segunda-feira, 22 de junho de 2015

Preso liga ex-governador a obra suspeita

• Em e-mail, executivo da Odebrecht disse que Sérgio Cabral (PMDB-RJ) precisava 'ratificar' consórcio de empresas

• O grupo, formado ainda por Toyo e UTC, acabou escolhido pela Petrobras para obra de US$ 3,8 bi no Comperj, no Rio

Rubens Valente, Graciliano Rocha - Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, SÃO PAULO - E-mail interceptado pela Polícia Federal indica a participação do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) para incluir a Odebrecht em consórcio que levou um contrato bilionário no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio).

A citação ao peemedebista foi feita pelo diretor da Odebrecht Rogério Araújo, preso na última sexta (19) no curso da Operação Lava Jato.

Em e-mail de 4 de outubro de 2007, ele informa a outros quatro executivos da companhia a inclusão da Odebrecht junto à Mitsui e à UTC na obra do ciclo de água e utilidades, o maior contrato do Comperj.

"Petrobras/PR vai conversar com o Governador sobre este novo arranjo com a participação da CNO (é importante Sergio Cabral ratificar! e também definir o seu interlocutor neste assunto que atualmente junto a Petrobras e Mitigue é o Eduardo Eugenio", escreveu Araújo aos outros executivos.

CNO é Construtora Norberto Odebrecht. "Petrobras/PR" seria o então diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, preso em 2014 e um dos delatores do esquema de cartel e propina na estatal.

Já Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira é o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Rio), bastante próximo de Sérgio Cabral.

O e-mail de Araújo integra um conjunto de mensagens anexadas à fase Erga Omnes da Lava Jato, que levou à prisão executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez.

Segundo Araújo, o empresário Júlio Camargo, representante das japonesas Mitsui e Toyo, esteve naquele mesmo dia na Petrobras e foi orientado a aceitar a Odebrecht no consórcio. Ricardo Pessoa, da UTC (à época chamada Ultratec), receberia "a mesma orientação de fazer a parceria com a CNO".

Junto com a Toyo e a UTC, a Odebrecht integrou o consórcio TUC, escolhido pela Petrobras para construção, por US$ 3,8 bilhões (R$ 11,59 bilhões), do ciclo de água e utilidades, o maior contrato do Comperj.

Indícios de propina
Iniciada em 2012, a obra está parcialmente paralisada e há indícios de propina. O custo do Comperj, que após aditivos e novas estimativas chega a US$ 47 bilhões, foi questionado pelo Tribunal de Contas da União.

Dois executivos da Toyo que fazem delação, Júlio Camargo e Augusto Mendonça, dizem que houve pagamento de propina na obra do Comperj para os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque e para o ex-gerente Pedro Barusco.

Peritos da PF detectaram pagamentos de R$ 18 milhões do consórcio TUC para a Treviso Empreendimentos, uma das empresas controladas por Júlio Camargo, e que seria usada para pagar propina a dirigentes da Petrobras.

Outro Lado

Gilvan,
Com relação à reportagem “Preso liga ex-governador a obra suspeita”, solicitamos a atualização do texto com a inclusão da nota do presidente do Sistema FIRJAN.

“Sou presidente da Firjan, onde são debatidos os temas de importância estratégica para o Rio de Janeiro. É evidente que mantenho interlocução permanente com as principais lideranças políticas do estado e do país. O governador Cabral sempre foi um desses interlocutores. Uma coisa, porém, é certa: jamais tratei de interesse desta ou daquela empresa no Comperj com o ex-governador. Meu nome foi citado numa troca de e-mails de terceiros e sou agora indagado a respeito. Tenho horror a bandalheira. Estou entre os que apoiam as investigações em curso no país desde a primeira hora. Elas estão em linha com meu desejo de um Brasil ético e transparente. A simples menção a meu nome em meio ao contexto de toda a lama trazida à tona pela Lava Jato é ultrajante.”

Obrigada.

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Sistema Firjan – Assessoria de Imprensa
(21) 2563-4257

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