quinta-feira, 17 de julho de 2014

Em palestra a investidores, Campos defende mandato para diretores do Banco Central

• Candidato do PSB disse que palavras não são suficientes para recuperar credibilidade da economia

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO — O candidato do PSB à Presidência Eduardo Campos se comprometeu, nesta quarta-feira, em debate com grandes investidores do Banco Itaú, a priorizar as reformas política e tributária no início do seu governo. O presidenciável também destacou a necessidade de passar confiança ao mercado para atrair investimentos para o país e defendeu a formalização da autonomia do Banco Central.

O evento, que reuniu cerca de 200 executivos de grandes empresas, foi fechado. O candidato do PSB disse ainda que vai se valer do apoio da sociedade civil para garantir a governabilidade caso seja eleito, já que provavelmente não contará com maioria no Congresso Nacional. De acordo com convidados do encontro, Campos acredita que o respaldo da população será suficiente para possibilitar a aprovação das reformas.

O candidato disse aos investidores que pretende aprovar a autonomia do Banco Central num modelo em que os dirigentes da instituição tenham mandato fixo. Campos já havia defendido essa proposta em abril, mas havia dúvida se o tema seria levado adiante pela campanha porque a candidata a vice, a ex-senadora Marina Silva, se posicionou contra a proposta na época. Ela é favorável à independência da instituição, mas sem necessidade de institucionalização.

Na saída da palestra, o presidenciável disse que um “Banco Central independente” faz parte do seu repertório de medidas para recuperar a credibilidade da economia e atrair investidores.

O candidato do PSB também se comprometeu a ser rápido na elaboração de sua proposta de reforma tributária.

- Falei para eles que nós vamos enviar logo nos primeiros dias ao Congresso Nacional (uma proposta de reforma tributária) - disse o presidenciável, na saída do evento.

De acordo com Campos, a sua proposta de reforma tributária vai priorizar "a justiça tributária, a transparência, um novo pacto federativo, a desoneração dos investimentos e a formalização do emprego".

Campos defendeu ainda uma nova postura do governo para atrair investimentos que possibilitem a retomada do crescimento da economia.

- Você não incentiva empresários, nem do Brasil nem de fora, a investir com palavras. Tem que ter atitudes coerentes. Criar um ambiente seguro, trazer a inflação para o centro da meta e fazer com que o Brasil tenha uma taxa de juros de classe mundial.

Para o presidenciável, a eleição pode retomar a confiança.

- A confiança foi quebrada. Será retomada pela força das urnas.

Os investidores saíram divididos da palestra de Campos.

- Concordo com as propostas dele, mas acho muito pouco provável que consiga implementá-las porque não terá maioria no Congresso - afirmou Nelson Nabhan, diretor da Nacon Empreendimentos e Participações.

- Aprovo o que ele falou. Acho que as mudanças que ele defende, tanto na política como na economia, são necessárias - disse a investidora Claudia Ferrari.

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