quinta-feira, 21 de abril de 2016

Para presidente do PMDB, nova eleição é 'golpe'

• Romero Jucá diz que proposta, que também é defendida por Marina Silva, é 'manobra diversionista do PT'

Pedro Venceslau e Elizabeth Lopes - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A proposta de realizar novas eleições gerais em outubro de 2016, que é defendida pela ex-ministra Marina Silva e seu partido, a Rede, por um bloco senadores não alinhados com o governo e a oposição e por setores do PT, foi alvo de críticas do núcleo duro do vice-presidente Michel Temer, que passou o dia nesta quarta-feira, 20, no escritório político do PMDB em São Paulo.

A ideia também foi defendida publicamente, no começo do mês, pelo senador Valdir Raupp (PMFB-RR). Aliado de Temer, ele usou a tribuna do Senado para dizer que a realização de um novo pleito junto com as eleições municipais, em outubro, atenderia ao clamor das manifestações populares contra o governo.

Presidente do PMDB e um dos principais operadores políticos de Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), classificou a iniciativa, nesta quarta, como “golpe”. “O partido vê como uma tentativa de golpe. Qualquer redução ou ampliação de mandato é inconstitucional e fere cláusulas pétreas” afirmou o peemedebista.

Ao falar sobre a proposta, Jucá fez uma analogia com a Copa do Mundo de 2014. “O que o PT quer fazer é mais ou menos algo que deveria ter pensado na Copa do Mundo: o Brasil perdeu de de 7 a 1 na Copa do Mundo de 2014, então a gente anula o jogo e faz outro quando o Neymar se recuperar da contusão. Se o juiz Arnaldo César Coelho fosse consultado sobre isso ele diria: não pode”, afirmou o senador.

Ainda segundo Jucá, a ideia de realizar novas eleições gerais é uma “manobra diversionista” do PT. A Rede, partido de Marina Silva, abraçou a proposta como sua principal bandeira política. Ela lidera as pesquisas de opinião sobre a eleição presidencial de 2018.

Já o PSDB, maior partido de oposição ao governo, rejeita a proposta, apesar de ter entrado com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar o mandato da chapa Dilma-Temer. Se o pedido for acolhido pelo colegiado ainda em 2016, Temer perderia o mandato e novas eleições seriam convocadas.

A proposta de um novo pleito foi defendida pelo PSDB até o começo deste ano, quando a legenda mudou de estratégia e passou a apoiar o impeachment. Na época, a mudança de discurso causou reações no partido, que foi chamado até por tucanos de "errático".

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