sexta-feira, 6 de maio de 2016

O ocaso da organização criminosa - Roberto Freire

- Diário do Poder

O termo pode ser considerado forte à primeira vista, mas é precisamente disso que se trata: segundo o Ministério Público, uma “organização criminosa” atuou no centro do governo federal com o intuito de delinquir e obter vantagens políticas em nome de um projeto de poder. A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), contra a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva por suspeita de obstrução da Justiça é o mais evidente indicativo de que o cerco se fechou e, ao que tudo indica, a Operação Lava Jato está perto de alcançar a cadeia de comando do petrolão.

No pedido encaminhado à Suprema Corte, a Procuradoria-Geral solicita abertura de inquérito para investigação de Dilma, Lula e de José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e que hoje transformou a Advocacia-Geral da União em um mero órgão de defesa da presidente da República no processo de impeachment em tramitação no Congresso Nacional. De acordo com Janot, a indicação de Lula para ocupar a chefia da Casa Civil teve o claro objetivo de lhe garantir o foro privilegiado e afastá-lo da alçada do juiz Sérgio Moro, da Vara Federal de Curitiba, responsável pelas investigações da Lava Jato.

Os indícios de envolvimento direto de Lula no esquema são tão significativos que, além desta primeira solicitação, a PGR pediu ao Supremo que o nome do ex-presidente seja incluído no chamado inquérito-mãe do petrolão, batizado de “quadrilhão”, ao lado de figuras carimbadas do lulopetismo como Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Edinho Silva, atuais ministros de Dilma, além de José Sérgio Gabrielli, que comandou a Petrobras.

E não é só: Janot ofereceu denúncia contra Lula também no inquérito que apura a compra do silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, com base no depoimento do senador Delcídio do Amaral, que afirmou ter atuado sob a delegação do chefe do PT. Ao fim e ao cabo, o que se tem, em suma, são uma denúncia e dois inquéritos contra o ex-presidente, ao menos um inquérito contra Dilma e a possível inclusão dos nomes de Wagner, Berzoini e Edinho na investigação-chave do petrolão.

Um dos trechos mais emblemáticos da petição apresentada pelo procurador-geral da República, que tem a contundência própria de um diligente promotor, aponta que “essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse”. Janot vai além: “Os diálogos interceptados com autorização judicial não deixam dúvidas de que, embora afastado formalmente do governo, o ex-presidente Lula mantém o controle das decisões mais relevantes, inclusive no que concerne às articulações espúrias para influenciar o andamento da Operação Lava Jato”.

A gravidade das denúncias apresentadas pela PGR escancara o grau de degradação a que chegou o Poder Executivo sob o comando do aparelho lulopetista. É necessário aguardar o desfecho das investigações, mas Dilma e Lula já estão indelevelmente marcados como participantes ou beneficiários do maior esquema de corrupção da história da República brasileira.

Mais do que nunca, o Brasil exige um novo rumo, um novo tempo, um novo governo que não se enxovalhe com a corrupção desenfreada e a sucessão de escândalos que o país acompanhou nos últimos 13 anos. É fundamental que, na próxima semana, o Senado vote pela admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, o que resultará no afastamento imediato da presidente da República e no encerramento de um triste período de nossa história.

O desmantelamento da organização criminosa incrustada no Palácio do Planalto é o primeiro passo para que o país supere a crise econômica e social gerada pela irresponsabilidade do PT, retome o crescimento, dê alento aos seus mais de 11 milhões de desempregados e comece a construir um futuro mais próspero. O ocaso da quadrilha que se apoderou do Estado representa o renascimento da nossa esperança em uma nação mais digna.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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