quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Bernardo Mello Franco - Reforma deseducadora

- Folha de S. Paulo

Em janeiro, a presidente Dilma Rousseff prometeu transformar o Brasil em uma "pátria educadora". Nove meses depois, ela dá uma aula de deseducação política ao rifar mais um ministro do setor para atender à pressão de aliados.

Na montagem do novo governo, Dilma entregou o MEC ao ex-governador cearense Cid Gomes para garantir o apoio de 12 deputados do Pros. O arranjo não durou cem dias. Cid entrou em confronto aberto com o PMDB e caiu após chamar o presidente da Câmara, o pentadenunciado Eduardo Cunha, de "achacador".

Para substituí-lo, a presidente nomeou o filósofo Renato Janine Ribeiro. A escolha foi comemorada como um raro acerto de seu segundo mandato. Em uma Esplanada loteada entre políticos de nove partidos diferentes, Dilma escalava um acadêmico respeitado para comandar o MEC.

"Renato Janine Ribeiro é uma feliz novidade: um ministro educador para uma pátria educadora", discursou a presidente, ao empossar o professor. "Sua escolha traduz em simbolismo a minha maior prioridade para esses próximos quatro anos."

A diferença entre discurso e ação foi de três anos e meio. Dias antes de completar os primeiros seis meses no cargo, Janine Ribeiro recebeu a notícia de que estava demitido.

A dispensa não tem qualquer relação com a situação das escolas brasileiras ou a gestão do ministro. Ele sai para dar espaço ao petista Aloizio Mercadante, deslocado da Casa Civil por pressões do PMDB e do PT.

Na reforma deseducadora de Dilma, fica claro que a presidente não está minimamente interessada no desempenho dos auxiliares. Para ficar no ministério, o que importa é garantir votos contra o impeachment.

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Do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), sobre a multiplicação de candidatos a ministro na Câmara: "Se você for até o fundo do plenário e gritar 'ministro!', metade da bancada do PMDB vira para trás..."

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