quinta-feira, 9 de abril de 2015

Taxa de desemprego acelera e fica em 7,4% no trimestre encerrado em fevereiro, diz IBGE

• É o maior índice desde o período de março a maio de 2013. Aumento ocorreu porque mais pessoas estão procurando emprego

Clarice Spitz – O Globo

RIO - A taxa de desemprego no trimestre encerrado em fevereiro foi de 7,4%, informou o IBGE nesta quinta-feira, pelos números da Pnad Contínua Mensal. A taxa de desemprego no Brasil tinha sido de 6,8% no trimestre encerrado em janeiro. No trimestre encerrado em fevereiro do ano passado, também tinha sido de 6,8%. Entre setembro e novembro, o desemprego havia ficado em 6,5%.

Considerando todos os trimestres móveis, a taxa de desemprego entre dezembro e fevereiro é a maior desde o trimestre encerrado em maio de 2013, quando fora de 7,6%. Mas é menor que aquela terminada no trimestre encerrado em fevereiro de 2012, quando havia sido de 7,7%.

O aumento da desocupação ocorreu, segundo o IBGE, porque mais pessoas saíram em busca de emprego.

— Num período recente, há uma tendência de alta na taxa de desocupação. A grande expectativa é saber quando ela vai cair. Desde 2014 há um processo de que ainda que sejam gerados postos de trabalho, a pressão pelo mercado pelo lado da procura é mais forte — disse Cimar Azeredo, gerente da pesquisa.

A renda de quem já está no mercado de trabalho, porém, cresceu: o rendimento médio real (acima da inflação) no trimestre móvel encerrado em fevereiro foi de R$ 1.817, uma alta 1,1% em relação ao mesmo período do ano passado e de 1,3% frente ao trimestre encerrado em novembro.

Segundo Azeredo, a explicação para o aumento do rendimento entre os trimestres encerrados em novembro e o terminado em fevereiro pode estar ligada à dispensa de trabalhadores temporários.

— O que pode estar ocorrendo com a comparação de novembro é que temos uma saída de trabalhadores temporários que, em geral, ganham menos. Pode estar ocorrendo uma perda expressiva de ocupação entre pessoas de baixa renda, o que influencia no mercado de trabalho — afirma.

Em relação ao mesmo período do ano passado, Azeredo disse que ainda não há dados disponíveis para avaliar esse movimento.

— Precisa ver o grupamento de atividade e isso ocorrerá na próxima apresentação. A inflação está atuando e com certeza ele seria maior. É preciso verificar a qualidade dessa ocupação que subiu, se foi entre os sem carteira ou não — afirma.

O contingente de pessoas desempregadas no país no trimestre foi de 7,401 milhões nos cerca de 3.500 municípios. A massa de rendimento real somou R$ 162,112 milhões, uma alta de 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado e um avanço de 0,7% em relação ao trimestre terminado em novembro.

Os dados são calculados mensalmente com informações coletadas no trimestre encerrado no mês de referência. Por exemplo, para informações de fevereiro, foram contabilizados dados de dezembro, janeiro e fevereiro. A série histórica começa em 2012.

Pela PME, taxa de 5,9% em fevereiro
O IBGE optou pela divulgação sob esta forma por conta dos custos de se fazer a pesquisa em todo o país. Segundo o instituto, de um mês para outro (trimestre móvel) há repetição de dois terços da amostra, o que serve para atenuar movimentos mais bruscos.

O levantamento reúne dados de 3.464 municípios do país e não apenas de seis regiões metropolitanas, como a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Inicialmente, a PME seria feita apenas até 2014. A decisão de produzir indicadores mensais da Pnad contínua — e não apenas por trimestre — motivou a extensão da coleta dos dados. Assim, será possível ter uma base de comparação entre as duas pesquisas.

Justamente por ser mais abrangente, a Pnad Contínua costuma apresentar uma taxa maior que à mensalmente divulgada dentro dos parâmetros da PME, que conta com dados de seis regiões metropolitanas.

A PME em fevereiro tinha apontado que a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) subiu para 5,9% em fevereiro, a maior taxa para meses de fevereiro desde 2011, quando foi de 6,4%. Considerando qualquer mês, é a mais alta desde junho de 2013 (6%). Em janeiro deste ano, havia sido de 5,3%. E, em fevereiro do ano passado, a taxa havia ficado em 5,1%.

Nessa mesma pesquisa, o rendimento médio real dos trabalhadores caiu 1,4% frente a janeiro e 0,5% em relação a fevereiro de 2014, para R$ 2.163,20. É a primeira variação negativa na comparação interanual desde outubro de 2011, quando houve recuo de -0,3%. É também a maior desde maio de 2005, quando o recuo no rendimento chegou a 0,7%.

O objetivo é substituir gradualmente a PME pelo levantamento nacional, criado em 2012 e que, até ano passado, não contava com números sobre a renda.

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