quinta-feira, 30 de julho de 2015

Cunha diz que governadores já dividem crise com Dilma Rousseff

• Presidente da Câmara criticou possível aumento na taxa de juros

Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA — Às vésperas do encontro que a presidente Dilma Rousseff irá promover com governadores de todo o Brasil, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o debate sobre a situação econômica dos estados vem com atraso e que os governos locais já estão dividindo a crise com a União devido à queda na arrecadação.

— O resultado da crise eles já estão dividindo, que é a queda de arrecadação e a impossibilidade de cumprir os planos de investimentos. Não só os governadores, mas os prefeitos também já estão sofrendo a crise. Essa discussão já deveria ter sido feita há muito tempo. Os estados estão com muitos problemas e qualquer solução vai passar pela União — disse Cunha.

O presidente da Câmara comentou ainda sobre o possível veto da presidente sobre a proposta de extensão da política de reajuste do salário mínimo aos aposentados do INSS. Segundo Cunha, o veto já era esperado e não deve ser derrubado pelo Congresso. A postura do peemedebista contrasta com a adotada na semana passada, quando previu que o veto à mudança no fator previdenciário seria derrubado pela Casa.

— Esse veto não gera desgaste porque já era esperado. Não era para isso aquela Medida Provisória. Acho que o veto está correto, não havia outra possibilidade. Foi um exagero incluir isso na medida — disse Cunha.

Mesmo antes do anúncio da decisão do Copom sobre a taxa de juros, o presidente da Câmara classificou de “absurda” a possibilidade de novo aumento e disse que a medida servirá apenas para aprofundar a recessão.

— Acho absurdo. Esse aumento que está sendo especulado é um verdadeiro acinte à situação que estamos vivendo hoje. Não tem hoje inflação de demanda, só de preços administrados. A economia está em recessão. Não se consegue fazer superavit primário para pagar juros, nem sequer amortizar. 

Esse aumento só vai servir para aumentar a dívida bruta e não tem nenhum efeito na economia, a não ser aumentar a recessão. Na realidade, é um estímulo à não concessão de crédito, porque os bancos não vão correr risco de emprestarem, já não estão emprestando. Com o aumento de taxa da Selic, é muito mais cômodo manter dinheiro na Selic. Aumentar meio ponto, como está previsto, é incompreensível — afirmou.

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