos (PSB-PE), à Presidência.

A votação foi comandada pelo PT com o PMDB, partidos da presidente e de seu vice, Michel Temer. Governistas admitem que há no Planalto uma preocupação com o efeito Marina, que conquistou 20 milhões de votos em 2010 e forçou o segundo turno.

Oficialmente, o governo nega. Ontem, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) despachou na Câmara, recebendo demandas dos parlamentares. Questionada sobre a proposta, ela disse que o Planalto não tinha envolvimento e que essa era uma demanda dos partidos.

Um dos argumentos dos integrantes da base é de que é preciso frear o que chamam de "leilão de parlamentares", atraídos por novas legendas.

Também motivados pela disputa de 2014, PSDB e PSB criticaram a proposta, uma vez que trabalham para estimular o maior número de candidaturas ao Planalto.

Em São Paulo, onde participou de evento de estudantes de Relações Internacionais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a tese é correta, mas deveria ter sido aplicada antes.

"Agora, é casuística, é para impedir, basicamente, o partido de Marina, porque parece que o PPS está conseguindo (fazer a fusão com o PMN)."

Se virar lei, a discussão deve parar na Justiça. Parlamentares do PSDB e do PSB estudam questionar as mudanças no STF. A ideia é alegar que o sistema estabelecido no projeto é inconstitucional.

Com receio de perder nomes para o MD, o PSD ameaça ir à Justiça se houver debandada de deputados. O MD terá inicialmente 13 deputados federais, mas atua para atrair mais.

Fonte: Folha de S. Paulo

Aécio Neves critica ‘rolo compressor’ do governo para asfixiar Marina e Campos

Unidos contra Dilma. Presidenciável tucano atacou ação do Palácio do Planalto para que partidos da base aprovassem projeto de lei que veta repasses do fundo partidário e a repartição de tempo de TV para novos partidos, o que dificulta candidaturas da oposição

Eduardo Bresciani, João Domingos

BRASÍLIA - Pré-candidato tucano à Presidência da República no ano que vem, o senador Aécio Neves (MG) acusou ontem o governo federal de patrocinar o projeto que restringe o acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV para novos partidos, o que toma quase inviável a candidatura da ex-ministra Marina Silva, que ainda luta para criar seu partido, a Rede, e cria obstáculos a uma eventual candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Aécio afirmou que a presidente Dilma Rousseff está assustada com a disputa nas urnas no próximo ano. "O governo federal, quando lhe interessa criar partidos, estimula e dá instrumento, mas quando acha que pode prejudicá-lo age com rolo compressor. Isso não é saudável para a democracia, não é um exemplo que o governo do PT mais uma vez dá. A presença de outras candidaturas eleva o debate e numa democracia como o Brasil ninguém pode querer ganhar uma eleição no W.O", disse Aécio, utilizando linguagem do futebol, como é atribuída a vitória ao time que comparece ao campo de jogo e não encontra o adversário.

O projeto que restringe o benefício para as novas legendas foi apresentado pelo deputado Edinho Araújo (PMDB-SP). Até o fechamento desta edição, a proposta era analisada pelo plenário da Câmara dos Deputados, mas a votação não havia sido concluída. O governo atuou fortemente nos bastidores pela aprovação. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), disparou telefonemas para parlamentares e líderes cobrando a posição de partidos da base aliada. O Estado flagrou um desses telefonemas.

Além de Aécio, Eduardo Campo s, Marina Silva e o agora presidente da Mobilização Democrática (MD), Roberto Freire (SP) -veja texto abaixo sobre a criação do novo partido -, atacaram o projeto. Para Marina, "é o tiro de misericórdia nos que pensam diferente do governo do PT".

Os presidenciáveis reagem em coro contra a aprovação da proposta que cerceia o surgimento de novos partidos porque, pelo atual cenário político, quanto mais candidaturas houver em 2,014 maiores são as chances de a presidente Dilma Rousseff disputar um segundo turno. Hoje, a petista desfruta de uma aprovação recorde nas pesquisas de opinião e venceria a disputa num primeiro turno.

Pluralidade. Aécio fez as crítica s à atuação do governo nos bastidores para garantir a aprovação do projeto de lei depois de participar de um evento do DEM que catalogou as promessas de campanha da então candidata Dilma Rousseff, Segundo o partido, a presidente da República não as cumpriu. O senador mineiro defendeu a pluralidade de candidaturas para 2014, fazendo elogios ao governador Eduardo Campos, que é presidente do PSB, e a Marina Silva.

Os tucanos apoiam as candidaturas de Campos e Marina porque acreditam que é do PSDB a chance.de disputar o segundo turno com o PT na eleição presidencial do ano que vem.

"Vejo a presidente assustada com o processo eleitoral. Ela age em 2013 como se estivesse em 2014", criticou o senador tucano, que vai assumir a presidência do PSDB no mês que vem. Aécio Neves chamou de "rolo compressor" a mobilização no Congresso para tentar inviabilizar os novos partidos.

Legenda para Campos. O senador minimizou o fato de a legenda Mobilização Democrática, resultado da fusão entre PPS e PMN, ter sinalizado apoio a Eduardo Campos.

O senador mineiro afirmou que ainda é cedo para definir essas composições e disse elogiar "qualquer iniciativa que fortaleça partidos no campo oposicionista". Afirmou que estimula Campos e Marina a entrar na disputa eleitoral de 2014. "Eu, pessoalmente, saúdo e estimulo a candidatura do companheiro Eduardo Campos porque, na verdade, ela traz um tom crítico importante em relação ao governo. A candidatura da ex-ministra Marina é importante para dar pluralidade ao debate e o governo busca cerceá-la com a força da sua base."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Para a MD, governo reedita Pacote de Abril para garantir reeleição de Dilma

Por: Nadja Rocha

O presidente nacional da Mobilização Democrática (MD), partido que surge da fusão do PPS com o PMN, deputado federal Roberto Freire (SP), disse que o governo usou os mesmos casuísmos da ditadura para aprovar, em sessão tumultuada, na noite desta quarta-feira, a proposta que cria restrições aos novos partidos.

O Projeto de Lei 4470/12 barra transferência do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão e dos recursos do Fundo Partidário relativos aos parlamentares que mudam de legenda durante a legislatura. O plenário só aprovou o texto principal da matéria e um dos destaques. Os demais serão votados na próxima terça-feira.

“Esse mesmo casuísmo foi usado pela ditadura para calar a voz do Parlamento e dos partidos. Agora, estão tentando fazer o mesmo com a oposição. O PT passará para a história por reeditar o Pacote de Abril”, criticou Freire ao se referir a um conjunto de leis editadas pela ditadura em abril de 1977.

Freire lembrou que o general Geisel fechou o Congresso Nacional e mudou as regras eleitorais para garantir aos militares uma maior bancada. “Agora, o PT tenta fazer o mesmo. O outro foi o de Geisel, este é o Pacote de Abril da Dilma”, acrescentou.

Na sessão que durou mais de 14 horas, MD, PSol, PSDB, PSB e o PV se revezaram na tribuna e usaram todos recursos regimentais, inclusive a obstrução, para impedir que a matéria fosse aprovada, o líder da MD, deputado Rubens Bueno (PR), ao patrocinar as medidas casuísticas, o Partido dos Trabalhadores tem como objetivo reduzir o espaço da disputa eleitoral. Ele disse que a presidente Dilma quer se reeleger no “grito e na pressão”.

“Dilma quer vencer sem disputar o pleito. Quer mudar as regras para vencer o jogo sem entrar em campo”, alertou. O parlamentar criticou também o uso da máquina do governo em favor da candidatura oficial. “A presidente cria mais ministérios, cargos, estatais, tudo para presentear os aliados em troca de apoio. Ela já disse que em eleição se faz o diabo”, condenou Bueno.

Massacre

De acordo com a deputada Carmen Zanotto (SC), as restrições previstas no projeto visam inviabilizar, principalmente, a #Rede, da ex-ministra Marina Silva, que está em fase de coleta de assinaturas.“Todos esses artifícios antidemocráticos têm um objetivo: massacrar a oposição porque teme a concorrência no próximo pleito”, afirmou Zanotto.

Fonte: Portal do PPS

Freire: Democracia não pode valer só para o governo

Por: Valéria de Oliveira

O presidente nacional da Mobilização Democrática (MD), deputado federal Roberto Freire (SP), defendeu, em pronunciamento no plenário da Câmara na noite desta quarta-feira, o princípio da democracia, “que na administração do PT vale para o governo e não vale para a oposição”. Foi a primeira atuação dele em plenário como presidente do novo partido, criado nesta quarta-feira após a fusão entre PPS e PMN.

Ele se referia ao projeto de autoria do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) que impede que deputados que migrarem de partidos levem tempo de TV e fundo partidário, facilidade dada ao governista PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab.

“Não vai adiantar fazer isso, salvo cometer uma violência inaudita contra uma cidadã respeitada que é Marina Silva porque a sociedade brasileira não vai aceitar”, afirmou Freire. Os partidários de Marina colhem assinaturas para a fundação do partido a ser capitaneado por ela, a Rede.

O deputado lembrou que o PPS já fez a fusão com o PMN nesta quarta-feira e o resultado da votação não afeta mais a Mobilização Democrática. “Mas não deixamos de defender a democracia”.

Para Freire, a prática dos petistas e de outros integrantes da base “é exemplo do velho casuísmo da ditadura militar”. O deputado observou que o PT não fechou o Congresso, como os ditadores, mas quer impor uma violência aos partidos políticos.

“Não vai melhorar a biografia de nenhum petista nem de nenhum governista”, ressaltou Freire. Na avaliação dele, “isto vai evidentemente manchar o PT, o governo Dilma e todos os que querem enfiar goela abaixo esse absurdo”.

Fonte: Portal do PPS

Do PCB ao MD: adeus, Partidão

Sucessor do antigo PCB, o "Partidão" o PPS oficializou ontem a fusão com o PMN e criou o Mobilização Democrática (MD), antes da aprovação do projeto que tira de novas siglas Fundo Partidário e tempo de TV.

Corrida contra restrições

Projeto que limita direito dos partidos a fundo e à TV é aprovado; antes, PPS e PMN formalizam fusão

Isabel Braga, Cristiane Jungblut

Polêmico. O projeto de lei que limita a criação de novos partidos dividiu o plenário da Câmara dos Deputados, mas foi aprovado no fim da noite por 240 votos a 30

Reforma partidária

BRASÍLIA - Na corrida contra o tempo, PPS e PMN conseguiram ontem registrar a fusão das duas legendas em cartório antes que fosse aprovado ontem à noite, na Câmara, o projeto que limita os direitos dos novos partidos ao fundo partidário e ao tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Da fusão surgiu um novo partido, Mobilização Democrática (MD), mas a migração de parlamentares para a nova legenda sem prejuízo para seus mandatos gera dúvidas e pode acabar em disputas na Justiça.

O texto base do projeto foi aprovado por 240 votos a favor e 30 contra. As legendas contrárias aos limites impostos aos novos partidos chegaram a obstruir a sessão por mais de nove horas. O objetivo principal do projeto é mudar entendimento firmado ano passado pelo Supremo Tribunal Federal, que concedeu ao então novato PSD tempo de TV e recursos do fundo partidário proporcionais ao tamanho da bancada que conseguira montar com deputados eleitos por outros partidos em 2010.

O projeto, que ainda precisa ser votado pelo Senado, estabelece que os novos partidos, sem deputados federais eleitos, têm direito apenas a parcelas mínimas do fundo e do tempo na TV.

Para os criadores da fusão PPS-PMN, nos próximos 30 dias a legenda poderá atrair descontentes e engrossar a campanha da eventual candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência, em 2014. Eles também acreditam que a legenda terá direito à portabilidade de votos dos deputados que migrarem.

Governistas, que defenderam a aprovação do projeto contra novas legendas, reconhecem que partidos da base podem perder deputados para o MD e para novas candidaturas presidenciais. Mas a aposta é que o novo partido também perderá parlamentares, já que a janela se abre para os dois lados: entrar ou sair da legenda, por justa causa.

A fusão com o PMN foi aprovada em congresso extraordinário do PPS, na manhã de ontem. O novo partido nasce com 13 deputados federais, 58 estaduais, 147 prefeitos e 2.527 vereadores. O número do MD será o 33, antigo número do PMN. O presidente nacional do MD será o deputado Roberto Freire, que comandava o PPS.

Dúvidas sobre nova legenda

Para os governistas, como o MD é resultado da fusão de dois partidos já existentes, não se trata de uma nova legenda. Nesse caso, seus integrantes não poderiam migrar de partido sem correr o risco de perder o mandato. Freire rejeita a tese. Segundo ele, as duas atas aprovam a fusão e a consequente extinção do PPS e PMN, e, com o registro no cartório, surge uma nova pessoa jurídica. Além do registro, PPS e PMN publicaram no Diário Oficial as atas e o estatuto do MD.

- Evidentemente que é nova legenda. Os dois partidos se extinguem e surge um novo partido. A lei diz claramente que da fusão resulta um novo partido. Dar outra interpretação é uma violência! - afirmou Freire.

Advogados eleitorais do PSD e do DEM difundiam ontem a tese de que fusão não resulta em nova legenda. Entre os deputados, também há dúvidas.

- É duvidoso. Mas é sempre opção para quem está insatisfeito localmente - afirmou Alfredo Kaefer (PSDB-PR).

Deputados especulam que a sigla que mais pode perder deputados para o MD é o PSD, de Gilberto Kassab, que fez muitas promessas na eleição do ano passado e não estaria conseguindo cumpri-las. Há quem diga que pode perder dez dos quase 50 deputados.

O líder do PSD, Eduardo Sciarra (PR), não acredita em grande debandada:

- Todos os partidos podem ter esse problema. Duvido que sejam mais que quatro, cinco deputados. Não vejo motivos para sair do PSD a não ser propostas, como dar a presidência de um diretório em algum lugar.

- O cara vai sair para ir para a oposição? Quem vai querer? Só se for numa aposta alta, pensando no jogo de 2014, e para o tudo ou nada. Se tivermos perdas, serão poucas e pontuais, para resolver problema político-eleitoral local - acredita Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

Entre os tucanos, as apostas são de que nem mesmo José Serra irá para o MD.

- Sem o movimento de Serra, não posso fazer qualquer movimento. E Serra tem até 3 de outubro, eu não - disse Vaz de Lima (PSDB-SP).

Depois de aprovar, na noite de anteontem, o regime de urgência, os líderes dos maiores partidos enfrentaram obstrução intensa de PSDB, PSB, PPS, PV e PSOL. Deputados do PMDB, PT, PSD e DEM defenderam a aprovação do projeto.

O DEM, que perdeu 17 deputados para o PSD, justificou o apoio ao projeto:

- Não estamos fazendo o jogo da Dilma, estamos fazendo o nosso jogo. É espírito de autopreservação. Este é um casuísmo para reparar e impedir que a sangria permaneça - disse o vice-líder do DEM, Mendonça Filho (PE)

Fonte: O Globo

PPS e PMN formalizam criação do Mobilização Democrática

Partidos realizaram congressos às pressas para aprovar fusão; nova sigla será de oposição ao governo Dilma

João Domingos

Brasília - Está criado o MD (Mobilização Democrática), partido que surgiu hoje da fusão do PPS e do PMN. Para a formação da nova legenda, PPS e PMN realizaram às pressas congressos extraordinários para aprovar a fusão. Em seguida, fizeram um congresso conjunto, nesta tarde, e sacramentaram o novo partido.

A pressa ocorreu porque o Congresso está votando projeto de lei do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) que tira dos novos partidos o acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV.

A nova legenda fará oposição ao governo federal. A tendência é que se junte às forças que vão dar sustentação à candidatura do governador Eduardo Campos (PSB), se este decidir mesmo disputar a sucessão da presidente Dilma Rousseff.

O MD soma 13 deputados federais, 58 estaduais, 147 prefeitos e 2.527 vereadores. Em todo o Brasil são 683.420 filiados. O presidente do MD será o deputado Roberto Freire (SP), presidente do PPS. O secretário-geral será o deputado Rubens Bueno (PR), que será o líder do novo partido na Câmara. O PMN indicará o tesoureiro.

De acordo com a decisão do novo partido, o diretório nacional será formado por 40% de integrantes do ex-PPS, 40% do ex-PMN e 20% para novos integrantes. Espera-se a adesão de parlamentares do PSDB, PSD e PSC. Ao todo, o cálculo é de que o partido chegará a 20 deputados.

Ficou decidido ainda que cada dirigente terá mandato de dois anos, com possibilidade de uma reeleição.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PPS e PMN oficializam fusão e criam a Mobilização Democrática

Erich Decat

BRASÍLIA - O PPS e o PMN oficializaram nesta quarta-feira (17) a fusão dos dois partidos em reunião realizada em Brasília.

O nome do novo partido será MD (Mobilização Democrática), o mesmo escolhido em 2006 quando as duas legendas, além do PHS, ensaiaram uma união, que na ocasião não foi para frente.

No comando da nova legenda ficará o ex-presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP). Já o deputado Rubens Bueno (PR), atual líder do PPS na Câmara, vai acumular o posto de secretário-geral e o de líder do MD. A vice-presidência e a tesouraria devem ficar com um integrante indicado pelo PMN.

Os mandatos terão a duração de dois anos, podendo haver uma única reeleição.

De posse da ata da reunião, estatuto, manifesto e da composição do diretório nacional, os dirigentes da nova legenda pretendem formalizá-la no cartório ainda hoje para o processo de fusão seguir para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Pelas contas da cúpula do partido, o MD terá 13 deputados federais, 58 estaduais, 147 prefeitos e 2.527 vereadores. Em todo o Brasil serão 683.420 filiados.

A direção nacional ficará divida com 40% dos cargos para o PPS e o mesmo percentual para o PMN. O restante (20%) ficará aberto para a adesão de integrantes de outras legendas.

Urgência

A realização do congresso dos dois partidos ocorre ao mesmo tempo em que o plenário da Câmara iniciou o processo de votação do projeto que restringe o acesso ao fundo partidário e ao tempo de televisão às legendas que não tenham disputado eleições.

As conversas para uma fusão do PPS e PMN estavam programadas para serem concluídas apenas no meio do ano. Diante da movimentação de integrantes da base aliada do governo para aprovarem a proposta, os dirigentes das duas legendas convocaram o encontro em "caráter de urgência" para decidiram pela união.

O projeto também pode ter efeito para a Rede Sustentabilidade, legenda que a ex-senadora Marina Silva corre para viabilizar de olho na disputa ao Palácio do Planalto de 2014. Na eleição presidencial de 2010, Marina recebeu cerca de 20 milhões de votos.

Por não se tratar de uma fusão, a Rede ainda precisa da coleta de cerca de 500 mil assinaturas em nove Estados para poder ter o registro eleitoral.

Caso seja aprovado na Câmara hoje, o projeto ainda precisar ser votado no Senado para, em seguida, seguir para sanção da presidente Dilma.

Janela

Com a criação do MD abre-se um prazo de 30 dias para que os políticos mudem para o partido sem o risco de perder o mandato. Esse período é conhecido como "janela".

No radar do novo partido está a possibilidade de o ex-governador José Serra deixar o PSDB para ingressar ao MD. O tucano participou na semana passada de evento promovido pelo PPS onde defendeu a união de forças da oposição contra possível candidatura de Dilma à reeleição.

Outra hipótese discutida é o apoio à possível candidatura à Presidência do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ou até mesmo de Marina Silva.

Fonte: Folha de S. Paulo

PPS e PMN se unem e dão origem a uma nova força política no país: a Mobilização Democrática

Por: Assessoria do PPS

Diretório Nacional será compartilhado entre dirigentes dos dois partidos fundadores. Documentação da sigla já foi encaminhada ao cartório e para publicação no Diário Oficial da União.

O PPS e o PMN oficializaram nesta quarta-feira (17), em ato político conjunto, a fusão dos dois partidos, que agora passam a se chamar Mobilização Democrática (MD). A decisão foi tomada em congressos extraordinários, realizados em Brasília. A Mobilização Democrática, que utilizará o número 33, nasce na oposição ao governo federal e já trabalha para a construção de um projeto alternativo para o Brasil em 2014. Juntas, as duas forças políticas somam 13 deputados federais, 58 estaduais, 147 prefeitos e 2.527 vereadores. São 683.420 filiados em todo o país.

O presidente da Mobilização Democrática, eleito por unanimidade, será o deputado federal Roberto Freire (SP), que comandava o PPS. A vice-presidência do partido será ocupada por Telma Ribeiro, ex-presidente em exercício do PMN. Já a secretaria geral da legenda fica com o deputado federal Rubens Bueno (PR), que continuará como líder da nova legenda. A secretaria executiva será exercida por Telma Zaira. Já o tesoureiro será Lucas Albano, oriundo do PMN. Regis Cavalcante, do PPS, ocupa o posto de 1º tesoureiro. O diretório será composto por 125 titulares e 55 suplentes. Ficam em aberto 24 vagas de titulares e 22 de suplentes para que sejam preenchidas por lideranças que eventualmente vierem integrar a nova força política.


Para Freire, a MD vai ampliar a capilaridade do PPS e do PMN. Na avaliação dele, o surgimento do novo partido preocupa o governo e seus aliados. “O governo deve ter mais informações do que nós sobre o que esta fusão pode render porque está aperreado; o governo está muito aperreado”, disse, antes da votação do programa, do estatuto e do manifesto da MD. Segundo ele, o Planalto não esperava que PPS e PMN se fundissem abrindo uma janela para abrigar descontentes de partidos de oposição e até da base.

Roberto Freire comparou com o Pacote de Abril, da ditadura militar, a manobra do governo para impedir que deputados que decidam migrar para novos partidos levem consigo o tempo de TV e o fundo partidário. Ele disse que, naquela época a oposição reagiu rapidamente. “Tancredo voltou para o PMDB do Doutor Ulysses, o PDT de Brizola só lançou candidato onde tinha possibilidade de ganhar. Temos essa história a nos nortear e precisamos da fusão para unir forças para 2014”.

Reforços

O secretário-geral da MD e líder do partido na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), disse que o PT e o governo não impedirão, de nenhuma maneira, o surgimento de novas forças políticas no país. “Esse governo não vai ganhar a eleição de 2014 por WO. Com esse novo partido a oposição se fortalece para 2014”. Sobre os reforços que o novo partido vai ganhar, com a possível adesão de parlamentares e prefeitos, Bueno disse que as manifestações de interesse são surpreendentes. “De hoje para amanhã, teremos boas novidades. A porta está aberta para todos aqueles que tenham uma sintonia fina com essa linha de oposição”, disse Bueno.

Já a vice-presidente da MD, Telma Ribeiro, afirmou que o trabalho dela nessa nova força política será dedicado à mobilização do partido em todo o país. "Meu trabalho será o trabalho de formiguinha. A parte de articulação política fica com o Roberto Freire", disse.

Logo após a oficialização da fusão, os dirigentes da MD iniciaram o processo de registro da legenda em cartório, com toda a documentação necessária, como determina a legislação eleitoral.

Participaram dos congressos de fusão mais de 100 delegados de todos os estados e do Distrito Federal, além dos deputados federais do novo partido.

Fonte: Portal do PPS

Muito cacique - Merval Pereira

Na terça-feira, quando índios invadiram o plenário da Câmara, além da correria dos deputados e funcionários, o que de mais interessante aconteceu foi o comentário do deputado Miro Teixeira, do PDT do Rio: "É a primeira vez que tem mais índio que cacique nesse plenário", ironizou o deputado. E foi uma manobra dos "caciques" governistas que mais mobilizou a atenção dos políticos nesses últimos dias. Eles demonstraram mais uma vez que, quando é para tratar de assunto de interesse próprio, são ágeis e rápidos.

Só que desta vez houve eficiência dos dois lados, e a fusão do PPS com o PMN superou todos os obstáculos burocráticos e se fez em tempo recorde. Por isso, a mais recente manobra governista para limitar a atuação política de prováveis adversários da presidente Dilma na corrida presidencial em 2014 não deve ter grande repercussão no resultado final para o grid de largada, pois tanto a ex-senadora Marina Silva quanto o governador de Pernambuco Eduardo Campos têm alternativas partidárias além dos novos partidos que os apoiariam.

Campos tem o PSB, uma força partidária mediana, mas com poder de atrair alianças. Já Marina tem a alternativa de voltar a concorrer pelo Partido Verde enquanto organiza a sua REDE. Além do mais, tendo sido aprovada a fusão do PPS com o PMN antes mesmo que a votação na Câmara acontecesse, o novo partido estará apto a participar das eleições presidenciais com todos os direitos dos partidos existentes, e provavelmente apoiará Campos.

O que o tratoraço governista pode provocar é uma rede de apoios a Marina que acabará provavelmente no Supremo Tribunal Federal. O que mais se fala hoje no Congresso Nacional é sobre a necessidade de defender as minorias da fúria majoritária, e é disso que se trata agora. O novo partido Movimento Democrático, fruto da fusão do PPS com o PMN, poderá servir de apoio a Marina para uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo, numa tentativa de mudar a decisão do Congresso de retirar as condições mínimas de uma nova legenda subsistir.

A base da Adin serão justamente os votos de vários ministros do Supremo ao julgar o pedido do PSD de ter tempo de propaganda eleitoral e acesso ao Fundo Partidário, depois de ter tido a legenda oficializada pelo TSE. Vários deles fizeram a mesma afirmação em seus votos: já que a nova legenda foi aceita, seria condená-la à morte por inanição não permitir que concorra em igualdade de condições com os demais partidos, proporcionalmente ao tamanho de sua bancada.

Esse argumento, o de que a maioria tenta sufocar o direito de uma minoria, será a base da arguição de inconstitucionalidade. Mas mesmo que a ação não seja recebida pelo Supremo, criou-se no meio político um movimento de solidariedade a Marina Silva, com o apoio do PSB de Campos e do PSDB de Aécio Neves, que pode semear uma unidade política na oposição que não se viu nas últimas eleições.

O PSB já teve Ciro Gomes e Garotinho como candidatos contra Lula, mas os dois voltaram à aliança com o PT no segundo turno. O máximo que fizeram candidatos saídos da base do governo, como Cristovam Buarque, do PDT, em 2006, e Marina Silva, do PV, em 2010, foi ficarem neutros no segundo turno, sem explicitar a dissidência.

Essa demonstração de arrogância da maioria está permitindo que cresça na oposição um sentimento comum de que é preciso união de forças para derrotar a base governista. Além disso, alguns partidos que formalmente fazem parte da aliança que apoia a presidente Dilma estão gostando muito do cerco que os prováveis adversários da reeleição estão fazendo a eles, como Eduardo Campos, que sugere que pode vir a convidar um nome do PDT para ser seu vice. Fala-se no senador Cristovam Buarque, pernambucano como Campos, mas com atuação política em Brasília. Ou Aécio Neves, que flerta tanto com o PP quanto com o PR da família Garotinho, em busca de um palanque forte no Rio de Janeiro.

Fonte: O Globo

Oficina de remendos - Dora Kramer

Essa discussão sobre a ofensiva governista no Congresso para dificultar a vida de novos partidos a rigor nem deveria existir. Só existe porque se criou um festival de casuísmos em que um erro passou a justificar o outro, a ponto de o Poder Judiciário aderir à lógica de que há leis que pegam e outras que não pegam.

O caso da vez é a ideia de vedar aos novos partidos o acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao horário eleitoral no rádio e na televisão. A tese enuncia a necessidade de impedir a criação de mais legendas de aluguel e, assim, moralizar o processo.

Seus porta-vozes fazem papel de santos em ambiente de devassidão; apresentam-se para organizar uma bagunça da qual são sócios proprietários.

O objetivo imediato de um lado é dificultar apoios a prováveis oponentes da presidente Dilma Rousseff em 2014 e preservar uma fatia do mercado. De outro, entrar no rateio do Fundo Partidário (R$ 294 milhões em 2013) e do tempo de propaganda.

Um casuísmo? Escandaloso: no ano passado, gente que está hoje contra o projeto era a favor, e vice-versa. Na hora de ajudar o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSB que hoje se sente prejudicado estava junto com outros aliados na sustentação dos pilares sobre os quais foi erguido o PSD.

O PMDB que agora apoia a barreira aos novatos, no ano passado estava junto com o DEM, o PSDB, o PPS e outros signatários da ação no Supremo questionando o direito do PSD ao Fundo Partidário e ao tempo e televisão na proporção do tamanho da bancada, àquela altura com cerca de 50 deputados. Nenhum eleito pela legenda criada em 2011.

Casuísmo explícito, mas não o único nessa série de remendos em série decorrentes, ao que tudo indica, de um pecado de origem: o desleixo em relação à lei vigente.

Duas delas dizem expressa e claramente que os partidos terão direito à distribuição dos recursos e ao tempo no horário eleitoral "proporcionalmente à representação na Câmara dos Deputados". E como se faz esse cálculo? Segundo as leis, "de acordo com os votos obtidos na eleição anterior".

Segundo a lei eleitoral, uma terça parte do horário em rádio e TV é distribuída entre todas as legendas com registro e dois terços repartidos pelo critério do tamanho das bancadas. A lei que rege os partidos reserva 5% do fundo para todos e manda que 95% sejam repartidos conforme a representação resultante da eleição antecedente.

Pois bem, o PSD tinha um ano de vida, não havia passado por nenhuma eleição e, portanto, não atendia ao critério. Ainda assim, obteve do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal o benefício que a lei negava.

E por que isso aconteceu? Resultou da interpretação de uma questão anterior, da fidelidade partidária, examinada em 2008 pelo TSE e o STF. Ficou determinado que os mandatos pertenciam aos partidos; perderiam os mandatos os eleitos que trocassem de legenda. Exceção aberta aos migrantes para novas legendas ou quando o político fosse vítima de perseguição em sua agremiação.

Para as siglas resultantes de fusão a norma é diferente: não perde o mandato quem sai, mas perde quem entra porque a justiça não entende como novo o partido produto de união com outro.

De qualquer forma, brecha aberta, a maioria entendeu nos tribunais que "a realidade" se sobrepunha à letra fria da regra e que não teria cabimento impedir que um partido já com bancada expressiva não recebesse recursos e tempo proporcionais à representação. Por menos que não tivesse passado por uma eleição, como legalmente exigido.

E assim, de exceção em exceção, nenhuma regra se consolida e, à falta de disposição para reforma digna do nome, a política se transforma numa oficina de remendos. Mal feitos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O entusiasmo entrega - Denise Rothenburg

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) comentava ontem com muita propriedade um velho ensinamento de que política é feita mais de gestos do que de palavras. E quem tem se dedicado a observar como se comportam os jogadores dessa quadra verá que os últimos dias foram fartos nesse aspecto. Nada mais emblemático do que a vibração do vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), o líder da bancada petista, José Guimarães (CE), e do deputado José Genoino (PT-SP) quando o plenário da Casa aprovou a urgência para o projeto que tira de novos partidos tempo de tevê e fundo partidário.

O entusiasmo, só comparado ao dos torcedores de grandes times de futebol vencedores de campeonatos importantes, é sinal de que nem tudo está bem na base governista. Sendo assim, o PT precisa, e muito, segurar todos os parlamentares onde estão de forma a não abrir mais o leque a outros projetos — leia-se Marina Silva e a Rede; Paulo Pereira da Silva, com o Solidariedade; e o Mobilização Democrática (MD), resultante da fusão PPS-PMN, que deve ter seu estatuto aprovado logo, em tempo de se livrar desse cerco.

Marina Silva é outra história. Detentora de 18% dos votos na eleição passada, fundamentais para que o pleito fosse decidido em segundo turno entre José Serra e Dilma Rousseff, Marina corre contra o tempo para formar a sua Rede até setembro, de forma a ter ainda um período até a primeira semana de outubro para as filiações partidárias. Afinal quem deseja participar de eleição deve se filiar a um partido um ano antes. Esse é seu maior desafio. Se conseguir — e tiver tempo de tevê —, pode atrapalhar o governo. Como o governo, aparentemente, não tem como furar a rede nos tribunais eleitorais, trabalha para evitar que a Rede tenha tempo de tevê e acesso ao fundo partidário.

A comemoração de Guimarães, Vargas e Genoino não seria tão grande se esses projetos alternativos em gestação não fossem prejudiciais ao Partido dos Trabalhadores. Se tudo estivesse maravilhoso para o PT na política, como está a popularidade de Dilma nas pesquisas, o entusiasmo com essa proposta de tirar tempo de tevê dos novos partidos não seria tão genuíno.

Os petistas já perceberam que a base não é mais tão dócil quanto em tempos passados. E as conversas de bastidor no plenário falam por si. Ontem, por exemplo, o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) procurou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Estava interessado em ir a Pernambuco, conversar com o governador Eduardo Campos, pré-candidato a presidente da República pelo PSB. Minutos antes, o senador Aécio Neves, o nome do PSDB para concorrer contra Dilma, havia cruzado os salões da Câmara. Entre uma entrevista e outra, foi abordado por vários deputados governistas interessados em um tête-à-tête com ele, caso, por exemplo, do mineiro Leonardo Quintão, também do PMDB.

Ok, alguns podem apenas se mover no sentido de ver se recebem algum carinho do Planalto. Mas, se gostarem da conversa dos pré-candidatos que despontam por aí, acabam ficando na margem oposta do rio. E, a um ano e meio da eleição, diante das incertezas econômicas, esses gestos de criar pontes para todos os lados é natural. Afinal, conforme alguns economistas têm dito a políticos que os procuram, o Brasil deixou de ser a bola da vez dos investidores, até porque as idas e vindas dos marcos regulatórios de diversos setores os espantam, e essa turma prefere trabalhar com regras claras e sólidas.

Para completar, têm a subida dos juros em 0,25 ponto percentual, que ajuda a segurar a inflação — o mais perverso dos males para as classes mais carentes —, mas frustra aqueles que estão endividados, leia-se a nova classe média. O cenário se completa com o gasto público nas alturas, a criação de estatais em série e a presidente dizendo que não irá fazer sacrifícios em detrimento da população. Isso funciona até um certo tempo, mas não para sempre. Daqui a pouco, caso o dinheiro não dê para cobrir todas as ações governamentais — e não está cobrindo há tempos —, as contas vão estourar e as cobranças recairão sobre Dilma, que por mais seriedade que demonstre em suas ações, não consegue fazer mágica.

Nem fazer vibrar a política.

Enquanto isso, na fonte da saudade...

Com as nuvens carregadas sobre a economia, existe, dentro e fora do Poder Executivo, quem esteja com um certo ar nostálgico ao citar o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. Há quem diga que, nos tempos dele como comandante da política econômica, havia no ar a sensação de maior controle. Agora, os comentários são de que, embora o governo esteja empenhado nesse controle, os gestos dos ministros e a ampliação do gasto público não deixam isso muito claro.

Fonte: Correio Braziliense

Certo, mas fora de hora - Tereza Cruvinel

Num plenário conflagrado, a Câmara entrou pela noite tentando aprovar um projeto que representaria um aprimoramento do sistema político se tivesse sido votado em outra hora. A rigor, ele impõe a observância da Constituição quando diz, em respeito à vontade popular, que as maiores frações do tempo de TV e do fundo partidária serão divididas proporcionalmente ao tamanho das bancadas que saíram das urnas. Nos anos seguintes, entretanto, as migrações intensas ignoraram a previsão. A reação tardia, no ano passado, diante da criação do PSD, levou o STF a decidir contrariamente. Garantiu-lhe o tempo de TV e os recursos do fundo proporcionalmente à bancada aliciada de outros partidos. Mas a votação agora, por iniciativa dos governistas, quando duas forças de oposição organizam novos partidos, estigmatizou como autoritária e casuística a medida necessária. O resultado acabará sendo mais judicialização da política.

O debate exaltado e a pressa na tramitação aumentaram a desinformação sobre o significado da vedação proposta. A começar pelo fato de que ela não impede a formação de novos partidos. Embora tenhamos partidos demais, e talvez propostas partidárias de menos, uma barreira à criação de novas siglas exigiria mudança na Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de 1995, hoje considerada um pilar (a meu ver trincado) da nova democracia. Nisso, não se está mexendo. Assim, não haverá impedimento à criação da Rede de Marina Silva nem à Mobilização Democrática de Roberto Freire. Entretanto, se o projeto for aprovado pelas duas Casas, como se tentava ontem, o partido oriundo da fusão contará apenas com os recursos proporcionais ao tamanho das bancadas originais: 13 do PPS e três do PMN. A pescaria de adesões não trará ganhos adicionais de tempo de TV e dinheiro do fundo. Já o partido de Marina, que está sendo criado do marco zero, ganharia apenas uma fração da parcela de tempo e de recursos (5% e 10% respectivamente) que são divididos igualmente entre todos os partidos.

No Brasil, assim como os empresários gostariam que existisse o capitalismo sem risco, os políticos preferem que não existam regras partidárias. Aprovado, embora fora de hora, o projeto começaria a colocar ordem nesta libertinagem. Mas dificilmente o Judiciário deixará de garantir à Rede, bem como à Mobilização Democrática, o que garantiu ao PSD. A Rede, diz o deputado Alfredo Sirkis, um dos organizadores, vai recorrer ao Judiciário. A outra nova sigla, nascida ontem, também. E, mais uma vez, por não legislar ou legislar fora de hora, o Congresso entregará prerrogativas ao outro poder.

Inflexão no STF

Foram oito ministros contra o presidente do STF, Joaquim Barbosa, a favor da duplicação do prazo de recurso, de 5 para 10 dias, para os réus do mensalão. O que houve ontem no STF pode refletir o que andam dizendo alguns advogados de defesa: que a unidade absoluta do dias do julgamento se trincou. Alguns ministros teriam se dado conta de falhas e de excessos cometidos.

Com o novo prazo, os advogados poderão formular embargos declaratórios mais consistentes. Estes são os recursos cabíveis agora. Depois de julgados é que serão apresentados os embargos infringentes, cabíveis quando pelo menos quatro ministros não seguiram a maioria na condenação.

Eles agora estão trabalhando em maior sintonia, mirando as teses do julgamento e não a defesa individual dos clientes, o que não deu resultados. Uma das teses, a de que houve desvio de recursos públicos, será contestada com documentos dos autos que foram praticamente ignorados. Entre eles, as peças publicitárias e notas fiscais de veículos de comunicação atestando a veiculação de campanha dos cartões Ourocard/Banco do Brasil, com recursos do Visanet, pela agencia DNA, bem como de campanhas da Câmara, executadas pela agencia SMP&B. A revista Retrato do Brasil publicou cópias desses documentos em seu número de março. O julgamento dos embargos confirmará, ou não, se houve mesmo quebra da hegemonia no Supremo, em parte alimentada pelos antagonismos internos.

Eles na liça

Aécio Neves e Eduardo Campos, tricotaram muito nas últimas horas em Brasília. Cada qual por seu lado, mas preservando a hipótese de convergência lá na frente. "Não subestimem a candidatura do Aécio. Ele tem a juventude a seu favor, um partido estruturado e o legado de um bom governo em Minas", disse Campos aos senadores com os quais jantou anteontem. Falou basicamente de economia, mas impressionou bem. Eles combinaram de atuar, doravante, como um bloco informal no Senado.

Por onde passou, Aécio criticou a visita de Dilma a Minas, segundo ele para cumprir agenda petista e não do Estado. Cobrou uma dezena de obras não realizadas e de projetos desviados para outros estados. De longe, monitorou a eleição da executiva de São Paulo, onde os serristas foram derrotados. De perto, acertou a estratégia para a reorganização do PSDB no Distrito Federal, onde dois grupos se digladiavam. Uma comissão provisória, presidida por Eduardo Jorge, vai preparar a eleição de uma nova direção regional, sintonizada com os planos nacionais. Por fim, elogiou também o concorrente, interessado na fusão PPS-PMN. "A presidente parece assustada com a eleição presidencial, ao ponto de seus aliados estarem dispostos a cometer um casuísmo para atingir as candidaturas de Eduardo Campos e Marina Silva. Os verdadeiros democratas devem saudar a pluralidade".

Fonte: Correio Braziliense

Campos diz a senadores que não desistirá

Por Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Com críticas incisivas à política econômica - que poderá levar a uma crise maior -, ao estilo centralizador da presidente Dilma Rousseff de governar e à sua dificuldade de se relacionar com aliados, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, apresentou-se como "candidatíssimo" à Presidência da República em 2014, em jantar com 14 senadores de oito partidos (PMDB, PDT, PP, PTB, PSB, PP, DEM e PSDB), na terça-feira, na casa de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), em Brasília. Essa foi a opinião quase unânime dos presentes.

"Meu avô [o ex-governador Miguel Arraes], com espingarda no peito, não fez acordo", disse, para garantir que não será intimidado pelas pressões do governo para tentar demovê-lo da disputa - como a suposta espionagem da Abin a reuniões suas com sindicalistas contrários à medida provisória que muda o marco regulatório dos portos e o assédio sobre o ex-presidente do PSB de Goiás, José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, para se filiar ao PMDB.

Na avaliação dos participantes, Campos está cada vez mais distante de Dilma e lutará até o fim para garantir palanques nos Estados. Ele considerou esgotado o modelo de governar do PT, com medidas econômicas conjunturais e paliativas e uma política social que não oferece porta de saída dos programas de transferência de renda. Definiu Dilma como uma presidente que não dialoga politicamente com os aliados e considera inimigo aquele que se dispõe a debater.

A vontade de levar a candidatura até 2014 também ficou clara quando Jayme Campos (DEM-MT) brincou, após a apresentação, que o carro do governador parecia não ter marcha à ré, e perguntou se não havia risco de um recuo mais à frente, deixando os apoiadores numa situação difícil. O governador disse que o caminho será "penoso", mas garantiu que irá até o fim. Lembrou que, quando disputou o governo de Pernambuco pela primeira vez, foi muito aconselhado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a desistir, mas ele entrou na disputa como azarão e terminou vitorioso.

"O jantar foi um êxito. Encontro político em Brasília é sempre uma incógnita, os compromissos são muitos e a gente nem sempre tem certeza se os convidados vão aparecer. E todos foram, além de alguns que nem estavam na lista. A conversa fluiu bem e o Eduardo estava inspirado", afirmou Jarbas, o anfitrião, que ofereceu lagosta, carne seca e vinho português. "Foi um jantar histórico", definiu o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF).

Pedro Simon (PMDB-RS) comparou Campos ao avô, Miguel Arraes. "Ele é um gentleman, bem mais tranquilo que Arraes, que era duro, sério."

Para Ana Amélia (PP-RS), que pode disputar o governo do Rio Grande do Sul em aliança com o PP, Campos "falou como alguém que está com os pés no chão e com a cabeça em 2014", ao fazer o cenário da economia nacional e internacional e das ações do governo, que considera improvisadas, e ao mostrar preocupações com a inflação, mas com "racionalidade e serenidade".

"É uma candidatura decidida, porém indefinida, porque, em política, definir com tamanha antecedência algo tão importante é o mesmo que enxugar gelo e cercar vento", afirmou Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Além de Jarbas, Rollemberg, Ana Amélia, Ferraço, Simon e Jayme Campos, participaram do jantar os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS), Pedro Taques (PDT-MT), Cristovam Buarque (PDT-DF), Armando Monteiro (PTB-PE), Luiz Henrique (PMDB-SC), Casildo Maldaner (PMDB-SC), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Ruben Figueiró (PSDB-MS).

Luiz Henrique e Maldaner chegaram mais tarde, após reunião da bancada catarinense com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Embora o PMDB de Santa Catarina esteja apoiando Dilma e tentando levar o PT para a aliança com o PSD do governador Raimundo Colombo, Maldaner disse que é importante "ouvir o outro lado" e que "o projeto catarinense não está fechado com ninguém" para a Presidência da República.

Os deputados Beto Albuquerque (PSB-RS) e Raul Henry (PMDB-PE) também estavam presentes. O PSB vai decidir pela candidatura própria a presidente em setembro. Até lá, Campos tentará arregimentar o maior número possível de senadores.

Fonte: Valor Econômico

Lula contra-ataca e inclui Recife em sua caravana

Decisão de visitar reduto do governador de PE ocorre após Eduardo Campos ter elevado tom das críticas ao governo

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - No momento em que o candidato virtual do PSB à Presidência da República, governador Eduardo Campos (PE), subiu o tom das críticas à política econômica da presidente Dilma Rousseff e já admite internamente que entrou num caminho sem volta, o PT decidiu incluir Recife na caravana do ex-presidente Lula, que tem percorrido o país com o pretexto de comemorar os dez anos do partido no governo federal. Na prática, o périplo serve para lançar os alicerces da campanha à reeleição de Dilma. Além de fazer um contraponto a Eduardo Campos, o evento em Recife tem o objetivo de tentar fortalecer o partido na cidade.

A proposta de realizar o ato político na capital pernambucana foi feita pelo senador Humberto Costa (PT-PE) e aceita pelo presidente do PT, Rui Falcão. Ainda não há data marcada para o evento, porque o partido precisa conciliar as agendas de Lula e Dilma. O roteiro original da caravana de Lula, traçado em fevereiro, previa para o Nordeste apenas Fortaleza e Salvador.

Em Pernambuco, o PT saiu enfraquecido das eleições municipais do ano passado, quando lançou Humberto Costa para a prefeitura da capital pernambucana, e foi derrotado por Geraldo Júlio (PSB), candidato do governador.

- O partido está tão prostrado em Recife que não consegue nem se reunir - disse o deputado Fernando Ferro (PT-PE).

Recife não tinha sido incluída no roteiro original porque, em fevereiro, o PT ainda tinha expectativa que Eduardo Campos desistisse de disputar a Presidência da República no ano que vem. Os petistas e o governo já não apostam mais nisso e têm ficado cada vez mais incomodados com as estocadas do aliado.

Em Pernambuco, PT e PSB eram aliados até as vésperas da eleição municipal do ano passado, quando os petistas se dividiram e Humberto Costa foi escolhido candidato após intervenção do Diretório Nacional. Diante da disputa fratricida que dividiu o PT, Eduardo Campos rompeu a aliança e lançou candidato próprio para a prefeitura.

- Sei que o PT errou lá e fortaleceu o governador, dando mais ousadia para ele alçar outros voos, o que é legítimo, mas vai criando dificuldades para a gente na região - afirmou Fernando Ferro.

O próximo seminário de comemoração dos dez anos do PT no governo será dia 25, em Porto Alegre, com a presença de Dilma e Lula. Essa caravana começou em São Paulo, quando o ex-presidente lançou Dilma à reeleição, passou por Fortaleza e esteve segunda-feira em Belo Horizonte, reduto do candidato virtual do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG). O roteiro traçado pelo PT privilegiou cidades onde o partido é fraco ou foi derrotado nas eleições do ano passado.

Fonte: O Globo

Para Aécio, Dilma tenta inibir criação de legendas por temer 2014

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) adotou ontem tom mais contundente nas críticas à presidente Dilma Rousseff, em evento do Democratas, partido aliado do PSDB na oposição. Provável candidato à Presidência da República em 2014, Aécio disse que Dilma está "assustada" com a disputa eleitoral do próximo ano e por isso quer inibir "na força" e "na marra" a criação de novos partidos.

"Ela demonstra estar assustada com o que está por vir. Seja pela economia, crescimento pífio, somado ao recrudescimento da inflação e à ineficácia das medidas paliativas, por um lado, e aos gargalos de infraestrutura, que ela não consegue ultrapassar em função de falta de compreensão de que a parceria com o setor privado é essencial. Há, dentro do governo, um viés ideológico que atrapalha o avanço de parcerias importantes. Nós estamos dez anos atrasados em tudo, portos, aeroportos, rodovias, ferrovias", disse. Para o senador, Dilma age em 2013 como se estivesse em 2014.

Segundo Aécio, a agenda da presidente em Minas Gerais, onde foi inaugurar conjuntos habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida e entregar retroescavadeiras e outros equipamentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), "é a agenda do PT, agenda de parlamentar, de prefeito e não de presidente da República".

Com relação à pressão inflacionária, disse que, se houver aumento da taxa de juros será "lamentável" e por responsabilidade do governo Dilma, "porque não se pode mais terceirizar o problema". Para Aécio, o governo não tratou da pressão inflacionária com a rigidez que deveria e flexibilizou os três pilares da política econômica deixados pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

O senador criticou a articulação de lideranças governistas para tentar aprovar na Câmara dos Deputados projeto de lei que impede que novos partidos recebam tempo de televisão e recursos do fundo partidário correspondentes aos deputados que atrair.

A ação dos governistas acontece num momento em que a ex-senadora Marina Silva tentar criar seu partido para disputar a Presidência da República e o PPS realiza fusão com o PMN, numa nova legenda que poderia apoiar a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

"O governo, quando interessa criar um partido, estimula e dá os instrumentos. Quando acha que esses partidos podem prejudicá-lo, age como rolo compressor. Não é um bom exemplo que o governo do PT, mais uma vez, dá. (...) Numa democracia como é a brasileira, ninguém pode querer ganhar uma eleição por WO", disse.

As declarações de Aécio foram feitas em entrevista concedida após participar de evento do DEM, no qual foram apresentados resultados do "Promessômetro", instrumento criado pela legenda em 2011 para acompanhar o cumprimento das promessas feitas por Dilma campanha.

Pelos dados levantados por economistas, das 91 promessas para os primeiros dois anos, escolhidas para o acompanhamento, Dilma não cumpriu 67 (74%). "O governo é ótimo para inaugurar promessas e não entregar obra", disse o senador José Agripino (RN), presidente nacional do DEM. (RU)

Fonte: Valor Econômico

Aécio acusa presidente de agir com truculência

Senador tucano diz que Dilma teme embate em 2014

Jorge William

BRASÍLIA - Em ato político realizado pelo DEM para fazer um balanço das promessas não cumpridas pelo governo, o pré-candidato do PSDB a presidente, senador Aécio Neves (MG), disse que a presidente Dilma Rousseff quer ganhar por W.O (sem adversários) e está agindo com truculência para abafar outras candidaturas, porque está assustada com o embate em 2014. No ato, batizado de "promessômetro", os democratas apresentaram levantamento feito pelo economista Carlos Eduardo Freitas, ex-economista do Banco Central, mostrando que o governo não entregou 74% das promessas previstas para 2011 e 2012.

Gráfico "boca de jacaré"

Todos bateram duro no que chamaram de "obsessão" de Dilma com a reeleição. Aécio disse que essa obsessão e o medo do crescimento de outras candidaturas está levando Dilma a uma agenda que apequena o cargo de presidente: correr o Nordeste, reduto do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB); e Minas Gerais, entregando retroescavadeiras e tratores a prefeitos, uma atividade antes delegada a secretários.

Aécio disse que o rolo compressor usado pelo governo para aprovar o projeto que impede novos partidos de ter acesso a tempo de TV e Fundo Partidário é outro indicativo do medo de perder em 2014:

- Ninguém pode querer ganhar por W.O. Isso mostra a enorme preocupação do governo com 2014. A presidente Dilma está assustada com o que está por vir e teme o embate. O governo está assustado com o ambiente eleitoral e quer enterrar outras candidaturas de forma truculenta.

O líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), explicou o estudo que embasou o "promessômetro" e disse que o gráfico da "boca do jacaré" - linha da inflação lá no alto e do PIB lá embaixo - vai engolir o governo e levar à derrota na disputa de 2014.

- Em 2014 teremos muito mais chances de vencer que (a oposição) na Venezuela. Ao invés de 1,6% de diferença, vamos ganhar eleição por uma margem de 16% - disse Caiado, que ironizou a paralisia da transposição do Rio São Francisco, chamando as obras de "pista de skate de bodes".

- O governo é ótimo em inaugurar promessas e não entregar obras - disse o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN).

Aécio aproveitou o plenário repleto, onde foi realizado o ato, para ressaltar a parceria antiga com o DEM. Disse que o método de cooptação do governo aproxima mais ainda PSDB e DEM.

Sobre a criação do novo partido com a fusão do PPS e PMN, que tende a fechar com Eduardo Campos, o senador tucano disse que apoia qualquer ação que fortaleça o debate e crie alternativas para a disputa de 2014. Aécio também saudou o tom crítico trazido por Eduardo Campos à política econômica.

- O aumento da taxa de juros é lamentável, porque o mundo todo caminha para sua redução. Mas o governo Dilma foi leniente com o controle da inflação e o resultado está aí. O governo flexibilizou os pilares do ajuste fiscal por sua própria responsabilidade - disse Aécio.

Fonte: O Globo

Quase dois anos depois... Para conter inflação, BC volta a subir juros

Diretores elevam taxa em 0,25 ponto, para 7,5% ao ano, numa decisão polêmica

Alta generalizada de preços levou Copom a subir a Selic pela primeira vez desde julho de 2011

Para driblar uma inflação resistente e generalizada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central subiu a taxa básica de juros em 0,25 ponto, para 7,5% ao ano. A primeira alta em quase dois anos, no entanto, não foi unânime: seis diretores aprovaram o aumento, mas dois queriam manutenção. A alta de juros, que contou com o apoio da presidente Dilma em declarações recentes, não teve consenso no mercado. Alguns especialistas defendiam que a taxa subisse pelo menos 0,5 ponto. "O BC tenta satisfazer a opinião pública e não frear a inflação" disse Armando Castelar, da FGV.

Dose mínima contra inflação

Sem unanimidade, BC sobe a Taxa Selic para 7,5%, a primeira alta em quase dois anos

Gabriela Valente, Eliane Oliveira, Martha Beck e Roberta Scrivano

Dilema do Copom

BRASÍLIA, SÃO PAULO E RIO - Para resgatar a credibilidade, o Banco Central elevou ontem a taxa básica de juros pela primeira vez desde julho de 2011. Numa decisão sem unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a Taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Com isso, os juros passaram para 7,5% ao ano. A decisão teve o apoio da presidente Dilma Rousseff, mas dividiu a cúpula do BC. Seis diretores foram favoráveis à alta dos juros e dois votaram contra. E justamente o responsável pela política monetária, Aldo Mendes, ficou entre os dissidentes. Para tomar a decisão, o Copom avaliou que a alta de preços é generalizada, mas ponderou que, diante das incertezas, a política de combate à inflação tem de ser feita com "cautela".

"O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária. Por outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela", afirmou o Comitê, em comunicado.

FIESP critica decisão do BC

Desde novembro do ano passado, a autoridade monetária estava sob fortes críticas por manter os juros estáveis enquanto os preços avançavam. Em março, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 6,59%, estourando o teto da meta do governo, de 4,5% com margem de dois pontos percentuais. Na avaliação de economistas, o BC teria se rendido à vontade política do Palácio do Planalto. E mesmo com a decisão de voltar a subir os juros, reconquistar a credibilidade pode não ser tão rápido.

- Pode parecer que o Banco Central só aumentou os juros porque a presidente deixou - afirmou o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, que critica a intervenção no trabalho do BC. - A presidente não consegue se conter e fala de juro todos os dias e como se fosse uma realização do governo dela e não uma decisão técnica. O ministro da Fazenda diz que vai calar a boca e não cala.

Na viagem à Africa do Sul, Dilma disse não concordar com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico. Na terça-feira, primeiro dia da reunião do Copom, Dilma afirmou que o país "jamais" voltaria a ter juros tão altos e que o controle de inflação pode ser feito com uma dose menor de juros. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, aumentou o mal-estar ao afirmar que não seria necessário um tiro de canhão para conter a inflação, poderia ser apenas de metralhadora.

Segundo um interlocutor, Dilma considera que a discussão sobre a alta dos preços está superdimensionada e que especuladores estão se aproveitando desse cenário de altas pontuais para ganhar no mercado futuro. Portanto, este seria a oportunidade de a autoridade monetária falar grosso.

- Criaram um ambiente muito complicado e o BC está se sentindo compelido a agir, mostrar que é operacionalmente independente e não é tolerante com a inflação. Essa tem sido a principal tarefa de Tombini - disse uma fonte da área econômica.

Na avaliação do governo, é preciso minar as expectativas sobre a inflação para que a economia não volte a ser indexada novamente, como era até o anúncio do Plano Real, em 1994. Economistas de peso, como Luiz Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto chegaram a aconselhar Dilma a defender, junto ao BC, a elevação da Selic, para minar eventuais movimentos especulativos.

Para Sérgio Vale, economista da MB Associados, a inflação tende a exercer maior pressão no ano que vem, quando a economia vai crescer mais rapidamente, com Copa do Mundo, eleições presidenciais. Segundo ele, a Selic teria que chegar a 11% ao ano, pelo menos, para conter o avanço dos preços.

- A credibilidade do Banco Central, a essa altura, já foi embora. Nada mais natural fazer o que sempre acreditaram, que é deixar a inflação subir um pouco para lubrificar o crescimento. Uma bobagem sem fim. Agora é administrar os cacos e torcer. O que vai acontecer é que, em 2015, vão aumentar o teto da meta ou a meta - afirma.

De outro lado, votaram pela manutenção, além de Aldo Mendes, o diretor de Assuntos Internacionais, Luiz Pereira Awazu. Ele também avalia que a melhor política no momento seria não fazer nada.

O economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito, lista uma série de fatores que justificariam a manutenção da taxa básica de juros. Segundo ele, a Selic chegou ao pico e cairá daqui para a frente com a supersafra de alimentos, o mercado de trabalho menos aquecido e a menor pressão de alta dos salários. Para ele, todos estes fatores tendem a frear o consumo.

- Já estamos passando por um processo de desaceleração econômica. Tecnicamente, não faz sentido aumentar os juros.

Mesmo com o aumento de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juro (Selic), o Brasil se manteve na quinta colocação do ranking dos maiores juros reais do mundo, com taxa de 1,7%. Segundo Jason Vieira, economista responsável pelo levantamento, a estagnação na listagem somada aos altos custos das taxas de investimentos em renda fixa e o cenário externo complicado, consolidam a baixa atratividade dos títulos de renda fixa do País. Por outro lado, a tradicional caderneta de poupança começará a trazer melhores ganhos para quem começou depois de maio do ano passado, quando as regras da remuneração da aplicação mudaram.

- A taxa de juro real serve para avaliar o desempenho dos investimentos em renda fixa. E, nesse sentido, o Brasil se mostra cada vez menos atrativo. Como a taxação desses investimentos é muito alta e o juro já não está mais tão elevado, os estrangeiros preferem aplicar seus recursos em títulos de outros países, como EUA e Japão - explicou Vieira.

A decisão de aumentar o juro foi lamentada pelas entidades industriais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reconheceu "a importância do controle da inflação", mas ponderou que "o aumento do juro é extremamente prejudicial à indústria" e trará "maiores danos à atividade produtiva". A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) foi mais enfática na crítica e classificou a decisão de "equivocada".

"Devemos superar a política econômica do uso exclusivo da taxa de juros" comentou Paulo Skaf, presidente da Fiesp.

Fonte: O Globo

Novo ciclo de aperto - Míriam Leitão

Um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dá o sinal de que será um ciclo um pouco mais longo. Melhor que fosse mais forte e curto para evitar o excesso de tensão pré-copom que houve desta vez. A boa notícia é que a inflação vai desacelerar ao longo do ano, após o pico em junho, mas ainda ficará perto do teto. Pior que a alta dos juros é o efeito da inflação sobre os endividados.

A desaceleração da inflação não será forte. Na expressão do economista Luiz Roberto Cunha, será "lenta e gradual", o que significa que os preços permanecerão altos, mas instalados num ponto mais confortável da faixa de flutuação permitida pelo sistema de metas.

- O tomate já está desabando, a carne está caindo, outros hortifruti vão reduzir o preço com a chegada das temperaturas mais amenas que são mais favoráveis à produção - afirmou o economista.

Alguns produtos continuarão com problemas, como o leite, por exemplo, que enfrenta o efeito combinado de uma seca forte na Nova Zelândia e uma explosão nas importações de leite em pó pela China.

Houve o adiamento do reajuste dos ônibus que têm um peso forte de 2,67 pontos no índice de inflação. As tarifas serão elevadas em junho. Mas o governo prepara para o dia primeiro de maio uma série de anúncios, um deles, a retirada de PIS/Cofins sobre diesel e pneus, para atenuar a alta do ônibus. Mesmo assim, o índice de junho pode provocar, de novo, o estouro do teto da meta porque no ano passado a inflação de junho foi de 0,08%.

- Mas, no segundo semestre do ano passado, a inflação foi alta quase todos os meses - agosto, 0,37%; setembro, 0,53%; outubro, 0,43%; novembro, 0,52%; e dezembro, 0,50% - e isso por causa da seca nos Estados Unidos, que não vai se repetir na mesma intensidade e que afetou os preços de várias commodities agrícolas - diz Luiz Roberto.

Este ano haverá uma pressão menor do câmbio. Ele tem subido nos últimos dias, mas no ano passado saiu de R$ 1,70 para mais de R$ 2,00, e isso teve um grande impacto nos preços.

O sócio-presidente da GoOn consultoria, Fernando Manfio, especializada em gestão de risco de crédito, acha que um aumento pequeno dos juros não terá muito efeito sobre a inadimplência porque o custo do dinheiro no Brasil continua muito alto, mesmo com a redução recente da Selic. Os juros oficiais tinham caído, mas as taxas cobradas pelos bancos subiram.

Por outro lado, ele explica que o aumento da inflação não estava no radar durante o ciclo de forte concessão de crédito e isso está tirando renda dos endividados e contribuindo para os atrasos no pagamento de dívidas.

- Se a gente olhar para o início do ciclo de forte expansão do crédito, ainda no governo Lula, a inflação alta não estava no radar de ninguém. Ela é um fator novo, que tem contribuído para a inadimplência, principalmente das classes de menor renda. Muita gente fez dívida pela primeira vez, com prazos longos de pagamento, como no caso dos veículos, e agora está tendo um gasto elevado com alimentação, e ao mesmo tempo continua tendo as parcelas para pagar - explicou.

A elevação das taxas poderia ajudar a afastar as dúvidas sobre o Banco Central, o que afetará positivamente as expectativas. Mas foi tão pequena que talvez não faça o efeito esperado. O Banco Central está de olho também na área externa, que, nos últimos dias, teve grande deterioração.

A decisão de ontem do Banco Central não resolve o problema da inflação, a desaceleração já prevista ajudará a reduzir a tensão em relação ao problema durante o ano. Mas as taxas de inflação continuam muito altas no Brasil e outros fatores atuam para que ela permaneça muito perto do teto da meta.

Fonte: O Globo

Venezuela. Posto em xeque o vale-tudo do assistencialismo – Jarbas de Holanda

A eleição de Nicolás Maduro contra o oposicionista Henrique Capriles, na disputa presidencial da Venezuela – por 7.563.742 sufrágios contra 7.298.491, com o engajamento de toda a máquina governamental, inclusive das Forças Armadas, e o uso abusivo da mídia eletrônica, já quase toda estatizada, numa campanha limitada a duas semanas e sufocada por intermináveis atos de manipulação do cadáver de Hugo Chávez – essa eleição é avaliada como verdadeira “vitória de Pirro” em face das extremas dificuldades que Maduro precisará enfrentar. Num cenário que combina a contestação de legitimidade política (agravada pelo bloqueio que ele impôs a uma recontagem de votos) com a necessidade de respostas urgentes aos efeitos da exacerbação do populismo assistencialista do chavismo. Que se manifestam no descontrole inflacionário, no desabastecimento de alimentos e bens essenciais à população, nos altos e crescentes índices de criminalidade. Como resultado das distorções econômicas da estatização desenfreada, do completo irrealismo cambial, do desvio de recursos para subsídios ao “bolivarianismo” exterior (em Cuba, Bolívia Nicarágua e vários ou-tros países), do inchaço da máquina administrativa, de um enorme déficit público.

 Politicamente, ao invés dos dividendos da arrasado-ra superioridade eleitoral programada, Maduro terá pela frente uma oposição recomposta e reenergizada pelo forte apoio do grosso da classe média e também já de parte das “bases populares” do chavismo (afetadas pela crise econômica e social). Oposição que, assim, poderá predominar em eleições parlamentares deste ano, equilibrar ou até virar o jogo no Congresso e, sem que haja respostas básicas à crise, forçar daqui a três anos um referendo revogatório, (previsto na Constituição) do mandato presidencial.

Outro perigoso obstáculo à frente de Maduro – a divisão da cúpula do chavismo – foi apontado e avaliado na coluna de Clóvis Rossi na Folha de S. Paulo, de ontem, intitulado “Ou diálogo ou ingovernabilidade”. Trechos do artigo: “Nicolás Maduro sai das eleições de domingo quase 700 mil votos mais magro do que Hugo Chávez, na comparação com a presidencial de faz apenas seis meses. Mais magro e mais fraco, já desafiado por Diosdado Cabello, tido como líder da ala militar do chavismo, que cobrou, mal divulgados os resultados, “uma profunda autocrítica”, em um primeiro twite, logo seguido de outro em que pedia: “Busquemos nossas falhas até debaixo das pedras”. Cabello não deixou espaço para que seus companheiros culpem os “oligarcas” pelo resultado, ao dizer que “é contraditório que o povo pobre vote por seus exploradores de sempre”. Aceita, pois, que uma parte importante do “povo pobre” votou contra Maduro. De quem pode ser a culpa, se não de Maduro e de suas esquisitices durante a campanha?”.

O sério tropeço eleitoral de Nicolás Maduro, bem como as precárias perspectivas com que seu governo vai começar, têm e terão consequências não apenas na Venezuela mas também externamente. De modo direto, em diversos países menores das Américas do Sul e Central e num de maior porte que á a Argentina – todos com receitas políticas e econômicas semelhantes ou muito próximas às do radicalismo assistencialista liderado por Caracas. E, sob o comando de Chávez, exercendo influência no conjunto da diplomacia das duas regiões, impregnada nos últimos anos por agressivo antiamericanismo. Seja na Unasul, criada em antagonismo à OEA, seja no Mercosul, neste caso com parceria do populismo pragmático dos governos Lula e Dilma Rousseff, do Brasil. O esgotamento de tais receitas e de sua capitalização eleitoral por meio da concentração do poder em executivos autoritários (incluindo o sufocamento da liberdade de imprensa), esse esgota-mento está prestes a manifestar-se de novo, agora na Argentina, de Cristina Kirchner. Cuja condução política e institucional se centra nos ataques à imprensa independente e ao Judiciário. Mas cuja economia sofre agudos efeitos do intervencionismo populista e estatizante (inflacionários, de queda dos investimentos produtivos, de aumento do déficit público, de isolamento externo). O que vai refletindo-se em progressiva erosão da popularidade da presidente e em prováveis derrotas dela nas eleições parlamentares do segundo semestre e do projeto de um terceiro mandato.

Jarbas de Holanda é jornalista