terça-feira, 22 de julho de 2014

Luiz Carlos Azedo: A volta à calma

• Os preços de alimentos têm surpreendido positivamente. Comida mais cara é um tormento para qualquer candidato oficial. A outra face da moeda, porém, é o baixo crescimento, que significa queda do emprego

- Correio Braziliense

A semana começa sem muitas emoções à vista, na campanha eleitoral, depois do Datafolha que registrou empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff e o candidato tucano Aécio Neves num eventual segundo turno e, também, a possibilidade de uma disputa mais acirrada se o adversário da petista for o socialista Eduardo Campos. Aguarda-se o resultado da pesquisa do Ibope que foi à rua hoje para confirmação do cenário, no qual a grande polêmica é o destino dos indecisos do primeiro turno.

A volta à calma — depois da Copa do Mundo e da rebordosa do fracasso da Seleção Brasileira de futebol — registra ainda o retorno triunfal do ex-zagueiro Dunga ao comando do escrete canarinho. Já que estamos falando de futebol, Dilma encontrou-se ontem com os jogadores do Bom Senso F.C., grupo que defende melhorias no futebol brasileiro, no Palácio do Planalto. Faz um esforço para desvincular sua imagem do fracasso de Felipão e da chamada "família Scolari", e também dos malfeitos dos cartolas do futebol brasileiro. Bola que rola!

O candidato do PSDB, Aécio Neves, ontem voltou às bases históricas de seu avô, cuja imagem de democrata moderado e agregador inspira sua campanha. Foi no Santuário da Serra da Piedade, em Caeté (MG), que Tancredo Neves iniciou a jornada que o levou à Presidência em 1984. A morte de Tancredo frustrou o país e, principalmente os mineiros, que aspiram voltar ao centro do poder.

Eduardo Campos e Marina Silva, candidato a presidente da República do PSB e sua vice, respectivamente, inauguraram o seu comitê central da campanha ontem, na Vila Clementino, Zona Sul de SP. O candidato do PSB, empacado nas pesquisas, adotou uma campanha mais propositiva. O problema de Campos , que apoia a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB), é combinar suas alianças regionais com Marina.

Uma de português
Depois do grande encontro do Brics em Fortaleza, na semana passada, no qual foi criado um bilionário banco de investimentos em parceria com a China, a Rússia, a Índia e a África do Sul, o português que preside a Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, desembarcou por aqui e pôs o dedo na ferida: "A mim, parece absurdo que a União Europeia tenha acordos de livre comércio com praticamente o mundo inteiro e não com o Brasil. O Brasil é o ponto mais importante do Mercosul", disse.

Na avaliação do presidente da Comissão Europeia, "se a União Europeia fechar um acordo com os EUA, abrindo para a carne bovina, por exemplo, que é um assunto importante para a economia brasileira, as importações são limitadas. Se abrirmos para o Canadá, os Estados Unidos e outros, quando formos fechar com o Brasil, pode não haver muito mais o que interessa". O Brasil está a reboque da Argentina no Mercosul.

A propósito, uma notícia boa sobre a economia é a queda da inflação. O relatório Focus publicado pelo Banco Central ontem traz uma previsão de que o IPCA de 2014 teve um recuo de 6,48% para 6,44%. Apesar do patamar arriscado, a expectativa para inflação oficial melhorou porque a evolução dos preços de alimentos tem surpreendido positivamente. Comida mais cara é um tormento para qualquer candidato oficial.

A outra face da moeda, porém, é o baixo crescimento, que significa queda do emprego. Os economistas esperam um PIB abaixo de 1% para este ano. Hoje o IBGE divulgará o IPCA-15 de julho. As previsões já contam com uma redução importante do índice. Na quinta-feira, o BC divulgará a ata da última reunião do Copom, que manteve os juros em 11% ao ano. Muitos analistas acreditam os juros não só não subirão, como podem até cair se o PIB seguir enfraquecendo.

E agora, Mujica?
A advogada Eloisa Samy e o ativista David Paixão pediram asilo ao Uruguai. Procuraram abrigo no Consulado-Geral do Uruguai, no Rio, onde estão desde ontem. Investigados por associação criminosa, Eloisa, Paixão e mais 21 ativistas tiveram a prisão preventiva decretada na sexta-feira pela mão pesada da Justiça carioca. Eloisa se considera perseguida política e teme pela garantia de seus direitos no curso do processo. Em vídeo, a advogada afirmou não conhecer parte das pessoas denunciadas e disse que seu único crime é a "atuação na defesa constitucional do direito de manifestação". Em 2013, ela defendeu manifestantes presos em protestos.

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