quinta-feira, 15 de agosto de 2013

OPINIÃO DO DIA – Merval Pereira: junho

“Depois da ressaca de junho, as ruas foram ocupadas por grupos políticos organizados, manipulados por partidos tomados de susto com a espontaneidade das multidões, que mostraram sua indignação sem lideranças e rejeitando bandeiras partidárias. As reivindicações de saúde e educação "padrão FIFA", numa fina ironia, ou de combate à corrupção continuam valendo, e são elas que levarão à escolha do futuro presidente.

Não adianta grupos ligados ao PT, como o Fora do Eixo e seus derivados, e o Movimento Passe Livre, tentarem dominar as ruas partidarizando os protestos, porque não dominarão as mentes da classe média, que saiu das ruas devido à violência dos Black Blocs e de outros grupos de ativistas violentos, mas continua querendo mudanças.”

Merval Pereira, jornalista. In “O discurso de cada um”. O Globo, 14/8/2013

A volta do mensalão: STF rejeita primeiros recursos

Barroso diz que não se pode politizar a corrupção.

Comissão do Senado aprova projeto que prevê perda automática de mandato de parlamentar condenado por improbidade administrativa.

Ao retomar o julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou ontem os recursos apresentados por quatro dos 25 réus condenados. Novos pedidos para mudar as sentenças serão analisados hoje. Em sua primeira participação neste processo, o ministro Roberto Barroso disse que a corrupção não deve ser politizada: "Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção." No Senado, comissão aprovou projeto de lei que pune parlamentares condenados com a perda imediata do mandato.

Todos os recursos negados

Na retomada do processo do mensalão, ministros rejeitam embargos de quatro condenados

André de Souza, Carolina Brígido

BRASÍLIA - O julgamento dos recursos do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) começou ontem com a rejeição integral dos embargos de quatro dos 25 réus condenados e de pelo menos cinco temas que eram comuns a vários dos condenados. Por enquanto, nenhum réu conseguiu mudar a condenação ou a pena fixada pelo tribunal no ano passado. O único beneficiado ontem foi doleiro Carlos Alberto Quaglia, acusado de lavar dinheiro para o Partido Progressista (PP). Ele foi declarado inocente do crime de formação de quadrilha. Mas continuará respondendo por lavagem de dinheiro na primeira instância da Justiça.

Foram julgados ontem recursos de Emerson Palmieri, ex-tesoureiro informal do PTB; Valdemar Costa Neto (PR-SP), deputado federal; Jacinto Lamas, ex-assessor do PR; e José Borba, o ex-deputado que, na época do escândalo, era filiado ao PMDB do Paraná. Hoje, serão apreciados os embargos do ex-deputado Romeu Queiroz (PTB-MG); do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ); de Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Marcos Valério; e do ex-deputado Bispo Rodrigues, que era do PR do Rio.

No início da sessão, os ministros discutiram cinco aspectos questionados pelos réus em embargos de declaração. Todos os pedidos foram negados. O primeiro pedido rejeitado foi para que os recursos não ficassem sob a relatoria de Joaquim Barbosa, e fossem sorteados para outro ministro. De acordo com os ministros, o Regimento Interno prevê que o processo continue com o mesmo relator nessa fase do julgamento.

O segundo pedido era para que o acórdão - documento com o resumo do julgamento - fosse cancelado, pois suprimiu falas de ministros. O plenário declarou que as supressões não prejudicaram o entendimento do acórdão.

A terceira alegação rejeitada é que o STF não teria como atribuição julgar pessoas sem direito a foro privilegiado. Os ministros concordaram que o assunto já tinha sido amplamente discutido em 2012.

Recurso de quadrilha foi aceito

O quarto ponto contestava a metodologia aplicada ao julgamento. O plenário contestou, afirmando que estabelecer a ordem de julgamento é atribuição do tribunal. Por fim, os réus queriam anular a participação do ex-ministro Ayres Britto, porque ele se aposentou sem antes votar a pena dos condenados. Os ministros também ponderaram que a questão já havia sido debatida e rejeitada no ano passado.

O recurso de Quaglia começou a ser analisado em seguida. No ano passado, devido a um erro processual, o caso de doleiro foi desmembrado do processo e remetido para a primeira instância. Ele respondia pelos crimes de quadrilha e lavagem de dinheiro. Mas os outros réus acusados de formar a quadrilha com ele - o deputado Pedro Henry, o ex-deputado Pedro Corrêa, o ex-assessor parlamentar João Cláudio Genu e os doleiros Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg - foram todos absolvidos desse crime. O STF decidiu, então, absolver Quaglia, pois já havia decidido que a quadrilha não existiu.

Joaquim Barbosa, que no início do julgamento negou o pedido de absolvição de Quaglia, reformulou o voto e aderiu à posição dos demais ministros.

- Já formada a maioria, eu reajusto meu voto para concordar com a concessão da ordem de ofício, em prol até da celeridade processual - disse Barbosa.

Os ministros votaram embargos de declaração de outros quatro réus. Palmieri pediu a revisão da multa de R$ 286 mil, que, segundo ele, é incompatível com seus ganhos mensais. Barbosa lembrou que, nos autos, consta a informação de que Palmieri é dono de um sítio, de um apartamento, de uma motocicleta e de três automóveis.

- Definitivamente não se trata de pessoa pobre ou destituída de bens, ao contrário. A dosimetria foi devidamente calculada conforme a situação econômica do recorrente - disse o relator, concluindo que o recurso foi proposto apenas para "retardar o início da execução da pena".

- Nesse tipo de criminalidade, a pena de multa é muito importante, até mais que a pena privativa de liberdade - observou Barroso.

Por unanimidade, o STF rejeitou os embargos de Valdemar Costa Neto (PR-SP), José Borba e Jacinto Lamas.

Condenado a sete anos e dez meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Valdemar alegou que não cometeu os dois crimes e que recebeu dinheiro do PT para pagar uma dívida de campanha, e não para vender o apoio ao governo Lula. Para Barbosa, foi um recurso protelatório:

- Não houve qualquer omissão sobre a matéria. Foi examinada à exaustão na decisão embargada, o que torna os embargos inadmissíveis e manifestamente protelatórios.

Durante o julgamento dos embargos de Palmieri, que pedia novo cálculo de sua pena, o plenário presenciou o primeiro bate-boca da retomada do mensalão. O ministro Dias Toffoli não participou do cálculo das penas, porque havia absolvido Palmieri. Ele perguntou se teria direito a voto no recurso. Barbosa disse que o colega não poderia votar. No entanto, a maioria dos ministros achou que Toffoli e outros na mesma situação podem se manifestar.

- Vote de maneira célere - pediu Barbosa.

- Vossa Excelência, por favor, presida de maneira séria - rebateu Toffoli.

- Quem está a dar risada e de brincadeira é Vossa Excelência - disse Barbosa. - Eu sei onde Vossa Excelência quer chegar.

- Vossa Excelência não sabe. Vossa Excelência tem a capacidade premonitória, então - provocou Toffoli.

Por fim, Toffoli votou pela manutenção da pena imposta em 2012 a Palmieri. Mas não perdeu a chance de criticar Barbosa:

- Em conclusão, mas sem deixar de notar a necessidade de ninguém prever o voto dos colegas, e por isso fazer determinadas alusões desnecessárias e incabíveis, ante o exposto, eu acompanho o voto de Vossa Excelência.

Fonte: O Globo

Votação após acordo: Royalties vão para saúde e educação

Após acordo com o Planalto, a Câmara aprovou ontem projeto de lei que destina 75% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde. O texto seguirá agora para a sanção presidencial.

Câmara aprova royalties do petróleo para Educação e Saúde

Acordo com o governo preserva licitação do Campo de Libra e prevê nova fórmula sobre uso de recursos do Fundo Social

Isabel Braga, Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - Para evitar uma nova derrota na Câmara, ministros do governo Dilma Rousseff fecharam ontem a negociação que garantiu a aprovação, à noite, do projeto que assegura 75% dos recursos dos royalties do petróleo para a Educação e 25%, para a Saúde. A proposta prevê ainda que 50% do dinheiro do Fundo Social, formado com recursos do pré-sal, também serão destinados para as duas áreas. Pelo acordo, o governo cedeu e aceitou a proposta de uso do capital do fundo, e não apenas dos juros, para beneficiar ambas as áreas. Mas ganhou ao conseguir que fosse retirado do texto artigo que poderia causar insegurança jurídica nos contratos de licitação dos campos de petróleo e desconfiança nos investidores.

Pelos cálculos do governo, a proposta da Câmara renderá, nos próximos dez anos, R$ 36 bilhões para a Educação (valor que corresponde, por exemplo, a 44% do orçamento do MEC este ano). No total, a União vai gerar para Educação e Saúde R$ 52 bilhões nos próximos dez anos, segundo técnicos do governo. O projeto segue agora à sanção presidencial. De imediato, as duas áreas deverão receber cerca de R$ 4 bilhões por ano, nos próximos cinco anos, com a aplicação, pela União, de recursos dos campos do pré-sal já em exploração.

A presidente Dilma defendia que 100% dos royalties fossem para a Educação, e que apenas os rendimentos do Fundo Social fossem usados, sob o argumento de que o fundo é uma poupança estratégica para o governo. Mas foi vencida pela proposta dos deputados, que queriam mais recursos no curto prazo.

O acordo incluiu o compromisso do governo de sancionar o projeto, sem vetos, e dos líderes partidários de discutir uma nova fórmula que permita a migração, progressiva, do uso dos recursos principais do fundo para o dos rendimentos. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que participou das negociações, disse que há tempo para discutir a nova fórmula.

- Foi uma vitória histórica para a Educação. Conseguimos preservar a licitação do Campo de Libra, evitar a judicialização e dar maior racionalidade ao debate, mostrando que a Câmara e o Senado tinham razão. Precisamos agora chegar a um ponto intermediário no uso do recurso principal do fundo e dos rendimentos, que garanta a formação de uma poupança estratégica com os recursos do petróleo e que contemple também a geração futura - afirmou o ministro da Educação.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e os líderes aliados comemoraram a votação, destacando a disposição do governo em negociar.

- O governo aprendeu que não adianta ficar emburrado num canto. Para mim, foi uma vitória de todos porque o governo dialogou - disse o líder do PSB, Beto Albuquerque (RS).

O projeto prevê a destinação de royalties do petróleo de contratos já em vigor, vinculando as receitas de contratos celebrados desde 3 de dezembro de 2012, mas que terão exploração efetiva apenas no futuro. E, também, dos recursos do Fundo Social do pré-sal, que só começam a chegar, de fato, em quatro ou cinco anos, com a exploração do Campo de Libra. A licitação desse campo, já dentro do sistema de partilha, deverá ocorrer no próximo dia 22 de outubro.

Para evitar qualquer risco na licitação do Campo de Libra, o governo pediu e a Câmara concordou em retirar do texto artigo que estabelecia a exigência de que pelo menos 60% do excedente em óleo retirado desse campo iria para a União. Hoje, a lei não fixa qualquer percentual, que é decidido de acordo com o potencial de cada campo. O líder do PT, José Guimarães (CE), rejeita a ideia de que o governo foi derrotado:

- Pode até alguém analisar que é mais uma derrota do governo. Não é.

O líder do PDT e relator do projeto aprovado na Câmara, André Figueiredo (CE), afirma que a aprovação do texto garante que, nos próximos 15 anos, a distribuição do Fundo Social será de acordo com o capital dele e não em relação aos rendimentos, o que será um ganho para a Educação.

- A presidente Dilma foi sensível. Viu que não era apenas uma questão política, mas técnica. Ela aquiesceu. O governo cedeu em todos os pontos, e nós cedemos no artigo sexto. Compreendemos a preocupação do governo - disse Figueiredo.

Fonte: O Globo

Eduardo: sem ceder espaço ao PT de Lula

2014. Governador demarca posição ao falar do aceno lulista

Débora Duque

O governador Eduardo Campos (PSB) enviou uma nota à imprensa, ontem, para se manifestar sobre as últimas declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito de seu projeto nacional. No texto, Eduardo adota um tom elogioso em relação ao petista, coloca-se na condição de aliado, mas demarca, mais uma vez, a possibilidade de lançar sua candidatura à Presidência da República, em 2014. "O presidente Lula sabe que as forças políticas podem perseguir objetivos comuns tendo cada uma seu candidato. A trajetória dele comprova isso. O importante é haver o respeito", afirma.

Na terça-feira (13), Lula manifestou sua intenção de conversar, em breve, com Eduardo sobre a disputa presidencial e defendeu que ambos estejam "juntos", em 2014. "Eu acho que temos de estar juntos porque o Brasil precisa que nós estejamos juntos", afirmou durante entrevista em Brasília. Na ocasião, o ex-presidente ainda negou considerar uma "traição" uma possível candidatura presidencial de Eduardo.

Buscando afastar especulações sobre o esfriamento da relação com Lula, Eduardo frisou a "amizade de muitos anos" com o ex-presidente. Também disse que "conversar com Lula não é notícia". "Sempre que precisamos a gente conversa. Aliás, o que está faltando é o Brasil conversar mais. Se as forças políticas conversassem mais quem sairia ganhando seria o Brasil", acrescentou.

Na nota, Eduardo ainda reforça que a decisão do PSB sobre as eleições do ano que vem só será tomada em janeiro e avisa que, antes disso, o partido pretende conversar com "todas as forças políticas". "Na hora certa, o PSB vai tomar sua decisão, e para isso certamente vai dialogar antes com todas as forças que têm o projeto comum de construir um Brasil melhor".

Internamente, socialistas "comemoraram" a declaração do ex-presidente. Primeiro, por acreditarem que o posicionamento de Lula é um reconhecimento, definitivo, do ingresso do governador no jogo nacional. Em seguida, pelo fato de Lula ter rejeitado, ao menos publicamente, a pecha de "traidor" que setores do PT tentam, segundo socialistas, pregar em Eduardo. Apesar do aceno do ex-presidente, a possibilidade de o governador vir a ocupar a vice da presidente Dilma Rousseff (PT) continua sendo descartada nos bastidores.

Mesmo considerando positiva as colocações do petista, integrantes do PSB pernambucano ponderam, em reserva, que o descolamento do governador em relação ao PT não será encarado de maneira "diplomática" como foi o discurso de Lula. "É um sinal de respeito e de medo. Isso é bem visto. O problema é como será a retaliação depois", pontuou um deles.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Para os socialistas, Lula mudou o tom

2014. Avaliação de integrantes do PSB nacional é de que o ex-presidente, agora, aposta em um segundo candidato no campo governista, para que tenha mais chances de vitória

BRASÍLIA - O afago público do ex-presidente Lula ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), durante sua passagem por Brasília, anteontem, foi interpretado pelos aliados do socialista como uma demonstração de que o petista não confia, como antes, na reeleição da presidente Dilma Rousseff, e procura uma terceira via para manter o PT no poder.

Lula elogiou Campos e a PSB, reconheceu o direito do socialista de disputar a Presidência e o convidou publicamente para um encontro, quando faria uma última tentativa de fazê-lo apoiar a reeleição de Dilma. "Eduardo Campos não me deve nenhum favor. Sou companheiro do Eduardo Campos, tenho certeza que ele é meu companheiro. Se o Eduardo Campos quiser ser candidato, vai ter meu respeito, mas gostaria de conversar com ele", disse Lula.

No entorno de Eduardo Campos, a avaliação é que Lula demonstrou um recuo em relação à candidatura do pernambucano e suas próprias posições, após as manifestações das ruas. Dizem que, enquanto Lula tinha como certa a vitória de Dilma no primeiro turno, era contrário à candidatura do PSB. E agora adota uma posição ponderada, de aposta em um segundo candidato no seu campo, para que possa ter duas chances. Se Dilma perder, restaria Campos como terceira via.

"De fato, eu notei uma mudança no tom da fala de Lula. Podem sair dois coelhos dessa cartola", confirmou o deputado Márcio França (SP), integrante da Executiva Nacional do PSB. "O diálogo (com Lula) é bom. Mas nosso projeto de candidatura própria está na frente", frisou o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).

O secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, foi mais enfático em descartar que Campos possa ser candidato com apoio de Lula e do PT: "Não acredito nessa hipótese e penso que é necessário mudar nomes e rumos. O ex-presidente Lula tem todo o direito de querer atrair Eduardo Campos para o palanque de sua candidata. Mas não será por isso que o PSB abrirá mão do seu projeto de poder. Afinal de contas, é da essência da democracia a rotatividade de poder, coisa que o PT e seus líderes parecem ter dificuldades de entender, mas a população, certamente, entenderá", disse Siqueira.

Os socialistas creem que os 8% de Campos nas pesquisas de intenção de votos assusta o PT e o Planalto.

"O PSB ganhou todos os confrontos com o PT nas eleições de capitais, em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Velho, além de Campinas. O ex-presidente Lula conhece Eduardo Campos o suficiente para saber que ele tem autonomia política e vai decidir levando em conta os interesses do país e do partido", disse o líder do PSB no Senado, senador Rodrigo Rollemberg (DF).

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Em resposta a Lula, Campos defende mais candidaturas

Ex-presidente disse que é importante 'estar junto'

SÃO PAULO - Possível candidato à Presidência da República em 2014, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) defendeu ontem que, mesmo tendo um objetivo comum, as forças políticas possam ter mais de uma candidatura.

Ontem, o ex-presidente Lula convidou Campos para uma conversa e disse achar importante "estar junto" porque "o Brasil precisa que nós estejamos juntos".

"Lula sabe que as forças políticas podem perseguir objetivos comuns tendo cada uma seu candidato", afirmou o governador em nota.

Anteontem, Dilma Rousseff condenou a antecipação do debate eleitoral.

Já Lula disse que Campos não é ingrato por cogitar ser candidato e que respeitaria uma eventual candidatura do pessebista. "Se ele quiser ser candidato, vai ter meu respeito, mas eu gostaria de conversar com ele."

Fonte: Folha de S. Paulo

Campos agradece a Lula, mas diz que não tratará já de 2014

Governador de PE afirma que PSB vai tomar decisão "na hora certa"

Maria Lima, Gustavo Uribe

2014. Campos não decidiu se será candidato

BRASÍLIA - O afago público do ex-presidente Lula ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), durante sua passagem por Brasília, anteontem, foi interpretado pelos aliados do socialista como uma demonstração de que o petista não confia, como antes, na reeleição da presidente Dilma Rousseff e procura uma terceira via para manter o PT no poder. Lula elogiou Campos e oPSB, reconheceu o direito do socialista de disputar a Presidência e o convidou publicamente para um encontro, quando faria uma última tentativa de fazê-lo apoiar a reeleição de Dilma. Em resposta, Campos se mostrou lisonjeado e surpreso com o convite, mas repetiu que não pretende tratar de 2014 este ano. E sugeriu que pode ser candidato:

- O presidente Lula sabe que as forças políticas podem perseguir objetivos comuns tendo cada uma seu candidato. A trajetória dele comprova isso. O importante é haver o respeito - disse Campos. - Na hora certa, o PSB vai tomar sua decisão, e, para isso, vai dialogar antes com todas as forças que têm o projeto comum de construir um Brasil melhor.

Anteontem, antes de participar de um evento do PT no Congresso Nacional, quando perguntado se o governador seria ingrato se disputasse com Dilma, Lula afirmou:

- O Eduardo Campos não me deve nenhum favor. Sou companheiro do Eduardo Campos, tenho certeza que ele é meu companheiro. Se o Eduardo Campos quiser ser candidato, vai ter meu respeito, mas gostaria de conversar com ele, tenho certeza que ele vai conversar comigo. E acho que temos que estar juntos porque o Brasil precisa que estejamos juntos.

- Conversar com o presidente Lula não é notícia. Sempre que precisamos, a gente conversa. Aliás, o que está faltando é o Brasil conversar mais. Se as forças políticas dialogassem mais, quem sairia ganhando seria o Brasil. A decisão do PSB é só debater 2014 em 2014. Estamos convencidos de que a antecipação do debate eleitoral não é boa. Dissemos isso há muito tempo, e a realidade está nos dando razão - reagiu Campos, descartando antecipar, em um encontro com Lula, sua posição.

No entorno de Campos, a avaliação é que Lula demonstrou um recuo em relação à candidatura do pernambucano e às suas próprias posições, após as manifestações das ruas. Dizem que, enquanto Lula tinha como certa a vitória de Dilma no primeiro turno, era contrário a uma candidatura do PSB. E agora adota uma posição ponderada, de aposta em um segundo candidato no seu campo, para que possa ter duas chances. Se Dilma perder, restaria Campos como terceira via.

- De fato, eu notei uma mudança no tom da fala de Lula. Podem sair dois coelhos dessa cartola - confirmou o deputado Márcio França (SP), integrante da Executiva Nacional do PSB.

- O diálogo (com Lula ) é bom. Mas nosso projeto de candidatura própria está na frente - frisou o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).

Campos tem 8% das intenções de voto

O secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, foi mais enfático em descartar que Campos possa ser candidato com apoio de Lula e do PT:
- Não acredito nessa hipótese e penso que é necessário mudar nomes e rumos. O ex-presidente Lula tem todo o direito de querer atrair Eduardo Campos para o palanque de sua candidata. Mas não será por isso que o PSB abrirá mão do seu projeto de poder. Afinal de contas, é da essência da democracia a rotatividade de poder, coisa que o PT e seus líderes parecem ter dificuldades de entender, mas a população, certamente, entenderá - disse Siqueira.

Os socialistas creem que os 8% de Campos nas pesquisas de intenção de votos, mesmo estando ele recolhido em Pernambuco, assustam o PT e o Planalto. E lembram que, em 2010, o PSB elegeu mais governadores do que o PT, e, em 2012, mais prefeitos de capitais.

- O PSB ganhou todos os confrontos com o PT nas eleições de capitais, em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Velho, além de Campinas. O ex-presidente Lula conhece o Eduardo Campos o suficiente para saber que ele tem autonomia política e vai decidir levando em conta os interesses do país e do partido - disse o líder do PSB no Senado, senador Rodrigo Rollemberg (DF).

Fonte: O Globo

Marina pressiona TSE por validação de assinaturas

João Domingos

BRASÍLIA - A ex-senadora Marina Silva queixou-se ontem à presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, da falta de critérios dos Tribunais Regionais Eleitorais na validação das assinaturas de apoio à criação da Rede Sustentabilidade, partido pelo qual deverá concorrer à eleição presidencial em 2014.

Marina citou especificamente os cartórios eleitorais de São Paulo e do Distrito Federal ""Verificamos dois casos atípicos de perda de assinaturas, de 30% em São Paulo e 29% em Brasília, para uma média nacional de 24%", disse ela.

Cármen Lúcia ouviu as reclamações de Marina e, em seguida, ligou para a corregedora eleitoral, ministra Laurita Vaz, pedindo que ela marcasse uma conversa com a ex-ministra. Ficou acertado que a reunião ocorrerá ainda hoje ou, no máximo, amanhã.

O TRE de São Paulo informou que já recebeu pedido de registro do diretório estadual da Rede e que a Corregedoria do tribunal orientou todos os cartórios para que as assinaturas sejam validadas de três formas: pelo caderno das eleições, pelo requerimento de alistamento eleitoral e pelo canhoto do título. Quando nenhuma dessas formalidades for atendida, a assinatura não deverá ser considerada.

O TRE de Brasília orientou a Corregedoria a verificar como está o processo de validação das assinaturas pelos cartórios eleitorais.

Marina disse que vai aproveitar o encontro com a ministra Laurita Vazpara pontuar as dificuldades que a Rede tem encontrado para a validação das assinaturas. Segundo ela, os cartórios têm rejeitado principalmente assinaturas de jovens e de idosos. Eles alegam, disse Marina, que não há registro de voto dos mais novos e que os idosos muitas vezes não votaram nas eleições anteriores.

"Temos mais de 600 mil fichas encaminhadas aos cartórios. Dessas, 215 mil foram certificadas, mas há uma grande quantidade de assinaturas que não (foram analisadas) no prazo (determinado em lei) de 15 dias. E muitos cartórios têm fichas há 60 dias. Isso criou uma situação que precisa ser resolvida", afirmou Marina.

A Rede Sustentabilidade precisa validar cerca de 492 mil assinaturas de apoio à sua criação, para então pedir ao TSE o registro definitivo. O prazo final é 5 de outubro.

Conselheiro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou café da manhã ontem com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada. Conversaram sobre pesquisas eleitorais e a relação com a base aliada.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Líder petista vai a campo pela presidente

Lula procurou aliados para garantir apoio à reeleição de Dilma

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - Em sua passagem por Brasília esta semana, o ex-presidente Lula voltou a articular com força a campanha da reeleição da presidente Dilma Rousseff, afagou aliados importantes do PMDB, tentou dar uma chacoalhada no PT e distribuiu conselhos para tentar melhorar a relação do governo com o Congresso e com a sociedade civil. Após participar anteontem do lançamento da candidatura do presidente do PT, Rui Falcão, à reeleição, Lula se reuniu ontem de manhã com Dilma, no Palácio da Alvorada. No próximo dia 19, será a vez de Dilma ir a São Bernardo do Campo (SP), reduto de Lula, anunciar investimentos federais em habitação e mobilidade urbana.

Reforçar a agenda de viagens da presidente pelo país é uma das estratégias para tentar reverter a queda de popularidade de Dilma e do governo. Para a próxima semana, estão previstas mais duas viagens, além de São Bernardo: na terça-feira, ela deve anunciar mais investimentos do PAC Cidades Históricas em Minas, provavelmente em São João Del Rei, cidade do tucano Aécio Neves; e, na sexta-feira, deve participar, na capital paulista, de uma solenidade na área de Educação.

Nas 18 horas em que permaneceu em Brasília, Lula disse que quer conversar com o presidente do PSB e governador Eduardo Campos (PE). Afirmou que tem expectativa de que ele desista da candidatura. Em outra frente, Rui Falcão minimizou o fato de Marina Silva estar em segundo lugar nas pesquisas e colocou em dúvida sua competitividade.

Em um gesto de agrado ao PMDB, Lula visitou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Enquanto setores do PT pregam publicamente o rompimento com o PMDB, Lula prestigiou o partido. Disse aos peemedebistas presentes no encontro com Renan que eles precisam conversar sobre as eleições do ano que vem e permanecer unidos.

- Precisamos sentar, conversar, está afunilando (a eleição). Temos que nos unir - afirmou Lula, de acordo com os presentes.

Quanto ao aceno de Lula para Eduardo Campos, os petistas torcem para que o governador apoie a reeleição de Dilma.

- O presidente Lula foi pedagógico: disse que respeitará se Eduardo Campos for candidato, mas, demonstrando apreço por ele, disse que tem interesse em ter uma conversa - contou o senador Jorge Viana (PT-AC).

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, disse que o governo Dilma não teme qualquer candidato:

- É muito cedo ainda, mas não temos que estar preocupados com quem será candidato, temos que estar preocupados em qualificar a candidatura da presidente à reeleição. Não temos medo de disputa com ninguém. Insisto, com ninguém.

Fonte: O Globo

Marina cobra rapidez do TSE para criação de seu novo partido

Ex-senadora aponta demora na validação de apoios à Rede

Rubens Valente

BRASÍLIA - Correndo contra o tempo para criar a Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva e mais quatro deputados federais cobraram ontem da presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Cármen Lúcia, mudanças no trabalho dos cartórios eleitorais.

Em resposta, a ministra encaminhou o assunto à corregedoria do tribunal.

Marina depende da celeridade dos cartórios para colocar em prática seu projeto de candidatura à Presidência da República em 2014 pelo partido que pretende criar.

Até o momento, a nova sigla conseguiu validar nos cartórios 215 mil assinaturas. Outras 277 mil aguardam certificação --para obter o reconhecimento da Justiça Eleitoral, são necessários 492 mil apoiadores.

Cabe aos cartórios checar dados de eleitores que dizem apoiar a criação da Rede Sustentabilidade.

Marina reclamou da demora nos cartórios e dos "parâmetros" usados para rejeitar assinaturas. Segundo ela, em algumas repartições da cidade de São Paulo as rejeições chegaram a 30%.

Após a reunião, a ex-senadora disse esperar uma solução do TSE até uma "data adequada", mas não detalhou prazos --para concorrer pela Rede, o novo partido tem que ser aprovado até o início de outubro.

Caso o projeto naufrague, Marina ainda pode se filiar e lançar candidatura por outra legenda --hipótese que ela diz não admitir.

Ex-ministra do Meio Ambiente durante o primeiro mandato do governo Lula, Marina aparece em pesquisas recentes como a segunda mais citada entre os candidatos à Presidência e a primeira dentre os nomes da oposição.

Fonte: Folha de S. Paulo

Marina encontra presidente do TSE para discutir futuro da Rede

Ex-senadora quer registrar sigla só com protocolo de entrega de nomes nos cartórios

BRASÍLIA - A ex-senadora Marina Silva reuniu-se ontem com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, e tem encontro previsto esta semana com a corregedora-geral da Justiça Eleitoral, ministra Laurita Vaz, para discutir as dificuldades que a Rede Sustentabilidade enfrenta para validar quase 500 mil assinaturas de apoio. A validação das assinaturas, pelos cartórios eleitorais, é necessária para formalizar o pedido de registro de partido.

Os organizadores da Rede estudam entrar com o pedido de registro no TSE só com o protocolo de entrega das assinaturas aos cartórios. Até agora, foram validadas 215 mil assinaturas. A ideia é que o TSE comece a analisar o pedido de registro enquanto os cartórios terminam a certificação das assinaturas restantes.

Os apoiadores de Marina esperam que o TSE aceite essa alternativa. Marina figura em segundo lugar (26%) nas pesquisas de intenções de votos para a eleição presidencial de 2014. A disposição de Marina é só disputar a sucessão da presidente Dilma Rousseff pela Rede - que, para isso, precisa estar criada até 4 de outubro, um ano antes da eleição.

A medida não é simples. Há dois anos, o TSE impediu que o PEN disputasse as eleições municipais de 2012 por não ter apresentado o mínimo de assinaturas certificadas. Na época, das mais de 500 mil assinaturas apresentadas, a relatora Nancy Andrighi acolheu como válidas as 373.159 certificadas pelos cartórios e tribunais eleitorais, descartando mais de 200 mil que não cumpriam essa exigência.

- Temos as mais de 600 mil fichas encaminhadas aos cartórios. Dessas, 215 mil foram certificadas, mas há uma grande quantidade de assinaturas que não foram respondidas. A gente tem uma situação que precisa ser resolvida. A única coisa de que temos certeza é de que encaminhamos as fichas no prazo certo, e que os cartórios estão atrasados nas respostas - disse a ex-senadora.

A presidente do TSE afirmou que cabe à corregedora-geral da Justiça Eleitoral tratar da relação com os cartórios. A própria ministra telefonou para Laurita pedindo que ela receba Marina até o fim da semana.

Fonte: O Globo

Serra pede prévias e diz que será candidato

No Paraná, ex-governador afirma que não tem planos para deixar o PSDB agora e volta a criticar a gestão de Dilma

Tucano cumpre agenda típica de campanha em Curitiba e se reúne com o governador Beto Richa, aliado de Aécio

Estelita Hass Carazzai

CURITIBA - O ex-governador de São Paulo José Serra disse ontem que o PSDB não deveria considerar "exótica" a possibilidade de realizar prévias caso haja mais de um candidato à Presidência em 2014.

O tucano vive uma disputa interna com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que é hoje o único nome colocado pela sigla para a disputa.

Serra falou sobre o assunto ontem, após almoço com o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), em Curitiba. Foi a segunda visita do tucano a aliados de fora de São Paulo em menos de sete dias. Na semana passada ele esteve em Salvador para um encontro com o prefeito ACM Neto (DEM).

Apesar da visita de ontem, Richa é amigo de Aécio e já defendeu, em entrevistas, a candidatura do mineiro. Mas ao lado do governador, Serra disse que espera ter espaço no PSDB para "ser uma opção", em 2014.

"O PSDB é um partido que eu ajudei a criar, com o qual eu tenho muita identidade. É tudo maravilhoso? Não. Mas isso, na vida, é sempre assim", declarou.

Como Aécio tem apoio majoritário no PSDB hoje, Serra passou a estudar opções para se candidatar ao Planalto. O ex-governador cogita desde deixar o partido e se lançar pelo PPS até concorrer internamente com o mineiro numa prévia, sabendo que Aécio tem a maioria da sigla.

Apesar de assumir certo desconforto interno e das proposta para mudar de sigla, Serra afirmou não ter "nenhum plano para sair amanhã" do PSDB.

PPS

"Nunca me incomoda quando alguém tem interesse em ficar do meu lado. O que não significa que eu tenha já um caminho predeterminado e certeiro nessas outras direções", disse, questionado sobre a possibilidade de mudar-se para o PPS.

O ex-governador de São Paulo evitou se colocar categoricamente como pré-candidato, apesar de desfiar críticas ao governo federal e classificar a gestão de Dilma Rousseff (PT) como "sem rumo" e de "viés publicitário".

Serra disse que "certamente" concorrerá "a alguma coisa" em 2014 e cumpriu agenda típica de candidato. Além de almoçar com Richa, ele visitou a Pastoral da Criança.

À imprensa, questionado sobre a investigação que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre cartel de empresas fornecedoras de trens para São Paulo durante as gestões do PSDB no governo do Estado, defendeu que sejam investigadas todas as licitações de trem, metrô e energia do país, inclusive as do governo federal.

"Se é para fazer investigação, que se faça sobre tudo", afirmou. As declarações estão em sintonia com o que disse anteontem o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), cujo Estado está no centro das investigações do Cade. Alckmin insinuou que não foi só em São Paulo que houve cartel em licitações de trem e metrô.

Fonte: Folha de S. Paulo

Serra diz que será candidato nas eleições de 2014

Tucano, no entanto, não deixa claro a qual cargo pretende concorrer

CURITIBA - O ex-governador José Serra disse ontem em Curitiba que vai disputar as eleições de 2014, mas não disse a que cargo vai concorrer. Procurou afastar a possibilidade de deixar o PSDB, onde tem perdido espaço para o senador Aécio Neves (MG) na corrida pela indicação no partido para disputar a Presidência. Serra almoçou com o governador Beto Richa (PSDB) no Palácio Iguaçu e, depois, visitou a sede da Pastoral da Criança.

Em entrevista no Palácio Iguaçu, Serra desconversou quando perguntado sobre o convite do PPS para disputar a Presidência:

- Nunca me incomoda quando alguém tem interesse em ficar ao meu lado. Na vida pública, é assim. O que não significa que tenha um caminho predeterminado - disse. - O PSDB é um partido que eu ajudei a criar, com o qual eu tenho muita identidade. É tudo maravilhoso? Não. Mas isso, na vida, é sempre assim.

Sobre as dificuldades para ser indicado mais uma vez candidato a presidente pelo PSDB, disse que espera ter espaço no partido. E manifestou apoio à realização de eleição interna para definir o candidato tucano.

- Esta é uma questão que o partido tem de avaliar. Mas eu não vejo nada de exótico em o partido fazer prévias ou primárias se houver mais de um candidato - disse ele.

Serra considera que é cedo para discutir a sucessão presidencial:

- Ainda é muito cedo. Tem 14 meses para a eleição.

Fonte: O Globo

Aliados de Aécio veem Serra enfraquecido

Paulo Peixoto

BELO HORIZONTE - Aliados do senador Aécio Neves (PSDB-MG) minimizaram o desempenho de José Serra (PSDB) na última pesquisa Datafolha de intenção de voto para a Presidência.

Na avaliação do entorno aecista, Serra apareceu mal no levantamento e, embora esteja se movimentando como candidato, não motiva por ora mudanças na estratégia presidencial do mineiro.

Com pretensão de disputar o Planalto pela terceira vez, Serra marcou, na pesquisa divulgada no domingo, de 8% a 15% das intenções de voto, contra 8% a 13% do mineiro. Serra tem ainda rejeição de 36%, contra 23% do mineiro.

Os aecistas consideraram ruim a performance de Serra porque ele já concorreu à Presidência duas vezes.

Ontem, em Curitiba, onde visitou o governador tucano Beto Richa (PSDB), Serra disse que o resultado do Datafolha é "interessante" e afirmou ainda que ele "certamente" será candidato a "alguma coisa" nas próximas eleições.

O grupo de Aécio estima que o apoio ao senador no PSDB é alto. Por essa razão, o grupo descarta a realização de prévias no PSDB, caso Serra decida permanecer na legenda e queira a disputa.

Aécio, por outro lado, não quer que Serra, com quem quase não fala, se torne um desafeto. Todas as declarações públicas dele citam a importância do ex-governador.

Até a primeira semana de outubro --prazo final para mudar de partido para concorrer em 2014--, Aécio retomará suas viagens nacionais.

Fonte: Folha de S. Paulo

Brasileiro está pessimista com rumo o País, diz pesquisa

Pela primeira vez em seis anos, mais entrevistados acham que o Brasil está no caminho errado do que no caminho certo.

José Roberto de Toledo

Pela primeira vez em seis anos, mais brasileiros acham que o País está no rumo errado (58%) do que no rumo certo (42%). A inversão da opinião pública aconteceu em junho, após a série de manifestações de rua, e se manteve em julho, segundo histórico de pesquisas do instituto Ipsos.

Foi uma reversão abrupta, sem paralelo nos oito anos de pesquisa: em um mês, um em cada cinco brasileiros mudou de opinião. Em maio, 63% diziam que o Brasil estava no rumo certo, e 37%, que estava errado. Em junho, as taxas quase se inverteram: 43% a 57%. Pela primeira vez desde 2007, mais gente passou a achar que o País marcha para o lado errado. Em julho, segundo o Ipsos, a tendência se manteve, com pequena oscilação: 42% acham que o Brasil está na direção correta, e 58%, que o país precisa mudar de rumo. Não há diferenças significativas entre classes: na "C", 41% dizem que o rumo do país está correto, contra 43% da A/B e 46% da D/E.

"Essa inversão mostra uma preocupação: a necessidade de pensar os problemas com mais profundidade", diz Paulo Cidade, diretor executivo da Ipsos Public Affairs. "A partir dos protestos, as pessoas começam aperceber que é preciso pensar mais no país a longo prazo. E a expectativa está bem negativa".

A resposta da opinião pública a essa questão não é igual à avaliação que as pessoas fazem do governo federal. Em junho, quando houve a inversão e mais pessoas passaram a achar que estamos na contramão, a avaliação da presidente Dilma Rousseff (PT), embora tivesse despencado, ainda

tinha saldo positivo: 37% de ótimo/bom contra 25% de mim/péssimo, segundo o Ipsos. É mais uma medida do humor, do sentimento geral da população. É um aleita para os governantes de que algo precisa ser feito. Significa também que o eleitorado está muito mais propício à mudança e, em tese, mais permeável a um discurso de oposição. Mas o indicador deve ser analisado com cuidado pelos opositores.

De abril de 2005 até o final de 2006, mais brasileiros achavam que o país estava no rumo errado do que no certo. No auge dessa onda de pessimismo, em outubro de 2005,71% apostavam que Lula conduzia o Brasil pela contramão, Essa taxa passou a cair mês a mês e, um ano depois, o ex-presidente acabou reeleito.

O instituto ouviu mil pessoas em 70 cidades. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais, para mais ou para menos. O Ipsos é um dos cinco maiores instituto de pesquisa do mundo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Nas franjas do Black Bloc - Demétrio Magnoli

"Muitos dos jovens que estão usando essa estratégia da violência nas manifestações vieram das periferias brasileiras. Eles já são vítimas da violência cotidiana por parte do Estado e por isso os protestos violentos passam a fazer sentido para eles." Rafael Alcadipani Silveira, autor do diagnóstico que equivale a uma celebração do vandalismo, não é um músico punk, mas um docente da FGV-SP. O seu (preconceituoso) raciocínio associa "violência" a "periferia" - como se esse sujeito abstrato (a "periferia") fosse portador de uma substância inescapável (a "violência"). Por meio do conhecido expediente de atribuir a um sujeito abstrato (a "periferia") as ideias, as vontades e os impulsos dele mesmo, Silveira oculta os sujeitos concretos que produzem um "sentido" para "protestos violentos". Tais sujeitos nada têm a ver com a "periferia": são acadêmicos-ativistas engajados na reativação de um projeto político que arruinou as vidas de uma geração de jovens na Alemanha e na Itália.

No DNA humano estão inscritas as "pegadas" da evolução dos seres vivos. Nas obras de arte, encontram-se os sinais de uma extensa cadeia de influências que as interligam à história da arte. Similarmente, pode-se identificar nos textos políticos uma genealogia doutrinária, que se manifesta em modelos argumentativos típicos e expressões estereotipadas. O professor da FGV menciona a "violência cotidiana por parte do Estado". Nas páginas eletrônicas dos Black Blocs, pipoca a expressão "Estado policial". Bruno Torturra, o Mídia Ninja ligado a Marina Silva, definiu os Black Blocs como "uma estética" e defendeu a "ação direta", desde que "dirigida aos bancos". Pablo Ortellado, filósofo e ativista, elogiou a "ação simbólica" de destruição de uma agência bancária que, interpretada "na interface da política com a arte", simularia a ruína do capitalismo. Eu já li essas coisas - e sei onde.

Tudo isso foi escrito na década de 1970, pelos intelectuais italianos que lideraram os grupos autonomistas Potere Operaio, Lotta Continua e Autonomia Operaia. Eles mencionavam as qualidades exemplares da "ação direta" e a eficiência da "violência simbólica". Toni Negri pregava a violência como ferramenta para defender os "espaços" criados pelas "ações de massa" e exaltava o "efeito terrível que qualquer comportamento subversivo, mesmo se isolado, causa sobre o sistema". Avançando um largo passo, Franco Piperno clamava pela "combinação" da "potência geométrica da Via Fani" (referência ao sequestro de Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas, em Roma, no 16 de março de 1978) "com a maravilhosa beleza do 12 de março" (alusão ao assassinato de um policial, em Turim, pelo grupo extremista Prima Linea, em 1977).

Depois do assassinato de Moro, Negri e Piperno foram processados e injustamente condenados a cumprir sentenças de prisão, que acabaram sendo revertidas. Intelectuais, de modo geral, não sujam as próprias mãos. Os líderes autonomistas não integravam as Brigadas Vermelhas ou a Prima Linea - e, portanto, não deram as ordens que resultaram em atos de terror. Eles apenas ensinaram a seus jovens seguidores, alguns dos quais viriam a militar nas organizações terroristas, que a violência é necessária, eficaz e bela. A responsabilidade deles não era criminal, mas política e moral, algo que jamais tiveram a decência de reconhecer.

Onde fica a fronteira entre a violência "simbólica" e a violência "real"? Na noite de 2 de abril de 1968 bombas incendiárias caseiras explodiram em duas lojas de departamentos de Frankfurt, que já estavam fechadas. A ação pioneira do grupo Baader-Meinhof, inscrita "na interface da política com a arte", foi cuidadosamente planejada para não matar ninguém. Era a violência "só contra coisas", não "contra pessoas", na frase de Ortellado para justificar as ações dos Black Blocs. O primeiro cadáver do Baader-Meinhof, um guarda penitenciário, surgiu na operação de resgate de Andreas Baader, em maio de 1970. Depois, vieram outros cadáveres, de chefes de polícia, juízes, promotores ou empresários. Tais personalidade seriam "símbolos" do "sistema" - isto é, segundo uma interpretação possível, "coisas", não "pessoas".

A tragédia alemã precedeu a tragédia italiana, mas não a evitou. No "Outono Alemão" de 1977, um jovem radical desiludido escreveu uma carta amarga, irônica, indagando sobre os critérios para decidir quem tinha mais responsabilidade pela opressão capitalista - e, portanto, deveria ser selecionado como alvo. "Por que essa política de personalidades? Não poderíamos sequestrar junto uma cozinheira? Não deveríamos pôr um foco maior nas cozinheiras?" Os nossos alegres teóricos dos Black Blocs aplaudem o incêndio "simbólico" de uma agência bancária, mas ainda não se pronunciaram sobre o valor artístico da vandalização de edifícios empresariais, shopping-centers, delegacias, palácios de governo ou residências. Por que esse "foco" nos bancos?

Eugênio Bucci - ele também! - usou a palavrinha "estética" quando escreveu sobre a suposta novidade do "esporte radical e teatral de jogar coquetel molotov contra os escudos da tropa fardada". Não existe, porém, novidade. Ortellado publicou um artigo sobre as fontes da "tática" dos Black Blocs, evidenciando suas conexões com os movimentos autonomistas de "ação direta" na Alemanha e Itália dos anos 1970 e 1980, cujos destacamentos de choque servem de modelo aos nossos encapuzados. Ele não diz com clareza, mas as teses políticas que reativam o culto da manifestação violenta originam-se precisamente de alguns dos acadêmicos-ativistas daquele tempo, hoje repaginados como mestres grisalhos do movimento antiglobalização.

Os Black Blocs anunciam um "badernaço nacional" para o 7 de setembro. Mas o "badernaço" intelectual começou antes, na forma dessas piscadelas cúmplices para idiotas vestidos de preto que rebobinam um desastroso filme antigo.

Fonte: O Globo

As duas faces do “orçamento impositivo” - Jarbas de Holanda

A aprovação da PEC do “orçamento impositivo”, ontem à noite pelo plenário da Câmara (em primeira votação por amplíssima maioria, que certamente será mantida numa segunda, antes de seguir para o Senado), e a decisão anterior do Congresso de estabelecer prazo de 30 dias para apreciação de vetos do Executivo constituem passos concretos para recuperação ao menos de parte da autonomia do Legislativo federal. Apequenada já no final do processo constituinte de 1988 pela guinada para o predomínio das prerrogativas do Executivo e a consequente montagem do chamado “presidencialismo de coalizão”. Que a partir de então facilitou a governabilidade, com as distorções fisiológicas utilizadas nos governos FHC e exacerbadas nos mandatos de Lula e de sua sucessora. A PEC que está sendo aprovada – que trans-forma de autorizativa em obrigatória a liberação de emendas parlamentares num valor total correspondente a 1% da receita corrente líquida da União no ano anterior – tem implicações negativas para a gestão fiscal do país, que só poderão ser evitadas ou minimizadas através de controles institucional e social, de problemática eficiência, da qualidade das emendas. Mas a situação vigente, de subordinação do pagamento delas aos interesses do Palácio do Planalto, não tem objetivado melhoria de qualidade e, pior que isso, baseia-se numa seletividade político-partidária que converte a liberação “num toma lá dá cá constrangedor e humilhante pa-ra os parlamentares e o Congresso”, como afirma o presidente da Câmara e autor da PEC, Henrique Eduardo Alves. E a viabilização da mudança – tentada em vão por outras direções do Congresso – está sendo propiciada pela persistente fragilidade política do governo Dilma.

Agora o esforço para concessões prioritárias
Adiado o leilão para o trem-bala pela terceira vez (agora por pelo menos um ano ou mais provavelmente para depois do pleito presidencial de 2014, pela combinação de restrições dos “parceiros estratégicos” estrangeiros a critérios e prazos e com o receio de alto custo eleitoral do polêmico projeto), o governo redobrará esforços para evitar a necessidade de novo adiamento, também, das concessões rodoviárias e ferroviárias programadas. Que são parte importante da aposta da presidente Dilma para reanimação da economia com investimentos privados e obras que elas propiciarão, se forem bem sucedidas. As principais concessões de estradas – de trechos das BRs 116 e 040 – tiveram seus leilões reprogramados para o início de dezembro, dia 2. As de trechos para ligação das BRs 050 e 262 (entre Açailândia, no MA, e Vila do Conde, no PA), estão até agora confirmadas para 18 e 19 de outubro. Todas as quatro ainda enfrentam restrições (para ajuste de critérios) por parte das construtoras interessadas. Quanto às concessões ferroviárias, as do Grupo 1, de trechos do Ferroanel para acesso ao porto de Santos, deverão ser realizadas em 18 de outubro. Enquanto as do Grupo 2, que engloba projetos de obras no Nordeste e no Sudeste, fo-ram adiadas para 2014. As contestações técnicas ao mega-projeto - lançado em 2009 com a enfática promessa de ser entregue antes das Olimpíadas de 2016 – foram reforçadas pelos protestos de rua do mês de junho Que apontaram as deficiências do transporte urbano como efeito emblemático da aguda contradição entre a enorme carga tributária do país e a precariedade dos serviços públicos. A insistência na iniciativa (respaldada pela sua grande patrocinadora, a presidente Dilma, e mantida com a garantia de recursos do BNDES, vultosos, bem como dos Correios e de fundos de pensão) não resistiu aos questionamentos de caráter técnico e político quanto aos custos, à oportunidade e à própria viabilidade econômica do trem-bala. E, por fim, à desistência, de dois dos referidos “parceiros”.

Um bom sinal da Argentina
Reportagem de O Globo, de ontem, resume bem no título “Urnas dão maior derrota ao Kircherismo em dez anos” o resultado das eleições primárias realizadas na Argentina no último domingo. Primárias com voto obrigatório do conjunto do eleitorado – conforme modelo institucional próprio do país – que define as listas partidárias do pleito para renovação parcial da Câmara e do Senado, que ocorrerá em outubro. Trechos da reportagem:“ o percentual obtido pela frente peronista, agora liderada por Cristina Kirchner, alcançou apenas 26% dos votos e foi derrotada nos maiores distritos eleitorais (Buenos Aires, Córdoba, Mendonza, Santa Fé e capital federal) e em províncias menores como Santa Cruz (terra natal de Kirchner), La Rioja, Catamarca, Jujuy e Corrientes – ao lado, foram perdidas 15 de 24 províncias. Ontem (2ª feira), já com os dados definitivos nas mãos, importantes líderes da oposição asseguraram que a Argentina passa a viver o fim de um ciclo político”. E a reportagem foi complementada por artigo do repórter especial José Casado, com o título “O último tango de Cristina”. Que incluiu o seguinte parágrafo: “Como na Venezuela (da duvidosa legitimidade do presidente ungido Nicolás Maduro), a derrota de Cristina traduziu a percepção prevalecente entre os argentinos sobre a tendência ao empobrecimento do país, ao menos no médio prazo. São múltiplos os sinais. Entre os mais visíveis, a expectativa generalizada de desvalorização da moeda (o peso), por conta do acúmulo de desvarios na política”.

Jarbas de Holanda é jornalista

Dilma e o ET de Varginha - Roberto Macedo

Na quinta-feira passada surpreendi-me com a notícia de que a presidente Dilma Rousseff, ao passar por Varginha (MG), declarou seu respeito pelo extraterrestre (ET) que teria surgido na cidade em 1996. Textualmente: "(...) tenho muito respeito pelo ET de Varginha. E eu sei que aqui quem não viu conhece alguém que viu". Ele teria aparecido e depois sido apreendido por militares. Mas o que aconteceu - se é que aconteceu mesmo -nunca foi esclarecido. O certo é que a cidade ficou conhecida também pelo "seu" ET. E o fato de a própria presidente ter-lhe dedicado atenção mostra que se firmou no imaginário popular.

Não é a primeira vez que isso acontece. Um caso com muito espaço no debate sobre objetos voadores não identificados (ovnis ou, em inglês, UFOs) teria ocorrido perto em Roswell, nos EUA, em 1947.0 jornal local chegou a anunciar que militares da Força Aérea americana haviam resgatado o que restara de um disco voador e de seus ocupantes ao cair. A informação veio de um porta-voz militar. Mas ainda no mesmo dia veio outro comunicado militar, dizendo que o que caiu foi um balão usado para previsões climáticas.

Mas perdurou a crença no óvni e nos seus ETs, realimentada em 1978 quando um oficial que participou da operação de resgate em Roswell confirmou ter sido mesmo um óvni e que o governo acobertou o caso. O assunto voltou à tona noutra entrevista do mesmo oficial e foi parar no Congresso do país. Surgiu até uma testemunha de que autópsias nos ETs teriam sido realizadas na base aérea local. O governo manteve sua versão e ainda em 1997 voltou a se pronunciar sobre o tema. Quem quiser saber mais pode começar buscando "Roswell UFO incident" na internet.

Por causa desse caso a cidade atrai visitantes e tem até um museu sobre o assunto (www.ros-wellufomusenm.com). Note-se que é uma organização "ponto com", ou seja, não é do governo.

De qualquer forma, na minha breve incursão no assunto, não vi ninguém a declarar respeito por ETs, o que seria mais típico de um diálogo entre eles. A presidente Dilma estava falando a uma rádio e presumo que se dirigia apenas à audiência terrestre. Mas, como se diz lá em Minas, nunca se sabe, né? Vou tomar a declaração como de respeito à crença local sobre o tema, o que é cabível Afinal, o universo é infinito. Se ainda não veio uma prova segura da existência dos ETs, também não se provou que não existem.

Como também não existem limites para o imaginário das pessoas, há muitas interessadas no assunto e, com razão, Varginha procura tirar proveito disso. Vem tentando e, como é típico do Brasil e de seus terrestres, há um projeto estatal, da prefeitura local, de criar um museu centrado na temática extraterrestre. Como também é típico do País, o projeto local tem recursos federais, já gastou uma nota (R$ 1,1 milhão só dessa fonte) e a obra está parada, no caso, há três anos.

Isso já é falta de respeito tanto a ETs como a todos nós, terrestres nacionais que pagamos mais uma conta sem resultados. A matéria sobre o museu foi publicada na Folha de S.Paulo de sexta-feira passada, ilustrada por foto da enferrujada estrutura metálica dele, em formato de disco voador. Enquanto não vem, refiro-me ao museu, habitantes e visitantes da cidade terão de se contentar com uma caixa d"água local no mesmo formato.

Aliás, quanto a atrasos de obras, comemora-se nos círculos da procrastinação nacional o primeiro aniversário do anúncio de um grande programa federal de concessão de rodovias e ferrovias federais. Neste estágio, a licitação e a concessão já deveriam estar concluídas e o projeto, andando. Cheguei a me entusiasmar com ele, mas sobreveio essa frustração. Em compensação, comemoro mais um adiamento do projeto do trem-bala.

Ainda em Varginha a presidente, falando de economia, voltou a se referir a outro mundo. Como ao dizer que "a inflação está sob controle". De novo, sua afirmação requer interpretação, mas não consigo encontrar uma que a deixe bem na foto. Medida pelo IPCA de julho, a inflação foi próxima de zero. Mas não quer dizer que esteja controlada, pois aqui, na Terra, é um processo que requer avaliação pelo menos em base anual. Olhando à frente, as previsões do mercado financeiro são de que voltará a subir daqui para o fim do ano, chegando a taxas mensais superiores às que garantem o alcance do centro da meta de inflação, fixado pelo Banco Central em 4,5% ao ano. E alcançando até taxas que exigiriam a manutenção de medidas em contrário, como o aumento da taxa básica de juros.

Talvez a presidente se tenha referido a outra forma de controle que adota, como a estampada em manchete da Folha de ontem: Dilma segura reajustes de preços sob controle do governo federal. É, porém, um controle que não funciona neste mundo, pois a inflação diz respeito ao conjunto de preços dos bens e serviços de toda a economia e não se resolve segurando este ou aquele preço. Ao contrário, isso cria distorções como a enfrentada atualmente pela Petrobras, que com esse controle tem seus planos de investimentos prejudicados por carência de recursos próprios.

Noutra afirmação não cabível aqui, na Terra,. Dilma declarou que no primeiro semestre deste ano "... criamos 826 mil empregos com carteira assinada". Exceto pelos empregos criados na área estatal pelo governo, quem cria empregos aqui, na Terra, é a economia na sua dinâmica, na qual o governo tem algum papel, mas nem sempre o melhor deles e não de todo determinante, exceto ao gerar crises. No momento, por exemplo, fossem outras a política e a gestão econômica governamental, de tal forma que, entre outros aspectos, não houvesse espaço para atrasos de projetos que vão do museu de Varginha ao citado programa de rodovias e ferrovias, ainda mais empregos seriam criados pela economia, em particular e como sempre pelo setor privado.

*Economista (UFMG, USP e HARVARD), professor associado à FAAP, é consultor econômico e de ensino superior

Fonte: O Estado de S. Paulo

Partido-ônibus - Paula Cesarino Costa

O Rio está ocupado. Ontem, além da Câmara Municipal e das calçadas em frente à rua do governador, manifestantes ocupavam várias vias da capital.

Eram professores em greve, moradores de favela reclamando da morte de um jovem, familiares do desaparecido Amarildo pedindo justiça, só para citar alguns casos. Gente gritando por quase tudo em quase todo lado.

Se os protestos diários entram na rotina, a situação da Câmara tem contornos de tragicomédia. Manifestantes ganharam pulseiras VIP para poder circular e pedem melhores condições de ocupação. Investigadores da CPI são vereadores que não queriam que nada fosse investigado.

Transporte é problema crucial no Rio. Seja em relação à mobilidade, seja na comumente controvertida relação entre prefeitura e empresários.
O motivo da ocupação da Câmara é a CPI dos Ônibus, criada para investigar a "implantação, fiscalização e operação do transporte coletivo".

Na sexta-feira, a comissão definiu como presidente (Chiquinho Brazão) e relator (Professor Uóston) vereadores da base do prefeito Eduardo Paes (PMDB), que não assinaram o pedido de CPI. Foi o estopim da ocupação por manifestantes que exigem na presidência o autor do requerimento, Eliomar Coelho (PSOL). Paes diz que não se mete no Legislativo e que, assim como não interferiu na coleta de assinaturas, não vai atuar na composição. Difícil acreditar que sua base aja apenas por vontade própria.

Para o prefeito, a questionada licitação de ônibus já foi fiscalizada e não há irregularidades. Entretanto, ele é claro: "Se eu mandasse na Câmara, não tinha CPI".

Paes quer deixar a marca de prefeito interessado em ouvir múltiplas vozes, atento à agenda da rua. Não deveria temer a CPI. Nem se omitir como liderança partidária. Mesmo que o seu seja um partido-ônibus, ou, numa definição mais clara, um balaio de gatos.

Fonte: Folha de S. Paulo

Dentro da curva - Merval Pereira

O ministro Luís Roberto Barroso foi o protagonista da sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal na retomada do julgamento do mensalão, ao deixar claro, logo no início dos trabalhos, sua visão sobre o caso, reduzindo sua importância ao defini-lo como consequência de "uma tradição lamentável, que vem de longe", e compará-lo a outros casos de corrupção política.

Mesmo tendo dito que o "custo moral e institucional" do episódio não deve ser relativizado, e apesar de constatar ser "impossível exagerar a gravidade e o caráter pernicioso dos fatos ocorridos", Barroso fez questão de dizer que "é questionável a afirmação de se tratar do maior escândalo político da História".

Com isso, discordou de seus colegas que participaram da primeira fase, que deram ao caso dimensão de uma ação contra a democracia, por ter sido tramada dentro do Planalto para controlar um dos Poderes da República pela compra de votos e apoio político.

O novo ministro do STF se alinhou a uma tese que agrada muito aos petistas, segundo a qual a culpa do que aconteceu é do nosso sistema político-eleitoral. "Sem reforma política, tudo continuará como sempre foi. A distinção se dará apenas entre os que foram pegos e os que não foram", afirmou.

Apesar de considerar equivocada sua análise sobre a importância do caso para a democracia brasileira, é inegável que fez uma avaliação correta da situação atual, apontando as principais características negativas do sistema político brasileiro: o papel central do dinheiro, a irrelevância programática dos partidos que funcionam como rótulos para candidaturas, e o sistema eleitoral e partidário que dificulta a formação de maiorias estáveis.

Barroso criticou o que seria a politização do julgamento, afirmando que "não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção. Não há corrupção melhor ou pior. Dos "nossos" ou dos "deles". Não há corrupção do bem. A corrupção é um mal em si e não deve ser politizada", disse.

Para mostrar que o resultado do julgamento não teve efeito sobre a atuação dos políticos, apesar da condenação de 25 réus, entre eles líderes importantes do partido no governo há 10 anos, Barroso comentou que, "após o início do inquérito que resultou na AP 470, com toda a sua divulgação, cobertura e cobrança, já tornaram a ocorrer incontáveis casos de criminalidade associada à maldição do financiamento eleitoral, à farra das legendas de aluguel e às negociações para formação de maiorias políticas que assegurem a governabilidade".

E afirmou que é um equívoco considerar que a solução para o problema da corrupção será encontrada com cadeia e punição exemplar. Mesmo que tenha citado a revolta popular contra os políticos como sintoma de fadiga institucional, Barroso não levou em conta que a impunidade pode ser uma das principais causas para a decepção dos cidadãos e da descrença na Justiça, pois, apesar de condenados, até agora nenhum dos envolvidos perdeu suas regalias, e o ex-ministro José Dirceu, condenado como chefe da quadrilha, continua atuando com força política incontestável no PT e no governo.

Essa falta de correspondência entre os efeitos do julgamento e o comportamento dos políticos talvez seja explicada pela quase certeza generalizada de que, ao fim do processo, nada de maior acontecerá aos condenados. Essa sensação de impunidade, que é a razão maior para que nada se modifique, está sendo reforçada pela própria presença dos novos ministros Barroso e Teori Zavascki no plenário que vai analisar os recursos dos condenados.

Pelo voto dos dois sobre formação de quadrilha no julgamento do senador Ivo Cassol, a opinião pública já se prepara para uma reversão da condenação de Dirceu e companhia, caso os embargos infringentes venham a ser admitidos, dando munição aos adeptos da teoria da conspiração, que veem na indicação dos dois manobra governista para livrar os petistas condenados da prisão fechada.

Barroso, um constitucionalista respeitado, já se pronunciou sobre o tema, afirmando que "em teoria" tais embargos não são mais admissíveis.

Ontem, ele fez questão de reafirmar o que já dissera anteriormente, quando classificou o julgamento do mensalão como "um ponto fora da curva". Embora tenha acompanhado o relator em todos os votos, recusando vários embargos de declaração, não perdeu a chance de ressaltar em diversas oportunidades que, se estivesse no julgamento inicial, seria mais benevolente nas penas e na interpretação dos fatos.

Os pontos-chave

1. Barroso deixou clara sua visão sobre o mensalão, reduzindo sua importância ao defini-lo como consequência de "tradição lamentável, que vem de longe".
2. O novo ministro do STF se alinhou a uma tese que agrada muito aos petistas.
3. Embora tenha acompanhado o relator em todos os votos, Barroso não perdeu a chance de ressaltar que, se estivesse no julgamento inicial, seria mais benevolente nas penas e na interpretação dos fatos.

Fonte: O Globo

Trator avariado - Dora Kramer

Assim como aconteceu no caso da sofrida vitória com gosto de derrota da MP dos Portos, em maio, o revés imposto ao governo com a aprovação do Orçamento impositivo na Câmara dos Deputados não foi obra da oposição, mas da mais ampla aliança já montada para defender os interesses governistas no Parlamento.

Impressionou o resultado: 378 votos a favor, 48 contra e 13 abstenções. Um desastre político que o Planalto tentará minimizar negociando com o Senado a regra de destinação de 50% das emendas parlamentares para a área da Saúde.

Pode ser que consiga, mas é pouco para quem tratava a questão nos termos da frase da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann: "Somos contra de cara", disse ela quando o presidente da Câmara, Henrique Alves, reafirmou a disposição de pôr em prática a mudança que torna obrigatório o pagamento das emendas. Ou seja, fora de cogitação abrir mão da prerrogativa do Executivo de liberar ou não as verbas de acordo com critérios políticos ou administrativos.

A ministra propunha levar o assunto a "debate na sociedade sobre as consequências que isso terá". Ela falava ainda no clima da repercussão da batalha dos Portos. MP que, a despeito da existência de uma base aliada em tese composta por 70% a 80% do Legislativo, levou quatro dias e três noites para obter o quórum necessário à aprovação.

Na época, o assunto foi tratado como uma exceção devido aos interesses econômicos (legítimos e ilegítimos) envolvidos.

No caso do Orçamento impositivo o governo poderá adotar a mesma lógica de "ponto fora da curva" para justificar o resultado adverso, já que os parlamentares estariam votando em causa própria. De fato, votaram em prol deles mesmos, mas seria uma ilusão o Planalto continuar interpretando o quadro pelo viés da exceção.

Cumpre lembrar que essa questão vem sendo objeto de projetos desde o início dos anos 90 e todos os governos de lá para cá conseguiram que nenhum deles prosperasse. Portanto, o tamanho da derrota da terça-feira à noite tem um significado maior, sendo o mais evidente o da perda de eficácia (a conferir se temporária) do rolo compressor - instrumento habitualmente usado para expressar a força dos "donos" da maioria.

Segunda época. Os primeiros embargos de declaração à condenação dos réus do mensalão examinados pelo Supremo Tribunal Federal referiam-se a questões amplamente discutidas e claramente resolvidas durante o julgamento.

De onde, meramente protelatórios. É papel dos advogados apresentá-los. Mas, a julgar pelos votos dos ministros, a Corte cumprirá o papel de rejeitar a toada da postergação.

Isso não quer dizer que o plenário adote o ritmo de celeridade máxima pretendida pelo relator e presidente do STF, Joaquim Barbosa. As divergências surgirão, as escaramuças dialéticas que permearam o julgamento da ação propriamente dita vão se repetir e o debate jurídico será levado ao detalhamento necessário para não dar margem à apresentação de uma segunda leva de embargos ao acórdão resultante da fase agora em discussão.

Força-tarefa. Os 13 senadores autodenominados "independentes" e pertencentes a vários partidos que se declararam em estado de confronto explícito com o presidente da Casa, Renan Calheiros, não estão sozinhos.

Contam com apoio tácito na bancada do PT. A oposição não é só a Calheiros, mas ao domínio do processo legislativo por um grupo integrado pelos senadores Eunício Oliveira, Gim Argello, Romero Jucá, Vital do Rego e Eduardo Braga, líder do governo.

A ideia é contestar decisões e denunciar atos vistos como produtos dessa concentração de poder nas mãos de poucos em detrimento da vontade do colegiado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Corrupção é corrupção - Eliane Cantanhêde

Começou bem a segunda fase do julgamento do mensalão, num momento em que o caso Siemens ainda está só esquentando.

"Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção", declarou em sua estreia no julgamento o novo ministro Luís Roberto Barroso, infenso à polarização infernal entre petistas e tucanos.

Opinou e ensinou mais: o mensalão não foi o maior escândalo da história, apenas o mais investigado, e será em vão punir os atuais réus sem fazer uma reforma política, porque tudo vai continuar na mesma.

É impossível discordar do ministro, e o PT não tem o direito de comemorar nem o PSDB de lamentar.

O fato de o mensalão não ser o maior escândalo da história, como opina Barroso, não significa que não tenha existido, que seja irrelevante e que não tenha sido lesivo para quem realmente interessa: a sociedade brasileira. Se os outros fazem, isso não dá direito ao PT de fazer também.

O princípio vale para os tucanos no caso Siemens. De nada adianta Geraldo Alckmin dizer que o cartel atuou também em outros Estados nem a Folha mostrar que cinco empresas investigadas por cartel em SP e no DF receberam pelo menos R$ 401 milhões do governo federal desde 2003 --se elas eram impuras nos governos de oposição, certamente não eram puras nos governos petistas.

Se os esquemas ocorrem em outros Estados e se o governo federal também tem contratos com empresas suspeitas, nada disso absolve o cartel paulista nem inibe as investigações (inclusive da imprensa) sobre as administrações tucanas em São Paulo. Ao contrário, só confirma que os cartéis existiam, ou existem.

Jogar a batata quente de lá para cá não resolve a questão central de que há compra de votos, há cartéis e está na hora de acabar com essas práticas, custe o que custar --mesmo a punição dos dois melhores partidos e de alguns dos melhores quadros políticos do país. Até por isso, eles é que mais deveriam dar o exemplo.

Fonte: Folha de S. Paulo

As emendas e a eleição - Tereza Cruvinel

O placar com que foi aprovada em primeiro turno a emenda do orçamento impositivo - 378 votos a favor, 48 contra e 13 abstenções – não deixa dúvidas sobre a determinação dos deputados para impor a mudança. Ela pode atenuar o toma-lá-dá-cá, como tantos disseram, mas outras moedas continuarão sendo usadas nas barganhas entre Executivo e Legislativo, num sistema político que dificulta a formação de maiorias a partir das urnas. Mas a motivação fundamental foi outra, de ordem eleitoral: garantir uma certa equidade, entre os deputados, na distribuição de favores com verbas federais, num pleito em que não será fácil a reeleição de representantes contestados pelas ruas. Com a liberação impositiva, governistas e oposicionistas serão igualmente beneficiados. E entre os governistas, os petistas não levarão a melhor sobre seus aliados.

Falta ainda o segundo turno na Câmara e a votação no Senado mas a mudança é irreversível. O máximo que o governo pode conseguir, no Senado, será a destinação de 50% do valor global das emendas individuais (mais de R$ 6 bilhões) a projetos na área da Saúde. Efetivamente, o Congresso tomou da presidente Dilma Rousseff o controle sobre 1% das receitas liquidas correntes da União. Mesmo beneficiando a população, esta fração do orçamento está destinada a beneficiar o velho modo de fazer política, o de domesticar clientelas eleitorais com a distribuição de favores.

Quando a emenda chegar ao Senado, o governo tentará garantir a destinação dos 50% à Saúde, o serviço público mais criticado pela população. Mas, num segundo momento, acabará recorrendo ao Supremo. "Não tenho dúvidas de que esta medida será considerada inconstitucional mas aqui, no Senado, vamos tentar apenas racionalizar o assunto, garantindo a metade para a saúde", diz o líder do PT no Senado, Wellington Dias. Na terça-feira, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, falará às bancadas do PT, PSB, PC do B, PDT e PSol sobre o programa Mais Médicos e outras ações de sua pasta, tentando demonstrar o quanto poderia ser feito com 50% das emendas. Destes partidos de esquerda, terá apoio. Mas os outros, aceitarão abdicar da ponte, da quadra de esportes e outras obras mais visíveis, ainda que menos relevantes? A ver.

Fato é que, mesmo tendo um aspecto positivo, ao acabar com o uso das emendas como arma de premiar ou punir, pelo Executivo, a mudança mitiga o poder presidencialista. A nova regra para apreciação dos vetos - que passam a travar a pauta de votações 30 dias depois de publicados - também reduzirá o conforto do presidente, exigindo negociações mais cuidadosas com o Congresso, antes mesmo do envio de projetos. Pois aqueles que, de antemão, enfrentam grandes resistências, acabarão sendo mudados, levando ao veto e à conseqüente derrubada. No caso de Dilma, o desconforto aumenta porque a base, embora venha se recompondo aos poucos, dificilmente voltará a ter o tamanho que já teve.

Mensalão: faltava dizer
A partir do 2005, e passando pelo julgamento do ano passado, seria chamado de "defensor de mensaleiros" todo aquele que ousasse apontar a relação entre o chamado mensalão e o sistema político nefasto que temos. Tudo não passara, afinal, de malfeitoria do PT. Finalmente ontem, em sua estreia no caso, o ministro Roberto Barroso, disse o que a corte também evitou dizer. Possivelmente não tenha sido aquele o maior escândalo, mas com certeza foi o mais investigado da história. Não se trata de um caso único e isolado, mas inserido na tradição que vem de longe. "Se não houver reforma política, tudo vai acontecer de novo. A distinção se dará apenas entre os que foram pegos e os que não foram." O PT, neófito no poder, se deixou pegar. A "catarse" com o julgamento, disse ele ainda, foi sinal da fadiga nacional com o sistema, que este ano estourou nas ruas. Catarse que o tribunal estimulou, ele não disse, com o julgamento-espetáculo.

Um dos grandes arrependimentos do PT é o de não ter se empenhado pela reforma política em seus 10 anos no poder. "Foi um erro, aceitamos as regras do jogo que condenávamos, mas agora vamos enfrentar a reforma", diz o líder Wellington Dias. PT e aliados voltarão a insistir no plebiscito. Mas, para 2014, agora é tarde.

O outro mundo
Em evento sobre mídias digitais, promovido ontem pela Oficina da Palavra, o pesquisador Fabio Malini, do Labic/UFES, impressionou a plateia de jornalistas, gestores e assessores políticos com suas demonstrações sobre a dinâmica das redes sociais, a força e a rapidez com que se formam alinhamentos em torno de uma mensagem ou idéia. Se os partidos não entrarem para valer neste mundo, vão perder o bonde e os votos.

O ocaso das CPIs
Já não se fazem CPIs como antigamente, quando era certo que alguém morreria no final. A primeira em que houve um acordo de mútua-proteção foi a do Banestado. A dos Correios massacrou o PT mas na do Cachoeira tucanos e peemedebistas fizeram o acordo que salvou os governadores Cabral e Perillo. Agora vem a CPI mista do Cartel da Siemens. Se for para terminar em acordo, poderiam nos poupar.

Fonte: Correio Braziliense