quinta-feira, 9 de abril de 2015

Dilma oferece auxílio a Maduro para melhorar relações com os EUA

• Presidente conversou por telefone com colega da venezuela e depois com vice americano

Luiza Damé – O Globo

BRASÍLIA - O governo brasileiro vai aproveitar a realização da Cúpula das Américas para se consolidar no papel de intermediário na tentativa de aproximação entre a Venezuela e os Estados Unidos. Nesse intuito, a presidente Dilma Rousseff conversou ontem com o venezuelano, Nicolás Maduro, com quem tratou abertamente do assunto. Depois, Dilma falou ainda com o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, mas aparentemente não tocou no tema - ou o abordou de passagem - que será discutido no Panamá, quando a chefe de Estado conversará com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Segundo a Secretaria de Imprensa do Planalto, Dilma tratou com Biden de questões relacionadas à próxima visita que a presidente fará aos Estados Unidos. Conforme nota do Palácio do Planalto, detalhes da visita, que deve ocorrer em setembro, serão abordados também no encontro de Dilma com Obama.

Com Maduro, segundo a nota palaciana, a presidente conversou sobre a situação política venezuelana e a Cúpula das Américas. Dilma manifestou "a disposição do Brasil de continuar solidariamente desenvolvendo iniciativas que permitam fortalecer o diálogo entre o governo e as oposições venezuelanas nos marcos do Estado Democrático de Direito daquele país".

Ao responder à presidente, Maduro disse estar disposto a "promover uma redução das tensões com os Estados Unidos, em base ao respeito mútuo à soberania nacional dos dois países". A presidente elogiou a iniciativa de Maduro e colocou-se à disposição para contribuir nessa direção.

Esses trechos da nota deixam claro o papel de intermediário que o governo brasileiro deseja cumprir para minimizar a animosidade entre Venezuela e Estados Unidos. A presidente brasileira, porém, não dará um passo além do que deve nessa missão e não vai propor algo considerado radical, como o fim das sanções americanas aos venezuelanos.

Com o gesto, Dilma também se contrapõe aos principais líderes da oposição a seu governo. Há duas semanas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou que iria aderir ao grupo comandado pelo ex-presidente do governo espanhol Felipe González para defender os presos políticos na Venezuela. Logo em seguida, o líder nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), encontrou-se, em Lima, com as mulheres dos dois detidos mais famosos: Lilian Tintori, casada com o coordenador do partido de oposição Vontade Popular, Leopoldo López; e Mitzy Capriles Ledezma, mulher do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma.

Um gesto diplomático também foi acenado entre os Estados Unidos e a Venezuela, indicando uma possível melhora nas relações entre os dois países. Ontem, o diplomata Thomas Shannon, conselheiro do Departamento de Estado dos EUA, foi recebido em Caracas pela chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez. Eles não emitiram nenhum comunicado após o encontro. A página na internet do Ministério de Relações Exteriores apenas informou que Delcy ratificou a exigência de que seja revogada a ordem executiva assinada no mês passado pelo presidente Barack Obama, que sancionou sete altos funcionários do governo venezuelano.

Também estava previsto um encontro com o presidente Nicolás Maduro, mas nenhuma informação foi divulgada. A visita de Shannon partiu de um convite do próprio Maduro, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado americano, Marie Harf, sem entrar em detalhes.

- O governo da Venezuela recentemente convidou o governo dos Estados Unidos a enviar um alto funcionário a Caracas para um encontro com o presidente Maduro antes da Cúpula das Américas - informou Harf. - Com o pedido, o Secretário de Estado, John Kerry, pediu a Tom Shannon, um conselheiro do Departamento de Estado, que viajasse a Caracas. Ele chegou no dia 7 de abril e retorna no dia 9 de abril. (Colaborou Catarina Alencastro)

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