quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Oposição aproveita acareação para tentar ligar Dilma ao caso

• Deputado do DEM pede que depoimentos sejam enviados a Sérgio Moro

André de Souza e Evandro Éboli – O Globo

BRASÍLIA - Parlamentares da oposição aproveitaram a disposição do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em falar na CPMI e atacaram duramente o governo. Alguns deputados tentaram associar os nomes da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao escândalo. Duas declarações de Costa logo no início de seu depoimento - de que a corrupção atinge outros órgãos do governo e de que estava enojado com o que ocorria na Petrobras - nortearam o roteiro da oposição.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) já fala em ampliar as investigações e pediu à presidência da comissão que enviasse todo o depoimento prestado ontem, de Costa e de Cerveró, para o juiz Sérgio Moro, no Paraná.

- A revelação de Paulo Roberto Costa de que o esquema acontece no país inteiro vai abrir outras linhas de investigação. É a confirmação de que nós temos no Brasil um clube do bilhão, que não está só na estatal, mas no Dnit, no PAC, nas obras da Copa, nas obras das Olimpíadas, nas hidrelétricas e sabe-se lá mais onde - afirmou Lorenzoni.

O líder do PSDB, Antônio Imbassahy (BA), afirmou que a CPMI promovia uma sessão histórica e ao mesmo tempo vergonhosa para o país:

- É lamentável uma sessão dessas. Uma acareação de dois ex-diretores da maior empresa do país. É vergonhoso.

O comportamento de Paulo Roberto Costa dividiu opiniões dos parlamentares. Houve quem elogiasse sua decisão de fazer revelações, e outros que disseram que ele não pode ser tratado como um herói.

- O senhor vai para a História como alguém que contribuiu para um novo Brasil. Um novo Brasil que vai nascer para nossos filhos e netos - disse o deputado Enio Bacci (PDT-RS).

Os nomes de Lula e Dilma foram citados pelo deputado Izalci (PSDB-DF). O parlamentar quis saber se nunca contou aos dois que estava "enojado" das negociatas que testemunhava na estatal.

- Não (não falou com Lula e Dilma). Isso era fundo pessoal meu, fundo íntimo meu, que estava enojado. Realmente estava. Dei uma declaração para o juiz Moro, lá em Curitiba, de uma possibilidade de colocar várias empresas de menor porte para ver se a gente quebrava esse cartel. Não conseguimos quebrar o cartel. Mas eu não cheguei a conversar isso pessoalmente com o presidente Lula nem com a ministra Dilma (o fato foi em 2009). Eu, pessoalmente, não tive essa conversa com eles. Não tive - disse Costa.

O deputado Marcos Rogério (PDT-RO) foi duro nas críticas a Costa e também a Cerveró.

- Não se trata de amigos da República, mas de um criminoso que tenta atenuar seu crime (sobre Costa). Não podemos pintar de herói quem não é. O outro (Cerveró) vem para negar tudo. Alguém está mentido para a comissão e para o Brasil. Sou de um partido da base do governo, mas a Petrobras é alvo do maior escândalo que o país já viu - disse Rogério.

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