sexta-feira, 25 de julho de 2014

Rio, um entrave para Dilma

• Petista intensifica agenda no estado em contraponto ao apoio do PMDB local, que não abre mão de ficar ao lado de Aécio Neves

Paulo de Tarso Lyra, Grasielle Castro – Correio Braziliense

A presidente Dilma Rousseff atuou ontem em duas frentes para tentar diminuir os problemas políticos que enfrenta nos estados e com os partidos aliados. Após participar do velório do escritor Ariano Suassuna, no Recife (leia mais na página 5), a petista voou para o Rio de Janeiro, onde se encontrou com o governador do estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), candidato à reeleição. Enquanto isso, em Brasília, o coordenador da agenda eleitoral de Dilma, Giles Azevedo, reuniu prefeitos aliados de mais de 20 cidades, incluindo algumas capitais, para medir a popularidade da presidente e planejar agendas locais a partir de agosto.
Dilma e os coordenadores de campanha sabem que a situação não está fácil. Mesmo líder nas pesquisas de intenção de voto, a presidente enfrenta problemas em grandes colégios eleitorais do Sudeste e em outras cidades espalhadas pelo país. O caso do Rio é emblemático: Pezão declarou apoio a Dilma, mas a máquina eleitoral do PMDB fluminense apropriou-se da candidatura do atual governador para montar uma aliança em torno do candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves. A parceria foi batizada de "Aezão", em referência a Aécio e Pezão. Para dificultar ainda mais a possibilidade de trégua, o PT lançou candidato próprio ao governo fluminense: o senador Lindbergh Farias.

Segundo peemedebistas, o apoio de Pezão a Dilma é sincero, já que a relação entre ambos é boa. No entanto, eles reconhecem que o governador não tem qualquer controle sobre a máquina partidária local, comandada pelo deputado estadual Jorge Picciani, com influência do ex-governador Sérgio Cabral e do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha. Cabral sonha em presidir nacionalmente o partido caso Aécio seja eleito presidente, enquanto Cunha quer suceder Henrique Eduardo Alves (PMDB-AL) no comando da Câmara. "Nem o melhor dos psicanalistas explica a situação do PMDB do Rio", resumiu um integrante da legenda.

Participação
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), admite que é preciso acelerar esse processo de palanques. Para ele, muitas coisas ainda estão incipientes, sobretudo em termos de organização da campanha, material e garantias de infraestrutura para os estados. Ele considera fundamental uma participação mais efetiva de Dilma nesse processo. "Ela própria precisa começar a fazer a agenda de rua, acertar as alianças", defendeu. A conversa de Giles ontem com os aliados também teve esse intuito. Ainda não está previsto, contudo, quando uma conversa de Dilma com os administradores municipais. Ela quer ter a certeza de como será o terreno antes de subir nos palanques estaduais.

Outra encrenca para a presidente é São Paulo, onde o candidato do PT ao governo estadual, Alexandre Padilha, patina nas pesquisas. No estado, Dilma terá participação mais ativa, e marcou para o dia 9, em Osasco (SP), agenda ao do ex-ministro. O prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), sofre com altos índices de rejeição, e o candidato do PMDB, Paulo Skaf, reluta em abrir espaço no palanque para a campanha dilmista. O responsável por contornar esse incêndio é o vice presidente da República, Michel Temer, que marcou encontros, a partir de 23 de agosto, com lideranças políticas do PMDB paulista.

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