terça-feira, 4 de agosto de 2015

Para oposição, prisão de Dirceu aproxima investigação de Lula e Dilma

Por Folhapress – Valor Econômico

BRASÍLIA - Com a prisão do ex-ministro petista José Dirceu nesta segunda-feira, líderes da oposição afirmam que as investigações da Operação Lava-Jato se aproximam cada vez mais do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, além do núcleo principal do PT.

Para o senador Aloysio Nunes (SP), vice-líder do PSDB no Senado, os fundamentos usados para a prender José Dirceu deveriam influenciar, pelo menos, uma investigação contra Lula e Dilma.

Segundo os investigadores, Dirceu foi um dos criadores do esquema de corrupção na Petrobras e na estatal a prática do mensalão - a compra de apoio parlamentar.

"Se a justificativa é que ele [Dirceu] contribuiu para formar o esquema da Petrobras, essa mesma se prestaria também, pelo menos, à abertura de uma investigação contra Lula e Dilma. Ele não montou isso sozinho. Havia um presidente da República e uma chefe da Casa Civil", afirmou o tucano.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), também comentou a prisão do ex-ministro e sugeriu, em nota, que "falta pouco" para as investigações começarem a chegar a Lula e Dilma.

"Temos que aplaudir essa nova etapa da Lava-Jato, que não se restringe a intermediários e finalmente começa a chegar aos cabeças pensantes, elaboradores de todo esse esquema corrupto dentro do Palácio do Planalto alimentado por 'pixulecos'. Falta pouco agora", disse.

O líder democrata na Câmara, Mendonça Filho (PE), acredita que essa fase inaugura o início das investigações contra o núcleo político do esquema, e que atingirá principalmente o PT. "O Dirceu foi o grande mentor do projeto de poder do PT e a prisão de hoje [segunda] agrava ainda mais o quadro político já delicado do partido."

Mendonça se refere ao PT como uma "organização criminosa". "É triste para o Brasil ver que foi dominado por uma organização criminosa, com aval da cúpula de um dos principais partidos da história da República", disse.

Na mesma linha dos colegas, o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), afirmou em nota que a prisão de Dirceu "deixa clara a ligação entre os escândalos do mensalão e do petrolão como práticas do governo petista".

"Os fatos agora tornados públicos poderão finalmente chegar ao andar de cima. A hora é de apoiar as investigações e confiar na isenção das instituições", afirmou.

Impeachment
Já o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), defendeu um novo governo no país para que "ele possa, junto com a Justiça, corrigir os rumos do Brasil. Para o deputado, "há o encaminhamento de que o impeachment pode se tornar necessário" porque a "ingovernabilidade está instalada no país".

Na avaliação do deputado, o processo de julgamento e as punições do mensalão "não serviram como advertência ao PT de que era preciso parar com as atividades que envolviam corrupção".

O líder do partido na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), também afirmou que as investigações se aproximam de Lula.

"A prisão de Dirceu complica ainda mais o Partido dos Trabalhadores, que, na Presidência da República, montou uma engrenagem de corrupção para roubar recursos da população brasileira. Desmoraliza totalmente um partido que pregava a ética na política e ao chegar ao poder, infelizmente, mergulhou de cabeça no submundo do crime", disse.

Dirceu foi preso preventivamente na manhã desta segunda na 17ª fase da Operação Lava-Jato. Seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, sócio dele na JD Consultoria, também foi detido. Outro detido é Roberto Marques, ex-assessor do petista. Eles estão na superintendência da PF em Brasília e devem ser transferidos para Curitiba, onde ficarão à disposição da 13ª Vara da Justiça Federal.

Com a prisão de Dirceu, a ordem no Palácio do Planalto é blindar a presidente Dilma e tentar impedir que os desdobramentos da Lava-Jato contaminem ainda mais agenda do governo.

Durante a reunião de coordenação política nesta segunda, ministros disseram que a gestão Dilma "precisa ser blindada" da repercussão que a prisão do ex-ministro vai trazer ao cenário. No entanto, o núcleo político da presidente avaliou que será "bastante difícil" manter o governo fora do desgaste que o fato vai criar ao PT e aos petistas.

Na quinta-feira vai ao ar o programa do partido em rede nacional. Para a cúpula da legenda, a nova prisão de Dirceu vai dar ainda mais munição para a reedição de panelaços durante a exibição da peça.

Como a "Folha de S.Paulo" revelou, o programa será a primeira vez em que a presidente aparecerá em rede nacional após o panelaço do dia 8 de março, durante seu discurso pelo Dia Internacional da Mulher.

Petistas afirmam que a nova prisão de Dirceu tem o efeito de uma "pá de cal" na já desgastada imagem do partido.

Dirigentes petistas já esperavam a prisão do ex-ministro. Um membro da cúpula do PT disse à reportagem que, apesar do desgaste à legenda, a prisão de Dirceu é "mais do mesmo".

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