quinta-feira, 2 de junho de 2016

Temer diz que erros levaram o país a grave crise

• Presidente interino reafirma que não vai interferir na Lava-Jato

Eduardo Barretto, Gabriela Valente, Danilo Fariello e Catarina Alencastro – O Globo

-BRASÍLIA- O presidente interino, Michel Temer, endureceu o discurso, pela primeira vez, reclamando da herança que recebeu da petista Dilma Rousseff, afastada há três semanas da Presidência. Durante cerimônia de posse coletiva no Palácio do Planalto, Temer disse ontem que erros foram cometidos, levando o país a uma grave crise econômica. Citou o desemprego de 11 milhões de pessoas e o déficit de R$ 170 bilhões. Demonstrando irritação de ter que novamente tratar do tema, disse que pela “enésima vez” reafirmava que não interferirá nas investigações da Lava-Jato, que já geraram a queda de dois ministros seus.


— O país, não vamos ignorar, se encontra mergulhado em uma das grandes crises da sua História. Uma conjugação de graves problemas ocasionados por erros dos mais variados ao longo do tempo, comprometeram a governabilidade e a qualidade de vida da nossa gente. Já são mais de 11 milhões de desempregados. A inflação ainda inspira vigilância. O déficit de R$ 96 bilhões na conta pública, apontado pelo governo anterior, atinge, na realidade, como sabemos, a casa de mais de R$ 170 bilhões. Esse é o cenário em que assumimos o governo — afirmou e, depois, completou:

— Não falarei em herança de espécie nenhuma, apenas revelo a verdade dos fatos para que eventuais oportunistas não venham a debitar os erros dessa herança ao nosso governo.

Temer reconheceu que haverá sacrifícios e disse que em 20 dias o governo já apresentou uma agenda positiva de “reconstrução nacional”. Ele afirmou, no entanto, que os percentuais orçamentários para a Saúde e Educação não serão modificados e aproveitou para dizer que seu governo não irá destruir os avanços sociais.

O tema Lava-Jato só entrou no encerramento de sua fala. Assessores de Temer disseram que houve um debate sobre a necessidade dele abordar o assunto. temer acabou se convencendo de que era preciso reafirmar que a operação não perderá força sob sua gestão, uma vez que dois ministros foram afastados por atuar contra a operação.

— Quero revelar, pela enésima vez, que ninguém vai interferir na chamada Lava-Jato. A toda hora eu leio uma ou outra notícia de que o objetivo é derrubar a Lava-Jato, por isso que eu tomo a liberdade, sem nenhum deboche, de dizer pela enésima vez: não haverá a menor possibilidade de qualquer interferência do Executivo nessa matéria.

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