terça-feira, 4 de agosto de 2015

Oposição vê investigação se aproximar do Planalto

Bernardo Caram, Daniel Carvalho, Isadora Peron e Ricardo Brito – O Estado de S. Paulo

• PSDB, DEM e PPS fazem elogios à atuação da Lava Jato e dizem haver razão para apuração incluir Lula e Dilma

BRASÍLIA - A avaliação que predominou entre os líderes da oposição após a prisão do ex-ministro José Dirceu é que as investigações da Operação Lava Jato estão chegando mais perto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff. "O mesmo fundamento que embasou a condenação de Dirceu no mensalão, a teoria do domínio do fato, deveria conduzir a investigação de Lula e Dilma", defendeu o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Essa também foi a posição adotada pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

"Quando se chega a esse estágio de investigação, o que se pressupõe é que algo mais virá." O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), adotou um tom mais ameno. O tucano afirmou que o partido "não comemora nem lamenta" a prisão de Dirceu, mas disse que aqueles "que cometeram delitos, independentemente da função que ocupam ou ocuparam, devem responder por eles dentro do que determina a lei". Em nota, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que faltava pouco para as investigações chegarem a Lula e Dilma.

"Temos que aplaudir essa mais nova etapa da Lava Jato, que não se restringe a intermediários e finalmente começa a chegar aos cabeças pensantes, elaboradores de todo esse esquema corrupto alimentado por "pixulecos" dentro do Palácio do Planalto. Falta pouco agora", disse. Essa também foi a avaliação do presidente do partido, senador Agripino Maia (RN). "A hora é de apoiar as investigações e confiar na isenção das instituições", disse. Para ele, a nova prisão de Dirceu "estabelece clara ligação entre o mensalão e o petrolão como práticas de governo". O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), afirmou que, diante das novas revelações da operação, "há o encaminhamento de que o impeachment pode se tornar necessário".

"Polícia começa a prender quem não era preso", diz FHC
Poucas horas após a prisão do ex-ministro José Dirceu pela Operação Lava Jato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez ontem um discurso a estudantes no qual exaltou as instituições que combatem a corrupção. "Não obstante o volume de corrupção, que é brutal, alguns responsáveis estão na cadeia, os tribunais começam a funcionar e a polícia começa a prender quem antes não era preso. Os procuradores acusam e a imprensa divulga", disse FHC a alunos da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo.

"A democracia está trabalhando e as instituições estão começando a fazer contrapeso à cultura brasileira, que é de arbítrio." Ao deixar o teatro em que foi realizada a palestra aos estudantes universitários, o ex-presidente foi questionado por jornalistas sobre a prisão do ex-ministro. Sem parar para entrevista, FHC respondeu: "Eu nem estava sabendo".

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