terça-feira, 24 de maio de 2016

Na contramão de aliados, PSDB não defendeu a saída de Jucá

• DEM e PPS pediram afastamento; ex-ministro citou ‘esquema Aécio’

Maria Lima - O Globo

-BRASÍLIA- Com as principais lideranças do partido recolhidas ao longo de um dia de fogo intenso de parlamentares de PT, PCdoB, PDT e ex-ministros do governo Dilma, a direção nacional do PSDB divulgou nota para dizer que não existe nenhuma acusação aos senadores tucanos citados nos diálogos gravados entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDBRR). Os tucanos avaliam que houve uma clara tentativa de Machado de induzir Jucá a incriminar o PSDB e anunciam a disposição de investigar junto à Procuradoria-Geral da República “o que está por trás” da gravação feita “com o objetivo de incriminar pessoas”.


O PSDB adotou postura diferente de outros partidos que apoiaram Temer, como PPS e DEM, e defenderam o afastamento de Jucá. O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), não engrossou esse coro.

— Nossa posição é a mesma do início: a prerrogativa de indicar e tirar ministros é do presidente Temer. Cabe a ele avaliar a amplitude do caso e tomar sua decisão — disse o tucano.

Na conversa, argumenta o PSDB, parte de Machado a iniciativa de perguntar a Jucá sobre como estariam reagindo senadores tucanos diante da possibilidade de danos provocados pelas investigações da Lava-Jato a políticos da legenda. Em nota, o PSDB também nega que tenha havido uma “esquema” para a eleição de Aécio Neves para a presidência da Câmara em 2001, quando Machado se filiou ao partido. Machado foi filiado ao PSDB de 1990 a 2001, quando migrou para o PMDB.

“No que diz respeito à menção à eleição do senador Aécio Neves para presidente da Câmara dos Deputados, em 2001, ela se refere ao entendimento político pelo qual o PSDB apoiou o candidato do PMDB para presidente do Senado e o PMDB apoiou o candidato do PSDB para presidente da Câmara. Entendimento legítimo, feito de forma correta e amplamente acompanhado pela imprensa na época”, informou a nota.

Segundo a transcrição publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo”, Jucá garante a Machado que “caiu a ficha” de líderes do PSDB sobre o potencial de danos que a Operação Lava-Jato pode causar em vários partidos. Nesse ponto Jucá cita o senador Aloysio Nunes, o presidente do partido, Aécio Neves (MG), o ministro das Relações Exteriores, José Serra, e o senador Tasso Jereissati. O nome de Jereissati é citado por Jucá respondendo a provocação de Machado. “Todo mundo na bandeja para ser comido”, diz Jucá.

— Eu não posso dar uma opinião, afirmação sobre uma conversa de terceiros que eu não sei por qual razão colocaram meu nome nesse bate-papo entre amigos. O máximo que eu posso dizer é que o senador Romero tentou transmitir, querer interpretar os meus pensamentos sobre os quais nunca conversamos. Ou interpretar meus pensamentos que ele não conhece — disse Tasso Jereissati.

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