Presidente rebate especulação sobre críticas do antecessor à sua gestão e diz que imprensa não vai conseguir ‘criar conflito’ entre eles
Andrei Netto e João Domingos
Enviado especial a Bruxelas e Brasília - A presidente Dilma Rousseff negou nesta segunda-feira, 24, em Bruxelas, na Bélgica, que seu antecessor no Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, esteja manifestando insatisfação sobre seu governo a interlocutores políticos e empresariais. Conforme a presidente, Lula "não comentou" nenhum tipo de divergência, nem na gestão econômica do País, nem na articulação política do governo federal.
As negativas foram dadas pela presidente em entrevista coletiva durante a reunião de cúpula Brasil-União Europeia. Falando a jornalistas brasileiros, a presidente foi indagada sobre as supostas divergências com Lula e negou qualquer ruído entre ela e seu antecessor.
"Vocês podem tentar de todas as formas criar conflito, ruído ou barulho entre mim e o presidente Lula, mas vocês não vão conseguir", afirmou.
Sorrindo, em tom de ironia, a presidente contemporizou a seguir. "A imprensa é livre e tem direito de expressão", disse, reiterando: "O presidente Lula e eu não temos conflito, não temos divergências passíveis… a não ser as normais", garantiu.
Questionada se Lula teria feito algum tipo de crítica ou comentário com ela, a presidente respondeu, encerrando o assunto: "Nunca comentou comigo".
Conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta segunda, o ex-presidente estaria manifestando a seus interlocutores políticos e no meio empresarial que Dilma precisaria mudar os rumos da condução da economia e substituir nomes, assim como melhorar as relações com a base aliada no Congresso. Segundo a reportagem, Dilma estaria "divorciada" das classes política e empresarial.
Validade. Lula também teria usado a expressão "validade vencida" para se referir à política econômica do governo, o que no longo prazo poria a perder os ganhos sociais alcançados com a chegada do PT ao poder.
Apesar das críticas, o ex-presidente não consideraria a gestão de Dilma como fracassada, nem teria a intenção de substituir Dilma nas eleições de outubro.
Foi em meio a rumores do gênero que Lula "lançou" Dilma à reeleição, em fevereiro de 2013. Ele usou a festa de aniversário do PT para confirmar que ela seria a candidata à reeleição.
Campos. Nesta segunda, no Rio, o governador de Pernambuco e pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse que trabalha para formar "uma ampla frente política e social que demonstre a indignação do Estado e da cidade, que está posta às claras".
"Vamos ter um palanque", afirmou o governador, que citou como possibilidades a candidatura do deputado Alfredo Sirkis, do PSB, ou o apoio ao pré-candidato do PROS, Miro Teixeira. Campos conta com a votação expressiva que sua futura candidata a vice, Marina Silva, teve no Rio, na disputa presidencial de 2010, para ganhar visibilidade no terceiro colégio eleitoral do País. Tanto Miro quanto Sirkis são próximos de Marina.
Mais cedo, em Pernambuco, ele informou a aliados que vai deixar o governo do Estado dia 4 de abril - data-limite para quem pretende disputar a eleição em outubro. A intenção de Campos é lançar a chapa com Marina depois dessa data, a não ser que alguma circunstância o obrigue a antecipar o anúncio.
Nesta segunda, Campos lançou oficialmente o secretário da Fazenda de Pernambuco, Paulo Câmara, à sua sucessão. O deputado Raul Henry, do PMDB, vai ocupar a vaga de candidato a vice-governador.
Colaboraram Luciana Nunes Leal e Angela Lacerda
Fonte: O Estado de S. Paulo
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