sábado, 20 de setembro de 2014

Para analistas, ataques a Marina surtiram efeito nas pesquisas

• Ida de tucano ao segundo turno, no entanto, seria movimento inédito

Nilson Hernandes – O Globo

SÃO PAULO — A estratégia da presidente Dilma Rousseff (PT) de “bater” na adversária Marina Silva (PSB) na propaganda de rádio e TV foi, segundo analistas políticos, determinante para ampliar para sete pontos a vantagem da petista no primeiro turno e encurtar a vantagem da pessebista no cenário de segundo turno.

— Marina caiu em alguns segmentos importantes, como os menos escolarizados, e entre os mais ricos. Os ataques veiculados pela candidatura de Dilma foram determinantes — disse o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. — Mas, se observarmos a curva de intenção de voto, não houve alteração, pois a tendência de consolidação de voto é clara. Seu eleitorado está convicto.

O Datafolha apontou também para o crescimento da rejeição ao nome de Marina. Dilma mantém a dianteira nesse quesito, com 33% de rejeição, mas Marina teve o nome rejeitado por mais eleitores do que na pesquisa anterior, de 9 de setembro. O índice cresceu de 18% para 22%, passando numericamente à frente do candidato Aécio Neves (PSDB), que caiu de 23% para 21%.

— A rejeição a Marina Silva dobrou em relação às outras pesquisas. Entre os outros candidatos, é a única curva ascendente — disse o diretor do Datafolha, fazendo referência ao resultado de 15 de agosto.

Paulino comentou o crescimento do candidato tucano, e disse que uma ida dele ao segundo turno seria algo inédito no país desde a redemocratização:

— Aécio está numa clara curva ascendente, mas, faltando apenas duas semanas para o primeiro turno, seria um feito inédito o candidato conseguir ultrapassar Marina. Na primeira eleição pós-ditadura, em 1989, Lula e Brizola disputaram palmo a palmo a vaga para o segundo turno, mas isso se deu desde o inicio da campanha. Nessa fase, o tempo é curto para Aécio conseguir retirar a diferença de Marina.

Migração dos votos
Fernando Abrucio, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), também acredita que os ataques efetuados pela campanha de Dilma surtiram efeito na queda das intenções de votos em Marina.

— Essa tática adotada pela candidata Dilma teve sim algum efeito nas intenções de voto da candidata Marina.

O professor avalia que a migração das intenções de voto do eleitorado das regiões Sul e Sudeste contribuíram para esse desempenho negativo de Marina.

— Esse eleitor do Sul e do Sudeste havia migrado do Aécio (Neves) para a Marina (Silva), agora parte dele voltou para o tucano, pois não havia consistência na mudança.

Cientista política e professora na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Maria do Socorro Sousa Braga compartilha da posição de seu colega da FGV sobre a queda nas intenções de voto de Marina Silva, por conta dos ataques feitos por Dilma. Ela, porém, avalia que as constantes mudanças de opinião da candidata do PSB sobre seu plano de governo também contribuíram com a queda nas pesquisas.

A respeito da ligeira recuperação de Aécio Neves na pesquisa Datafolha, a professora da Ufscar afirmou que isso demonstra um quadro estável. — Para subir de fato, o PSDB precisa demonstrar uma unidade em torno do nome do candidato (Aécio Neves). Se isso ocorrer, talvez aconteça o chamado voto racional em prol do tucano.

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