sexta-feira, 1 de julho de 2016

Para Temer, governo Dilma levava empresas à falência

• Sem citar nomes, presidente critica modo autoritário na relação com o Legislativo

Bárbara Nascimento e Eduardo Barretto - O Globo

-BRASÍLIA- A uma plateia de cerca de 500 empresários, reunidos no Palácio do Planalto, o presidente interino, Michel Temer, sugeriu ontem que o governo afastado de Dilma Rousseff levava empresas à falência. Sem citar nomes, ele afirmou que não houve anúncio de desburocratização, por exemplo, apesar da expectativa.

Ao dizer isso, Temer mencionou um episódio recente. Em seu discurso de posse no governo interino, logo após Dilma ser afastada, ele havia pedido a confiança da sociedade para vencer a crise, citando uma placa “Não fale em crise, trabalhe”, que vira em um posto de gasolina na Rodovia Castello Branco. Depois, a imprensa noticiou que o posto havia falido. Ontem, ele assegurou que, no governo atual, isso não aconteceria:

— Faliu por causa do sistema econômico anterior. No sistema econômico atual ninguém irá à falência. Tenho absoluta convicção disso.


Ainda sem citar Dilma, ele criticou o modo autoritário de não dialogar com o Legislativo e enfatizou que, em seu governo, o Congresso aprova matérias rapidamente, o que mostra uma relação harmoniosa.

— Num estado democrático, a conjugação do poder Executivo com o Legislativo é fundamental. Em um estado autoritário, não. Você centraliza tudo no Executivo e despreza a representação popular que está no Legislativo. Isso significa uma base muito sólida, uma integração muito grande, e é isso que dá a chamada governança — afirmou.

Desemprego, a pior notícia
Temer estava acompanhado dos ministros da Casa Civil (Eliseu Padilha), da Fazenda (Henrique Meirelles) e do Planejamento (Dyogo Oliveira), ao se reunir com representantes da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB). Ele enfatizou que “a coisa mais desagradável” que um governante pode ouvir é que há mais de 11 milhões de desempregados, como divulgou nesta semana o IBGE.

— A coisa mais desagradável é você ouvir, como governante, que há mais de 11 milhões de desempregados. Uma das experiências mais desagradáveis, e eu pude ouvir, foi de pessoas que encontraram famílias inteiras desempregadas — disse Temer. — Para ter emprego, é preciso que a iniciativa privada aja, tenha sucesso na atuação. Só vai ter emprego se os setores produtivos funcionarem. Mas os setores não são apenas os guiados pelos empresários, eles são a composição harmoniosa entre empresários e trabalhadores.

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